Vimioso: “Foi graças ao espaço coworking que pudemos trabalhar em Vimioso”

Vimioso: “Foi graças ao espaço coworking que pudemos trabalhar em Vimioso”

Vimioso foi um dos municípios a abrir um espaço coworking, no âmbito da iniciativa “Teletrabalho no Interior. Vida local, trabalho global”. João Costa é natural de Lisboa e foi uma das primeiras pessoas a beneficiar da existência deste inovador espaço de trabalho, durante os meses de verão, período em que os filhos estão a gozar as férias escolares.

A abertura destes espaços cowoking pretende dinamizar as regiões do interior do país, atraindo e fixando pessoas (e empresas) e diminuindo a necessidade de deslocações e a consequente pegada carbónica.

João Costa é informático e desde o início da pandemia, em março de 2020, que trabalha na modalidade de teletrabalho, dado que as suas funções permitem-lhe trabalhar à distância.

Quando terminou o ano letivo da sua filha de oito anos, juntamente com a esposa e o filho mais novo, tinham a intenção de vir passar uma temporada a Trás-os-Montes, onde têm família e desfrutam habitualmente um período de férias. Mas tinham um problema: precisavam de instalações e de acesso à internet para trabalhar à distância. Na aldeia de Campo de Víboras, há uma rede wi-fi disponibilizada pela junta de Freguesia, mas o sinal é fraco e não tem velocidade suficiente para trabalharem com eficácia. Foi então, que o João descobriu o espaço coworking de Vimioso ao ler uma notícia sobre o protocolo assinado pelo governo, com 51 municípios para a criação de espaços coworking em todo o país. E após uma pesquisa verificou que Vimioso também iria ter um espaço destes.

Com esta informação, João Costa contatou a Câmara Municipal de Vimioso e apurou que o futuro espaço coworking já era utilizado como uma incubadora de empresas – 3 INT Incubadora para Inovação do Interior e Negócios Transfronteiriços (3INT)  – e iriam apetrechá-lo com ligação à internet para que funcionasse também como um espaço de teletrabalho. De seguida, e juntamente com a esposa, o João realizou as inscrições, foram conhecer o espaço e começaram a trabalhar nessas instalações no final do mês de julho.

Desde então, já la trabalham há mais de um mês e segundo o João Costa, aa experiência profissional no espaço coworking está a ser bastante positiva. O acesso à internet é bom e as salas de trabalho estão instaladas numa antiga residência de estudantes, construída na década de 1940.

Na opinião de João Costa, o espaço coworking de Vimioso reúne as infraestruturas necessárias para o teletrabalho: “a ligação à internet é boa e o espaço é confortável para trabalhar”.

Embora, o João conheça Vimioso há cerca de 20 anos, foi esta experiência de teletrabalho que lhe permitiu uma estadia mais prolongada na região. Sobre esta permanência, diz que está a gostar de trabalhar em Vimioso, onde o ritmo de vida é bem diferente do de Lisboa. Contudo, adianta que nesta altura da vida, dificilmente viria viver para o interior do país. “Mais tarde, talvez. Neste momento faz-me falta o mar, a efervescência da cidade e a disponibilidade das coisas e dos serviços”.

Não obstante estas dificuldades, João Costa reconhece as mais valias de viver em territórios como o de Vimioso, em que há uma maior proximidade à natureza e por conseguinte há mais espaço e liberdade para as crianças brincarem e crescerem. “Para os meus filhos este tempo está a ser extraordinário”, disse. Enquanto os pais estão a trabalhar no espaço coworking, em Vimioso, os filhos de dois e oito anos, ficam com os avós, na aldeia de Campo de Víboras. “Na companhia dos primos andam de bicicleta, brincam na piscina e estão a gostar muito. E nós ficamos muito felizes ao vê-los assim”, disse.

“Na companhia dos primos andam de bicicleta, brincam na piscina e estão a gostar muito. E nós ficamos muito felizes ao vê-los assim”, disse.

Para a felicidade desta jovem família, muito contribuiu o espaço coworking de Vimioso. Afinal, foi a existência deste espaço que possibilitou a vinda e estadia do João e da sua família, em Vimioso, nestes meses de verão. Por essa razão e antes do regresso a Lisboa, o João Costa pretende agradecer ao município de Vimioso: “Fomos recebidos da melhor maneira. E antes de regressarmos a Lisboa, vamos agradecer às pessoas que nos acolheram, apresentaram e disponibilizaram este espaço coworking para trabalharmos à distância”.

HA

Bragança-Miranda: Morrer abandonadas é o «maior medo» das pessoas mais velhas, disse D. José Cordeiro

Bragança-Miranda: Morrer abandonadas é o «maior medo» das pessoas mais velhas, disse D. José Cordeiro

O bispo de Bragança-Miranda presidiu à solenidade da Senhora das Graças e disse na homilia da Missa que muitas pessoas vivem na “globalização da superficialidade” e as mais velhas têm “medo” de morrer abandonadas.

“Algumas pessoas mais velhas confidenciaram-me que o maior medo que têm é mesmo o de morrerem abandonados no hospital, em casa ou nos lares”, afirmou D. José Cordeiro na Catedral de Bragança na celebração da padroeira principal da cidade.

O bispo de Bragnça-Miranda recordou o “maior sonho” de avós e bisavós, que “era o de ter uma longa vida”.

“Efetivamente, hoje temos vida longa! E que fazemos aos mais velhos e com eles? Mandamo-los para um lar de idosos e não mais os acompanhamos? Como cuidamos da vida longa? Estão sós? Estão isolados? Estão esquecidos? Estão abandonados?”, interrogou.

D. José Cordeiro recordou o apelo do Papa francisco para valorizar “a vocação dos mais velhos” e afirmou que as famílias, as cidades e as comunidades cristãs não podem “desprezar a sua memória”.

“A uma árvore podemos cortar os ramos e, às vezes, até convém, mas se cortamos as raízes, a árvore morre. Assim acontece com a memória e com os encontros e os desencontros com os mais velhos – os avós e os idosos”, afirmou.

D. José Cordeiro recordou os 20 anos da dedicação da Catedral de Bragança, que será comemorado no próximo dia 7 de outubro, “Senhora das Graças, Senhora da cidade, Senhora da Unidade Pastoral, Senhora das famílias, Senhora da vida nascida do coração de Deus”.

O bispo de Bragança-Miranda invocou também a Virgem Santa Maria “Mãe dos doentes, dos refugiados, dos reclusos, dos pobres, dos que mais sofrem as crises humanitárias e necessitam de uma viva dignidade humana integral”.

“Aqui e agora, pedimos que renasça a chama do amor para uma “ecologia do coração”! Ajudai-nos ó Senhora Mãe das Graças”, concluiu D. José Cordeiro.

Ecclesia

Emigração: “Ser emigrante é uma vida de sacrifício” – Francisco Anes

Emigração: “Ser emigrante é uma vida de sacrifício” – Francisco Anes

Neste mês de agosto, as aldeias portuguesas voltaram a encher-se de emigrantes. Se a vinda a Portugal é sempre motivo de alegria, a visita deste ano tem ainda mais sabor, dado o prolongado impedimento provocado pela pandemia. No estrangeiro, os emigrantes são considerados pessoas corajosas, autónomas e resilientes, que saem de Portugal à procura de melhores condições de vida. Francisco Anes foi um desses emigrantes. Viveu e trabalhou na Suíça ao longo de 37 anos e em 2017 decidiu regressar a Portugal. (Por Hugo Anes)

Francisco Anes e a esposa, Maria, regressaram a Portugal em 2017. (HA)

Nasceu na aldeia de Algoso, no concelho de Vimioso. Dos tempos da infância e adolescência na aldeia, recorda com saudade a união que existia entre as pessoas, no desempenho, comunitário, dos trabalhos agrícolas. “Havia menos dinheiro, mas isso não impedia que as pessoas fossem felizes”, recordou.

Em janeiro de 1981, com 24 anos, Francisco casou-se com Maria Otília Torrão Anes. E a 15 de Abril desse mesmo ano, o jovem casal emigrou para a Suíça, à procura de trabalho e de melhores condições de vida. Começaram a trabalhar sazonalmente. Nove meses de trabalho na Suíça. E regressavam a Portugal durante três meses.

Nos anos seguintes nasceram os filhos: o Nélson, em1982; no ano seguinte nasceu o Luís e a Marina nasceu em 1985. Inicialmente, os filhos ficaram em Portugal com a avó materna. E quando o jovem casal obteve a autorização anual de residência na Suíça, vieram buscá-los.

Nesses primeiros anos de adaptação à Suíça, a aprendizagem da língua foi o maior desafio, No primeiro ano, Francisco comunicava em francês. E no ano seguinte começou a aprender o alemão.

“A vida de emigrante – diz – é uma vida de sacrifício”. Na Suíça, Francisco começou por trabalhar na hotelaria. Nessa atividade, iniciou-se na cozinha, depois passou para o serviço de balcão e quando já dominava a língua, para poder comunicar com os clientes, trabalhou no serviço de mesa. A dada altura e com o propósito de levar os filhos para a Suíça, solicitou um aumento ao patrão. O aumento salarial não foi aceite e Francisco Anes teve que mudar de trabalho. Começou então a trabalhar numa fábrica de componentes sanitários, onde trabalhou ao longo de 28 anos.

Sobre a vida de emigrante, diz que, por vezes, se sentiu “desenraizado”, pois vivia num país que não era o seu e quando regressava a Portugal, tratavam-no por “suíço”. Ou seja, não era de lado nenhum.

Quando emigrou em 1981, tinha 24 anos. Estes primeiros anos passados em Portugal deram-lhe uma forte ligação a às origens e vem daí o grande desejo de um dia regressar. Mas com os filhos já não é assim. Embora tivessem nascido em Portugal, foi na Suíça que cresceram, que frequentaram a escola, que fizeram amigos, que começaram a trabalhar e casaram. “Eles gostam de passar férias em Portugal. Mas não pensam em mudar-se para cá.”- diz Francisco.

Ao avaliar os quase quarenta anos vividos no estrangeiro, Francisco Anes disse que, embora a Suíça seja um país frio e húmido, profissionalmente é um país “bom” para trabalhar. “É uma nação muito organizada e onde há muita indústria”. E até a decisão de não pertencer à União Europeia, parece beneficiar a economia local, pois o mercado interno dá preferência aos seus produtos suíços.

Portugal é hoje o país da União Europeia com mais emigrantes em proporção à sua população residente. O número de emigrantes portugueses supera os dois milhões de pessoas, o que significa que mais de 20% dos portugueses vive fora de Portugal.

O regresso a Portugal

Em fevereiro de 2017, Francisco e e Maria concretizaram o tão desejado sonho de regressar a Portugal. Após 37 anos de trabalho na Suíça e com os filhos bem encaminhados na vida, Francisco Anes solicitou a pré-reforma e regressou a Portugal, na companhia da esposa.

Já lá vão quatro anos desde que regressaram a Algoso e Francisco e Maria já se sentem parte da comunidade local. No seu dia-a-dia dedicam-se aos trabalhos de quem vive no campo: a agricultura, a olivicultura, o amendoal, a vinha, a produção de cereais, a criação de galinhas, o cultivo da horta, a confeção de compotas, etc.. são algumas das muitas ocupações que realizam ao longo do ano. “Há sempre que fazer”, dizem.

Suíça versus Portugal

À pergunta sobre as diferenças que existem entre viver na Suíça e em Portugal, Francisco respondeu que a maior diferença será a salarial. “Os salários na Suíça são mais elevados”, diz. E Maria, a esposa, mencionou também a assistência na saúde, que no pais helvético é melhor. “Aqui no nordeste transmontano há falta de médicos especialistas e de equipamentos de saúde”, constataram. E para se precaverem em caso de necessidade, Francisco e Maria, subscreveram um seguro de saúde familiar. Este seguro de saúde permite-lhes receber assistência no hospital privado Terra Quente, em Mirandela, sempre que o necessitam.

Nesta sua readaptação a Portugal e ao interior do país, Francisco identificou outro dos problemas da região: a dificuldade em comercializar ou escoar os produtos locais, como são o azeite, a fruta, a amêndoa, etc.. “Neste momento tenho muitos tomates e não sei o que fazer com tanta quantidade. E o mesmo acontece com a fruta, com o azeite e com a amêndoa. Se houvesse fábricas transformadoras destes produtos, a região ganharia muito com isso”, sugeriu.

Mas enquanto não há fábricas transformadoras, o excedente de produtos é partilhado com os familiares, os amigos e conhecidos. E este mês de agosto é o tempo propício para essa partilha com os compatriotas emigrantes que trazem movimento e animação à aldeia, embora sejam necessárias as devidas precauções por causa da pandemia.

A França continua a ser o país onde vivem mais emigrantes portugueses, em 2011, eram 592 mil 281 portugueses.

A Suíça surge em segundo lugar, em 2013, viviam na Suíça 211 mil 451 portugueses.

Opinião: Corte de árvores no Santuário de Nossa Senhora da Visitação, em Vimioso

Opinião: Corte de árvores no Santuário de Nossa Senhora da Visitação, em Vimioso

Recentemente foram cortados muitos dos pinheiros que embelezavam o Santuário de Nossa Senhora da Visitação, em Vimioso. Este corte apanhou de surpresa muitos dos habitantes da vila, para quem este espaço era um oásis de frescura, de silêncio, de contemplação, de oração, de celebração, de desporto, de caminhadas e de convívio.

Quanto tanto se fala da própria sobrevivência e do imperativo de respeitar a Natureza para evitar as alterações climáticas e o aparecimento de infeções virais de que é exemplo a atual pandemia, pergunto que valores ou razões estiveram na origem desta decisão de desflorestar aquele espaço cuja maior beleza é a sombra, a frescura e o aroma das próprias árvores?

Pergunto se alguém terá vontade de visitar e desfrutar do Santuário, quando este se torna num espaço ermo, seco, quente e desconfortável?

Como o Santo Padre Francisco ensina, decisões desta natureza devem ser tomadas em sinodalidade, isto é, com toda a comunidade. “Há que escutar as pessoas, pois é através delas que o Espírito Santo, muitas vezes Se comunica”, diz Francisco.

Lamento profundamente a decisão, a meu ver gravíssima, do corte das árvores naquele espaço sagrado. Na minha opinião, quem tomou a decisão de cortar as árvores, devia prestar esclarecimentos a toda a população, a quem frequenta a Igreja e quem não, porque o Santuário é para todos. Há que responder às questões: para quê o corte das árvores? Quanto dinheiro rendeu a venda da madeira? Que obras se pretende realizar com esse dinheiro? E o bem maior era mesmo a amputação e destruição deste espaço?

Hugo Anes

Censos2021: Distrito de Bragança perdeu mais de 13 mil habitantes na última década

Censos2021: Distrito de Bragança perdeu mais de 13 mil habitantes na última década

O distrito de Bragança perdeu na última década mais de 13 mil habitantes, uma quebra de 9,85%, registando uma população de 122.833 pessoas, segundo os dados preliminares do Censos 2021.

De acordo com as estatísticas oficiais, entre 2011 e 2021 este distrito perdeu 13.419 pessoas, passando de uma população de 136.252 habitantes para 122.833 (-9,85%).

Entre os 12 concelhos, todos perderam população, tendo a maior redução ocorrido em Torre de Moncorvo, com -20,42% (6.822 pessoas).

Seguem-se Alfândega da Fé (-15,34%), Freixo de Espada à Cinta (-14,95%), Vinhais (-14,27%), Carrazeda de Ansiães (-13,79%) e Miranda do Douro (-13,58%).

Bragança, capital de distrito, é o concelho com mais residentes e o único dos 12 concelhos que, em 2011, teve um crescimento populacional, mas também este ano sofreu uma quebra de 2,15%, tendo perdido 761 residentes (34.580 pessoas).

O concelho de Mirandela, o segundo maior do distrito, perdeu 2.468 residentes, passando de uma população de 23.850 habitantes para 21.389 (-10,32%).

Segundo os Censos, Portugal tem hoje 10.347.892 residentes, menos 214.286 do que em 2011, dos quais 4.917.794 homens (48%) e 5.430.098 mulheres (52%).

A fase de recolha dos Censos 2021 decorreu entre 05 de abril e 31 de maio e os dados referem-se à data do momento censitário, dia 19 de abril.

Fonte: Lusa

Reportagem: 10 anos da Unidade Industrial da Carne Mirandesa

Reportagem: 10 anos da Unidade Industrial de Transformação da Carne Mirandesa

A carne mirandesa é hoje uma marca de referência nos mercados nacional e internacional, graças à Unidade Industrial de Transformação, localizada em Vimioso, inaugurada no dia 10 de agosto de 2011, há precisamente 10 anos. (por Hugo Anes)

Vídeo promocional da Cooperativa Agropecuária Mirandesa, CRL

A criação de bovinos

Luís Vaz tem 61 anos e é natural de Avelanoso. Após uma experiência de emigração em França, regressou a Portugal para se dedicar à pecuária. Juntamente com a esposa decidiram instalar-se como jovens agricultores e fizeram um projeto para serem criadores de bovinos de raça mirandesa, uma atividade que, segundo Luís Vaz, “exige muita dedicação”.

Para os criadores de bovinos desta raça autóctone, a Unidade Industrial de Transformação da Carne Mirandesa, localizada em Vimioso, é uma grande mais-valia, pois permite, simultaneamente, vender os animais, transformar a carne e dar maior rentabilidade aos criadores.

Por esta razão, o próximo dia 10 de agosto de 2021, é uma data memorável para o setor agropecuário da região, dado que se celebra o 10º aniversário da inauguração da Unidade Industrial de Transformação da Carne Mirandesa, em Vimioso.

Perguntámos a Luís Vaz, que importância tem esta infraestrutura para os criadores de bovinos de raça Mirandesa? Ao que o criador respondeu sem qualquer hesitação: “Se não fosse a fábrica, os criadores não conseguiriam vender os animais, a carne não teria o destaque que tem hoje nos mercados e mesmo a preservação desta raça de bovinos mirandeses estaria em maior risco”.

O criador de bovinos de Avelanoso, acrescentou que a Unidade Industrial de Transformação da Carne Mirandesa é uma vantagem, pois permite inovar e fabricar outros produtos com a carne mirandesa. Para além da posta mirandesa, da costeleta e do rodilhão – os produtos mais procurados – transforma-se a carne numa gama muito variada de produtos como são as chouriças, as alheiras, etc..

De acordo com Luís Vaz, a existência desta unidade industrial deve-se muito ao anterior presidente da Câmara Municipal de Vimioso, José Rodrigues, que “trabalhou incansavelmente para construir a Unidade Industrial de Transformação de Carne Mirandesa”.

“Se não fosse a fábrica, os criadores não conseguiriam vender os animais, a carne não teria o destaque que tem hoje nos mercados e mesmo a preservação da raça de bovinos mirandeses estaria em maior risco”.

A transformação da carne

Ao referir-se ao 10º aniversário da Unidade Industrial de Transformação da Carne Mirandesa, o engenheiro Nuno Paulo, atual administrador, revelou que a qualidade da carne mirandesa se deve, em primeiro lugar, ao trabalho desenvolvido pelos criadores no trato e alimentação dos animais.

O responsável pela Mirandesa enalteceu também o trabalho realizado pela associação de criadores e pela cooperativa agropecuária, que desempenham um importante papel na valorização da carne. A atribuição da Denominação de Origem Protegida (DOP) foi uma alavanca importante para a comercialização da carne mirandesa.

O engenheiro Nuno Paulo sublinhou que os bovinos mirandeses “são a única raça autóctone do país que tem a sua própria unidade industrial de transformação da carne”.

Segundo o administrador da Mirandesa, esta unidade industrial existe graças ao trabalho de concertado de “todos os criadores e ao empenho de várias entidades, como as autarquias do nordeste transmontano, em particular, a autarquia de Vimioso”, indicou.

Nesta inovadora unidade industrial são implementados vários processos tecnológicos de fabrico, que dão origem a produtos refrigerados, congelados e à charcutaria.

Na charcutaria, por exemplo, fabricam-se produtos como a alheira vitela, a chouriça tradicional especial assar, o paté de fígado com tomilho, as almôndegas, os hambúrgueres, entre outros produtos que tornam a carne mirandesa mais variada e apetecível.

Todos estes produtos são comercializados para os setores da hotelaria, da restauração, da cafetaria e do catering, nos mercados nacional e internacional.

“Os bovinos mirandeses são a única raça autóctone que tem a sua própria unidade industrial de transformação da carne.”

A restauração

O restaurante Miradouro, localizado em Miranda do Douro, é um dos destinos da carne mirandesa.

Bruno Gomes, o proprietário do restaurante, explica a razão da sua preferência por este produto: “A carne mirandesa é suculenta, com uma textura e um sabor únicos, o que a distingue das outras carnes”.

Entre os pratos mais apreciados pelos clientes, Bruno Gomes, indica que a posta à mirandesa, a costeleta de vitela e o rodilhão são os pratos mais procurados.

Sobre a mais-valia da Unidade Industrial de Transformação da Carne Mirandesa, o empresário da restauração, disse que a partir do momento que a fábrica começou a funcionar, a carne começou a ter outra apresentação. “Notou-se uma grande diferença no corte, na maturação e no embalamento da carne mirandesa”.

Também Bruno Gomes, destacou a novidade da gama de produtos finais, como as “hambúrgueres de vitela, o churrasquito mirandês, as chouriças, etc.”, que começaram a ser fabricados graças â Unidade de Transformação da Carne Mirandesa.

“Com a Unidade Industrial notou-se uma grande diferença no corte, na maturação e no embalamento da carne mirandesa.”

Para além da carne, o restaurante Miradouro também procura oferecer aos seus clientes outros produtos locais de excelente qualidade, como são o cordeiro da raça churra galega mirandesa (produto de Denominação de Origem Protegida), os ovos, as batatas e os legumes.

No entanto, na perspetiva do empresário da restauração há um problema que urge resolver: os produtores hortícolas estão desorganizados.

Para resolver este problema, Bruno Gomes, sugere que os produtores hortícolas se organizem numa cooperativa. “Se os produtores hortícolas estiverem organizados numa cooperativa, como acontece na Cooperativa Agropecuária Mirandesa, saberíamos mais facilmente a quem nos dirigir, que quantidades teriam disponíveis e com que regularidade poderiam fornecer os seus produtos à restauração local”, sugeriu.

Ambiente: Vimioso promove ciclo de conversas sobre a natureza

Ambiente: Vimioso promove ciclo de conversas sobre a natureza

Realiza-se hoje, dia 30 de Julho, às 18h30, no auditório do PINTA – Parque Ibérico de Natureza e Aventura de Vimioso, a conversa com o naturalista e repórter António Sá, sobre os seus passeios fotográficos em áreas naturais.

De acordo com a organização, António Sá, que também é formador na arte da fotografia, vai contar aos participantes como lhe surgiu a ideia de partilhar as suas experiências e conhecimentos em forma de passeios na natureza.

No decorrer da conversa, o convidado vai dar resposta a questões como: o que visitar dentro da Reserva da Biosfera Transfronteiriça Meseta Ibérica? E como fazer para que cada incursão na natureza seja única?

Segundo a organização, a participação no Ciclo de Conversas, presencial ou online, é gratuita, mas os participantes devem realizar a sua prévia inscrição através da seguinte ligação: https://www.aepga.pt/…/ciclo-conversas…/inscricoes-767/

A organização informa ainda que por uma questão de segurança sanitária, a lotação presencial está limitada a 20 participantes.

Voluntariado: Vimioso acolhe jovens voluntários internacionais

Voluntariado: Vimioso acolhe jovens voluntários internacionais

Pelo 4º ano consecutivo, o Centro de Acolhimento do Burro (CAB) irá dinamizar no decorrer do mês de agosto, dois campos de trabalho internacionais, nas aldeias de São Joanico e Serapicos, no concelho de Vimioso.

Os Campos de Trabalho Voluntário Internacionais (CTI) são organizados pelo Centro de Acolhimento do Burro (CAB) em parceria com a AEPGA e Associartecine.

Assim, de 2 a 13 de agosto vai realizar-se o campo de trabalho “Powered by Nature III”. De 20 a 31 de agosto, realizar-se-á o “Rural Sustainability” .

As tarefas previstas nos Campos de Trabalho Internacionais (CTI) vão desde a ajuda no Centro de Atividades Lúdico-Pedagógicas, trabalhos de reconstrução de muros de pedra tradicionais, limpeza do rio Angueira, construção e instalação de caixas ninho para aves e promoção da biodiversidade.

De acordo com a organização, os voluntários têm idades compreendidas entre 18 e 30 anos. No decorrer dos campos de trabalho, os jovens voluntários têm direito a alojamento, refeições e um seguro de acidentes pessoais. Os jovens vão ter a oportunidade de conhecer a cultura, locais de interesse histórico e cultural, a gastronomia, fazer caminhadas na companhia dos Burros de Miranda, participar em sessões de cinema e outras atividades.

Os Campo de Trabalho Internacionais são programas co-financiados pelo IPDJ – Instituto Português do Desporto e da Juventude, pela AEPGA e o Município de Vimioso.

Para obter mais informações sobre os Campos de Trabalho Internacionais e para inscrições aceda ao seguinte link: https://www.aepga.pt/…/cab-dinamiza-campos-de-trabalho…/

Autárquicas: Júlio Meirinhos aposta na cooperação transfronteiriça

Autárquicas: Júlio Meirinhos quer maior cooperação transfronteiriça

No dia 15 de julho, o candidato socialista à Câmara Municipal de Miranda do Douro, Júlio Meirinhos, visitou o Ayuntamiento de Zamora, para uma reunião com o alcaide, Francisco Guarido, com quem reconheceu a difícil situação demográfica que vivem ambas as regiões e definiram áreas de cooperação transfronteiriça.

De acordo com Júlio Meirinhos, na dita reunião foram abordados temas como a difícil situação demográfica das duas regiões fronteiriças e estabeleceu-se um princípio de acordo de incrementar a cooperação transfronteiriça entre Miranda do Douro e Zamora.

Para concretizar esta maior cooperação transfronteiriça, o candidato socialista à autarquia de Miranda do Douro, pretende “alavancar a economia, os fluxos turísticos, infraestruturas, cultura e tradições contíguas”, refere o comunicado.

Em conjunto com a província de Zamora, Júlio Meirinhos pretende também promover uma maior integração europeia nas áreas da “educação, saúde, proteção civil, ambiente, candidaturas transfronteiriças conjuntas e vários outros aspetos fundamentais para desenvolver ambas as regiões”, pode ler-se.

Sobre o encontro em Zamora, o ex-autarca de Miranda do Douro, diz que ambas as regiões concordaram sobre a necessidade de fortalecer os laços e desenvolver a cooperação transfronteiriça “a um nível nunca antes atingido”, nomeadamente através do desenvolvimento de projetos no território partilhado das Arribes / Arribas.

HA

Autárquicas: «A agricultura e a pecuária contribuem para a fixação de pessoas no concelho» – Helena Barril

Autárquicas: «A agricultura e a pecuária contribuem para a fixação de pessoas no concelho» – Helena Barril

No dia 18 de julho, a candidata à Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril, promoveu em Malhadas, um debate sobre a agricultura e a pecuária no concelho, uma iniciativa que contou com a participação e o apoio do ex-ministro da agricultura, Arlindo Cunha, e do eurodeputado Nuno Melo.

De acordo com a candidatura social-democrata, a agricultura e a pecuária são setores estratégicos para a fixação da população local no concelho de Miranda do Douro. Segundo Óscar Afonso, candidato à presidência da Assembleia Municipal, a agricultura e a pecuária são atividades determinantes para criar emprego e gerar riqueza no concelho de Miranda do Douro. E segundo o professor universitário, à Câmara Municipal compete criar condições para a sustentabilidade destes setores.

Tiago Sanches da Gama, presidente da Associação de produtores da raça de ovinos churra galega mirandesa, referiu que deve haver mais incentivos para atrair novos criadores. “Há uma população envelhecida de criadores e precisamos atrair novos criadores”, disse. O representante dos produtores de ovinos mirandeses relembrou que as raças autóctones têm a mais-valia da qualidade da carne e desempenham um papel muito importante na limpeza e fertilização dos terrenos.

O eurodeputado, Nuno Melo, afirmou que a agricultura deve ser uma prioridade em concelhos como o de Miranda do Douro. O político recordou que a agricultura é uma atividade resiliente nas crises, como a que estamos a viver atualmente por causa da pandemia. “Neste tempo de pandemia, a agricultura foi uma das atividades que nunca parou, para continuar a produzir os alimentos de que pessoas precisam para viver”, disse. O eurodeputado disse ainda que o mundo rural, para além da agricultura “é também a caça, a restauração, a gastronomia e o turismo”. Nuno Melo, felicitou a candidatura social-democrata, pois ao dar prioridade ao tema da agricultura e da pecuária “dão um grande exemplo, em Miranda do Douro, e também no país”, concluiu.

O ex-ministro da Agricultura, Arlindo Cunha, começou por dizer que o território rural é fundamental para o país e é vital para agir contra as alterações climáticas. No entanto, Arlindo Cunha, sublinhou que a agricultura e a pecuária têm que ser atividades sustentáveis, ou seja, as pessoas têm que conseguir obter um rendimento económico e criar valor com os seus produtos. Entre várias medidas para o alcançar, o ex-ministro da agricultura sugeriu o apoio à realização de mercados locais, de feiras e tradições. “Desde há 25 anos que vivemos sob o monopólio da grande distribuição, dos hipermercados e médias superfícies, que sufocaram e fizeram desaparecer as cadeias e mercados locais”, constatou. Na perspetiva do ex-governante, tem que haver um trabalho local, que estabeleça um canal de comunicação entre as associações ou cooperativas de produtores e aqueles que querem comprar os produtos. Os destinatários locais podem ser as cantinas públicas do município, do centro de saúde, das creches, das misericórdias, etc. “Estamos a falar de centenas de refeições diárias que poderiam ser confecionadas com a produção local”, indicou. Segundo, Arlindo Cunha, esta medida é perfeitamente possível, desde que os líderes políticos locais sejam capazes de sensibilizar e trabalhar com os produtores e potenciais compradores. Para concluir, o ex-ministro da Agricultura, adiantou que, em breve, Portugal vai entrar num novo ciclo da política agrícola comum. Isto significa que até 2027, o setor agropecuário vai disponibilizar cerca de 1200 milhões de euros anuais e o governo português já está a preparar os programas de aplicação destes fundos comunitários. “É importante, que na distribuição destas verbas haja a preocupação da equidade territorial e que regiões como Trás-os-Montes sejam mais favorecidas”, disse.

O presidente da Freguesia de Malhadas, Camilo Raposo, agradeceu a escolha da aldeia de Malhadas para debater o tema da agricultura, “uma atividade de extrema importância no território”, disse.

Helena Barril, candidata do PSD à presidência da Câmara Municipal de Miranda do Douro, concluiu o debate recordando que “é preciso viver numa aldeia para perceber o quanto a agricultura e a pecuária, são importantes para a fixação da população nas aldeias do concelho”.

Na esperança de vir a ser a futura presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril indicou que pretende apoiar a produção agrícola, a certificação dos produtos, a comercialização e também a investigação científica nestes setores.

“A agricultura biológica, as raças autóctones, a lã, o azeite, o mel, o vinho, os frutos secos e os cereais são um manancial de riqueza no nosso território”, indicou.

Entre as medidas que quer implementar, a candidata social-democrata, destacou a urgência na construção do matadouro municipal; o apoio à criação de unidades de transformação de produtos locais, a revitalizar o mercado rural, com a realização todos os sábados, da venda dos produtos locais, nas instalações do mercado municipal e com promoção em Portugal e em Espanha; apostar no fomento do regadio no concelho; estabelecer protocolos com as cooperativas agrícolas que assegurem a sua modernização e competitividade; entre outras medidas.

Para concluir, Helena Barril, realçou a importância de estabelecer a ligação entre a agricultura, a pecuária e a indústria, o comércio e o turismo.

“Se o conseguirmos fazer, estamos a abrir portas para a fixação da população no concelho de Miranda do Douro e a agir contra o despovoamento na região”, concluiu.

HA