Agricultura: 6 mil agricultores manifestaram-se em Mirandela

Na manhã desta quinta-feira, dia 26 de janeiro, realizou-se a primeira manifestação dos agricultores, com uma marcha lenta de tratores e de seis mil pessoas, que percorreram o centro da cidade de Mirandela, num protesto contra a governação do ministério da Agricultura.

O secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), Luís Mira, discursa junto à sede da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAN), em Mirandela.

A extinção das Direções Regionais de Agricultura e a concentração das competências das mesmas nas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) foi o motivo do primeiro protesto convocado pela Confederação dos Agricultores e Portugal (CAP).

Durante a marcha em Mirandela, que começou no recinto da feira e terminou em frente às instalações da direção regional, mais de 70 organizações de agricultores de várias zonas do país pediram “respeito pela agricultura”.

O secretário-geral da CAP, Luís Mira, revelou que a principal razão do descontentamento dos agricultores portugueses é incapacidade do governo de utilizar as verbas provenientes da União Europeia.

“Neste momento há mais 1300 milhões de euros do PDR (Plano de Desenvolvimento Rural) que ficaram “por aplicar, por transferir para os agricultores”. Esta incompetência prejudica a agricultura e o rendimentos dos agricultores”, justificou.

Segundo Luís Mira, nunca houve tanto financiamento para a agricultura como no corrente ano 2023, mas o atual governo mostra-se incapaz de utilizar devidamente os fundos comunitários.

Relativamente ao Plano Estratégico da Política Agrícola Comum, para o quadriénio 2023-2027, o secretário-geral da CAP disse que estas medidas foram mal concebidas e não vão ao encontro das necessidades dos agricultores.

“As medidas do PEPAC vão trazer uma quebra ao rendimento dos agricultores”, adiantou.

Luís Mira disse não ser aceitável que o atual governo injete milhões de euros na TAP e retire dinheiro aos agricultores.

Na manifestação em Mirandela participaram também vários agricultores do concelho de Vimioso. Ramiro Domingues, natural de Matela, criador de bovinos mirandeses e produtor de azeite, disse que o descontentamento dos agricultores portugueses se deve ao elevado preço dos custos de produção, nomeadamente do gasóleo e dos adubos.

O agricultor do concelho de Vimioso criticou ainda a elevada burocracia no acesso aos apoios finaceiros provenientes do PEPAC, que poderiam atenuar os elevados custos de produção.

“Há muita burocracia e devíamos ser mais práticos”, indicou.

Perante a possibilidade de Mirandela perder a Direção Regional de Agricultura do Norte (DRNA), Ramiro Domingues expressou tristeza e indignação afirmando que ao levarem os centros de decisão agrícola para longe, a região fica mais pobre.

Para a CAP, a recente decisão de transferir as competências das direções regionais de agricultura para as CCDR “é um sinal claro que o governo se prepara para desmembrar o Ministério da Agricultura, para acabar com ele”.

O presidente CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, apontou que a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte “foi a primeira a ser decapitada”, pois está sem diretor, depois de a anterior, Carla Alves, ter sido nomeada secretária de Estado e se ter demitido no dia seguinte, devido à polémica com o marido, antigo presidente da Câmara de Vinhais.

Para os agricultores transmontanos, como Aristides Cadavez, o que está a acontecer “é sempre mais do mesmo”, com a retirada de valências do interior para o litoral.

“Em vez de tirar do interior, que tragam do litoral para o interior. Agricultura é aqui, no interior. O que é que nós temos de agricultura no litoral? Porquê complicar a vida a quem trabalha, aos agricultores neste caso, porquê tirar-lhe o centro de decisão de onde tem que estar, aqui em Trás-os-Montes, e levá-lo para a beira do mar, porquê”, questionou.

De acordo com a CAP, as manifestações dos agricultores vão prosseguir no dia 30 de janeiro, em Castelo Branco. Segue-se o Ribatejo, Oeste e Alentejo, em fevereiro.

Fonte: Lusa e HA

Vimioso: “O Plano Estratégico para a Política Agrícola Comum (PEPAC) 2023-2027 é muito burocrático” – Daniel Ramos

Em Vimioso, realizou-se esta quarta-feira, dia 25 de janeiro, uma sessão de esclarecimento sobre as medidas do novo Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC), para o período 2023-2027, tendo o engenheiro agrónomo da Copanordeste, Daniel Ramos, descrito as novas medidas como “muito burocráticas”.

A sessão foi organizada pela Confagri – Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e decorreu no auditório da Casa da Cultura, em Vimioso, onde estiveram presentes cerca de uma centena de agricultores de todo o concelho.

Os esclarecimentos sobre o novo plano estratégico da Política Agrícola Comum, foram prestados por Pedro Pinto, do departamento técnico da Confagri, que adiantou que as ajudas europeias ao setor agrícola têm um valor de 6712,9 milhões de euros, a aplicar entre janeiro de 2023 e dezembro de 2027 (os apoios podem ser estendidos até 2029).

“Esse valor será dividido entre o 1.º Pilar (apoios ao rendimento), com 3859,5 milhões de euros, que representa 57,5% do total, cabendo ao 2.º Pilar (apoios ao investimento) 2853,4 milhões, ou seja, 42,5% do total das ajudas”, explicou.

Segundo o técnico da Confagri “o novo PEPAC introduz também medidas no pilar social, enquanto reforça a componente ambiental, no sentido de procurar promover um setor agrícola europeu mais sustentável, resiliente e modernizado”.

Mas nem tudo é positivo. De acordo com o engenheiro, Daniel Ramos, da delegação da Copadonordeste, em Vimioso, o novo plano estratégico da Política Agrícola Comum traz uma maior burocracia.

“O PEPAC traz muitas medidas de apoio novas, com condicionantes. Os valores são mais reduzidos, com a possibilidade de serem acumuláveis. Na minha perspectiva é um quadro muito burocrático”, disse.

Segundo Daniel Ramos, o aumento do número de medidas e a redução dos valores de apoio ao setor agrícola faz antever que nos próximos anos, haja uma redução das ajudas aos agricultores no nordeste transmontano.

O jovem engenheiro lembrou que a agricultura na região assenta sobretudo no regime de minifúndio, com áreas pequenas e culturas de sequeiro.

“Este novo quadro comunitário traz novidades e melhorias sim, mas para as culturas de regadio e não para o sequeiro que caraterizam a nossa região”, indicou.

Ainda assim, na área da agricultura biológica, por exemplo, o PEPAC apoia as culturas dos frutos frescos, como são os casos do medronheiro e do marmeleiro, que podem ter algum potencial produtivo no nordeste transmontano.


A sessão de esclarecimento sobre o PEPAC 2023-2027 decorreu no auditório da Casa da Cultura, em Vimioso.

HA

Economia: Paulo Macedo defende que empresas devem reter talentos e pagar melhor às pessoas

O presidente da Comissão Executiva da Caixa Geral de Depósitos (CGD), Paulo Macedo, defendeu que as empresas têm de investir em “atrair e reter talento” e têm que “pagar melhor às pessoas.

“A parte da produção cai num novo valor quando eu tenho de estar próximo dos meus clientes e não posso importar tudo apenas de um único fornecedor bastante longe e depois tem que investir em atrair e reter talento. Tem que pagar melhor às pessoas”, disse Paulo Macedo durante a sua intervenção no “Encontro Fora da Caixa “2023: desafios para as empresas”, que está a decorrer em Vila Nova de Gaia (Porto).

Segundo Paulo Macedo, a banca tem estado e tomar consciência que as empresas estão a precisar de mais capital circulante, portanto, precisam de mais fundo de maneio”.

“Porquê”, pergunta Paulo Macedo, e depois explica. “Porque têm de fazer mais ‘stocks’, têm que também dar algum crédito aos seus clientes, porque as margens compensam e podem fazer ali algum esforço adicional, e que têm também de pagar melhor às suas pessoas e, portanto a banca quer fazer isto”.

Paulo Macedo declarou que a Caixa Geral de Depósitos “está cá para fazer negócio” e para “aumentar os seus volumes de crédito”, bem como para servir a globalidade dos seus clientes e continuar a ter a maior base de clientes.

“Queremos que os clientes possam fazer tudo connosco, as várias operações financeiras, ou de seguros, queremos manter a nossa liderança em várias áreas”, disse.

Segundo Paulo Macedo, a CGD tem uma “liquidez suficiente para poder financiar as pessoas, e para poder financiar as empresas e para poder financiar os bons projetos”.

Com base em informações do ‘ranking mundial 2022’ sobre Portugal, Paulo Macedo alertou que o país perdeu competitividade relativamente ao conjunto de 63 países analisados, mas ganhou competitividade em termos de ‘soft skills’ e ‘art skills’ e em termos digitais “oscila um pouco”.

Portugal recebeu duas classificações “muito boas”, uma na parte das infraestruturas, e outra na parte da saúde e da educação.

Para o responsável, “são dois pilares muito positivos ao longo dos anos”.

Sobre as classificações mais baixas, Paulo Macedo referiu que as práticas de gestão têm má avaliação.

“Somos mal avaliadas na realidade das companhias. A agilidade das empresas depende da burocracia. (…) Levamos mais tempo a reagir e a mudar. Também somos considerados mais atrasados na utilização inteligente sobre os dados, designadamente na ‘big data’” (trata sobre grandes conjuntos de dados que precisam ser processados e armazenados), defendeu.

Paulo Macedo alertou ainda para a necessidade de Portugal reduzir as empresas ‘zombies’.

“É preciso reduzir as empresas ‘zombies’, ou seja, que estão num estado larvar, que não conseguem crescer, nem cumprir com os seus encargos, mas também que não desaparecem. Será um aspeto que vai ter de ser combatido na nossa sociedade”.

A “demora na Justiça” foi outro aspeto destacado por Paulo Macedo como algo negativo em Portugal, recordando, por exemplo, que ainda hoje estão a resolver-se casos de créditos de grandes empresas que foram concedidos na crise de 2007.

“É algo que não temos estado parados, mas precisamos de agir mais depressa”, defendeu.

Em termos de ambiente, Paulo Macedo observou que há uma “preocupação com os aumentos das taxas de juro”, principalmente junto das famílias, lembrando que há “milhares de pedidos de reavaliação” dos créditos.

Para as empresas acresce o custo das energias e outras matérias-primas, referiu.

Paulo Macedo questionou qual será o futuro das taxas de juro, considerando que, se a inflação ficar controlada, vão estabilizar.

Todavia, se a inflação estiver “descontrolada isso vai afetar as empresas e as famílias”, advertiu, lembrando que atualmente há taxas de juro reais negativas de 6%, algo que não acontecia há décadas.

Fonte: Lusa

Sociedade: População portuguesa diminuiu em 10 anos – INE

A população portuguesa diminuiu nos últimos 10 anos, mas o número de agregados familiares aumentou 2,6%, com os núcleos monoparentais cada vez em maior número, tal como os casais sem filhos.

De acordo com a informação apresentada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) sobre as estruturas familiares, e que tem por base as estatísticas dos Censos 2021, em Portugal existem 4.149.096 agregados domésticos privados.

Segundo o INE, entende-se por agregado doméstico privado um “conjunto de pessoas que tem a residência habitual no alojamento familiar ou a pessoa independente que ocupa um alojamento familiar”, sendo que, neste último caso, trata-se de um agregado doméstico unipessoal.

Nestes últimos 10 anos, a estrutura da família portuguesa alterou-se e a generalidade das famílias estão mais pequenas, havendo também cada vez mais pessoas que têm filhos sem estarem casadas, e também maior diversidade familiar.

Prova disso está no facto de as famílias monoparentais e as famílias reconstituídas representarem já 27,4% dos agregados. Entre 2011 e 2021, as famílias monoparentais cresceram 20,7%, representando hoje 18,5% do total das famílias, enquanto os núcleos familiares reconstituídos são 8,8%. 60% das crianças nasceram em famílias monoparentais.

Os núcleos familiares reconstituídos são aqueles em que existe um casal com um ou mais filhos biológicos ou adotados e em que, pelo menos, um deles é apenas de um dos membros do casal.

De acordo com os Censos 2021, existiam nesse ano 3.127.714 núcleos familiares, sendo que a maioria dizia respeito a famílias com filhos, entre 45,3% de casais com filhos e 18,5% de famílias monoparentais.

No entanto, a proporção de famílias de casais com filhos diminuiu 12,3% em relação a 2011, enquanto os casais sem filhos aumentaram 0,03% e as famílias monoparentais cresceram 20,7%.

Prova de que as famílias portuguesas estão mais pequenas está no aumento sobretudo de agregados domésticos constituídos por uma e duas pessoas e um decréscimo nos agregados de três e quatro pessoas.

“O número de agregados domésticos privados unipessoais aumentou 18,6% e o de agregados domésticos privados constituídos por quatro pessoas diminuiu 8,8%”, refere o INE.

Em 2021, os agregados domésticos constituídos por uma só pessoa representavam 24,8% do total dos agregados, enquanto os agregados com quatro pessoas representavam 14,7% e os agregados com cinco ou mais pessoas correspondiam a 5,6%.

“A dimensão média dos agregados domésticos privados diminuiu de 3,7 para 2,5 pessoas, de 1970 a 2021, refletindo novas formas de organização familiar, assentes em estruturas familiares de menor dimensão e com novas configurações”, diz o organismo.

Na análise aos agregados familiares constituídos por uma só pessoa, percebe-se que são pessoas mais velhas, reformadas e com menor nível de escolaridade, havendo 1.027.871 em 2021, mais 161.044 do que em 2011, um “crescimento expressivo” relacionado com fenómenos demográficos como o aumento da esperança média de vida.

Metade destes agregados (50,3%) eram compostos por pessoas com 65 anos ou mais, e apesar de grande parte desta população já estar reformada (48,9%), uma percentagem elevada (40,6%) ainda era ativa. A generalidade destes agregados eram compostos por mulheres (61,4%).

Fonte: Lusa

Meteorologia: Frio deve manter-se até sábado

O Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) estendeu o aviso amarelo para o distrito de Bragança e Guarda devido à previsão de tempo frio até às 06:00 de sábado.

O aviso amarelo, o terceiro menos grave, é emitido pelo IPMA sempre que existe uma situação de risco para determinadas atividades dependentes da situação meteorológica.

O IPMA prevê para no continente continuação de tempo frio com céu pouco nublado ou limpo, apresentando temporariamente períodos de maior nebulosidade no nordeste transmontano e Beira Alta até ao fim da manhã.

A previsão aponta também para vento fraco a moderado, soprando por vezes forte nas terras altas, em especial até ao meio da manhã e para o fim do dia e formação de geada.

As temperaturas mínimas vão oscilar entre os -5 graus Celsius (na Guarda) e os 5 (em Faro) e as máximas entre os 3 (na Guarda) e os 15 (em Faro).

Devido à situação meteorológica, a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC) alertou para os potenciais riscos, nomeadamente “intoxicações por inalação de gases, devido a inadequada ventilação em habitações onde se utilizem aquecimentos como lareiras e braseiras”, assim como para incêndios devido à “má utilização de lareiras e braseiras ou de avarias em circuitos elétricos”.

A ANEPC recorda que o eventual impacto destes efeitos pode ser minimizado, sobretudo através da adoção de comportamentos adequados, nomeadamente evitar a exposição prolongada ao frio e às mudanças bruscas de temperatura a manter o corpo, através do uso de várias camadas de roupa, folgada e adaptada à temperatura ambiente, e proteção das extremidades do corpo e calçado quente e antiderrapante, bem como a ingestão de sopas e bebidas quentes.

Fonte: Lusa

Miranda do Douro: Concurso da “Tabafeia de Miranda” premiou a Cozinha Regional Bina

Um dos destaques do XXIV Festival dos Sabores Mirandeses, realizado no fim-de-semana de 20, 21 e 22 de janeiro, em Miranda do Douro, foi o concurso da “Tabafeia de Miranda”, que teve como objetivo incentivar a produção e o consumo deste enchido tradicional.

De acordo com o município de Miranda do Douro, a “tabafeia de Miranda” é um enchido fumado, feito com carne de aves e porco, pão de trigo, azeite, condimentada com sal, alho, colorau ou pimenta e salsa.

No concurso deste ano foram degustadas seis tabafeias, provenientes dos concelhos de Miranda do Douro e de Vimioso, tendo o júri avaliado o aroma, a textura, o sabor e a apresentação destes enchidos.

“Todas as tabafeias estavam muito boas na apresentação. Já no aroma, na textura e no sabor havia diferenças”, explicou o presidente do júri, Vitor Domingues.

A tabafeia vencedora do concurso deste ano, no Festival dos Sabores Mirandeses, foi a confecionada pela cozinha regional Bina, de Vimioso.

Questionada sobre a receita, Bina Monteiro, revelou que a qualidade das tabafeias ou alheiras se deve sobretudo à qualidade das carnes.

“Ao pão há que juntar boas carnes de porco e de galinha, sendo que a carne de porco deve ter um pouco de gordura. Há que ter atenção ao modo como se desfiam as carnes e na condimentação deve usar-se sal, alho moído e salsa. Finalmente, no enchimento deve usar-se tripa de porco”, revelou.

Sobre o 1º prémio no concurso do Festival de Sabores Mirandeses, Bina Monteiro, mostrou-se agradecida e disse que este reconhecimento se deve aos muitos anos de trabalho e de experiência no fabrico do fumeiro tradicional.

Os outros produtores premiados foram a Cozinha Regional Cimo da Quinta, Cozinha Regional O Toural, Cozinha Fumidino, Cozinha Sabores do Cantinho e Pingo d’Orvalho.

Na Terra de Miranda, a tabafeia é habitualmente acompanhada com batata cozida e grelos.

O Festival de Sabores Mirandeses decorreu no fim-de-semana de 20, 21 e 22 de janeiro, em Miranda do Douro.

HA

Constantim: Montarias ao javali trouxeram centenas de caçadores ao Festival de Sabores Mirandeses

Realizou-se no sábado, dia 21 de janeiro, na localidade de Constantim, o Encontro Cinegético de Miranda do Douro, uma atividade inserida no XXIV Festival de Sabores Mirandeses, que decorreu no fim-de-semana de 20, 21 e 22 de janeiro.

De acordo com o presidente do Clube de Monteiros do Norte, Eduardo Fernandes, o encontro dedicado à caça consistiu na realização de duas montarias ao javali, em Constantim, no dia 21 de janeiro e em Vila Chã da Braciosa, no dia 22 de janeiro.

As quase três centenas de caçadores participantes no encontro cinegético eram provenientes de todo o país, com especial incidência da região norte e dos concelhos de Miranda do Douro, Vimioso, Mogadouro, de Bragança e também da vizinha Espanha.

Do município de Miranda do Douro, o vice-presidente, Nuno Rodrigues, também esteve presente no encontro cinegético e destacou que a caça é uma atividade que traz inúmeras vantagens para a região.

“Em territórios, como o concelho de Miranda do Douro, fustigados pela praga dos javalis, estes encontros cinegéticos são muito importantes pois contribuem para o equilíbrio natural. Para além de regular a densidade das espécies existentes, a caça é uma atividade que atrai muita gente à nossa região, em particular no período do outono e inverno, o que contribui para a dinamização da nossa economia, ao nível da hotelaria, da restauração e do comércio”, disse.

Em representação do Turismo Porto e Norte, Inácio Ribeiro, acrescentou que a caça é uma atividade que promove turisticamente a região.

“Há países em que a caça tem um valor muito expressivo, quer pelo número de pessoas envolvidas, quer pelo valor dos lucros que gera. Turisticamente, a caça promove a beleza natural da região e todos os outros valores como são as tradições, a gastronomia, as raças autóctones e o património de Miranda do Douro, ”, explicou.

Andrea Cortinhas, da cooperativa de ovinos de raça churra galega mirandesa, foi outra participante no encontro cinegético. Questionada sobre o que a motiva a participar numa montaria ao javali, a jovem engenheira respondeu que “herdou” o gosto da caça graças à tradição famíliar.

“A caça é uma atividade que desperta o interesse e mobiliza muita gente, pelo desporto, pelo contato com a natureza, pela gastronomia e pelo convívio que se estabelece entre os caçadores”, indicou.

Na montaria de sábado, dia 21 de janeiro, após as inscrições, o mata-bicho e a colocação das “armadas” na mancha ou área circundante à localidade de Constantim, os cerca de 270 caçadores abateram 37 javalis.

Finalizada a montaria de Constantim, o encontro cinegético prosseguiu com o almoço no pavilhão multiusos, em Miranda do Douro.

Depois, ao final do dia, os caçadores deslocaram-se para o espaço do Festival de Sabores Mirandeses, para aí participar no serão transmontano, durante o qual houve um desfile de vestuário e de artigos de caça e o sorteio de vários prémios aos caçadores.

No dia seguinte, dia 22 de janeiro, o encontro cinegético prosseguiu com a montaria ao javali, em Vila Chã da Braciosa.

O Encontro Cinegético coincidiu com o XXIV Encontro Venatório do Nordeste Transmontano e contou com a colaboração das associações de Caçadores de Constantim e de Vila Chã de Braciosa e do apoio do município de Miranda do Douro.

Ucrânia: Guerra perturbou educação de cinco milhões de crianças

Passados 11 meses de guerra russa na Ucrânia, a UNICEF alertou que o conflito perturbou a educação de mais de cinco milhões de crianças, apelando a mais apoio para “assegurar oportunidades de aprendizagem” no país e nos países de acolhimento.

Na data em que se assinala o Dia Internacional da Educação, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) veio chamar a atenção para a importância de “um maior apoio internacional para garantir que as crianças não ficam mais para trás”, recordando que “o impacto de 11 meses de conflito veio agravar os dois anos de aprendizagem perdidos devido à pandemia de covid-19” e as consequências de “mais de oito anos de guerra para as crianças do leste da Ucrânia”.

“As escolas e outras entidades de educação de ensino pré-escolar proporcionam um sentido essencial de rotina e segurança às crianças, e a falta de aprendizagem pode ter consequências para toda a vida”, sublinhou Afshan Khan, diretora regional da UNICEF para a Europa e Ásia Central, citada no comunicado da organização.

“Não há botão de pausa. Simplesmente não é uma opção adiar a educação das crianças e voltar a ela quando outras prioridades tenham sido abordadas, sem arriscar o futuro de uma geração inteira”, insistiu.

Segundo a agência especializada da ONU, “o uso continuado de armas explosivas – inclusive em zonas habitadas – significou que milhares de escolas, pré-escolas e outras instalações de educação em todo o país foram danificadas ou destruídas” e, ao mesmo tempo, “muitos pais e prestadores de cuidados estão relutantes em enviar crianças para a escola devido a preocupações de segurança”.

No comunicado, a UNICEF precisa que “dentro da Ucrânia, está a trabalhar com o Governo para ajudar a levar as crianças de volta ao ensino” – nas salas de aula, quando estas são consideradas seguras, ou através de alternativas ‘online’ ou na comunidade, “se a aprendizagem presencial não for possível”.

A organização indica que, até há pouco tempo, “mais de 1,9 milhões de crianças tinham acesso a oportunidades de aprendizagem ‘online’ e 1,3 milhões de crianças estavam inscritas num sistema híbrido de aulas presenciais e ‘online’”, mas os recentes bombardeamentos de centrais elétricas e outras infraestruturas energéticas “causaram apagões generalizados e deixaram quase todas as crianças na Ucrânia sem acesso permanente a eletricidade, o que significa que mesmo assistir a aulas virtuais é um desafio constante”.

Fora da Ucrânia, prossegue a UNICEF, a situação “é igualmente preocupante, estimando-se que duas em cada três crianças refugiadas ucranianas não estejam atualmente inscritas no sistema educativo do país de acolhimento”.

De acordo com a agência da ONU, vários fatores contribuem para este cenário, entre os quais estruturas educativas sobrecarregadas e “o facto de, no início da crise e durante todo o verão, muitas famílias refugiadas terem optado pela aprendizagem ‘online’, em vez de frequentarem escolas locais, porque esperavam poder regressar rapidamente a casa”.

No interior da Ucrânia, a organização apela para o “fim dos ataques às instalações de educação e outras estruturas civis, incluindo as infraestruturas energéticas, de que dependem as crianças e as famílias”.

Nos países de acolhimento de refugiados, a UNICEF apela para que se dê prioridade à “integração das crianças refugiadas ucranianas nos sistemas de educação nacionais em todos os níveis de ensino, especialmente na educação infantil e no ensino primário – com professores qualificados, materiais de aprendizagem e espaços disponíveis para apoiar a sua aprendizagem presencial, desenvolvimento e bem-estar”, lê-se ainda na nota.

“É importante que as autoridades relevantes identifiquem e ultrapassem as barreiras regulamentares e administrativas que impedem o acesso das crianças à educação formal a todos os níveis, e forneçam informação clara e acessível às famílias refugiadas”, frisou a organização, acrescentando que “quando o acesso ao sistema educativo não pode ser imediatamente assegurado, a UNICEF apela para a disponibilização de múltiplos percursos de aprendizagem, especialmente para as crianças em idade de frequência do ensino secundário”.

A ofensiva militar lançada a 24 de fevereiro de 2022 pela Rússia na Ucrânia causou até agora a fuga de mais de 14 milhões de pessoas – 6,5 milhões de deslocados internos e quase oito milhões para países europeus -, de acordo com os mais recentes dados da ONU, que classifica esta crise de refugiados como a pior na Europa desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).

Neste momento, 17,7 milhões de ucranianos precisam de ajuda humanitária e 9,3 milhões necessitam de ajuda alimentar e alojamento.

Fonte: Lusa

Sociedade: Famílias de acolhimento recebem formação para tratar idosos

Mais de três dezenas de famílias de acolhimento vão receber formação específica para tratar idosos e pessoas com deficiência e prevenir algumas causas de tratamento hospitalar, no âmbito de um novo projeto apresentado em Bragança.

Trata-se do “Academia Familiar – Projeto de literacia para famílias de Acolhimento de idosos e Adultos com Deficiência” que tem como objetivo formar 34 famílias de acolhimento de idosos e adultos com deficiência, nos concelhos de Bragança, Macedo de Cavaleiros, Mirandela e Vinhais.

Estes são os quatro concelhos no distrito de Bragança da área de influência da Fundação Caixa CA – Caixa de Crédito Agrícola Mútuo do Alto Douro, que financia com 25 mil euros o projeto a ser desenvolvido em parceria com a Unidade Local de Saúde (ULS) do Nordeste, com o apoio logístico da Segurança Social.

O protocolo de colaboração foi assinado em Bragança e vai permitir, segundo os responsáveis, recrutar um enfermeiro que vai dar, durante um ano, formação e treino às famílias de acolhimento inscritas e financiadas pela Segurança Social.

O presidente da ULS do Nordeste, Carlos Vaz, realçou o “trabalho fantástico” que as famílias de acolhimento fazem, contudo, ressalvou: “uma coisa é querer tratá-los bem, outra é saber tratá-los bem”.

A ULS disponibiliza para este projeto o apoio das equipas de enfermagem e geriatria e o presidente considera que esta formação é “uma excelente mais-valia”.

“Um doente faz uma escara em 48 horas, basta bem que uma pessoa se distraia em o posicionar ou mudar e depois, às vezes, leva meses a curar”, disse.

Todo esse conhecimento, todo esse treino, toda essa formação específica é seguramente uma mais-valia enorme”, afirmou.

Os resultados desta formação poderão também ajudar a prevenir idas frequentes ao hospital.

A ideia do projeto partiu da Fundação Caixa, segundo a responsável Cândida Brás, ao verificar que “havia várias famílias de acolhimento e que nem sempre tinham formação na área de saúde, se calhar adequada”.

“Não é só alimentar, é saber tratar, é saber mobilizar, é saber apoiar afetivamente, e é preciso que a família de acolhimento tenha essas valências todas e que perceba todas as vertentes da pessoa que vai ser acolhida, que vai ser tratada”, considerou.

A instituição pretende futuramente alargar ao distrito de Vila Real este projeto que começa em Bragança e que o diretor distrital da Segurança Social, Orlando Vaqueiro, considera “indispensável para que as famílias de acolhimento possam fazer o seu trabalho em pleno”.

Cada família pode acolher até três utentes e receber um máximo de 677 euros por cada, um montante que perece ser cada vez menos aliciante, já que o número de famílias de acolhimento tem vindo a diminuir no distrito de Bragança, segundo disse.

O diretor distrital da Segurança Social considera que para este decréscimo tem também contribuído o envelhecimento das pessoas que estavam dispostas a acolher e que pesa ainda o facto de para se ser família de acolhimento ter que se “ter alguma sensibilidade”.

A importância desta resposta social notou-se, como exemplificou, durante a pandemia, com os internamentos a prolongarem-se para lá da necessidade de cuidados hospitalares por os utentes não terem vaga nem em instituições, nem em famílias de acolhimento.

“Não tem havido motivação para que famílias mais jovens surjam neste setor, talvez com mais incentivos, melhor formação, maior sensibilização possamos contar com este “bom complemento” das estruturas residenciais para pessoas idosas, dos lares residenciais e das unidades de saúde”, afirmou.

Fonte: Lusa

Sociedade: Pensionistas manifestam-se contra aumento do custo de vida

Centenas de reformados prometem sair à ruas nas principais cidades do país para exigir uma atualização de 60 euros em todas as reformas, bem como medidas do Governo para travar a inflação nos bens essenciais.

Para as principais avenidas e praças do país estão marcadas concentrações, manifestações e distribuição de informação à população, disse a presidente do MURPI – Confederação Nacional de Reformados, Pensionistas e Idosos, Isabel Gomes.

Estão previstas ações para Lisboa, Porto, Coimbra, Leiria, Braga, Guimarães, Aveiro, Viseu, Guarda, Entroncamento, Almada, Setúbal, Barreiro, Beja, Évora, Grândola, Portalegre e Faro, numa iniciativa do MURPI e da Inter-Reformados (CGTP-In).

Os pensionistas exigem que o Governo trave a escalada dos preços de bens essenciais como o leite, a carne e o peixe.

De acordo com a dirigente do MURPI, mesmo os pensionistas com reformas iguais ou superiores a mil euros estão a enfrentar dificuldades para pagarem os medicamentos e os custos das rendas na habitação, havendo casos de pessoas que foram obrigadas a trocar a casa por um quarto.

“Os pensionistas receberam no início deste mês a sua reforma com um valor que ficou muito aquém do que lhes é devido. Com o malabarismo de meia pensão em outubro, a pensão deste mês que deveria trazer um aumento na ordem dos 7% a 8%, veio apenas com 3,5% e 4,8%”, referem em comunicado os organizadores do protesto.

Fonte: Lusa