Investigadores portugueses concluíram que um mês contínuo de jejum intermitente melhora a capacidade física e reduz o tempo que cada pessoa leva a cumprir o mesmo trabalho físico, podendo fazer a diferença na competição desportiva.
A equipa de investigadores da Faculdade de Motricidade Humana fez duas análises distintas: um grupo de pessoas cumpriram a dieta habitual e outro grupo realizou um jejum intermitente, segundo o qual apenas se alimentavam durante num período de oito horas, podendo nas restantes 16 horas do dia consumir apenas líquidos sem valor calórico (jejum intermitente).
Segundo explicou Gonçalo Vilhena Mendonça, que coordenou a equipa, aplicaram-se as duas intervenções distintas, em homens com boa condição física.
Em ambas as condições, todas as pessoas treinaram três vezes por semana, cumprindo o mesmo protocolo de treino
“Foram avaliados ao fim de uma semana e ao final de um mês”, explicou o investigador, sublinhando que a intenção era medir a capacidade anaeróbia, com as pessoas a pedalarem o máximo que conseguiam contra a resistência, durante 30 segundos.
Esta prova de bicicleta mostrou que a média de potência debitada nos pedais melhorou com o jejum intermitente ao final de um mês e não com a dieta habitual.
Neste trabalho, conduzido pela investigadora Joana Correia, a equipa conseguiu ainda medir,o trabalho físico produzido em 30 segundos a pedalar na bicicleta, antes e depois do jejum intermitente, concluindo que os atletas cumpriram o mesmo trabalho físico retirando um segundo ao tempo necessário para cumprir o trabalho inicial.
“Parece pouco, mas, quando falamos de atletas de elite, os recordes e o primeiro ou segundo lugar batem-se por décimas ou centésimas”, afirmou o investigador, explicando: “Um segundo em termos desportivos é muita coisa. Faz a diferença entre estar ou não no pódio ou obter mínimos de qualificação em provas decisivas”.
O responsável deu ainda um exemplo: “Se pensarmos no que diferencia o atual e o anterior recorde mundial dos 400 metros estamos a falar de 15 centésimas de segundo e se pensarmos concretamente, por exemplo, nos 400 metros de pista coberta no nosso país, este ano foi batido o recorde nacional (…) por uma décima”.
“1.1 segundos de melhoria de tempo para cumprir um determinado volume de trabalho é uma melhoria que, num universo de atletas de elite, é muito importante. Poderá fazer toda a diferença e fazer subir atletas ao pódio e outros descer, mas também é importante para aqueles atletas que não são atletas de elite, como o atleta que pretende qualificar-se com mínimos para determinada prova e que indo buscar este segundo extra (…) poderá qualificar-se”, explicou.
O investigador do Laboratório de Função Neuromuscular da Faculdade de Motricidade Humana sublinhou ainda que estes resultados foram obtidos “manipulando apenas o período horário da ingestão alimentar”, não mexendo sequer na componente nutricional, ou seja, nos alimentos consumidos, nem na de treino.
“Só se mexeu aí, na janela horária para ingestão alimentar, sublinhou o especialista, lembrando: “só existiam estudos destes feitos com o Ramadão, que se sabe prejudicar a capacidade anaeróbia pois não permite a hidratação”.
O trabalho foi publicado no Internacional Journal of Environmental Rsearch and Public Health.
Igreja: Presidente da República foi a Palaçoulo visitar o Mosteiro Trapista de Santa Maria Mãe da Igreja
Na manhã do dia 10 de julho, Marcelo Rebelo de Sousa foi conhecer o novo mosteiro de Santa Maria, Mãe da Igreja, em Palaçoulo, acompanhado pelos bispos D. José Cordeiro e por D. Manuel Quintas.
Em Palaçoulo, Marcelo Rebelo de Sousa foi recebido na Casa de Acolhimento do Peregrino, onde atualmente vivem 10 monjas italianas e inteirou-se do projeto do edifício principal do Mosteiro, cuja construção deverá ter início ainda este ano.
Após a visita ao Mosteiro, Marcelo Rebelo de Sousa presidiu às cerimónias comemorativas dos 476 anos de elevação de Miranda do Douro à categoria de cidade e sede de diocese.
Recorde-se que em 10 de Julho de 1545, o rei D. João III elevou Miranda do Douro à categoria de cidade, passando a ser a primeira diocese de Trás-os-Montes (por bula do Papa Paulo III de 22 de Maio de 1545).
DBM | Lusa | HA
A visita do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, ao Mosteiro de Santa Maria, Mãe da Igreja, em Palaçoulo.
Entrevista: «Desde que o homem queira tudo se faz» – Abílio Barril
Abílio Domingues Pires Barril é o atual presidente da freguesia de Miranda do Douro, cargo que lhe foi confiado em quatro mandatos. Ao celebrar o dia da Cidade, 10 de julho, disse que Miranda do Douro (e todo o concelho) tem um enorme potencial para crescer, mas é preciso força de vontade para o realizar.
Abílio Barril, presidente da freguesia de Miranda do Douro.
A política
Começou a participar na política local sem qualquer ambição pessoal. Foi encorajado pelas pessoas que veem nele uma pessoa íntegra, coerente e dedicada. Inspirou-se no exemplo de um amigo espanhol, ex-alcaide de Alcañices que afirmava: “Para mim, a política são as pessoas”. Passados 16 anos de dedicação à causa pública, o atual presidente da freguesia de Miranda do Douro, diz que a primeira condição para exercer um cargo político é a retidão. “Tem que ser-se honesto consigo próprio e com as outras pessoas”, diz.
Ao refletir sobre o que aprendeu na política ao longo dos anos disse que este trabalho não é de uma pessoa só. “É um trabalho de equipa”. Na freguesia de Miranda do Douro, por exemplo, a equipa é constituída pelo presidente, pelo vice-presidente, o secretário e o tesoureiro. “As decisões são tomadas em conjunto”, explicou.
“Para mim, a política são as pessoas”.
Terra de Miranda – Notícias: Miranda do Douro foi elevada a cidade no dia 10 de julho de 1545, pelo rei D. João III. Na sua perspetiva, que momentos foram mais marcantes nestes 476 anos da cidade?
Abílio Barril: Miranda do Douro foi o berço da diocese, aqui foi construída a Sé Catedral e outrora esta cidade foi um importante centro religioso, cultural e económico da região. Nas décadas 1950/ 60, a cidade cresceu muito com a construção das barragens de Picote e de Miranda e por cá passou muita gente boa e amiga. A passagem internacional para a vizinha Espanha permitiu desenvolver o comércio e o turismo. Mas depois, Miranda do Douro parou no tempo e não acompanhou o desenvolvimento de outras cidades.
T.M.N.: Porque razão a cidade não conseguiu desenvolver-se mais?
A.B.: Miranda do Douro foi sempre desprezada pelos sucessivos governos. E refiro, por exemplo, o desmantelamento da linha ferroviária do Sabor, que terminava em Duas Igrejas e que estranhamente nunca chegou à cidade. Agora volta a falar-se da possibilidade de trazer o comboio novamente para Trás-os-Montes.
“Nas décadas 1950/ 60, a cidade cresceu muito com a construção das barragens de Picote e de Miranda e por cá passou muita gente boa e amiga.”
T.M.N.: Em vez de investimento, houve desinvestimento?
A.B.: Sim, e o exemplo do comboio é bem elucidativo. Muitas vigas da linha ferroviária foram roubadas e as estações continuam ao abandono e a degradar-se como é o caso da estação de Duas Igrejas. E é com tristeza que não vejo nem os políticos nem os jovens a interessarem-se pela recuperação deste património edificado na nossa terra.
T.M.N.: O que podem fazer os políticos locais para mudar esta realidade?
A.B.: À autarquia compete chamar à atenção e pressionar o governo para a recuperação destes imóveis de interesse público e que são também locais de interesse histórico e turístico. Quando se reivindica, não perdemos nada! E a autarquia deve começar por aí, por reivindicar. Já o ditado ensina que “água mole em pedra dura, tanto bate até que fura”. Não podemos é ficar calados e mudos.
“À autarquia compete chamar à atenção e pressionar o governo para a recuperação destes imóveis de interesse público e que são também locais de interesse histórico e turístico.”
T.M.N.: Que outros desinvestimentos houve em Miranda do Douro?
A.B.: Também a construção do Itinerário Complementar (IC5) parou inexplicavelmente em Duas Igrejas e não chegou à cidade Miranda do Douro. A instalação do polo universitário da UTAD, que chegou a ter cerca de 500 estudantes, também trouxe muito dinamismo à cidade. Mas passados uns anos encerrou. Temos um centro de saúde, com instalações, valências e condições para funcionar como um hospital, mas na prática, encerra às 22h00. A partir dessa hora, as pessoas doentes são obrigadas a deslocar-se para Mogadouro (46 km) ou para Bragança (72 km). E para agravar ainda mais a situação, em Bragança há falta de médicos especialistas, o que nos obriga a ir para o Porto. Também nos transportes públicos, estamos muito mal servidos. E com a pandemia, as viagens de autocarro para Bragança e para o Porto chegaram mesmo a estar suprimidas.
“A instalação do polo universitário da UTAD, que chegou a ter cerca de 500 estudantes, também trouxe muito dinamismo à cidade. Mas passados uns anos encerrou.”
T.M.N.: Se todos estes investimentos tivessem permanecido em Miranda do Douro, a cidade seria outra?
A.B.: Não tenho dúvidas que, com o comboio, o IC5, o polo universitário e o hospital, a cidade de Miranda do Douro teria crescido muitíssimo mais e estaria ao nível de Bragança ou outras cidades de média dimensão.
T.M.N.: Acha possível que Miranda do Douro volte a ter novamente um polo universitário?
A.B.: Desde que o homem queira tudo se faz.
T.M.N.: O turismo, e em particular a visita regular dos vizinhos espanhóis, continua a ser a principal atividade económica da cidade?
A.B.: Sim, graças a Deus, vamos sabendo aproveitar e otimizar a passagem internacional com Espanha, o que nos traz muitos espanhóis ao comércio local e à restauração. Mas com a atual pandemia, até esta mais-valia de ser uma cidade fronteiriça está em risco.
“Sim, graças a Deus, vamos sabendo aproveitar e otimizar a passagem internacional com Espanha, o que nos traz muitos espanhóis ao comércio local e à restauração.”
T.M.N.: Como vê a atual luta e reivindicação do Movimento Cultural da Terra de Miranda (MCTM) por melhores condições de vida para esta terra e estas gentes?
A.B.: Acho que a reivindicação é mais do que justa. A EDP enriqueceu à custa destas barragens e das condições ímpares que esta região do Douro Internacional oferece para a produção de energia elétrica. Portanto, a região e a sua população tem o direito de usufruir da riqueza aqui produzida.
T.M.N.: Que futuro antevê para Miranda do Douro?
A.B.: No imediato, o mundo tem que vencer esta epidemia. Por isso, vamos esperar que isto passe depressa. Espero que Miranda do Douro se desenvolva, porque a cidade e o concelho têm muito potencial. Gostaria sobretudo de ver a gente nova a fixar-se e a trabalhar no concelho.
T.M.N.: Mas os jovens não querem ficar no interior dado que aqui há poucas oportunidades.
A.B.: Quando ouço dizer que Miranda do Douro é uma cidade do interior e que, por isso, tem dificuldade fixar os jovens, penso nas cidades da Guarda, da Covilhã e tantas outras cidades do interior. Estas cidades têm estabelecimentos de ensino superior, têm hospitais, tem boas vias de comunicação, têm indústrias e serviços, etc.. E nós, porque é que não temos direito a beneficiar das mesmas condições?
“A região e a sua população tem o direito de usufruir da riqueza produzida pelas barragens.”
T.M.N.: As próximas eleições autárquicas estão agendadas para o dia 26 de setembro. Fazendo uso da sua vasta experiência como autarca, que conselho daria aos jovens que decidem participar na vida política?
A.B.: Quem queira participar mais ativamente na vida política, aconselharia a fazê-lo pouco a pouco e a ir aprendendo. Ao exercer um cargo político, temos que aprender a estar com as pessoas e a escutá-las. Há vezes em que temos de as defender. Mas também não podemos dizer “ámen” a tudo. Primeiro há que esclarecer bem as coisas. E depois trabalhar e confiar que tudo se resolve.
T.M.N.: A vida de autarca tira muito tempo para a vida familiar?
A.B.: Se soubermos ser disciplinados, há tempo para tudo, para a família, para o trabalho e para estar com os amigos.
“Ao exercer um cargo político há que aprender a estar com as pessoas e a escutá-las.”
Perfil:
Abílio Domingues Pires Barril nasceu em Miranda do Douro, no dia 15 de março de 1942. O seu pai foi guarda-fiscal em vários postos, o que fez com que frequentasse a escola primária em várias aldeias do concelho. Concluiu a quarta-classe em Miranda do Douro e aos 11 anos foi para estudar para os seminários das Missões Católicas Ultramarinas, em Tomar e depois em Cernache do Bonjardim. Diz que o seminário foi uma autêntica escola. Na vida comunitária aprendeu a ser justo consigo mesmo e com os outros. Foi também no seminário que aprendeu a conhecer melhor a Cristo e a Igreja. E foi graças a essa educação, que ainda hoje guarda e pratica os bons princípios cristãos. “Foi no seminário que aprendi a dar a Deus o primeiro lugar na minha vida”, disse.
Trabalhou na construção das barragens de Miranda do Douro e de Bemposta. E em 1964, foi chamado para cumprir o serviço militar obrigatório, na Escola Prática de Infantaria, em Mafra. Nesse ano, já decorria a guerra nas ex-colónias e Abílio Barril, como tantos outros jovens dessa época, preparava-se para partir para a guerra. Após cinco meses de recruta e a aquisição de várias especialidades, entre as quais a de atirador, integrou um batalhão de Artilharia, em Oeiras, para embarcar para a guerra, em Angola. Aí, combateu ao longo de dois anos.
Regressou a Portugal em agosto de 1967. Casou em 1968 e foi pai de duas filhas. Foi bombeiro voluntário ao longo de 37 anos. Trabalhou no posto zootécnico de Malhadas, como técnico auxiliar, até à idade da reforma. Ao desempenhar essa atividade ligada à pecuária, acompanhou de perto o desinvestimento na agricultura do planalto mirandês. Os campos propícios ao cultivo de cereais passaram a ser ocupados por floresta, ou então, foram simplesmente abandonados. Abílio Barril ainda se recorda-se da construção dos silos de cereais em Mogadouro e em Bragança. “Os silos foram um sinal evidente de que, outrora, o nordeste transmontano era uma potência na produção de cerais, como o trigo e o centeio.”
Homenagem: Trás-os-Montes comemora centenário do pai da agricultura transmontana – Camilo Mendonça
A região de Trás-os-Montes vai comemorar, a partir de 7 de julho, o centenário do nascimento de Camilo Mendonça, conhecido como o pai da agricultura transmontana por ter idealizado o que é hoje o setor agropecuário na região.
Na região ficou conhecido como o Engenheiro Camilo Mendonça.
Há 60 anos, foi ele quem elaborou o plano que deu origem à maior reforma agrária de sempre no nordeste transmontano. O antigo complexo do Cachão é a sua maior obra. Mas a sua ação está muito presente em toda a agricultura transmontana.
A região vai prestar-lhe homenagem com um ciclo de conferências, entre 7 e 23 de julho, organizado em conjunto pela Comunidade Intermunicipal (CIM) Terras de Trás-os-Montes, o Instituto Politécnico de Bragança (IPB), a Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte e organizações da lavoura.
A CIM anunciou que o programa comemorativo integra também uma sessão de homenagem a Camilo de Mendonça, presidida pelo presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, na sexta-feira, 09 de julho.
Camilo Mendonça foi padrinho de batismo de Marcelo Rebelo de Sousa, que irá passar, segundo o programa divulgado pela organização, “pelos concelhos com maior ligação ao homenageado”.
A primeira passagem será por Macedo de Cavaleiros, concelho onde casou e residiu Camilo Mendonça e onde será depositada uma coroa de flores junto ao busto do homenageado, seguindo-se Vilarelhos, em Alfândega de Fé, aldeia onde nasceu, e onde se encontra o jazigo da família.
Na aldeia será celebrada uma missa pelo bispo da diocese de Bragança-Miranda, Dom José Cordeiro, e, depois de uma passagem pela barragem do Peneireiro, em Vila Flor, o dia termina com uma sessão em Mirandela.
Esta é apenas uma das etapas do programa comemorativo com um ciclo de conferências, com transmissão online, nos concelhos de Alfândega da Fé, Bragança, Carrazeda de Ansiães, Macedo de Cavaleiros, Vila Flor e Vila Real e que termina a 23 de julho, dia em que Camilo Mendonça faria 100 anos.
Camilo Mendonça nasceu a 23 de julho de 1921 e morreu com 62 anos, tendo deixado como legado uma “revolução” na agricultura da região de onde é natural, apesar de ter vivido nos corredores do poder do Antigo Regime, no qual ocupou vários cargos.
O engenheiro agrónomo pensou, na década de 1960 o redimensionamento das propriedades agrícolas, a mecanização, a introdução de novas culturas, a criação de cooperativas agrícolas, a comercialização de produtos e quase meia centena de barragens para garantir o regadio.
Assim chegaram à região as primeiras ceifeiras debulhadoras, a lavoura ganhou novos produtos como a cereja, morango, pepino ou tomate e o Complexo Agro Industrial do Cachão (CAICA), que deu a conhecer em Lisboa, há 60 anos, produtos locais como a azeitona “negrinha de Freixo”.
Muito do que existe hoje na agricultura transmontana é herança de Camilo Mendonça que não teve tempo de concluir a reforma agrária que idealizou.
Conotado com o Estado Novo, fugiu para o Brasil depois da revolução de 1974 e, por lá, assistiu ao desmantelar do Cachão que funcionou até à década de 1980 e chegou a empregar cerca de mil trabalhadores.
As Câmaras de Mirandela e Vila Flor pegaram no antigo complexo e estão a tentar revitalizar o espaço com um plano de recuperação ambiental e de base tecnológica.
Camilo Mendonça regressou a Portugal doente e morreu, em Oeiras, em 1984.
O “engenheiro” foi presidente do Grémio de Importadores e Armazenistas de Azeite e da Junta de Exportação do Café e foi também o primeiro Presidente da RTP-Rádio Televisão Portuguesa- entre 1956 e 1959.
Foi deputado à Assembleia Nacional, pelas listas da União Nacional, em três legislaturas com enfoque na situação económica e social do interior do país.
A partir de 1962 dedicou-se à construção do Complexo Agroindustrial do Cachão e cooperativas agrícolas do Nordeste Transmontano.
Os organizadores das comemorações do centenário do nascimento salientam que “o legado da sua obra mudou radicalmente o panorama económico e social do nordeste transmontano”.
Investigação: Buscas em 11 locais para apurar venda das barragens pela EDP
O Ministério Público e a Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) realizaram buscas em 11 locais no país, no âmbito da investigação ao negócio da venda da concessão de seis barragens pela EDP, a um consórcio francês.
Uma nota publicada na página da internet do Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP), que dirige o inquérito, refere que as buscas se realizaram em Lisboa, Porto, Amadora e Miranda do Douro, numa investigação que está a ser efetuada pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT).
Segundo o DCIAP, estas buscas decorreram em instalações de barragens, escritórios de advogados, um organismo do Estado, uma sociedade de contabilidade e sociedades ligadas ao setor hidroelétrico.
Na nota, o Ministério Público não avança qual o organismo do Estado que está a ser alvo de buscas.
O DCIAP avança que o processo investiga factos relacionados com o negócio da transmissão de seis barragens do grupo EDP para o consórcio francês integrado pela Engie, Crédit Agricole Assurances e Mirova (Grupo Natixis), estando em causa suspeitas da prática de crime de fraude fiscal.
Na operação intervieram 29 inspetores da Unidade dos Grandes Contribuintes (UGC), 37 inspetores da Direção de Serviços de Investigação da Fraude e de Ações Especiais (DSIFAE), incluindo 10 especialistas do núcleo de informática forense, contando ainda com 28 militares da Unidade de Ação Fiscal da GNR, incluindo dois especialistas em informática forense.
Nas diligências participam sete magistrados do Ministério Público e cinco magistrados judiciais.
O DCIAP precisa ainda que o inquérito se encontra em segredo de justiça.
A EDP já tinha confirmado à Lusa ter sido alvo de uma operação de busca da Autoridade Tributária (AT), por alegada fraude fiscal, no âmbito do negócio da venda de seis barragens no rio Douro.
Em causa está a venda, concluída em 17 de dezembro, por 2,2 mil milhões de euros de seis barragens da EDP na bacia hidrográfica do Douro (Miranda, Bemposta, Picote, Baixo Sabor e Foz-Tua) ao consórcio francês.
Vimioso: Reabilitação do Posto Territorial da G.N.R.
Foi assinada a empreitada de reabilitação do edifício do posto territorial da G.N.R de Vimioso, cujas obras vão custar 750 mil euros.
Na cerimónia de assinatura do auto de consignação da empreitada, realizada no dia 28 de maio, no edifício do Posto Territorial da G.N.R de Vimioso, estiveram presentes o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, a secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira e o comandante geral da G.N.R, Tenente General Rui Clero.
Em comunicado no sítio eletrónico do município, o executivo vimiosense “congratula-se com o início das obras, atendendo ao estado avançado de degradação do Posto da G.N.R de Vimioso”.
De acordo com a autarquia local as obras permitirão que os profissionais de segurança tenham “condições de conforto e de trabalho condignas, para o desempenho das suas funções”, pode ler-se.
De acordo com a informação veiculada pelo município de Vimioso, as obras de requalificação do Posto Territorial da G.N.R, foram adjudicadas à empresa Madureira Azevedo – Sociedade de Construções – Lda.
HASTA PÚBLICA PARA VENDA DOS LOTES DE TERRENO N.º 3, 9, 10 e 11 do Loteamento das Eiras de Baixo – Palaçoulo
Manuel Guerra Gonçalves, Presidente da Freguesia de Palaçoulo, torna público que, de acordo com a deliberação tomada na reunião Junta de Freguesia, realizada no dia 24 de abril de 2021, no uso da competência e respeitando o Regulamento de Alienação de Lotes do Loteamento das Eiras de Baixo, vai proceder-se à venda, por hasta pública, de quatro lotes de terreno, sitos no referido loteamento, propriedade desta Freguesia.
A venda será efetuada de acordo com as respetivas condições previstas no regulamento de venda, disponível na página da freguesia em:
São admitidos apenas lanços mínimos 1,00 € (1 Euro) por metro quadrado
Após o término da praça da Hasta Pública, os arrematantes têm que prestar o pagamento de 50% do valor global de arrematação do lote, sendo os restantes 50% pagos no ato de escritura.
São da responsabilidade dos adjudicatários, as obrigações fiscais respeitantes à transmissão dos bens, nomeadamente o pagamento do Imposto Municipal sobre Transmissão de lmóveis e do lmposto de Selo, bem como as despesas inerentes à celebração da escritura de compra e venda.
A praça da Hasta Pública realizar-se-á na Sede da Junta de Freguesia de Palaçoulo, sito no Largo da Cruz, Palaçoulo, no dia 20 de junho de 2021, iniciando-se pelas 15 horas.
Economia: Venda das barragens obriga o governo a investir em Trás-os-Montes
O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, reconheceu que a venda das concessões das seis barragens transmontanas obrigou o governo a realizar investimentos no valor 91,7 milhões, em 10 concelhos transmontanos.
“É inegável que a venda das concessões das barragens precipitou este trabalho”, admitiu o governante.
João Pedro Matos Fernandes esteve presente na cerimónia de apresentação do Roteiro para o Desenvolvimento Sustentável e Integrado da Terra de Miranda, Sabor e Tua, que decorreu a 8 de maio, em Mogadouro.
Este roteiro foi elaborado por um grupo de trabalho, criado pelo Governo, para analisar o impacto da venda da concessão de seis barragens transmontanas. Segundo o governo, serão destinados 91,7 milhões de euros, para realizar 133 projetos, em 10 municípios.
Por outro lado, no que concerne ao fundo previsto no Orçamento do Estado (OE) resultante do trespasse da concessão das barragens, o ministro do Ambiente disse que “será criado e contará com os devidos impostos, se a autoridade tributária disser que há impostos a cobrar”, informou João Pedro Matos Fernandes.
O ministro do Ambiente e Transição Energética acrescentou que o fundo está a ser criado, faltando apenas regulamentá-lo.
De acordo com o orçamento, o objeto e a gestão do fundo são definidos pelo Governo, por decreto-lei a publicar no prazo de 90 dias após o trespasse da concessão daquelas barragens, depois de ouvidos os municípios que fazem parte do território onde estão instaladas as seis barragens.
Por outro lado, de acordo com o OE para 2021, são transferidos para a titularidade do fundo os terrenos e edificações que não sejam indispensáveis à exploração das barragens, logo que ocorra a sua desafetação da entidade concessionária.
O OE, prevê ainda que metade das receitas correspondentes a novas concessões que o Estado venha a constituir sobre os mesmos aproveitamentos hidroelétricos ou as rendas legais ou contratuais devidas ou destinadas pelos concessionários são dirigidas aos municípios de Alijó, Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Murça, Torre de Moncorvo e Vila Flor.
Recorde-se que a 13 de novembro de 2020, foi anunciado que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) tinha aprovado a venda de barragens da EDP (Miranda, Bemposta, Picote, Baixo Sabor e Foz-Tua) à empresa francesa Engie.
A EDP concluiu, em 17 de dezembro, a venda por 2,2 mil milhões de euros de seis barragens na bacia hidrográfica do Douro (Miranda do Douro, Picote, Bemposta, Feiticeiro, Sabor e Tua) a um consórcio de investidores formados pela Engie, Crédit Agricole Assurances e Mirova.
Miranda do Douro: EDP vai reiniciar a requalificação do ‘Moderno Escondido’, em Picote
A EDP vai iniciar ainda este ano a terceira fase das obras de requalificação do património classificado como “Moderno Escondido”, no Barrocal do Douro, no concelho de Miranda do Douro, informou a empresa.
Fonte oficial de EDP informou que a terceira fase de intervenção vai começar ainda este ano, prevendo-se a sua conclusão em 2022, sem avançar os “valores de investimentos em curso”.
“Esta nova fase de requalificação inclui agora as Casas dos Engenheiros, que fazem parte deste património no Douro [Internacional]”, especificou a elétrica nacional numa nota de imprensa.
Estas cinco moradias, construídas num conceito aberto e em plena montanha, integram o complexo construído em Barrocal do Douro, entre os anos 50 e 60, para alojar os trabalhadores envolvidos na construção das barragens de Picote, Miranda e Bemposta e, posteriormente, os que ficaram para garantir a sua operação.
“Por se tratar de um património de interesse público, este projeto envolve uma exigente lista de critérios de reabilitação e será certificado pela Direção Regional Cultura Norte (DCRN)”, explicou a EDP.
Quanto à futura utilização destes espaços, “será alvo de uma avaliação em parceria com as várias entidades locais de forma a que possam contribuir para uma maior valorização e atratividade da zona e beneficiar as populações locais”, diz a EDP.
“Com esta iniciativa, a EDP mantém o seu compromisso com a região e com a comunidade no sentido de dar uma nova vida a um património histórico no Douro”, acrescenta.
Para o presidente da Câmara de Miranda do Douro, Artur Nunes, este anúncio da EDP é ” uma excelente notícia”.
“A intervenção prevista poderá ser o alavancar um novo atrativo turístico no concelho de Miranda do Douro, uma vez que várias faculdades de arquitetura tomam este bairro como exemplo em Portugal”, vincou o autarca.
O plano de reabilitação da EDP começou pela Pousada de Picote, um projeto a cargo dos arquitetos Michéle Catannà e Fátima Fernandes – também autores da obra de referência do Moderno Escondido’ – que ficou concluído em 2011.
A obra permitiu restaurar e preservar as linhas, materiais e até o mobiliário original que o tornam num marco da arquitetura e do design com assinatura portuguesa.
“A conservação, manutenção e apoio aos visitantes da Pousada são atualmente assegurados por uma pequena empresa local”, disse a EDP.
A segunda fase do plano de requalificação envolveu o restauro da Capela, outro dos imóveis classificados.
“Os trabalhos, iniciados em outubro de 2020 e que acabaram de ser concluídos, foram fundamentais para preservar as linhas originais daquele espaço religioso, bem como peças de autor – é o caso do crucifixo ‘O Cristo Magrinho’, totalmente esculpido em madeira por Salvador Barata Feyo, um dos nomes mais marcantes da segunda geração de escultores modernistas portugueses”, descreve a EDP.
A capela continua assim a ser utilizada regularmente pela comunidade local para celebração de missas, indica a empresa.
A barragem e todo o aglomerado que é hoje a aldeia de Barrocal do Douro são agora símbolo da arquitetura moderna e “Conjunto de Interesse Público”, um grau imediatamente inferior ao de monumento nacional.
O empreendimento, hidroelétrico de Picote foi o primeiro a ser construído no Douro Internacional, durante o processo de eletrificação do país, é muito mais do que a barragem, já que com ela nasceu, entre 1953 e 1958, uma “cidade ideal” num lugar inóspito do Planalto Mirandês.
A barragem de Picote foi projetada por três jovens arquitetos recém-formados na Escola de Belas Artes do Porto, que tiveram a liberdade para dar azo à criatividade e transformar um morro das escarpas do Douro Internacional num local habitável e “revolucionário”, numa região isolada onde faltava praticamente tudo.
Archer de Carvalho, Nunes de Almeida e Rogério Ramos projetaram há mais de 60 anos a “cidade ideal”, fundada a partir do nada com todas as infraestruturas e serviços, inacessíveis à maioria da população daquela das décadas de 50 e 60 do século XX.
Dia da Mãe: «Criei com os meus filhos uma grande proximidade» – Helena Barril
No domingo, 2 de maio, assinala-se o Dia da Mãe. Como ninguém, as mães são capazes de se doar, de compreender, de aceitar, de acompanhar. A mãe também ensina os filhos a serem mais fortes, não tanto através de discursos inspirados, mas pela grandeza e humildade do seu exemplo. A Helena Barril é mãe de dois filhos: a Mariana e o João Paulo. Também ela, continua a entregar-se diariamente à vocação de ser mãe e a maravilhar-se com o crescimento dos seus filhos.
Helena Barril é mãe de dois filhos, a Mariana e o João Paulo.
Terra de Miranda – Notícias: O que mudou na vida da Helena com o nascimento dos seus filhos?
Helena Barril: Mudou tudo! Recordo-me que quando nasceu a minha primeira filha, a Mariana, foi como entrar no desconhecido. Foi uma grande mudança, pois a partir daí a nossa vida passou a girar à volta dela. Aquela bebé pequenina e indefesa passou a ser o centro da nossa atenção. Ainda tentei conciliar rotinas que tinha da vida anterior, tais como o crochet, o yoga ou o andar de bicicleta, mas acabei por desistir ou adiar porque esta nova missão de ser mãe exigia uma disponibilidade total. E correu bem! Quando nasceu o nosso segundo filho, o João Paulo, vivemos o seu nascimento com maior tranquilidade, pois já tínhamos adquirido experiência.
T.M.N.: Dizem que a maternidade é fonte de felicidade. Mas esta felicidade não é sinónimo de facilidade, pois não?
H.B.: Não, não, longe disso! Se felicidade e facilidade fossem condizentes, certamente haveria muito mais crianças. O nascimento dos filhos obriga-nos a reorganizar a nossa vida e eles passam a ser a nossa primeira prioridade. Quando a Mariana e o João Paulo eram mais pequenos, recordo-me que chegava ao final de uma semana de trabalho e pensava: “Vou ter tempo para fazer isto e aquilo!”. Mas depois na prática não tinha tempo. E porquê? Porque tinha que abdicar dos meus interesses para estar com eles. Mas agora vejo que por causa dessa renúncia criei com os meus filhos uma relação de grande proximidade. Portanto, abdiquei dos meus interesses por um bem maior: o amor dos meus filhos.
“Abdiquei dos meus interesses por um bem maior: o amor dos meus filhos.”
T.M.N.: A Helena vive com a sua família em Ifanes. Como é viver numa aldeia?
H.B.: É muito agradável. Nós temos a possibilidade de ir viver em Miranda do Douro, mas preferimos viver em Ifanes. A Mariana e o João Paulo gostam muito de viver na aldeia. E ainda que aqui não haja muitos jovens, eles convivem diariamente com os colegas na escola, em Miranda do Douro. Para além disso, nós tentamos proporcionar-lhes outras vivências, como as viagens.
T.M.N.: Nesta região, os jovens que querem continuar os estudos veem-se obrigados a ir para outras localidades. Como encara uma mãe a saída dos filhos de casa?
H.B.: É natural que fique com o coração apertado! Mas se pensarmos bem, hoje em dia, depressa chegamos ao Porto. E nos fins de semana, eles também podem visitar-nos.
T.M.N.: Também a Helena na sua juventude teve que sair de casa para continuar os estudos, em Lisboa. Como foi o seu percurso de vida?
H.B.: Nasci, vivi e estudei até ao 12º ano, em Miranda do Douro. Aos 18 anos fiz uma mudança radical, pois fui estudar para Lisboa. Nesta adaptação, os primeiros tempos foram dificílimos, sobretudo porque estava muito ligada aos meus pais. Recordo que no dia em que pus o pé no autocarro para Lisboa, disse-lhes: “Eu vou, mas vou voltar.”
T.M.N.: Que recordações guarda da vida na capital?
H.B.: Em Lisboa, tive o grande apoio da minha tia e da sua família. E com o tempo adaptei-me e consegui viver experiências muito positivas. Recordo que gostava muito de ir à praia e aos concertos e nos estudos, comecei a interessar-me pela área do Direito Constitucional.
«Recordo que no dia em que pus o pé no autocarro para Lisboa, disse-lhes: “Eu vou, mas vou voltar.”»
T.M.N.: A Helena licenciou-se em Direito, pela Universidade Lusíada. Como é que escolheu trabalhar na Autoridade Tributária?
H.B.: Quando concluí o curso, o meu objetivo era trabalhar na polícia judiciária. Concorri, mas não consegui entrar. Foi uma grande desilusão, que me obrigou a redefinir objetivos. Inicialmente, inscrevi-me na Ordem dos Advogados, fiz o estágio no Porto e tentei exercer a advocacia, mas não era essa a minha vocação. Pouco depois, abriu um concurso para as Finanças. Concorri, fiquei muito bem posicionada a nível nacional e pude escolher o local de trabalho. E claro, escolhi regressar a casa e trabalhar na delegação das Finanças em Miranda do Douro, onde trabalho há 21 anos. Gosto muito do que faço e vivo esta profissão como uma missão. A missão de representar o Estado e servir os contribuintes.
T.M.N.: Também é essa atitude de serviço que motiva a Helena Barril a candidatar-se à presidência da câmara de Miranda do Douro, nas próximas eleições autárquicas?
H.B.: Sim, na condição de presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, quero ser representante dos munícipes e estar ao serviço deles e de todas as pessoas que visitam o concelho de Miranda do Douro.
T.M.N.: Vivemos numa região, marcada pelos desafios do despovoamento, da baixa natalidade e do envelhecimento populacional. Na sua opinião, de que condições precisam os jovens e os casais para constituir uma família no concelho?
H.B.: Os casais precisam ter estabilidade profissional para poderem constituir uma família. Infelizmente, muitos jovens não têm essa segurança profissional. Veja-se, por exemplo, os jovens que concluem cursos superiores e não encontram um trabalho na sua área da formação. A meu ver, esta instabilidade profissional é a principal razão pela qual a maternidade e a constituição de uma família é um projeto adiado.
T.M.N.: As mães são verdadeiras beneméritas da sociedade, pois sabem transmitir, mesmo nos momentos mais difíceis, a ternura, a dedicação e a força moral. Que valores procuram transmitir aos seus filhos?
H.B.: Nós, como casal, procuramos transmitir-lhes aquele paradigma de valores que achamos ser os melhores, como são a honestidade, a integridade e a seriedade. E fazemo-lo de um modo natural, através do nosso exemplo pessoal e da nossa conduta profissional. Também o modo como nos relacionamos com os nossos pais é uma forma de transmissão dos valores. Acredito que cada um de nós é portador dos valores recebemos dos pais. Depois compete a cada um ir praticando e aperfeiçoando esses valores ao longo da vida.
T.M.N.: A Mariana e o João Paulo têm respetivamente 16 e 14 anos. É fácil transmitir-lhes os valores nestas idades?
H.B.: Atualmente, reconheço que estou a ter alguma dificuldade na relação com eles, não por causa da transmissão dos valores, mas porque eles estão a viver a idade da “prateleira” ou da adolescência. Por isso, lidar com eles é um dos maiores desafios que tenho atualmente. Ao conversar com outros casais, identificámos que há outro problema acrescido: a sua excessiva dependência da internet. E o mais grave é que esta dependência absorve-nos a todos lá em casa! Por isso, costumo desafiar os meus filhos para fazermos outras atividades e tarefas em conjunto, tais como caminhar, andar de bicicleta, estar com a família, etc. Acredito que é muito importante mostrar-lhes os benefícios destas atividades e assim demonstrar-lhes que há tempo para tudo.
“Nós, como casal, procuramos transmitir-lhes aquele paradigma de valores que achamos ser os melhores, como são a honestidade, a integridade e a seriedade. E fazemo-lo de um modo natural, através do nosso exemplo pessoal e da nossa conduta profissional.”
T.M.N.: A juventude deles é diferente da sua?
H.B.: Eu tive uma infância e juventude muito, muito feliz, pois brinquei muito com os primos, os amigos da escola e todas as crianças do Bairro Verde! Eramos todos mais ou menos da mesma idade. E como não tínhamos outras distrações, brincámos todos juntos na rua. Era usual ouvirmos as mães chamarem-nos para ir para casa, para jantar ou porque já era tarde para ir dormir. Hoje em dia, o que acontece é dizer-lhes: “Desliga o telemóvel, porque já são horas de ir dormir.” Cá em casa, ainda tentei impor a regra do não uso de telemóvel, mas em vão. E com isto da pandemia e do ensino à distância, a internet veio afirmar-se cada vez mais como um instrumento indispensável.
T.M.N.: O que é que os filhos ensinam às mães?
H.B.: Nós aprendemos imenso com as crianças e os jovens! Desde logo, porque vemos o mundo com o olhar deles. Se estivermos recetivos às suas preferências e ideias, mantemo-nos atualizados. Por exemplo, eles gostam de cinema e de música e é por intermédio deles que eu vou sabendo as novidades.
T.M.N.: O Dia da Mãe tem por propósito agradecer a todas as mães que dia e noite, todos os dias e todos anos, ao longo da sua vida, se dedicam ao acolhimento, à educação e ao crescimento integral dos filhos.E os filhos retribuem o amor recebido?
H.B.: Sim, à maneira deles. Sobretudo com gestos de proximidade e com a sua companhia.
T.M.N.: E porque vamos celebrar o dia da Mãe, que mensagem gostaria de enviar às mães?
H.B.: As mães nunca devem desistir dos filhos. Por muito difícil que seja a criação, as fases mais difíceis acabam por ser superadas. Os filhos são mesmo a maior maravilha que há e valem todos os sacrifícios.
“Nós aprendemos imenso com as crianças e os jovens! Desde logo, porque vemos o mundo com o olhar deles.”