Seca: Agricultores de Avelanoso e São Martinho preveem uma acentuada quebra na colheita de castanhas

Por causa da seca, nas aldeias de Avelanoso e São Martinho de Angueira, a apanha da castanha está muito atrasada, devido ao desenvolvimento tardio dos frutos, o que antecipa uma acentuada quebra na colheita de castanhas.

Em Avelanoso, prevê-se uma acentuada quebra na produção de castanha devido à seca.

João Gonçalves é agricultor em Avelanoso, onde é proprietário de vários soutos de castanheiros. À semelhança do que acontece com a maioria dos produtores da região, a sua produção de castanha vai sofrer uma acentuada redução.

“Nesta altura do ano, muitos produtores já tinham iniciado a apanha da castanha, que se prolongava ao longo dos meses de outubro e novembro. Este ano, por causa da falta de chuva e da seca, o amadurecimento da castanha está tardio, o fruto ainda está pequeno e os ouriços ainda não abriram”, explicou.

O agricultor de Avelanoso prevê que a colheita de castanha seja um ¼ da sua habitual produção.

“Houve anos em que apanhámos 12 toneladas de castanhas. Este ano, se apanhar 2 mil quilos ficaria muito contente”, disse.

Para além da seca, a produção de castanha também é afetada pelas recorrentes doenças dos castanheiros, como são a “tinta” e o “cancro”, o que leva à morte de muitas árvores.

“O Instituto Politécnico de Bragança (IPB), através de investigações tem contribuído para o combate a estas doenças. No entanto, os tratamentos dos castanheiros são muito caros para os produtores”, informou.

De acordo com João Gonçalves, a produção de castanha, em Avelanoso, é vendida a intermediários, que por sua vez a comercializam para as grandes superfícies, como a fábrica Sortegel, em Bragança.

Sobre o preço da castanha, o produtor de Avelanoso adiantou que ainda não foi definido um valor.

“Este ano, como há menos quantidade é provável que seja mais cara. No ano passado, os produtores venderam o quilo de castanha a 1,40€ e 1,50€.”, informou.

Na aldeia vizinha de São Martinho, no concelho de Miranda do Douro, o casal de agricultores, António Fernandes e Bárbara Fernandes, estão desolados com a escassez e a fraca qualidade das castanhas nos soutos.

“Estamos conscientes de que a produção deste ano vai ser fraca”, adiantaram.

Por causa da seca e do desenvolvimento tardio dos frutos, os produtores de São Martinho prevêm iniciar a apanha das castanhas, apenas no final do mês de outubro.

“Este ano, a apanha da castanha vai ser ainda mais custosa, dado que vamos ter que separar as castanhas em bom estado de comercialização, daquelas que não têm tamanho nem qualidade para serem comercializadas”, adiantaram.

Para compensar a quebra na produção de castanhas, os agricultores de São Martinho mostraram-se um pouco mais otimistas, com a produção de outros frutos secos, como a avelã.

“Este ano, a produção de avelã, que também é um fruto rentável, correu melhor do que a castanha. E a avelaneira é uma árvore que não se seca tanto como o castanheiro”, informaram.

Para muitas famílias de Avelanoso e São Martinho, a produção de castanha é uma fonte de rendimento suplementar. E a apanha é uma atividade sazonal, realizada em contexto familiar.

Em Avelanoso, no final do mês de outubro vai realizar-se a já tradicional Feira da Castanha, um certame anual que possibilita aos produtores locais a comercialização da sua colheita.

A Feira da Castanha de Avelanoso atrai milhares de visitantes, aos quais oferece várias atividades como uma montaria ao javali, um passeio todo-o-terreno, concertos musicais, lutas de touros, um magusto, entre outras atividades.

HA



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