Paradela: Trail Contrabando do Café juntou portugueses e espanhóis
A primeira edição do Trail Contrabando do Café, realizada em Paradela, no Domingo, dia 23 de abril, reuniu cerca de 350 participantes, que a correr e a caminhar, foram conhecer alguns dos locais mais bonitos da aldeia mais oriental de Portugal, também conhecida pelas histórias do contrabando com Espanha.
Na ponte romana do Castro, em Paradela, os participantes do trail foram presenteados com uma encenação dos guardas fiscais e dos contrabandistas.
O organizador da prova, Alírio Sebastião, do Clube Desportivo de Miranda do Douro (CDMD) expressou a sua alegria por ver a terra natal, Paradela, cheia de portugueses e espanhóis.
“Um dos objetivos do Trail Contrabando do Café foi trazer a Paradela corredores de Portugal e de Espanha, para juntos praticarmos desporto, celebrarmos os laços históricos que nos unem e desfrutarmos da beleza natural desta localidade, onde sobressai o miradouro da Penha das Torres, que permite avistar a entrada do rio Douro em Portugal ”, disse.
Segundo a organização, no trail de 16 quilómetros participaram 175 atletas, tendo a prova sido ganha, na vertente masculina, pelo espanhol, Angel Vicente, do clube Independiente, ao concluir o percurso em 1 hora 19 minutos e 31 segundos.
Na vertente feminina, a jovem portuguesa, Ana Patrícia Brás Lopes, do clube Mirandela a Correr, foi a vencedora ao concluir a prova em 1hora 40 minutos e 01 segundo.
Outra participante no trail, foi Teresa Catita, atleta do Ginásio Clube de Bragança. Sobre o percurso em Paradela, a veterana disse que o Trail Contrabando do Café foi uma prova dura e com paisagens muito bonitas.
“Houve descidas, subidas e rampas que exigiram muita atenção e esforço. Se para nós atletas percorrer estes trilhos foi difícil, imagino o que seria para os contrabandistas que tinham que transportar mercadorias às costas”, disse.
Por seu lado, o espanhol, Tomás Ricardo, participou na caminhada de 8 quilómetros e elogiou o percurso, o qual permitiu avistar paisagens deslumbrantes sobre o rio Douro. Sobre a referência ao contrabando, o caminhante espanhol, achou muita graça à representação dos guardas-fiscais e dos contrabandistas no decorrer da prova.
A propósito do contrabando, o presidente da União de Freguesias de Ifanes e Paradela, Nélio Seixas, disse que a troca de mercadorias sem pagar os direitos alfandegários, foi uma atividade que permitiu a fixação das pessoas nesta localidade.
“Nas décadas de 1940, 50, 60 e 70, o contrabando era um complemento importante para o orçamento familiar, dado que a agricultura era uma atividade de subsistência. Com a venda de produtos em Espanha e o posterior câmbio de pesetas em escudos, os portugueses conseguiam obter um lucro adicional para as suas famílias”, explicou.
Nos dias de hoje, em Paradela, ainda é possível falar com pessoas que se dedicaram ao contrabando. Uma destas pessoas é Artur Gomes, reformado. Nasceu numa família de 7 irmãos, com poucos recursos económicos e por isso teve que ajudar os pais no orçamento familiar.
“Nesta região fronteiriça, o contrabando de café para Espanha era uma atividade rentável. Costumava fazer-se à noite. Durante 6 a 7 horas percorriamos os montes, transportando às costas cerca de 25 a 30 quilos de café, para vender em Espanha. De lá, trazíamos pano para fazer as calças, foices, panelas de barro e outros produtos”, contou.
Naqueles anos, as incursões clandestinas a Espanha faziam-se duas vezes por semana e geravam um lucro de 300 escudos, por cada 50 quilos de café.
“Quanto mais fria estivesse à noite melhor para nós. Pois com o frio os guardas fiscais não aguentavam muito tempo parados, o que facilitava a nossa passagem para Espanha”, recordou.
No final da primeira edição do Trail Contrabando do Café, o presidente da União de Freguesias de Ifanes e Paradela, Nélio Seixas, mostrou-se feliz com a grande afluência de pessoas à localidade.
“Com este evento desportivo e cultural conseguimos atrair a vinda de muitas pessoas a Paradela, uma localidade que já é conhecida turisticamente por estar inserida no Parque Natural do Douro Internacional (PNDI). O nosso objetivo passa por continuar a dinamizar eventos e atividades que promovam a localidade e o concelho de Miranda do Douro ”, disse.
Na organização do Trail Contrabando do Café participaram cerca de 30 pessoas de várias entidades como o Clube Desportivo de Miranda do Douro (CDMD), a Associação Distrital de Atletismo de Bragança, a União de Freguesias de Ifanes e Paradela, o Município de Miranda do Douro e outros patrocinadores.
O Trail Contrabando do Café culminou com o almoço-convívio e a entrega de prémios, no salão de convívio, da Freguesia de Paradela.
Opinião: Programa de Estabilidade é eleitoralista, otimista e incerto – Óscar Afonso
Há poucos dias, o Ministro das Finanças apresentou as grandes linhas do Programa de Estabilidade 2023-2027 (PE 23-27).
Comecemos pelo enquadramento deste exercício previsional antes de uma análise de alguns dos principais números.
A política económica é um exercício de escolhas. No caso da política orçamental, a elaboração quer de um Orçamento do Estado para um ano quer de um Programa de Estabilidade, com um horizonte temporal mais alargado, está sujeita à margem orçamental de partida e à permitida pelo crescimento previsto do PIB, em termos nominais e reais, que irá determinar a evolução da receita, da despesa e da dívida pública consoante as prioridades estabelecidas, com efeitos redistributivos diversos, a nível intra e inter-geracional.
Acontece que o atual contexto de incerteza historicamente elevada, marcado pela guerra na Ucrânia e pela fragmentação em blocos geopolíticos (no âmbito da luta pela hegemonia global entre EUA e China) dificulta muito a elaboração de previsões de crescimento económico (e, consequentemente, das variáveis orçamentais), em particular em períodos mais alargados, como é o caso do PE 23-27, o que deve ser tido em conta na análise dos números e dos riscos de exequibilidade das promessas incorporadas de forma mais ou menos explícita no documento.
Acresce que a aproximação de um momento eleitoral (eleições europeias) interfere com as prioridades orçamentais, até porque o Governo (de maioria absoluta, relembro, com condições únicas de estabilidade política para levar a cabo reformas e medidas promotoras de um maior crescimento económico e nível de vida) pretende melhorar a sua imagem aos olhos do eleitorado após a instabilidade dentro do executivo nos últimos meses (com o surgimento de diversos “casos”, que levaram à mudança de vários ministros e secretários de Estado, entre outros responsáveis públicos), suscitando mesmo receios de eleições legislativas antecipadas, que até agora têm sido prontamente afastadas pelo Presidente da República.
De facto, a mensagem passada na apresentação do PE 23-27 foi de uma aparente prioridade à distribuição de “benesses” pelos principais grupos de eleitores, com um aumento intercalar de pensões (que apenas repõe a atualização legal que tinha sido incumprida) e de vencimentos de funcionários públicos, um incremento dos apoios sociais, uma redução do IRS ao longo de cinco anos e um maior crescimento do investimento público e privado (pela “aceleração da execução do Programa de Recuperação e Resiliência (PRR) e o lançamento do PT 2030”). Este conjunto de promessas aparece sob o chapéu das duas primeiras prioridades apresentadas pelo Governo, “Proteger o rendimento das famílias” e “Acelerar o investimento modernizador”.
Contudo, a realidade dos números mostra que é a terceira prioridade, “Prosseguir a redução da dívida pública”, o principal foco do PE 23-27, com o rácio da dívida pública no PIB a cair de 113,9%, em 2022, para 99,2%, em 2025, e 92,0%, em 2027, que serão os níveis mais baixos desde 2010 (considerando valores em final de ano), caso se confirmem, o que favorece custos de financiamento mais baixos e torna Portugal menos suscetível a eventuais perturbações nos mercados financeiros, além de promover uma maior equidade inter-geracional.
A memória do regaste da troika está ainda bem presente, é a conclusão a que se chega, pois seria possível, à luz das regras europeias, uma trajetória mais lenta de descida do rácio de dívida pública, com um menor saldo orçamental e outras prioridades de receita e de despesa, desejavelmente uma maior aposta no investimento público – que, na verdade, continua a ser sacrificado, como se mostra abaixo na evolução da despesa e capital -, numa perspetiva de crescimento económico (e também de maior equidade inter-geracional), ou até, numa lógica eleitoral uma distribuição mais palpável de “benesses” (também uma opção, mas que não promove a geração e distribuição sustentada da riqueza para as várias gerações).
Com efeito, o saldo orçamental passa de -0,4% do PIB, em 2023, para 0,1% do PIB, em 2027, – valores muito acima do que seria preciso para cumprir as regras orçamentais europeias -, refletindo uma descida do rácio da despesa total (-2,7% do PIB, para 42,1%: -1,7% do PIB na despesa corrente, para 38,7%, e -1,0% do PIB na despesa de capital, para 3,4%) superior à prevista no caso do rácio da receita total (-2,2% do PIB, para 42,2%: -0,9% do PIB na receita de capital, para 0,7%, e -1,3% na receita corrente, para 41,5%, variação esta repartida entre -0,6% do PIB na receita fiscal, 0,1% na contribuições sociais e -0,6% na outra receita corrente).
Apesar dos anúncios e promessas de aumentos de salários de funcionários públicos e de pensões, mais apoios sociais, maior crescimento do investimento público e menor peso da receita fiscal (sobretudo ao nível do IRS), os dados mostram que a margem para tal será inferior à evolução nominal do PIB nos planos do Governo – o limite das opções orçamentais -, pois todas essas componentes se irão comprimir face ao PIB nominal.
Ora as projeções do Governo para a evolução do PIB nominal são relativamente otimistas nas suas duas componentes: (i) crescimento do PIB em volume até 2027 (1,8%, 2,0%, 2,0%, 1,9% e 1,8%) superior às previsões de março do Conselho de Finanças Públicas, CFP (1,2%, 1,8%, 2,0%, 1,7% e 1,7%) e às de abril do FMI (1,0%, 1,7%, 2,2%, 1,9% e 1,9%), em termos acumulados; (ii) variações do deflator do PIB (componente preço) acima das do CFP em todos os anos e acima das do FMI em vários anos, em ambos os casos maiores em termos acumulados.
Focando agora a análise no crescimento económico (crescimento do PIB em volume), que verdadeiramente aumenta o “bolo” para distribuir – pois a inflação apenas tem efeitos redistributivos, penalizando o poder de compra da população em favor do Estado se este não devolver todo o acréscimo de receita associado -, o PE 23-27 aponta para uma variação média anual do PIB de 1,9%, em termos reais, acima do valor de 1,7% associado às previsões do FMI, que é o décimo mais baixo dos Estados-membros da União Europeia.
Assim, o crescimento económico de Portugal é relativamente baixo face aos países do mesmo espaço económico europeu, sujeitos a regras e enquadramento semelhantes, mas também tendo em conta o afluxo irrepetível de fundos comunitários – os relativos ao PRR e os do Portugal 2030.
Comparando com o desempenho passado, as previsões de crescimento médio anual até 2027 do Governo e do FMI são claramente superiores ao ritmo anual de apenas 0,9% neste milénio (entre 1999 e 2022). Contudo, são inferiores à média anual de 2,8% entre 2017 e 2019, após a retoma do PIB para o nível pré-troika (para evitar um efeito de base), valor esse que incorpora melhorias estruturais decorrentes do programa de ajustamento (aumento significativo da intensidade exportadora de bens e serviços e reequilíbrio das contas externas), embora beneficiando também de taxas de juro próximas de zero, que já não existem até 2027, ainda que o efeito de subida recente das taxas de juro se dilua no conjunto no período 2023-2027.
Por outro lado, os anos de 2026 e 2027 são de abrandamento económico em qualquer das previsões (Governo, CFP e FMI), sinalizando que o maior crescimento tendencial poderá não ser sustentado além de 2027, onde termina o horizonte de projeção. Ou seja, há dúvidas se os investimentos e reformas (basicamente as que estão previstas no PRR, pois este Governo é assumidamente avesso a reformas estruturais) previstos para os próximos anos terão um impacto que perdura para o futuro em termos de elevação do crescimento económico potencial, essencial para melhorar de forma sustentada as condições de vida da população.
Em suma, o Programa de Estabilidade foi apresentado com uma orientação (quase assumidamente) eleitoralista, mas esse propósito é limitado pelo verdadeiro foco, que é a redução do rácio da dívida pública, mas também pelo crescimento económico relativamente baixo – face aos pares europeus e face ao afluxo irrepetível de fundos europeus à disposição e à evolução do PIB em 2017-19 – e que se afigura otimista face a previsões de outros organismos, além de estar sujeito a riscos descendentes num contexto de incerteza historicamente elevada. Os sinais pós 2027 são também desfavoráveis (redução do afluxo de fundos comunitários e possível intensificação do abrandamento económico projetado para 2026 e 2027).
Resta saber se, face a uma possível revisão em baixa das perspetivas de crescimento económico, o Governo continuará a dar prioridade à redução do rácio da dívida pública; i.e., se efetivamente o Programa de Estabilidade é, como tudo revela, eleitoralista, otimista e incerto, limitado pela prioridade à redução da dívida pública e pelo crescimento económico baixo.
Óscar Afonso, diretor da Faculdade de Economia da Universidade do Porto, professor catedrático e sócio fundador do Observatório de Economia e Gestão de Fraude (OBEGEF)
Miranda do Douro: Município vai recriar Guerra do Mirandum
De 5 a 7 de maio, o município de Miranda do Douro vai fazer uma recriação histórica da Guerra do Mirandum, numa data em que se assinalam 261 anos desta histórica batalha, que opôs aos portugueses aos invasores espanhóis, em meados do século XVIII.
A 8 de maio de 1762, a praça-forte de Miranda do Douro explodiu e tornou-se num dos momentos mais trágicos da história da cidade. De acordo com o historiador, António Rodrigues Mourinho, mais de 400 pessoas perderam a vida durante esta batalha.
O objetivo desta recriação histórica passa por reviver os heroísmos e as fatalidades da Guerra do Mirandum, que está relacionada com a Guerra dos Sete Anos (1756 a 1763).
Recorde-se que a Guerra dos Sete anos foi provocada pela rivalidade colonial e económica anglo-francesa e opôs a Inglaterra contra a França, tendo envolvido outros países, entre os quais Portugal.
De acordo com uma nota do município de Miranda do Douro, “a recriação histórica vai representar o ambiente barroco do século XVIII, com um mercado popular da época e as peripécias da guerra”. Durante o certame haverá várias atividades lúdicas tais como música, canto, dança, malabarismo e acrobacia, jogos de destreza, treino de armas, entre outros.
A ministra da Coesão, Ana Abrunhosa, disse que Programa Especial de Gestão da Barragem do Baixo Sabor está em fase final de conclusão e que sem a aprovação deste instrumento, não poderá haver investimentos neste território.
“O Programa Especial de Gestão da Barragem do Baixo Sabor tem de ser aprovado rapidamente, no máximo até ao final do ano, para que também possa ser aprovada a eficiência coletiva dos Lagos do Sabor, para assim se começar a trabalhar em projetos estruturantes neste território”, vincou a governante.
O Programa Especial de Gestão da Barragem do Baixo Sabor é um instrumento para que os municípios deste território concretamente Alfândega da Fé, Mogadouro, Torre de Moncorvo e Macedo de Cavaleiros possam aplicar o Plano Estratégico para a região dos Lagos do Sabor (Baixo Sabor).
“O que os autarcas [destes quatro concelhos] o que estão a propor [ao Governo] é mais ambição e estruturação para o que já está ser implementado neste território”, acrescentou Ana Abrunhosa, que falava aos jornalistas na Feira Medieval de Torre de Moncorvo, após uma reunião de trabalho com os quatro autarcas deste território do Nordeste Transmontano.
Segundo a governante, nesta estratégia cabem investimentos públicos ou privados em áreas como o turismo ou meio ambiente e espera-se concluído no final de 2023.
A ministra da Coesão reconheceu, ainda, que há vontade da Associação de Municípios do Baixo Sabor (AMBS) em obter financiamentos para o desenvolvimento de projetos nesta região do Baixo Sabor, através de vários mecanismos com a estratégia de “eficiência coletiva”.
“Esta é uma oportunidade de os municípios continuarem a consolidar uma estratégia de investimento público neste território que traga investimento privado, que já se começa a notar com o desafio de conciliar os desafios do desenvolvimento com o património natural, sustentabilidade e da biodiversidade”, frisou Ana Abrunhosa.
Em 2017, foi aprovada uma candidatura ao Portugal 2020 com o objetivo de promover a valorização turística do património natural da albufeira do Baixo Sabor e a marca “Lagos do Sabor”.
Para os quatro autarcas da região do Baixo Sabor, a falta do Plano Especial de Gestão, poderá inviabilizar projetos já delineados como os “Lagos do Sabor”, constituídos por cerca de 70 quilómetros navegáveis numa albufeira que resulta da construção da barragem do Baixo Sabor.
O projeto “Lagos do Sabor” prevê ainda a criação de um “Eco-Resort” flutuante, com unidades de alojamento e capacidade de navegação nos lagos e pontos de ancoragem em forma de flor de amendoeira com pequenas piscinas centrais.
A isto, somam-se praias fluviais e ancoradouros, abrangendo os quatro municípios numa única gestão ao longo de 70 quilómetros de lagos.
A albufeira do Baixo Sabor tem cerca de 70 quilómetros navegáveis, abrangendo quatro concelhos numa área de 2.300 quilómetros quadrados.
A albufeira da barragem do Baixo Sabor começou a encher em 2013 e foi inaugurada em 2016.
Ambiente: Falta de mão-de-obra dificulta limpeza de terrenos
O prazo para a limpeza dos terrenos florestais pelos proprietários termina a 30 de abril, mas diversos municípios dizem que está a ser mais difícil cumprir esta obrigação, devido ao aumento dos custos e à falta de mão-de-obra.
A falta de um cadastro que identifique os donos dos terrenos, muitas vezes nanofúndios resultantes da divisão de heranças, principalmente em zonas afetadas por forte emigração, também dificulta o processo de notificar os proprietários incumpridores, embora os autarcas considerem que mais pessoas estão sensibilizadas para a necessidade de limpar os terrenos.
Com a data limite de 30 de abril para a limpeza dos terrenos, os trabalhos intensificaram-se no concelho de Vila Real, onde, em 2022, se registaram 136 ocorrências que queimaram 5.968 hectares. Só o grande incêndio que deflagrou em 21 de agosto na Samardã, serra do Alvão, consumiu 5.800 hectares.
O vereador da Proteção Civil do município transmontano, Carlos Silva, disse que todas as intervenções preconizadas no Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios foram concluídas e, em complemento, foram executadas faixas de gestão de combustível em Quintã e em Vilarinho da Samardã e intervenções nos espaços urbanos do bairro de Santa Maria (cidade) e em Cravelas.
Tal como outros autarcas, Carlos Silva acredita que há “cada vez mais” proprietários sensibilizados para o esforço da limpeza, mas apontou entraves ao processo como o custo dos trabalhos, a dificuldade em contratar empresas habilitadas para o efeito e o facto de muitos donos não se encontrarem no concelho.
A maior preocupação do presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães (Bragança), João Gonçalves, é precisamente a dificuldade que Câmara e privados têm enfrentado “em arranjar empresas para fazer a limpeza dos terrenos, em tempo útil, já que a área a limpar é grande e o período da limpeza não é assim tão extenso”.
O autarca deste concelho, atingido por um incêndio que ardeu quatro dias em julho de 2022, garante que as faixas de combustível da responsabilidade municipal foram limpas, porém há o problema do despovoamento e consequente abandono dos terrenos privados, que são pasto para as chamas.
No âmbito da prevenção, a GNR realizou desde o início do ano e até 9 de abril, 3.523 ações de sensibilização para medidas de autoproteção e uso correto do fogo pelas comunidades, que alcançaram quase 70 mil pessoas.
No âmbito da Operação Floresta Segura, a GNR identificou 13.949 situações de incumprimento da limpeza dos terrenos em zonas de risco de incêndio e passou 16 autos de contraordenação por queimas e 58 por queimadas.
III DOMINGO DA PÁSCOA / 1.º DIA DA SEMANA DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES
Caminhando
At 2, 14.22-33 / Slm 15 (16), 1-2a.5.7-8.9-10.11 / 1 Pe 1, 17-21 / Lc 24, 13-35
Neste III Domingo da Páscoa somos convidados a rezar por uma intenção particular: hoje começa a Semana de Oração pelas Vocações. A primeira vocação de todas é viver a alegria de Jesus ressuscitado.
Temos, no Evangelho, mais um relato das aparições do Ressuscitado. Jesus aparece a dois discípulos que regressam a casa, no lugar de Emaús. Desiludidos pelos acontecimentos que levaram à morte do Mestre, vão marcados pela violência da Paixão. Tristes e derrotados, são surpreendidos por Jesus, que se coloca a caminho com eles.
Meditando nesta narração, pensemos como Jesus nos vem buscar à tristeza e à desesperança. E fá-lo discretamente, com paciência, através de uma memória agradecida dos momentos em que experimentámos a alegria da fé.
Ainda hoje Jesus ressuscitado é capaz de nos mostrar novos horizontes «ao virar da esquina». Só temos de confiar no seu amor. O Evangelho diz que Jesus se revela a estes dois homens na fração do pão, quando se sentam com Ele à mesa, recordando que a presença do Ressuscitado se vive sobretudo no Sacramento da Eucaristia.
Os Atos dos Apóstolos apresentam um excerto da primeira pregação de São Pedro a respeito do núcleo central da fé da Igreja. O Apóstolo, que vemos aqui falar de pé com convicção, é agora um Pedro muito diferente daquele que negou Jesus três vezes. O seu anúncio é cheio de força e segurança, determinado em afirmar que é testemunha da ressurreição. Na Primeira Epístola de São Pedro, o mesmo Apóstolo São Pedro lembra aos cristãos que nada disto aconteceu em vão; fomos resgatados pelo «sangue precioso de Cristo, Cordeiro sem defeito e sem mancha». Como a comunidade cristã primitiva, também nós nos vamos transformando em testemunhas de Jesus ressuscitado e do amor de Deus, vivo e atuante no coração da humanidade.
Vimioso: Dia Mundial do Livro é celebrado em São Joanico
Para celebrar o Dia Mundial do Livro, que se assinala no próximo Domingo, dia 23 de abril, o município de Vimioso vai realizar na localidade de São Joanico, o primeiro encontro do projeto “Chá com Livros”, uma iniciativa que pretende criar um clube de leitura e assim despertar (ou reavivar) o interesse da população local pelos livros.
De acordo com a vereadora da cultura do município de Vimioso, Carina Lopes, um dos objetivos do projeto “Chá com livros”, que vai ser apresentado às 16h00, na antiga escola primária de São Joanico, é disponibilizar obras literárias às pessoas que vivem nas freguesias do concelho de Vimioso.
“Os livros também são uma companhia e é importante que as pessoas não percam ou adquiram hábitos de leitura! Outra vertente do projeto é descobrir nas várias localidades do concelho de Vimioso, pessoas que tenham talento para a escrita e pretendam editar os seus trabalhos”, justificou.
Atualmente, são cientificamente reconhecidos os benefícios do hábito regular da leitura.
Entre estes benefícios destacam-se o desenvolvimento do conhecimento, da concentração, da memória, da criatividade, assim como a diversificação do vocabulário e por conseguinte o aperfeiçoamento da comunicação oral e escrita.
Outro benefício da leitura é proporcionar momentos de lazer e de descanso.
O Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor que se assinala no próximo Domingo, dia 23 de abril, é uma comemoração anual criada pela UNESCO, em 1995. Com esta efeméride, a UNESCO pretende promover o interesse pela leitura, pela publicação de livros e pela proteção dos direitos de autor.
Mogadouro: Falta de chuva condicionou aparecimento de pantorras
O presidente da Associação Micológica “A Pantorra” explicou que que a falta de chuva no início de abril, não permitiu o aparecimento de pantorras, um cogumelo silvestre muito procurado no nordeste transmontano devido ao seu potencial gastronómico.
“A expectativa para o aparecimento de pantorras é baixa. Apesar da quantidade de chuva que se fez sentir nos últimos meses, seguiu-se uma fase de seca que não deixou desenvolver esta espécie de cogumelos silvestres, havendo muito poucos em comparação com um ano normal”, explicou o micólogo Manuel Moredo.
Esta situação foi dada a conhecer na véspera de uma saída de campo, marcada para sábado pela manhã, que se enquadra no encontro de primavera desta associação micológica, com sede em Mogadouro.
“A pantorra [‘Morchella esculenta’] é um cogumelo que nem sempre se encontra. O ano passado houve muitas pantorras. Este ano há poucas, mas as saídas de campo valem sempre a pena, não só por estes cogumelos, mas também pelo convívio e o contacto com a natureza”, vincou Manuel Moredo.
Mesmo com fracas expectativas, os lameiros, soutos e pinhais, do Nordeste Transmontano são locais ideais para a apanha, que são batidos palmo a palmo nesta altura do ano pelos recoletores de cogumelos silvestres, alguns dos quais o fazem por gosto e outros porque encontraram nesta atividade uma forma de sustento.
“Este tipo de cogumelos de primavera, como é o caso das pantorras, tidas como dos mais emblemáticos, são muito apreciados e procurados pelo seu potencial gustativo e um quilo deste fungo poderá chegar aos 20 euros”, indicou o micólogo transmontano.
De acordo com o especialista, há também outras formas de consumir pantorras, que “é em seco”, com o quilo destes cogumelos silvestres desidratados a corresponder a 10 quilos em fresco e a custar mais de 200 euros/quilo.
Durante a primavera, os primeiros cogumelos a sair são as pantorras, seguindo-se os cantarelos (também conhecidos por ‘rapazinhos’), boletos e ‘Amanita ponderas’.
“As pantorras têm uma característica única. Estes cogumelos, só aparecem uma vez, não sendo possível colher outro exemplar no mesmo local, o que faz dele mais raro do que as outras espécies e mais apreciado”, explicou Manuel Moredo.
Apesar de serem muito procuradas, as pantorras têm alguma toxicidade, pelo que há cuidados a ter em conta.
“Trata-se de um cogumelo tóxico que tem de ser degustado em pequenas quantidades, mas não é mortal. E daí advém o termo ‘empanturrado’, devido à sua toxina”. Em fresco têm de ser cozinhados com várias lavagens com água quente. A forma mais segura de os consumir é comprá-los em seco, porque estão ausentes de toxicidade”, explicou Manuel Moredo
A restauração vê neste tipo de fungos um excelente complemento às suas cartas gastronómicas e a procura é cada vez mais elevada por quem vem dos grandes centros urbanos ou da vizinha Espanha, mas esta primavera escasseiam as famosas pantorras.
Apesar do valor económico dos fungos, em Portugal ainda não há legislação que regulamente o setor e esse “vazio legal” não permite a “certificação” das mais variadas espécies para que se tornem numa mais-valia.
Ambiente: Comissão de acompanhamento da seca reúne-se para debater medidas
Pela primeira vez este ano, a comissão de acompanhamento dos efeitos da seca reúne-se a 21 de abril, num momento em que metade do país está em seca meteorológica e há três albufeiras com um nível de água inferior a 15%.
A 13.ª Reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca (CPPMAES) é presidida pelos ministros do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, e da Agricultura, Maria do Céu Antunes.
Em declarações públicas, o ministro já tinha admitido que poderá ser necessário aplicar medidas de contingência.
Segundo o último boletim climatológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) a situação de seca meteorológica aumentou em Portugal continental durante o mês de março, piorando na região sul. Nessa data 48% do território encontrava-se em seca meteorológica, enquanto no último dia de fevereiro a percentagem era de 28%.
De acordo com o IPMA, verificou-se um aumento da intensidade da seca meteorológica na região sul, destacando-se os distritos de Setúbal e Beja e alguns locais do sotavento algarvio, que se encontram na classe de seca severa.
A 17 de abril, o boletim semanal de albufeiras, divulgado pela Agência Portuguesa do Ambiente, dava conta de que três albufeiras estavam a menos de 20% da capacidade, sendo todas no sul do país: Campilhas, a 13%, e Monte da Rocha a 10%, na bacia do Sado, e Bravura a 14% na bacia das Ribeiras do Barlavento.
Com uma capacidade abaixo de 40% estavam mais quatro albufeiras.
Na quinta-feira foi divulgado o relatório do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas Copérnicus, “Estado do Clima Europeu 2022”, referindo que as temperaturas na Europa estão a subir duas vezes mais que a média global e este aumento é mais rápido do que em qualquer outro continente.
O Serviço sustenta que a Europa está a assistir a uma tendência ascendente do número de dias de verão com “stresse de calor forte” ou “muito forte” e no sul da Europa existe já “stresse de calor extremo”.
A Associação Nacional de Produtores de Cereais já manifestou preocupação com a situação de seca no país, apelando ao Governo para que tome “as devidas providências” para mitigar os efeitos da falta de chuva.
Miranda do Douro: Pecuária e agricultura biológica são fatores de desenvolvimento
A 19 de abril foi apresentado em Miranda do Douro, o projeto Rural On – Agricultura Conectada, uma iniciativa que pretende contribuir para o desenvolvimento da agricultura, da pecuária e da viticultura no concelho, através da implementação de boas práticas e conhecimentos científicos.
Este projeto é uma iniciativa da Associação de Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro (APPITAD), em parceria com o MORE – COLAB Montanhas de Investigação e a sessão de esclarecimento realizada em Miranda do Douro, foi dedicada ao tema da sustentabilidade ambiental e da agricultura circular.
Para aprofundar estas temáticas, foram convidados o engenheiro Nuno Paulo, da Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa, que começou por dizer que os criadores desta raça autóctone despenham um importante papel, no povoamento de concelhos bom baixa densidade populacional, como é o caso do concelho de Miranda do Douro.
Referindo-se à evolução da raça de bovinos mirandeses, o também responsável pela Cooperativa Agropecuária Mirandesa, indicou que atualmente existem 338 explorações.
“Cada exploração tem em média 15,05 animais. E no total, estão registados 5283 animais”, indicou.
Segundo a Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa, esta raça autóctone gera anualmente 4 milhões de euros, sendo que a matéria-prima (os animais), a mão de obra e a transformação da carne mirandesa (em subprodutos) são processos inteiramente realizados na região.
“Em 2022, foram vendidas 343 toneladas de carne mirandesa”, precisou.
Segundo o relatório apresentado no decorrer da sessão, 79% desta carne destina-se ao mercado nacional, 12% ao internacional e 9% é vendida na região de origem.
Sobre os desafios que a marca “Carne Mirandesa” enfrenta, Nuno Paulo, elencou a necessidade de continuar a exigir o cumprimentos das regras nas explorações, de modo a assegurar a qualidade da carne, que pretendem continuar a apresentar em novos nichos dos mercados internacionais.
“Os nossos clientes valorizam a qualidade, a proveniência e a história da carne mirandesa”, concluiu.
No painel dedicado à viticultura, Joana Sobrinho, da Quinta do Romeu, em Mirandela, destacou a crescente importância da agricultura biológica na saúde dos consumidores e da preservação do ambiente.
“A agricultura biológica permite produzir alimentos de elevada qualidade e simultaneamente manter e aumentar a fertilidade dos solos”, defendeu.
Em sentido inverso, a engenheira agrícola, alertou que os herbicidas e a constante mobilização das terras (lavras), acabam por degradar os solos e provocam a extinção dos predadores naturais, o que conduz ao aparecimento das pragas.
“No nordeste transmontano, devido às constantes lavras, os solos têm perdido matéria orgânica, têm um PH ácido e não conseguem reter água ou humidade. Os solos nus perdem muito mais água, do que os solos cobertos”, explicou.
Joana Sobrinho prosseguiu dizendo que para alimentar as plantas, há que cuidar dos solos. E deu o exemplo da Quinta do Romeu, nas proximidades de Mirandela, onde os solos dos olivais e das vinhas não são lavrados há muitos anos.
“Na Quinta do Romeu, em vez das lavras, optamos pela manutenção da cobertura vegetal. Esta técnica permite manter os solos dos olivais e das vinhas, com nutrientes e água. Um bom indicador da matéria orgânica nos solos é o aparecimento de papoilas, o que indica a existência de potássio e fosfato ”, informou.
No final da sua intervenção, a engenheira agrícola, disse que embora o preço dos produtos biológicos seja um pouco mais dispendioso, a qualidade, o sabor e o contributo para a preservação do solo e da biodiversidade são boas razões para optar pelos produtos da agricultura biológica.