Agricultura: Cooperativa de lavradores iniciou processo de certificação da amêndoa transmontana

Agricultura: Cooperativa de lavradores iniciou processo de certificação da amêndoa transmontana

A Cooperativa dos Lavradores do Centro e Norte (CLCN), instalada em Mogadouro, iniciou junto das entidades competentes o processo de registo de Indicação Geográfica Protegida (IGP) da amêndoa transmontana, anunciou aquela organização.

“Iniciámos o processo de registo e certificação IGP da amêndoa produzida em todos os 12 concelhos do distrito de Bragança e em cinco concelhos do distrito de Vila Real. O primeiro passo foi dado com a entrega do processo à Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DAPN)”, disse Armando Pacheco, um dos responsáveis pela CLCN.

O responsável explicou que a iniciativa de certificação da amêndoa transmontana, com a chancela IGP, pretende ser uma mais-valia para a comercialização deste fruto de casca rija, produzido neste território.

“Achámos que devíamos certificar a amêndoa produzida nesta região do país, para depois os produtores retirarem mais-valias deste produto agrícola por ser IGP. Consideramos que após a obtenção desta cancela a comercialização será superior. É importante realçar a importância de território de Trás-os-Montes neste tipo de produção”, destacou o técnico.

De acordo com Armando Pacheco, já há uma Denominação de Origem Protegida (DOP) da amêndoa do Douro. Contudo, o dirigente referiu que a certificação IGP a que se propõe a CLCN pretende ser mais abrangente.

“Queremos ter a marca Trás-os-Montes, e a amêndoa tem de ser produzida nesta região, onde se verifica um aumento das variedades deste fruto de casca rija, porque já existem outras, sem ser a antiga tradicional, mas de pouco rendimento comercial”, disse Armando Pacheco.

Para já, a CLCN está a liderar o processo de certificação da amêndoa produzida em Trás-os-Montes, mas espera-se que outras organizações de produtores se juntem e possam vir a comercializar com este selo IGP a amêndoa, cuja produção que tem vindo a crescer neste território.

“Tudo indica que a produção de amêndoa vai continuar a crescer neste território. Nos últimos anos, a plantação subiu mais de 60% na nossa região, mas terá que aumentar ainda muito mais para ser rentável”, observou o dirigente agrícola.

O processo de certificação como IGP, depois de analisado pelos serviços de Agricultura a nível nacional, seguirá para Bruxelas, “sendo esperado que se prolongue por vários meses, sendo necessária alguma calma”.

A CLCN tem atualmente meio milhar de produtores de amêndoa e outros frutos de casca rija e castanha.

“Ao sermos reconhecidos como uma organização de produtores, os nossos associados beneficiam de mais valias em termos de candidaturas a apoios de fundos comunitários, havendo mesmo algumas majorações, como são as medidas agroambientais”, exemplificou o representante desta cooperativa agrícola.

Segundo Armando Pacheco, a CLCP comercializa atualmente um milhão de quilos de amêndoa e outros frutos de casca rija produzidos em Trás–os-Montes, traduzindo-se num volume de negócio rondar um milhão de euros.

Fonte: Lusa

Palaçoulo: Festa em honra de Nossa Senhora do Rosário

Palaçoulo: Festa em honra de Nossa Senhora do Rosário

A aldeia de Palaçoulo assinalou, a 2 de setembro, a festa em honra de Nossa Senhora do Rosário, com a celebração da Eucaristia e a procissão pelas ruas da aldeia.

A eucaristia dedicada a Nossa Senhora do Rosário foi celebrada na Igreja matriz de Palaçoulo e o padre António Pires disse que Maria é o exemplo de santidade a seguir: “Maria não se escondeu de Deus e não escondeu Deus”, disse o pároco.

Por isso, o sacerdote exortou a assembleia a seguir o exemplo de Maria, a confiar em Deus, a deixar-se conduzir por Ele e a testemunhá-Lo na vida concreta do dia-a-dia.

A celebração eucarística em honra de Nossa Senhora do Rosário foi cantada e a posterior procissão também teve o acompanhamento musical de um trio de gaiteiros locais.

Após a celebração religiosa, as gentes de Palaçoulo reuniram-se no largo de Palaçoulo para a tradicional tarde de convívio e confraternização.

No passado dia 31 de agosto, já se havia realizado a feira anual, que por iniciativa da Junta de freguesia de Palaçoulo, mudou do dia 27 para 31 de agosto, com o objetivo de aproximar as datas, da feira e da festa em honra de Nossa Senhora do Rosário. Contudo, esta mudança na data da feira anual está a gerar algum desconforto nas pessoas, pois estavam habituadas à sua realização no dia 27 de cada mês.

De acordo com o presidente da freguesia de Palaçoulo, Manuel Gonçalves, o propósito da mudança foi proporcionar à população um período festivo de 3 dias consecutivos. No entanto, com o surgimento da pandemia, não foi possível concretizar este propósito, dado que os programas festivos foram interditados, com exceção das celebrações religiosas.

Para se adaptarem à mudança do dia da feira para 31 de agosto, há pessoas que pedem uma maior divulgação da nova data, até para que as pessoas das aldeias vizinhas possam estar informadas e venham a Palaçoulo participar na tradicional feira anual.

A próxima festa em Palaçoulo é a celebração dedicada a Santa Bárbara, que vai realizar-se no dia 12 de agosto, sendo que a Eucaristia está agendada para as 14h30, na Igreja matriz.

Entrevista: Picote está cada vez mais turístico

Entrevista: Picote está cada vez mais turístico

A aldeia de Picote é cada vez mais procurada pelos turistas nacionais e estrangeiros, que ficam maravilhados com os recursos naturais e culturais aí preservados, em boa parte graças ao trabalho da freguesia local e do atual presidente, Jorge Lourenço. 

Jorge Lourenço, presidente da freguesia de Picote, junto às bicicletas elétricas. (HA)

Sendo o turismo um setor fundamental para a dinamização da economia do concelho de Miranda do Douro, o projeto Raia Norte Bikes, promovido pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Transfronteiriça (AECT) Duero-Douro, em conjunto com o Turismo de Portugal, visa proporcionar aos visitantes e também aos habitantes locais, a possibilidade de conhecer as maravilhas naturais e culturais da região, utilizando um meio de transporte ecológico como é a bicicleta elétrica.

O projeto elaborado para o Agrupamento AECT Duero-Douro consistiu na construção e instalação de 48 bicicletas, em vários municípios e freguesias, entre estas, Picote, como o objetivo de contribuir para a descarbonização do ambiente, para a poupança de energia e um planeta cada vez mais verde.

T.M.N.: Quantas bicicletas elétricas estão disponíveis em Picote? E onde se encontram?

Jorge Lourenço: Neste momento, Picote, disponibiliza quatro bicicletas elétricas que se encontram junto à sede da freguesia. Mas futuramente vai ter seis, dada a crescente afluência de turistas à aldeia. Tal como referiu a secretária de Estado de Valorização do Interior, Isabel Ferreira, embora a pandemia seja uma contrariedade, esta vicissitude levou a que muita gente preferisse passar as férias em regiões mais isoladas, como é o interior do país, o que foi benéfico para estas populações, pois dinamizou um pouco mais a economia local.

T.M.N.: O que tem Picote para oferecer aos visitantes?

J.L.: Ao longo dos anos, aldeia de Picote tem vindo a apostar no turismo de qualidade, de natureza e cultural. O miradouro da fraga do Puio, dada a excelência da sua panorâmica, é um local de visita obrigatória e que tem impulsionado as visitas turísticas a Picote.

T.M.N.: Que outros pontos de interesse existem na aldeia?

J.L.: Destaco a arquitetura tradicional da aldeia que tem vindo a ser cuidada e preservada. Sugiro também uma visita ao Eco Museu Terra Mater e aos painéis dos frescos na capela do Santo Cristo. E claro, há que visitar a arquitetura moderna da barragem de Picote, construída num impressionante estrangulamento do rio. E o edificado no Barrocal do Douro que é um local estudo frequente das maiores escolas de arquitetura do mundo.

T.M.N.: O que é o museu Eco Terra Mater?

J.L.: Trata-se de um projeto estruturante para o desenvolvimento da freguesia e que consiste na recuperação de alguns muros e socalcos das arribas do Douro, fustigados pelos incêndios de 2017. O objetivo desta recuperação é promover a biodiversidade e o ecossistema. Noutra vertente, o projeto contempla a recuperação dos antigos caminhos e pontes das arribas, por exemplo, entre Picote e o Barrocal do Douro.

T.M.N.: O Projeto Terra Mater também tem o contributo da associação local, a FRAUGA?

J.L.: Sim, paralelamente a FRAUGA, está a desenvolver um projeto que visa a ampliação do Centro Interpretativo Terra Mater e que é de extrema importância para a dinâmica de desenvolvimento turístico da aldeia. O nosso propósito é criar a filosofia de um ecomuseu, em que o mais importante não é o que está dentro das paredes, mas sim no exterior. O Centro Interpretativo convida as pessoas a visitar os recursos existentes no território, como são os moinhos de água, a barragem, os castros, os fornos, as forjas, a fogueira de Natal, etc. Com todo este trabalho, o nosso objetivo é dar modernidade a Picote. A exemplo, do que aconteceu há 50 anos, com a construção do aldeamento do Barrocal do Douro por causa da barragem.

“O Centro Interpretativo convida as pessoas a visitar os recursos existentes no território, como são os moinhos de água, a barragem, os castros, os fornos, as forjas, a fogueira de Natal, etc.”

T.M.N.: Em 1996, Picote foi a primeira freguesia do planalto mirandês a colocar as placas toponímias bilingues, em mirandês e português. Desde então o que têm feito para preservar e divulgar a língua mirandesa?

J.L.: Picote, em conjunto com outras entidades, tem promovido a publicação de livros, eventos, estudos e congressos. A preservação e divulgação da língua mirandesa é um trabalho que há que continuar a realizar.

T.M.N.: Dado o despovoamento das aldeias, o que o motiva a continuar a trabalhar por Picote?

J.L.: Se o nosso foco estiver nas pessoas, no desenvolvimento e na melhoria da sua qualidade de vida, certamente vamos estar motivados para o trabalho.

Se o nosso foco estiver nas pessoas, no desenvolvimento e na melhoria da sua qualidade de vida, certamente vamos estar motivados para o trabalho.

T.M.N.: Atualmente, vivem em Picote cerca de 270 habitantes. O que fazem estas pessoas?

J.L.: A maior parte da população residente são ex-funcionários da EDP, que estão a gozar a sua reforma e vão conciliando com a agricultura de subsistência. Também há ex-funcionários de serviços. Há uma serralharia, uma carpintaria, construção civil, um produtor de vinho e uma cozinha regional.

T.M.N.: Nos censos de 2011 para 2021, a aldeia de Picote perdeu 73 pessoas. O despovoamento é inevitável?

J.L.: É difícil estancar o despovoamento. No entanto, podemos criar condições para que as pessoas que cá vivem não emigrem. E também podemos atrair, sazonalmente, os nossos emigrantes e os turistas.

É difícil estancar o despovoamento. No entanto, podemos criar condições para que aqueles que cá vivem não emigrem. E também podemos atrair, sazonalmente, os nossos emigrantes e os turistas.

T.M.N.: No âmbito turístico, o que ainda falta fazer em Picote?

J.L.: Na aldeia, dada a maior afluência de turistas há uma crescente procura de estabelecimentos de restauração e de guias turísticos. Mas isso compete aos privados. A junta de freguesia tem a competência de criar condições e tornar o território atrativo para que o setor privado possa investir na aldeia.

T.M.N.: Picote tem uma pequeno jornal?

J.L.: Sim, a publicação do jornal L’Cuco iniciou-se em 2013, como o anterior presidente da junta de Freguesia. E nós achamos que fazia sentido continuar esse projeto para melhor comunicar e servir a população. Publicamos duas edições por ano. O jornal L’Cuco vai recebendo os contributos de muitos picoteses e barrocalenses, residentes e não residentes, de modo a enriquecer ainda mais a comunicação com a população.

O jornal L’Cuco vai recebendo os contributos de muitos picoteses e barrocalenses, residentes e não residentes, de modo a enriquecer ainda mais a comunicação com a população.

HA

Águas Vivas: Monumento eterniza a tradição dos Ramos

Águas Vivas: Monumento eterniza a tradição dos Ramos

A aldeia de Águas Vivas foi embelezada com um monumento, em granito, que simboliza uma tradição muito querida na aldeia, a confeção dos ramos e dos roscos, que acontece no decorrer da festa de Nossa Senhora da Candeias.

O monumento evocativo da tradição dos Ramos foi uma iniciativa da Freguesia de Águas Vivas e a representante da freguesia local, Dilar Neto, disse que o monumento pretende “favorecer a aldeia” e eternizar uma tradição tão apreciada pela população local.

“A festa dos Ramos é muito importante na história de Águas Vivas”, disse.

A tradição do Ramo é uma festa cuja origem está ligada a uma promessa feita pelos habitantes da aldeia, pedindo a Nossa Senhora o regresso são e salvo dos jovens rapazes que partiram para a guerra.

Esta festa está tão enraizada na aldeia, que os emigrantes marcam férias, em fevereiro, para participar na festa de Nossa Senhora das Candeias.

E na festa, os protagonistas são uns biscoitos confecionados comunitariamente, designados de ramos e roscos.

Na confeção destes biscoitos tradicionais toda a aldeia participa. Se uns oferecem os ingredientes como são a farinha, os ovos, o açúcar, o fermento, a manteiga e a aguardente. Outros arregaçam as mangas e vão trabalhar para o forno. Aí, há que amassar a massa, partir e bater os ovos, enformar os ramos e os roscos e levá-los ao forno.

“A festa dos Ramos é muito importante na história de Águas Vivas.”

Antes do dia da festa, os jovens rapazes competem entre si, para ver quem oferece a maior esmola de modo a ter a honra de transportar o andor de Nossa Senhora das Candeias e um andor ornamentado com os cinco Ramos e os Roscos.

Chegados ao Domingo, o dia da festa, após a Missa, o andor com os Ramos e os roscos, é exposto no adro da Igreja, onde os jovens rapazes o apregoam.

Ao final do dia, na casa do povo, os ramos e os roscos são leiloados. A Dona Giolanda, uma senhora de 92 anos, que muito trabalhou para preservar esta tradição, contou que houve festas em que o leilão dos ramos e dos roscos rendeu 600 contos, ou seja, 3 mil euros!

Contudo, o envelhecimento da população local e a falta de jovens está a pôr em risco a preservação desta tradição, em Águas Vivas.

De acordo com Dilar Neto, uma jovem entusiasta desta tradição aguavivense, por enquanto o amor à festa de Nossa Senhora da Candeias, tem permitido manter viva a tradição dos Ramos. Anualmente, os três mordomos responsáveis pela organização da festa, têm recebido a ajuda de toda a aldeia.

Quando questionámos a responsável pela freguesia de Águas Vivas, sobre que outras iniciativas poderão preservar e inovar as tradições locais, Dilar Neto, lançou a sugestão de apresentar os saborosos roscos nas cestas de vime confecionadas pelas senhoras de Águas Vivas.

Ao que parece a cestaria também é uma arte que urge preservar dado o envelhecimento das artesãs locais.

HA

Ciência: Argozelo exibe exposições sobre os minerais

Ciência: Argozelo exibe exposições sobre os minerais

O Centro Interpretativo das Minas de Argozelo inaugurou as exposições “O mundo dos minerais em selos” e “O micromundo dos minerais e das rochas”, exposições que poderão ser visitadas até ao final do ano.

A exposição “O mundo dos minerais em selos”, consiste num conjunto de mais de três dezenas de telas obtidas a partir da coleção de selos com ilustrações de minerais.

Segundo Maria Elisa Preto Gomes, professora e diretora do departamento de Geologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), a ideia desta exposição surgiu a partir da coleção de selos do Professor Frederico Sodré Borges, ​que sobre folhas de papel vegetal, colocou os selos e desenhou manualmente as estruturas dos minerais, escrevendo os textos com tinta da china.

De acordo com a docente da UTAD, a exposição é um curso básico de mineralogia que responde às seguintes questões: O que é um mineral? Como se designa um mineral?  O que é o polimorfismo? – as respostas a estas e outras perguntas podem ser conhecidas através da exposição.

Os visitantes também poderão conhecer a utilidade dos minerais. Minerais, para quê? Que minerais foram utilizados no fabrico de mós e bifaces na pré-história?​Hoje em dia, para que servem os minerais? Servem por exemplo, para fabricar joias, panelas, talco, vidro e  cerâmica. Mas também as medalhas de cobre. Ou as tão faladas baterias de lítio para os telemóveis e carros elétricos.  E claro, para a construção civil, como os tijolos, as telhas, etc.

A exposição Dos Minerais em selos ainda responde às questões: como se encontram os minerais? E como se estudam? Há propriedades que permitem identificar de que material se trata. E para esta identificação são necessários instrumentos, como a lupa, a bússola, martelo, o microscópio petrográfico, etc..

A segunda exposição intitulada “O micromundo dos minerais e das rochas”, permite ver os minerais ao microscópio. E para quem não saiba, os minerais juntos formam rochas. Por isso, na exposição há amostras de vários tipos de rochas.

E também há microfotografias dessas rochas, que são obtidas através das observações ao microscópio. Nestas microfotografias, há imagens pouco e muito coloridas. Todas permitem identificar propriedades dos diferentes minerais que compõem cada rocha.

Inspirados por esta colorida composição das rochas, os técnicos da UTAD Tito Azevedo e Márcio Silva criaram telas pintadas e quadros a que juntaram um poema de autores conhecidos, como Miguel Torga, Fernando Pessoa, etc.

Na inauguração das exposições dedicadas aos minerais, o presidente da Câmara Municipal de Vimioso, Jorge Fidalgo, elogiou a professora Elisa Preto Gomes pela sua paixão pela geologia e referiu mesmo que a docente tem sido uma das grandes impulsionadoras das visitas das escolas ao Centro Interpretativo das Minas de Argozelo.

Espera-se agora que as escolas do distrito tenham a oportunidade de visitar o Centro Interpretativo das Minas de Argozelo e simultaneamente, conhecer as duas exposições temporárias, dedicadas aos minerais.

HA

Vimioso: “Foi graças ao espaço coworking que pudemos trabalhar em Vimioso”

Vimioso: “Foi graças ao espaço coworking que pudemos trabalhar em Vimioso”

Vimioso foi um dos municípios a abrir um espaço coworking, no âmbito da iniciativa “Teletrabalho no Interior. Vida local, trabalho global”. João Costa é natural de Lisboa e foi uma das primeiras pessoas a beneficiar da existência deste inovador espaço de trabalho, durante os meses de verão, período em que os filhos estão a gozar as férias escolares.

A abertura destes espaços cowoking pretende dinamizar as regiões do interior do país, atraindo e fixando pessoas (e empresas) e diminuindo a necessidade de deslocações e a consequente pegada carbónica.

João Costa é informático e desde o início da pandemia, em março de 2020, que trabalha na modalidade de teletrabalho, dado que as suas funções permitem-lhe trabalhar à distância.

Quando terminou o ano letivo da sua filha de oito anos, juntamente com a esposa e o filho mais novo, tinham a intenção de vir passar uma temporada a Trás-os-Montes, onde têm família e desfrutam habitualmente um período de férias. Mas tinham um problema: precisavam de instalações e de acesso à internet para trabalhar à distância. Na aldeia de Campo de Víboras, há uma rede wi-fi disponibilizada pela junta de Freguesia, mas o sinal é fraco e não tem velocidade suficiente para trabalharem com eficácia. Foi então, que o João descobriu o espaço coworking de Vimioso ao ler uma notícia sobre o protocolo assinado pelo governo, com 51 municípios para a criação de espaços coworking em todo o país. E após uma pesquisa verificou que Vimioso também iria ter um espaço destes.

Com esta informação, João Costa contatou a Câmara Municipal de Vimioso e apurou que o futuro espaço coworking já era utilizado como uma incubadora de empresas – 3 INT Incubadora para Inovação do Interior e Negócios Transfronteiriços (3INT)  – e iriam apetrechá-lo com ligação à internet para que funcionasse também como um espaço de teletrabalho. De seguida, e juntamente com a esposa, o João realizou as inscrições, foram conhecer o espaço e começaram a trabalhar nessas instalações no final do mês de julho.

Desde então, já la trabalham há mais de um mês e segundo o João Costa, aa experiência profissional no espaço coworking está a ser bastante positiva. O acesso à internet é bom e as salas de trabalho estão instaladas numa antiga residência de estudantes, construída na década de 1940.

Na opinião de João Costa, o espaço coworking de Vimioso reúne as infraestruturas necessárias para o teletrabalho: “a ligação à internet é boa e o espaço é confortável para trabalhar”.

Embora, o João conheça Vimioso há cerca de 20 anos, foi esta experiência de teletrabalho que lhe permitiu uma estadia mais prolongada na região. Sobre esta permanência, diz que está a gostar de trabalhar em Vimioso, onde o ritmo de vida é bem diferente do de Lisboa. Contudo, adianta que nesta altura da vida, dificilmente viria viver para o interior do país. “Mais tarde, talvez. Neste momento faz-me falta o mar, a efervescência da cidade e a disponibilidade das coisas e dos serviços”.

Não obstante estas dificuldades, João Costa reconhece as mais valias de viver em territórios como o de Vimioso, em que há uma maior proximidade à natureza e por conseguinte há mais espaço e liberdade para as crianças brincarem e crescerem. “Para os meus filhos este tempo está a ser extraordinário”, disse. Enquanto os pais estão a trabalhar no espaço coworking, em Vimioso, os filhos de dois e oito anos, ficam com os avós, na aldeia de Campo de Víboras. “Na companhia dos primos andam de bicicleta, brincam na piscina e estão a gostar muito. E nós ficamos muito felizes ao vê-los assim”, disse.

“Na companhia dos primos andam de bicicleta, brincam na piscina e estão a gostar muito. E nós ficamos muito felizes ao vê-los assim”, disse.

Para a felicidade desta jovem família, muito contribuiu o espaço coworking de Vimioso. Afinal, foi a existência deste espaço que possibilitou a vinda e estadia do João e da sua família, em Vimioso, nestes meses de verão. Por essa razão e antes do regresso a Lisboa, o João Costa pretende agradecer ao município de Vimioso: “Fomos recebidos da melhor maneira. E antes de regressarmos a Lisboa, vamos agradecer às pessoas que nos acolheram, apresentaram e disponibilizaram este espaço coworking para trabalharmos à distância”.

HA

Bragança-Miranda: Morrer abandonadas é o «maior medo» das pessoas mais velhas, disse D. José Cordeiro

Bragança-Miranda: Morrer abandonadas é o «maior medo» das pessoas mais velhas, disse D. José Cordeiro

O bispo de Bragança-Miranda presidiu à solenidade da Senhora das Graças e disse na homilia da Missa que muitas pessoas vivem na “globalização da superficialidade” e as mais velhas têm “medo” de morrer abandonadas.

“Algumas pessoas mais velhas confidenciaram-me que o maior medo que têm é mesmo o de morrerem abandonados no hospital, em casa ou nos lares”, afirmou D. José Cordeiro na Catedral de Bragança na celebração da padroeira principal da cidade.

O bispo de Bragnça-Miranda recordou o “maior sonho” de avós e bisavós, que “era o de ter uma longa vida”.

“Efetivamente, hoje temos vida longa! E que fazemos aos mais velhos e com eles? Mandamo-los para um lar de idosos e não mais os acompanhamos? Como cuidamos da vida longa? Estão sós? Estão isolados? Estão esquecidos? Estão abandonados?”, interrogou.

D. José Cordeiro recordou o apelo do Papa francisco para valorizar “a vocação dos mais velhos” e afirmou que as famílias, as cidades e as comunidades cristãs não podem “desprezar a sua memória”.

“A uma árvore podemos cortar os ramos e, às vezes, até convém, mas se cortamos as raízes, a árvore morre. Assim acontece com a memória e com os encontros e os desencontros com os mais velhos – os avós e os idosos”, afirmou.

D. José Cordeiro recordou os 20 anos da dedicação da Catedral de Bragança, que será comemorado no próximo dia 7 de outubro, “Senhora das Graças, Senhora da cidade, Senhora da Unidade Pastoral, Senhora das famílias, Senhora da vida nascida do coração de Deus”.

O bispo de Bragança-Miranda invocou também a Virgem Santa Maria “Mãe dos doentes, dos refugiados, dos reclusos, dos pobres, dos que mais sofrem as crises humanitárias e necessitam de uma viva dignidade humana integral”.

“Aqui e agora, pedimos que renasça a chama do amor para uma “ecologia do coração”! Ajudai-nos ó Senhora Mãe das Graças”, concluiu D. José Cordeiro.

Ecclesia

Emigração: “Ser emigrante é uma vida de sacrifício” – Francisco Anes

Emigração: “Ser emigrante é uma vida de sacrifício” – Francisco Anes

Neste mês de agosto, as aldeias portuguesas voltaram a encher-se de emigrantes. Se a vinda a Portugal é sempre motivo de alegria, a visita deste ano tem ainda mais sabor, dado o prolongado impedimento provocado pela pandemia. No estrangeiro, os emigrantes são considerados pessoas corajosas, autónomas e resilientes, que saem de Portugal à procura de melhores condições de vida. Francisco Anes foi um desses emigrantes. Viveu e trabalhou na Suíça ao longo de 37 anos e em 2017 decidiu regressar a Portugal. (Por Hugo Anes)

Francisco Anes e a esposa, Maria, regressaram a Portugal em 2017. (HA)

Nasceu na aldeia de Algoso, no concelho de Vimioso. Dos tempos da infância e adolescência na aldeia, recorda com saudade a união que existia entre as pessoas, no desempenho, comunitário, dos trabalhos agrícolas. “Havia menos dinheiro, mas isso não impedia que as pessoas fossem felizes”, recordou.

Em janeiro de 1981, com 24 anos, Francisco casou-se com Maria Otília Torrão Anes. E a 15 de Abril desse mesmo ano, o jovem casal emigrou para a Suíça, à procura de trabalho e de melhores condições de vida. Começaram a trabalhar sazonalmente. Nove meses de trabalho na Suíça. E regressavam a Portugal durante três meses.

Nos anos seguintes nasceram os filhos: o Nélson, em1982; no ano seguinte nasceu o Luís e a Marina nasceu em 1985. Inicialmente, os filhos ficaram em Portugal com a avó materna. E quando o jovem casal obteve a autorização anual de residência na Suíça, vieram buscá-los.

Nesses primeiros anos de adaptação à Suíça, a aprendizagem da língua foi o maior desafio, No primeiro ano, Francisco comunicava em francês. E no ano seguinte começou a aprender o alemão.

“A vida de emigrante – diz – é uma vida de sacrifício”. Na Suíça, Francisco começou por trabalhar na hotelaria. Nessa atividade, iniciou-se na cozinha, depois passou para o serviço de balcão e quando já dominava a língua, para poder comunicar com os clientes, trabalhou no serviço de mesa. A dada altura e com o propósito de levar os filhos para a Suíça, solicitou um aumento ao patrão. O aumento salarial não foi aceite e Francisco Anes teve que mudar de trabalho. Começou então a trabalhar numa fábrica de componentes sanitários, onde trabalhou ao longo de 28 anos.

Sobre a vida de emigrante, diz que, por vezes, se sentiu “desenraizado”, pois vivia num país que não era o seu e quando regressava a Portugal, tratavam-no por “suíço”. Ou seja, não era de lado nenhum.

Quando emigrou em 1981, tinha 24 anos. Estes primeiros anos passados em Portugal deram-lhe uma forte ligação a às origens e vem daí o grande desejo de um dia regressar. Mas com os filhos já não é assim. Embora tivessem nascido em Portugal, foi na Suíça que cresceram, que frequentaram a escola, que fizeram amigos, que começaram a trabalhar e casaram. “Eles gostam de passar férias em Portugal. Mas não pensam em mudar-se para cá.”- diz Francisco.

Ao avaliar os quase quarenta anos vividos no estrangeiro, Francisco Anes disse que, embora a Suíça seja um país frio e húmido, profissionalmente é um país “bom” para trabalhar. “É uma nação muito organizada e onde há muita indústria”. E até a decisão de não pertencer à União Europeia, parece beneficiar a economia local, pois o mercado interno dá preferência aos seus produtos suíços.

Portugal é hoje o país da União Europeia com mais emigrantes em proporção à sua população residente. O número de emigrantes portugueses supera os dois milhões de pessoas, o que significa que mais de 20% dos portugueses vive fora de Portugal.

O regresso a Portugal

Em fevereiro de 2017, Francisco e e Maria concretizaram o tão desejado sonho de regressar a Portugal. Após 37 anos de trabalho na Suíça e com os filhos bem encaminhados na vida, Francisco Anes solicitou a pré-reforma e regressou a Portugal, na companhia da esposa.

Já lá vão quatro anos desde que regressaram a Algoso e Francisco e Maria já se sentem parte da comunidade local. No seu dia-a-dia dedicam-se aos trabalhos de quem vive no campo: a agricultura, a olivicultura, o amendoal, a vinha, a produção de cereais, a criação de galinhas, o cultivo da horta, a confeção de compotas, etc.. são algumas das muitas ocupações que realizam ao longo do ano. “Há sempre que fazer”, dizem.

Suíça versus Portugal

À pergunta sobre as diferenças que existem entre viver na Suíça e em Portugal, Francisco respondeu que a maior diferença será a salarial. “Os salários na Suíça são mais elevados”, diz. E Maria, a esposa, mencionou também a assistência na saúde, que no pais helvético é melhor. “Aqui no nordeste transmontano há falta de médicos especialistas e de equipamentos de saúde”, constataram. E para se precaverem em caso de necessidade, Francisco e Maria, subscreveram um seguro de saúde familiar. Este seguro de saúde permite-lhes receber assistência no hospital privado Terra Quente, em Mirandela, sempre que o necessitam.

Nesta sua readaptação a Portugal e ao interior do país, Francisco identificou outro dos problemas da região: a dificuldade em comercializar ou escoar os produtos locais, como são o azeite, a fruta, a amêndoa, etc.. “Neste momento tenho muitos tomates e não sei o que fazer com tanta quantidade. E o mesmo acontece com a fruta, com o azeite e com a amêndoa. Se houvesse fábricas transformadoras destes produtos, a região ganharia muito com isso”, sugeriu.

Mas enquanto não há fábricas transformadoras, o excedente de produtos é partilhado com os familiares, os amigos e conhecidos. E este mês de agosto é o tempo propício para essa partilha com os compatriotas emigrantes que trazem movimento e animação à aldeia, embora sejam necessárias as devidas precauções por causa da pandemia.

A França continua a ser o país onde vivem mais emigrantes portugueses, em 2011, eram 592 mil 281 portugueses.

A Suíça surge em segundo lugar, em 2013, viviam na Suíça 211 mil 451 portugueses.

Opinião: Corte de árvores no Santuário de Nossa Senhora da Visitação, em Vimioso

Opinião: Corte de árvores no Santuário de Nossa Senhora da Visitação, em Vimioso

Recentemente foram cortados muitos dos pinheiros que embelezavam o Santuário de Nossa Senhora da Visitação, em Vimioso. Este corte apanhou de surpresa muitos dos habitantes da vila, para quem este espaço era um oásis de frescura, de silêncio, de contemplação, de oração, de celebração, de desporto, de caminhadas e de convívio.

Quanto tanto se fala da própria sobrevivência e do imperativo de respeitar a Natureza para evitar as alterações climáticas e o aparecimento de infeções virais de que é exemplo a atual pandemia, pergunto que valores ou razões estiveram na origem desta decisão de desflorestar aquele espaço cuja maior beleza é a sombra, a frescura e o aroma das próprias árvores?

Pergunto se alguém terá vontade de visitar e desfrutar do Santuário, quando este se torna num espaço ermo, seco, quente e desconfortável?

Como o Santo Padre Francisco ensina, decisões desta natureza devem ser tomadas em sinodalidade, isto é, com toda a comunidade. “Há que escutar as pessoas, pois é através delas que o Espírito Santo, muitas vezes Se comunica”, diz Francisco.

Lamento profundamente a decisão, a meu ver gravíssima, do corte das árvores naquele espaço sagrado. Na minha opinião, quem tomou a decisão de cortar as árvores, devia prestar esclarecimentos a toda a população, a quem frequenta a Igreja e quem não, porque o Santuário é para todos. Há que responder às questões: para quê o corte das árvores? Quanto dinheiro rendeu a venda da madeira? Que obras se pretende realizar com esse dinheiro? E o bem maior era mesmo a amputação e destruição deste espaço?

Hugo Anes

Censos2021: Distrito de Bragança perdeu mais de 13 mil habitantes na última década

Censos2021: Distrito de Bragança perdeu mais de 13 mil habitantes na última década

O distrito de Bragança perdeu na última década mais de 13 mil habitantes, uma quebra de 9,85%, registando uma população de 122.833 pessoas, segundo os dados preliminares do Censos 2021.

De acordo com as estatísticas oficiais, entre 2011 e 2021 este distrito perdeu 13.419 pessoas, passando de uma população de 136.252 habitantes para 122.833 (-9,85%).

Entre os 12 concelhos, todos perderam população, tendo a maior redução ocorrido em Torre de Moncorvo, com -20,42% (6.822 pessoas).

Seguem-se Alfândega da Fé (-15,34%), Freixo de Espada à Cinta (-14,95%), Vinhais (-14,27%), Carrazeda de Ansiães (-13,79%) e Miranda do Douro (-13,58%).

Bragança, capital de distrito, é o concelho com mais residentes e o único dos 12 concelhos que, em 2011, teve um crescimento populacional, mas também este ano sofreu uma quebra de 2,15%, tendo perdido 761 residentes (34.580 pessoas).

O concelho de Mirandela, o segundo maior do distrito, perdeu 2.468 residentes, passando de uma população de 23.850 habitantes para 21.389 (-10,32%).

Segundo os Censos, Portugal tem hoje 10.347.892 residentes, menos 214.286 do que em 2011, dos quais 4.917.794 homens (48%) e 5.430.098 mulheres (52%).

A fase de recolha dos Censos 2021 decorreu entre 05 de abril e 31 de maio e os dados referem-se à data do momento censitário, dia 19 de abril.

Fonte: Lusa