Ensino: Alunos terão de realizar quatro exames nacionais para se candidatarem ao superior
Os alunos terão de realizar quatro exames nacionais para se candidatarem ao ensino superior, sendo Português obrigatório e as três provas restantes definidas pelas instituições de ensino para onde pretendem ir, revelou o ministério.
O projeto de acesso ao ensino superior está na sua fase final e será aplicado de “forma muito progressiva” sem “perturbar as escolas, os alunos nem as famílias”, disse o secretário de estado do Ensino Superior, Pedro Teixeira.
Este ano, o modelo de acesso irá manter-se inalterado, continuando a vigorar as regras que foram definidas durante a covid-19.
A única medida da pandemia que se irá manter para os próximos anos é o fim da obrigatoriedade dos exames para certificar a conclusão do ensino secundário, sendo exigidos apenas a quem queira ingressar no superior.
A novidade é que todos os alunos que queiram continuar os estudos terão de fazer a prova de Português que, segundo o secretário de Estado, é “o candidato natural” para avaliar a formação geral dos alunos.
“É uma disciplina absolutamente nuclear que acompanha os estudantes ao longo de todo o seu processo de formação no ensino básico e secundário e que, aliás, é regra na generalidade dos países que têm sistemas de exames”, explicou.
Segundo o governante, este exame não será realizado pelos alunos que este ano estão no 12.º ano, mas ainda está em análise a hipótese de vir a ser pedido no próximo ano letivo aos estudantes que agora estão no 11.º ano.
Além de Português, os alunos terão de realizar, pelo menos, outros três exames nacionais que serão definidos pelas instituições de ensino superior para acesso a cada curso, explicou.
O secretário de estado garantiu que estas novas medidas serão aplicadas de forma gradual: “Não faz sentido que a um estudante que está este ano no 11.º ano lhe seja pedido, quando está no 12.ºano, um exame do 11.º ano, se este ano eles não foram exigidos”.
Pedro Teixeira explicou que existem aspetos que “poderão ser introduzidos sem grande dificuldade já este ano ou em 2024 e outros em 2025”.
Uma das medidas que será introduzida já este ano será a antecipação da divulgação do despacho de vagas de acesso ao ensino superior assim como da divulgação dos resultados das três fases de acesso, para que todos os alunos possam começar as aulas na mesma altura.
Outra das novidades, que não irá entrar já em vigor, poderá ser o aumento do peso dos exames nacionais.
Havia instituições onde os exames nacionais podiam ter um peso de cerca de 45% e a ideia é subir para um mínimo de 50% e um máximo de 60 para 65%, no sentido de reforçar um bocadinho aqui o peso dos exames, explicou.
O secretário de Estado defendeu que os exames têm um “papel regulador e introdutor de alguma comparabilidade, alguma justiça social”, uma vez que estão a concorrer alunos de todo o país e todo o tipo de escolas, onde as avaliações podem ser muito dispares.
“O que nós observamos é que nas disciplinas em que há exame, o comportamento padrão das notas é mais próximo entre si, quer entre diferentes regiões do país que quer entre escolas públicas e privadas”, acrescentou.
Com o propósito de manter viva a tradição de cantar os Reis, o município de Miranda do Douro, vai promover no serão de sábado, dia 7 de janeiro, o encontro “Bamos a cantar ls Reis”, uma iniciativa que vai juntar no miniauditório, vários grupos corais de todo o concelho.
O grupo “Quinteto Reis” interpreta o tema “Ora vem ver”
De acordo com a presidente do município de Miranda do Douro, Helena Barril, após dois anos impossibilitados de organizar o encontro de cantares dos Reis, por causa da pandemia, este ano verifica-se uma grande adesão de grupos de todo o concelho.
“As pessoas têm muita vontade de participar nos Cantares dos Reis e estou em crer que o miniauditório, em Miranda do Douro, se vai tornar pequeno para tanta gente!”, adiantou.
A autarca confirmou que no encontro “Bamos a cantar ls Reis”, agendado para o sábado, dia 7 de janeiro, às 21h00, em Miranda do Douro vão participar grupos da cidade, da vila de Sendim, de outras aldeias do concelho e um grupo infantil da Escola Básica.
Sobre os Cantares dos Reis, Helena Barril, disse apreciar sobretudo as músicas interpretadas pelo grupo “Quinteto Reis”.
“Os ‘Quinteto Reis’ surgiram precisamente para cantar os Reis e preservar músicas que corriam o risco do esquecimento. Com os ‘Quinteto Reis’ aprendemos muitos cantares antigos. Este grupo foi inovador e inspirou mesmo o surgimento de outros grupos, assim como uma maior atenção e preservação dos cantares tradicionais”, indicou.
Os “Quinteto Reis” surgiram em 1984 com o propósito inicial de preservar a tradição dos “Cantares dos Reis”. Com a passar dos anos e dado o bom acolhimento do público, o grupo foi interpretando outros temas musicais caraterísticos da Terra de Miranda.
O grupo chegou a editar um disco intitulado “Quinteto Reis 84”, composto por 16 temas e que são a base dos seus concertos.
Ao longo destes 38 anos de atividade já atuaram em vários palcos, desde a Festa do Avante, às tradicionais festas populares mas também em festas de aniversário, casamentos e batizados. De acordo com o músico e também artesão, António José Dias, o segredo da longevidade do “Quinteto Reis” deve-se sobretudo à grande amizade que há entre os membros do grupo.
Sendim: Dia de Reis celebrado ao longo de três dias
A partir desta sexta-feira, dia 6 de janeiro, a vila de Sendim vai começar a celebração do Dia de Reis, com os cantares porta a porta pelas ruas da vila, seguida da atuação no Encontro de Cantares em Miranda do Douro, para concluir esta festividade com a participação no evento Dia de Reis, promovido pela comissão de festas de Santa Bárbara.
O Dia de Reis é promovido pela comissão de Festas de Santa Bárbara 2022/20223 e segundo o mordomo, José André, este evento pretende preservar a tradição dos cantares dos Reis.
No tarde de Domingo, a partir das 16h00, para além da atuação dos grupos “Magum” e do Rancho Etnográfico do Centro Cultural de Sendim, a comissão de festas vai servir os “Reis”, ou seja, um lanche, à população de Sendim.
De acordo com Telmo Ramos, o grupo de Cantares dos Reis “Magum” surgiu em 2017, fruto da iniciativa de um grupo de amigos sendineses, que quis preservar esta tradição.
«O grupo é constituído por homens e mulheres, jovens a adultos, que cantam, tocam instrumentos musicais e interpretam vários temas alusivos a esta festividade, como por exemplo: “Trigo, nozes e marmelada, lombo de porco e vitela assada”, “Vinde pastores e magos” e outros temas cantados pelo grupo Quinteto Reis, como o “Ora, vem ver!”, disse.
Segundo Telmo Ramos, a adesão e o entusiasmo dos sendineses pela tradição dos Cantares dos Reis tem vindo a crescer, ainda mais com a introdução de vários instrumentos musicais, como a concertina, as violas, o bombo e a pandeireta.
“Os instrumentos musicais dão mais melodia e animação aos Cantares dos Reis”, justificou.
Sobre a tradição de cantar os Reis, porta a porta pelas ruas de Sendim, Telmo Ramos, adiantou que na sexta-feira, dia 6 de janeiro, também vão cantar em algumas casas da vila.
“No dia de Reis, a 6 de janeiro, vamos cantar em algumas casas. Aí, para além dos cantares, vamos ser presenteados com a oferta de uma merenda, com produtos típicos desta altura do ano, como são as chouriças assadas, as alheiras, o presunto, o bolo rei, as rabanadas, o vinho, jeropiga e licores”, contou.
O outro grupo que vai participar nas celebrações do Dia de Reis, é o Rancho Etnográfico do Centro Cultural de Sendim. Segundo a presidente, Sandra Nobre, o objetivo é preservar esta bonita tradição.
“Na sexta-feira, conjuntamente com o grupo Magum, vamos cantar os Reis, porta a porta, pelas ruas de Sendim. No sábado, vamos participar no Encontro de Cantares de Reis, promovido pelo município de Miranda do Douro. E finalmente, no Domingo, vamos colaborar com a comissão de Festas de Santa Bárbara e cantar os Reis, no pavilhão multiusos de Sendim, para toda a população”, indicou.
No repertório, o Rancho Etnográfico do Centro Cultural de Sendim, que é constituído por muitas crianças, vão cantar músicas dos Reis como o “Corramos com pressa!”, “Oh de casa, nobre gente!” e “Beijai o Menino!”.
Desde que assumiu funções, a mordomia de Santa Bárbara 2022/2023 tem realizado várias atividades, com o objetivo de angariar dinheiro para organizar a festa da padroeira, no próximo dia 13 de agosto, em Sendim.
Segundo o mordomo, José André, nos grandes eventos da vila, como são o festival Intercéltico, a Feira dos Grazes ou a Ronda das Adegas procuram participar de modo a publicitar a festa de Santa Bárbara e a angariar dinheiro com a venda de vários produtos.
“Para além da participação nos grandes certames, a Comissão de Festas de Santa Bárbara organiza ao longo do ano, vários eventos temáticos, como foi a Noite da Francesinha, realizada a 17 de dezembro, no pavilhão multiusos, a qual foi um sucesso, com lotação esgotada”, disse.
Sendim: Centro de Inovação e Tecnologia permitiu trabalhar à distância
No dia 4 de janeiro, o Centro de Inovação e Tecnologia das Terras de Trás-os-Montes (CIT-TT), em Sendim, foi o local de trabalho, das 15 pessoas que integram a iniciativa Rural Experience, que está a decorrer de 2 a 8 de janeiro, no concelho de Miranda do Douro.
Inaugurado a 16 de julho de 2022, o Centro de Inovação e Tecnologia das Terras de Trás-os-Montes (CIT-TT) disponibilizou duas salas de trabalho, com acesso à internet, para que os 15 trabalhadores pudessem trabalhar à distância.
O responsável pelo CIT-TT, Filipe Machado, mostrou-se entusiasmado com a visita destes profissionais, que remotamente, trabalham em diversas áreas como a tecnologia, a investigação, a engenharia mecânica, a tradução, o design, a consultoria, entre outras atividades.
“Muito obrigado pela visita dos trabalhadores que estão na participar na Rural Experience, no concelho de Miranda do Douro. Tal como a associação Rural Move, também o CIT-TT tem a missão de demonstrar que é possível trabalhar desde as localidades rurais, aproveitando as novas tecnologias ”, disse.
A funcionar na vila de Sendim, há cerca de seis meses, este centro tecnológico assume como missão preparar pessoas, na área tecnológica, para o mercado de trabalho. E para tal, realiza ações de formação presenciais e online.
“O CIT-TT recebe solicitações de empresas tecnológicas que precisam de técnicos em determinadas áreas. Cabe-nos dar essa formação às pessoas, para que imediatamente depois possam começar a trabalhar”, explicou.
Andréa Barbosa, da Associação Rural Move, relembrou que a missão desta organização é apoiar as pessoas que pretendem fixar-se nos territórios rurais.
“Hoje, o mundo rural já não é o que era há 30 pou 40 anos. Atualmente, nestes territórios existem mais oportunidades de trabalho, do que apenas a agricultura e a pecuária. Para acabar com esse preconceito é preciso ter uma experiência no mundo rural, para descobrir as potencialidades que estas localidades oferecem. E é precisamente isso que estas 15 pessoas estão a fazer entre os dias 2 a 8 de janeiro”, disse.
Luísa Almeida, é assistente de vendas de uma empresa multinacional, na Maia. Com o surgimento da pandemia, começou a trabalhar à distância, a partir de casa. Questionada se é possível exercer a sua atividade profissional desde Miranda do Douro, respondeu peremptoriamente que sim.
“Sim, é possível. E ao longo desta semana, aqui, no concelho de Miranda do Douro, continuo a trabalhar todos os dias. Desde a pandemia, que a empresa onde trabalho, dá a possibilidade aos trabalhadores de exercerem a sua atividade à distância”, explicou.
Esta profissional conheceu a associação Rural Move e identificou-se totalmente com a missão de apoiar a mudança de pessoas para as localidades rurais.
“Sou natural de Mirandela e vivi em Torre de Moncorvo até aos 16 anos. Por isso, conheço as mais valias de viver no interior do país, como é a melhor qualidade de vida, o sossego do campo, o ar que respiro, o maior convívio com as pessoas locais, a dispensa de transportes e de correrias para ir para o local de trabalho”, destacou.
Sobre as exigências de trabalhar à distância, Luísa Almeida, sublinhou que é importante manter uma disciplina, como a definição do local de trabalho, do horário, das pausas para as refeições e dos momentos de descanso.
“Por vezes, até trabalho mais à distância, do que na empresa”, disse.
Na opinião desta profissional, é fundamental a existência de bons serviços de telecomunicações para que haja mais pessoas a mudarem-se para as localidades rurais.
“É um imperativo que haja uma boa ligação de internet para que se possa trabalhar à distância. E se houver um espaço coworking, onde possamos interagir com outros profissionais e que ofereça boas condições de conforto, de aquecimento, etc. muito melhor”, concluiu.
Ensino: Nove em cada dez docentes progrediram dois escalões desde 2018
Desde 2018, nove em cada 10 docentes progrediram dois escalões na carreira, segundo dados apresentados pelo ministro da Educação, que reconheceu que tal não significa que seja “tudo uma maravilha” e que não haja motivo de descontentamento.
Numa semana em que os professores retomaram os protestos e greves contra algumas políticas e propostas da tutela, o ministro da Educação apresentou hoje números aos deputados da Comissão de Educação e Ciência demonstrativos de algumas melhorias registadas nos últimos anos.
“Desde 2018, já progrediram um escalão na carreira 98,5% dos professores. Destes, 90% já progrediram 2 escalões. Em 2022, são já 16% os professores que estão no topo da carreira e mais de 36% os que estão acima do 7.º escalão”, afirmou João Costa, durante a audição parlamentar.
“Não estou a dizer com isto que é tudo uma maravilha e que não há motivo de descontentamento”, reconheceu o ministro, lembrando que existem “muitos professores que apanharam um período de congelamento que os deixou para trás na carreira”.
“Apesar de toda esta evolução positiva”, o ministro disse está disponível para “ao longo da legislatura, negociar aspetos transversais à carreira”.
Uma das reivindicações dos professores, que têm agendados protestos e greves, é precisamente o da recuperação do tempo congelado para efeitos de progressão na carreira.
Reconhecendo a precariedade de um “sistema educativo que continua a recorrer anualmente a um número excessivo de professores contratados” que estão “a suprir necessidades permanentes do sistema”, João Costa voltou a defender a necessidade de fazer entrar mais docentes para os quadros.
O ministério quer que “sempre que um lugar que não resulta de substituições temporárias é ocupado por um período superior a três anos por um professor contratado ou por um professor de quadro de zona pedagógica, seja aberto um lugar de quadro, reconhecendo que se está perante uma necessidade permanente”, explicou.
Além da “redução de professores contratados”, João Costa voltou a defender a necessidade de reduzir a dimensão dos Quadros de Zona Pedagógica (QZP) para que os professores não tenham de andar “com a casa às costas”, muitas vezes percorrendo “200 quilómetros diários”.
A redução dos QZP é uma das exigências dos sindicatos, que pedem também o fim das quotas de acesso aos 5.º e 7.º escalões de uma carreira de dez escalões é uma das reivindicações dos professores que exigem o fim das quotas de acesso àqueles dois escalões.
Mogadouro: Desfile de mascarados do solstício de inverno
Após dois anos de interrupção devido à pandemia, Mogadouro volta a acolher no dia 14 de janeiro, mais de duas dezenas de grupos dos rituais do solstício de inverno vindos de Portugal e Espanha.
Este desfile de grupos mascarados promete colocar as ruas de Mogadouro, em total alvoroço com a sua tropelias, próprias destas figuras “demoníacas”, que tradicionalmente saem à rua por altura do Natal, Ano Novo e Carnaval.
“Como nesta altura já houve o desfile destas figuras em cada uma das aldeias do concelho e vizinhos, com exceção das mais carnavalescas, este dia [14 de janeiro] é o que reúne maior consenso”, vincou a vereadora da Cultura de Mogadouro, Márcia Barros.
A folia começa com um desfile, que vai percorrer as principais ruas da vila de Mogadouro, até chegar ao centro histórico, local onde todos os grupos se juntam, causando o alvoroço típico destes mascarados solsticiais de origem pagã.
“Até ao momento estão confirmados duas dezenas de grupos de mascarados vindos das Astúrias, Galiza e Castela e Leão, do lado espanhol. Já do lado português, são esperados os mascarados do Nordeste Transmontano, Douro e Beira Litoral”, explicou a autarca.
Este ano o destaque vai para a Mascarinha e Mascarão, duas personagens mascaradas e recentemente recuperadas, oriunda da aldeia de Vilarinho, que estavam perdidas no tempo há mais de meia centena de anos e que devido à pandemia tiveram de aguardar para saírem à rua e serem as figuras de destaque no desfile de 2023.
Antero Neto e António Rodrigues Mourinho, investigadores deste tipo de tradições, afirmam que o concelho de Mogadouro é rico nestes rituais associados ao solstício de inverno, tais como o “ancestral e enigmático” Chocalheiro de Bemposta, os Velhos de Bruçó, o Chocalheiro de Vale de Porco, o Careto e a Velha em Valverde, Farândulo de Tó ou a Mascarinha e o Mascarão de Vilarinho dos Galegos.
“Nos últimos anos temos assistido ao recuperar de velhas tradições que envolvem os mascarados, que estavam perdidas e que, com os testemunhos de alguns populares mais idosos, foi possível recuperar. Estas tradições foram-se perdendo devido ao esvaziamento demográfico do território”, vincou Antero Neto.
Este investigador é responsável, em parceria com as respetivas populações, pela recuperação de antigos rituais no concelho de Mogadouro tais como a Mascarinha e Mascarão e Careto e a Vela de Valverde, ambos do concelho de Mogadouro.
Este encontro desperta o interesse dos fotógrafos, jornalistas, investigadores ou simples curiosos, vindos de todo o lado, para conhecer estas enigmáticas figuras espalhadas um pouco por todo o Nordeste Transmontano.
Para o historiador António Rodrigues Mourinho, tudo isto está ligado à cultura pagã e não se conhece a sua origem, sendo classificados como “rituais de passagem e fertilidade” incorporados em figuras espampanantes e misteriosas.
Vimioso: 17 alunos vão frequentar curso técnico profissional na área do termalismo
A vila de Vimioso vai acolher um curso de termalismo, que está integrado nos cursos técnico profissionais superiores, com 17 alunos, oriundos de várias localidades dos distritos de Bragança e Vila Real.
“Em Vimioso existe o complexo termal da Terronha, o único no distrito de Bragança e por isso faz todo o sentido abrir um curso na área do termalismo no nosso concelho, incluindo um estágio em contexto de trabalho”, anunciou o presidente da câmara municipal de Vimioso, Jorge Fidalgo.
A abertura do Curso Técnico Profissional de Termalismo e Bem-estar de Vimioso, resulta uma parceria entre o município de Vimioso e o Instituto Politécnico de Bragança (IPB).
Segundo o Instituto Politécnico de Bragança, o curso em “Termalismo e Bem-Estar” é uma formação de curta duração (4 semestres) no ensino superior, que confere um diploma de nível 5, segundo o quadro nacional de qualificações (QNQ).
De acordo com o IPB, o último semestre do curso consiste num estágio profissional, a ser realizado nas Termas de Vimioso.
Segundo o presidente da Câmara Municipal de Vimioso, Jorge Fidalgo, “este curso é uma excelente oportunidade para quem terminou o 12º ano. E é também uma boa porta de entrada para uma futura licenciatura na área da saúde”, indicou.
Entre outras valências, a formação em Termalismo e Bem-Estar tem por objetivo preparar os formandos para desempenharem várias funções, tais como planear e assegurar a realização de técnicas termais, técnicas de massagem, estética e bem-estar, utilizando os meios técnicos e equipamentos de acordo com as necessidades e especificidades dos utentes.
Podem candidatar-se ao CTESP em “Termalismo e Bem-Estar”:
Ambiente: Associação alerta para fraca aposta na recolha porta-a-porta de biorresíduos
A associação ambientalista Zero alertou para a “fraca aposta dos municípios na recolha porta-a-porta de biorresíduos”, o que, avisa, “perpetuará incumprimento de metas de reciclagem”.
Num comunicado, a associação lembra que os municípios têm até ao fim do ano para operacionalizar a recolha seletiva de biorresíduos, e explica que analisou as soluções de recolha propostas por 84 municípios, com grande parte deles a optar por soluções que levarão a uma “baixa taxa de recolha”.
“A aposta da maioria dos municípios recai sobre uma recolha seletiva na via pública, a solução mais fácil de implementar, mas que só pode ter um resultado: o incumprimento por parte de Portugal das metas comunitárias de preparação para a reutilização e reciclagem de resíduos urbanos de 55% já em 2025”, alerta a Zero no comunicado.
E acrescenta que lhe parece certo que Portugal “continuará a desperdiçar recursos fundamentais para os solos portugueses ao mesmo tempo que gasta dinheiro em projetos que apenas vão encher os aterros ou aumentar a queima de resíduos”.
A associação defende que os apoios para os sistemas de recolha seletiva de biorresíduos devem ter em conta, nomeadamente, se são soluções que demonstrem melhores taxas de captura e se obrigam a um acompanhamento regular dos utilizadores que fazem compostagem doméstica e comunitária.
Dos 84 municípios, escolhidos aleatoriamente, apenas 25 incluem a recolha porta-a-porta para os produtores domésticos, que é dos sistemas mais eficientes, e destes só em seis é que o modelo abrange mais de metade da população, com os restantes a abrangerem menos de 10% da população, diz a Zero.
Ao contrário, a maioria dos municípios opta pela recolha na via pública, idêntica aos “ecopontos”, que terá baixa taxa de recolha, o mesmo acontecendo com a recolha de proximidade (resíduos colocados em sacos de cor específica e colocados nos contentores de indiferenciados), preconiza a Zero.
A associação diz que é positiva a aposta na compostagem doméstica e comunitária, mas insiste que neste caso é também necessário a monitorização e acompanhamento contínuo da utilização dos compostores.
De acordo com as regras ditadas pela União Europeia, os Estados terão de assegurar que até 31 de dezembro deste ano os biorresíduos são recolhidos seletivamente ou separados na origem através da implementação de soluções de compostagem doméstica ou compostagem comunitária.
Os biorresíduos representam 40% dos resíduos produzidos pelos portugueses.
O Regime Geral de Gestão de Resíduos, que transpôs a diretiva, estabelece como competência de entidades municipais e multimunicipais de gestão de resíduos definir de que forma será feita a gestão dos biorresíduos e assegurar a implementação de soluções de reciclagem na origem e de recolha seletiva, recorda a Zero no comunicado.
Os biorresíduos são os resíduos que se degradam, por exemplo, os que são produzidos nas cozinhas, como restos de alimentos.
Sociedade: BUPi encerrou 2022 com “um milhão” de propriedades identificadas
O Balcão Único do Prédio (BUPi), plataforma de registo e cadastro do território, atingiu “um milhão de propriedades identificadas” até ao final de 2022, com a participação de mais de 162 mil proprietários de prédios rústicos e mistos.
Em comunicado, a Estrutura de Missão para a Expansão do Sistema de Informação Cadastral Simplificado (eBUPi) revelou que “os municípios de Proença-a-Nova, Bragança, Viseu, Sertã e Tondela estão entre os que mais contribuíram para este resultado”.
Estes cinco municípios, em conjunto, registaram “mais de 155 mil processos de Representação Gráfica Georreferenciada (RGG)”, indicou a eBUPi.
Até ao final de 2022, a plataforma BUPi estava presente em 143 dos 153 municípios que não dispõem de cadastro predial, contando com o apoio de 872 técnicos habilitados.
“Mais de 162 mil pessoas já identificaram as suas propriedades, de forma gratuita e sem aumento de impostos, no âmbito do projeto que contribui para uma maior valorização e conhecimento do território”, afirmou a eBUPi.
Em 26 de dezembro de 2022, numa visita ao município da Guarda, o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, alertou para o risco de se chegar a 2030 com um “cadastro altamente incompleto” em relação à realidade que é fundamental para a prevenção e combate aos incêndios florestais.
Citada em comunicado, a coordenadora da eBUPi, Carla Mendonça, afirmou que “o BUPi é um projeto pensado para o cidadão e que a todos mobiliza”, considerando que o resultado alcançado em 2022 “só é possível graças a um trabalho colaborativo muito próximo entre várias entidades”, com a participação de “milhares de cidadãos, que têm contribuído para esta missão que é de todos: conhecer melhor o território”.
Carla Mendonça disse ainda que o registo de “um milhão de propriedades identificadas” é uma motivação para continuar a trabalhar para um planeamento mais estruturado de políticas públicas de gestão e ordenamento do território.
O BUPi é uma plataforma que permite aos proprietários identificar os seus prédios rústicos e mistos, remotamente, de forma simples e gratuita, num balcão ou ‘online’ (através da página https://bupi.gov.pt/).
A iniciativa começou em novembro de 2017, com um projeto-piloto, de duração de 12 meses, em 10 municípios do Norte e Centro de Portugal continental, no âmbito dos diplomas da reforma florestal aprovados após o incêndio de Pedrógão Grande, inclusive a criação do Sistema de Informação Cadastral Simplificado.
O BUPi tem alavancado a sua presença nos municípios sem cadastro predial desde o início de 2021, altura em que se deu início à expansão do projeto, referiu a eBUPi, adiantando que “2022 foi o ano que mais contribuiu para este resultado, já que 75% do total das propriedades foram identificadas apenas neste período”.
Para reconhecer publicamente quem mais se destacou, durante o ano de 2022, no desenvolvimento do projeto, passando por técnicos habilitados, municípios e Comunidades Intermunicipais, foram lançados os Prémios BUPi 2022.
As candidaturas já estão abertas e a entrega dos prémios acontecerá em março, informou a Estrutura de Missão para a Expansão do Sistema de Informação Cadastral Simplificado.
O BUPi conta com financiamento do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), integrado na área governativa da Justiça, em articulação com o Ambiente e Ação Climática e com a Coesão Territorial.
Entrevista: «O que leva as pessoas a mudarem-se para o interior é ligação afetiva à comunidade local» – João Almeida, cofundador da associação Rural Move
Entre os dias 2 a 8 de janeiro, vários profissionais de diversas áreas estão a trabalhar à distância, desde Malhadas, numa iniciativa promovida pela associação Rural Move, em parceria com o município de Miranda do Douro, com o duplo objetivo de dinamizar o concelho e dar a conhecer as potencialidades deste território.
Miranda do Douro acolhe um grupo de 15 trabalhadores ligados a vários ramos de atividade, que vão trabalhar à distância.
Terra de Miranda – Notícias: Qual é a missão da associação Rural Move?
João Almeida: A Rural Move surgiu no período da pandemia, com o objetivo de ajudar os territórios rurais a aproveitar as oportunidades decorrentes daquele período de isolamento e de aposta no teletrabalho ou trabalho à distância. Ao longo daqueles dois anos da pandemia, verificámos que existia um grande número de pessoas interessadas em sair das grandes cidades e trabalhar nas localidades rurais. Para isso, a associação tem como missão reunir e prestar informações sobre essas localidades, de modo a apoiar a mudança e a fixação das pessoas nessas regiões.
T.M.N.: Que apoios prestam às pessoas para realizar essa mudança para o mundo rural?
J.A.: A associação Rural Move reúne e disponibiliza várias informações, tais como os espaços de coworking, os alojamentos, as oportunidades de emprego e as medidas do governo e dos municípios existentes para apoiar a mudança e a fixação das pessoas nas localidades rurais.
T.M.N: E qual tem sido a recetividade das pessoas para realizar essa mudança?
J.A.: Quando lançámos o projeto constatámos que havia um grande interesse e fomos contatados por centenas de pessoas. No entanto, com o passar dos tempo, apercebemo-nos de que embora haja o fascínio de viver e trabalhar no campo, muitas dessas pessoas acabavam por não o fazer. E isso levou-nos a focarmo-nos apenas nas pessoas que realmente querem e estão preparadas para fazer essa mudança.
T.M.N: O acolhimento da nova comunidade é muito importante para incentivar a mudança?
J.A.: Sim. E por isso a associação Rural Move procura conhecer a fundo as comunidades locais, estabelecendo parcerias com vários municípios, assim como com as instituições, as empresas e as associações locais de cada localidade. Porque não basta encaminhar as pessoas para uma dada localidade rural. É preciso que essa comunidade também esteja preparada para acolher e integrar os novos residentes.
T.M.N.: Sobre a experiência que está a decorrer em Miranda do Douro, de 2 a 8 de janeiro, do que se trata?
J.A.: Foi uma proposta que apresentámos ao município, a de convidar 15 pessoas, para viver e trabalhar desde Miranda do Douro, à distância, ao longo de uma semana. Esta experiência piloto vai permitir-nos recolher informações úteis, que serão depois entregues ao município, para que este possa melhorar a estratégia de atração de novos trabalhadores remotos. No final da semana vamos disponibilizar informações sobre o que está bem, o que falta e o que é preciso melhorar para atrair a vinda de mais pessoas que queiram trabalhar desde Miranda do Douro.
T.M.N.: Quem são estas 15 pessoas que estão a trabalhar remotamente desde Miranda do Douro? E que profissões desempenham?
J.A.: É um grupo muito variado, que é constituído por pessoas, com idades entre os 23 e mais de 50 anos e vêm de diversas localidades como o Porto, Lisboa, Viana do Castelo, Aveiro, Mação, Felgueiras, etc.. Trabalham em áreas como a tecnologia, investigação, engenharia mecânica, tradução, design, consultoria, etc. Em suma, é um grupo muito heterógeneo, com pessoas de diferentes idades, proveniências e áreas profissionais.
T.M.N.: De 2 a 8 de janeiro, como é que vai ser o vosso dia-a-dia?
J.A.: Vamos ficar alojados e vamos trabalhar desde o centro de formação agrícola, em Malhadas. O almoço é feito nos restaurantes locais. E os jantares variam consoante as nossas saídas ao final do dia, para conhecer o concelho e a comunidade de Miranda do Douro. No dia 4 de janeiro, por exemplo, vamos para Sendim, trabalhar desde o Centro de Inovação e Tecnologia – Terras de Trás-os-Montes (CIT-TT). Também fomos convidados para visitar a cidade de Miranda do Douro, as aldeias de Atenor e de Constantim e várias associações locais.
T.M.N.: O centro de formação agrícola de Malhadas oferece boas condições de alojamento?
J.A.: Sim, as instalações são bastante amplas. Têm salas de trabalho e uma sala de convívio, onde o grupo de trabalhadores remotos tem a oportunidade de conviver e conhecer-se entre si. Ainda assim, este espaço que já oferece boas condições e onde já trabalham duas associações locais, com as devidas adaptações, pode tornar-se um ótimo espaço de coworking.
T.M.N.: Para que estas pessoas decidam trabalhar e mudar-se definitivamente para Miranda do Douro, que condições são imprescíndiveis?
J.A.: Para trabalhar à distância, o computador e a internet são imprescindíveis. Mas outro fator que não deve ser descurado é a importância da comunidade. E isso vê-se nos espaços coworking, onde a grande motivação das pessoas para saírem de casa é o encontro com outros profissionais e o trabalho em grupo.
T.M.N.: Os espaços coworking e as incubadoras de empresas têm vindo a aumentar em Portugal, mas nem sempre são muito procurados e utilizados. Porquê?
J.A.: Esses espaços estão vazios, porque a estratégia não se pode limitar a oferecer a cadeira, a mesa e a internet. Também é preciso criar comunidade, envolver as pessoas e juntá-las em torno de um objetivo comum. E este objetivo por ser o desenvolvimento da sua localidade e do seu concelho. Há que responder à questão: “De que modo a minha atividade profissional pode contribuir para o desenvolvimento local?”
T.M.N.: Como se desenvolvem concelhos de baixa densidade populacional?
J.A.: Este tipo de territórios têm uma carga negativa muito acentuada, derivada da falta de oportunidades, da falta de infraestruturas e da falta de serviços, o que normalmente é verdade. No entanto, se nos focarmos apenas nessas desvantagens, tanto a população local, como os visitantes, não conseguirão ver as vantagens de viver e trabalhar nestas localidades. Por isso, é imprescindível focarmo-nos nas mais-valias como é o contato com a natureza, a alimentação com produtos de melhor qualidade, o menor custo de vida, o maior equilíbrio entre a vida profissional, familiar e pessoal, a redução do stress, a maior proximidade e interação com a comunidade local, onde toda a gente se conhece, e a possibilidade de participar nas associações, tradições e festividades locais.
T.M.N.: Significa isso que viver no mundo rural tem vantagens?
J.A.: Claro que sim! Por isso, é importante parar de reclamar que não há educação, não há saúde e não há transportes. E aproveitar o que há de bom em cada território.
T.M.N.: Que políticas deveriam ser implementadas para incentivar mais pessoas a fixarem-se nas localidades rurais?
T.M.N.: Estou convencido que não são as políticas que fazem mudar as pessoas. Veja-se o exemplo do apoio à mobilidade na função pública para trabalhar no interior, onde houve apenas a mudança de 10 pessoas. Isso mostra que a parte financeira não é mobilizadora. O que move as pessoas para a fixação no interior é ligação afetiva à localidade e à comunidade.
T.M.N.: O que leva as pessoas a querer sair das cidades?
J.A.: Estou convencido que é sobretudo o ritmo de vida. Creio que há muitas pessoas que se sentem escravas do ritmo acelerado de vida nas cidades. E por isso, escolhem o campo. E dou um exemplo elucidativo: aquando da nossa chegada a Malhadas, fomos almoçar ao restaurante. Por sugestão da Andreia, decidimos ir a pé e caminhamos durante 20 minutos, para cada lado. Eu achei que seriam 40 minutos de tempo desperdiçado. Mas, em grupo, concluímos que a caminhada para além do bem-estar físico que proporciona, também é um modo de nos darmos a conhecer à população local.
Perfil
João Almeida, é natural de Viseu e tem 27 anos.
Na universidade de Aveiro formou-se em Línguas e Relações Empresariais e concluiu um mestrado em Gestão.
Atualmente, está a realizar um doutoramento em Ciências Económicas e Empresariais, dedicado ao tema “Desenvolvimento de Territórios de Baixa Densidade, através de iniciativas de empreendedorismo e inovação”. Disse que escolheu este tema para a tese de doutoramento, motivado pelas suas origens rurais.
“As minhas férias eram sempre passadas na montanha, onde praticava BTT e trails runs. E o tema do empreendedorismo sempre me interessou e fiz parte de várias associações ligadas a esta área. Por isso, foi com naturalidade que escolhi o tema para doutoramento juntando as duas áreas que mais gostava: o rural e o empreendedorismo. Ou seja, usar o empreendedorismo para dinamizar os territórios rurais”, explicou.
É co-fundador e coordenador da associação Rural Move, que presta apoio às comunidades rurais e a todas as pessoas que queiram viver, trabalhar ou investir nestes territórios.