Miranda do Douro: Antigo Paço episcopal é agora um centro de acolhimento e exposições
“Termus – Territórios Musicais” é a primeira exposição patente ao público, no Antigo Paço Episcopal de Miranda do Douro, inaugurado a 10 de dezembro e agora convertido numa estrutura de acolhimento e exposição da Concatedral.
A inauguração do novo espaço ocorreu a 10 de dezembro e contou a participação da Diretora Regional de Cultura do Norte, Laura Castro, do Diretor Geral do Património Cultural, João Carlos Santos e da Presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril.
Segundo a Direção Regional de Cultura do Norte (DRCN), a intervenção implicou “não só a recuperação do edifício pré-existente, mas também a construção de um novo edifício”.
Na sua intervanção, a diretora regional de Cultura do Norte, Laura Castro disse que “a abertura ao público do antigo edifício do Paço Episcopal de Miranda do Douro faz parte da Rota das Catedrais, que a Direção Regional de Cultura do Norte está a coordenar desde 2016 e que compreendeu requalificações em edifícios de Braga, Bragança, Lamego, Miranda do Douro, Porto, Vila Real e Viana do Castelo.
Com um investimento de perto de 2,5 milhões de euros, cofinanciado pelo FEDER, a intervenção beneficiou também do apoio financeiro da Câmara Municipal, segundo protocolo assinado em 2016.
Segundo, Laura Castro, nas ruínas do antigo Paço foram realizados trabalhos arqueológicos e criada uma estrutura de acolhimento e exposição.
“Ainda no âmbito da intervenção ocorreu o restauro do importante retábulo do altar de Nossa Senhora dos Remédios, na Concatedral”, acrescentou.
A intervenção em Miranda do Douro dota a cidade de Miranda do Douro de mais um equipamento que permite reforçar a oferta e a prática cultural no território.
No novo espaço foi inaugurada a exposição “Termus – Territórios Musicais”, que valoriza e divulga o legado cultural das regiões fronteiriças de Espanha e Portugal.
Sobre as obras de ampliação do Museu da Terra de Miranda, a diretora regional de Cultura do Norte adiantou que o objetivo “seria reabrir o novo Museu da Terra de Miranda no próximo ano, quando se completarem 40 anos da sua criação.”
Por sua vez, a presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril, congratulou-se com a inauguração do novo espaço cultural, no antigo Paço Episcopal, que inicialmente vai servir para albergar exposições do Museu da Terra de Miranda.
Contudo, a autarca de Miranda do Douro expressou também a sua insatisfação pelo parecer não favorável da Direção Geral do Património Cultural, de colocar a Fonte dos Namorados no sítio original, dado que a antiga fonte foi removida em 2010, aquando do início das obras no paço episcopal.
“Fico triste pela decisão da não colocação da Fonte dos Namorados no sítio original, ainda mais quando o município tem colaborado ativamente com a Direção Regional de Cultura do Norte. Lembro que só com a colaboração de todos é que as coisas se realizam e concretizam”, disse a autarca.
Questionada sobre a ausência de um espaço cultural na cidade, com dimensões suficientes para a realização de eventos culturais, Helena Barril respondeu que apesar da baixa densidade populacional do concelho, esse é um propósito da autarquia pois a cultura atrai visitantes.
“Sim, temos que ser ambiciosos pois Miranda do Douro ainda não tem um espaço cultural com dimensões para albergar um centro cultural, um cinema e um palco que possa projetar a atividade cultural da cidade e do concelho”, disse.
Sobre a inauguração do espaço de acolhimento e exposições no antigo Paço Episcopal, a diretora do Museu da Terra de Miranda, Celina Pinto, disse que este é um momento “muito importante” pois assinala a primeira experiência de cooperação internacional com o museu de Castela e Leão, em Zamora.
Este projeto transfronteiriço “ambicioso”, foi iniciado há dois anos e tem um grande número de atividades programadas.
“O projeto começou com o trabalho de campo, o que permitiu recolher e alargar as coleções etnográficas dos museus, tais como os instrumentos musicais”, informou.
Outra das atividades do projeto transfronteiriço foi reedição do cancioneiro Tradicional Mirandês, da autoria de António Maria Mourinho e do cancioneiro tradicional zamorano.
Também o catálogo da exposição “Termus – Territórios Musicais”, que será apresentado no próximo mês de janeiro é uma iniciativa desta cooperação entre os museus português e espanhol.
Segundo a diretora do Museu da Terra de Miranda, para o próximo ano estão ainda programados concertos, congressos e jornadas.
Celina Pinto, concluiu a sua intervenção referindo-se à temática da música, na exposição “Termus – Territórios Musicais”.
“A música é infinitamente importante. A música fala de nós, do folclore, do trabalho, da festa, dos ciclos agrícolas, da geografia e do território”, disse.
Já o diretor do Museu de Castela e Leão, disse que esta primeira experiência de cooperação transfronteiriça está a ser muito proveitosa.
“Estamos a aprender muito com esta experiência de cooperação entre os museus da Terra de Miranda e de Castela e Leão”, disse.
Paulo Meirinhos, músico dos Galandum Galundaina, um dos grupos de música tradicional que mais e melhor tem conseguindo conjugar a tradição com a modernidade, disse que a inauguração do novo centro de acolhimento e exposições da concatedral, é uma mais valia para Miranda do Douro, pois traz ainda mais cultura para a Terra de Miranda.
“Vamos poder visitar exposições novas, alargar o nosso conhecimento e os próprios artesãos e construtores de instrumentos musicais têm aqui um novo espaço para expor os seus trabalhos”, indicou.
Sobre a exposição “Termus – Territórios Musicais”, Paulo Meirinhos disse que é uma coleção que mostra que a música e a cultura não têm fronteiras neste território luso-castelhano.
“Há um convívio muito salutar entre portugueses e espanhóis”, disse.
Sobre as possíveis diferenças e semelhanças na música tradiconal da raia, Paulo Meirinhos referiu que a grande diferença é a facilidade dos portugueses em cantarem em espanhol, ao passo que os espanhóis têm muita dificuldade em fazê-lo em português.
Sobre as semelhanças, o vocalista dos Galandum Galundiana deu o exemplo dos instrumentos musicais, que são muito parecidos nos dois lados da fronteira.
“A gaita-de-foles, a flauta pastoril e as caixas são muito semelhantes.”, concluiu.
HA