Seca: Apanha da castanha atrasada
Em Vinhais, a apanha da castanha está atrasada devido à seca, o que leva ao fraco desenvolvimento do fruto, os ouriços tardam em abrir e as previsões apontam para uma quebra na produção de castanha, em Trás-os-Montes.
A Arbórea, a principal organização de produtores florestais do concelho de Vinhais indica que, nesta época do ano, já deveria estar a acabar a apanha de algumas variedades de castanha e a iniciar a apanha das mais tardias.
Devido à seca, o desenvolvimento do fruto está atrasado e os ouriços tardam em abrir, o que leva o presidente da Arbórea, Abel Pereira, a antever que a campanha, que leva três semanas de atraso, “deve arrasta-se até dezembro deste ano, quando normalmente terminaria a 20 de novembro”.
O dirigente receia que haja castanheiros centenários, nalgumas zonas, onde a castanha não vai vingar, devido ao reduzido desenvolvimento do ouriço e consequente da manutenção das temperaturas altas, e que os produtores venham a ter castanha com bicho e rachada, que o mercado não aceita.
As chuvas do início de setembro ainda derem alguma esperança aos produtores, mas neste momento a única certeza é a de que “a campanha está atrasada e ainda é um incógnito”, como salientou.
Neste setor, segundo disse, ao contrário da lei do mercado, menos oferta, ou seja, menos castanha, não é sinónimo de que seja mais bem paga.
Abel Pereira deu o exemplo da castanha híbrida que está a cair (já em condições da apanha) e que está com um preço mais baixo do que no ano passado.
O presidente da Arbórea concretizou que está a ser paga ao produtor “à volta de dois euros o quilo”, enquanto o que seria normal é nesta altura “rondar os três euros”.
Neste concelho há dois mil produtores com realidades distintas, alguns a faturarem 500 euros e outros entre 100 a 150 mil euros por campanha, todavia a castanha é a principal fonte de rendimento deste concelho com menos de oito mil habitantes.
Entre “50 a 60 mil pessoas” é o número esperado de visitantes para a feira da Castanha de Vinhais, que já se tornou num chamativo, apenas superado pelo tradicional fumeiro, e que este ano decorre entre 28 e 30 de outubro.
Devido ao atraso da castanha, a feira, que costumava decorrer anualmente em outubro, este ano foi adiada para o fim de semana dos Santos, segundo o presidente da Câmara, Luís Fernandes.
A autarquia é a promotora do certame, em parceria com a associação Arbórea, e afirma que “está garantido” que vai haver castanha na feira.
O autarca espera que ainda seja possível minimizar alguma quebra, mas acrescenta que ainda é cedo para dizer “algo sobre a produção”.
A feira surge este ano com a novidade da aposta na denominação “Vinhais a Terra da Castanha Longal”, um processo iniciado pela autarquia para valorizar esta variedade que é autóctone do concelho.
À semelhança do que aconteceu com a certificação do Fumeiro de Vinhais, o município espera que este processo da castanha também resulte numa mais-valia para os produtores.
O evento é feito com um investimento entre “80 a 90 mil euros”, de acordo com o município que promete negócios, animação, magusto permanente no “maior assador de castanhas do Mundo”, jornadas técnicas, chegas de touros, entre outras atividades.
Fonte: Lusa