Miranda do Douro: Município vai recriar Guerra do Mirandum

De 5 a 7 de maio, o município de Miranda do Douro vai fazer uma recriação histórica da Guerra do Mirandum, numa data em que se assinalam 261 anos desta histórica batalha, que opôs aos portugueses aos invasores espanhóis, em meados do século XVIII.

A 8 de maio de 1762, a praça-forte de Miranda do Douro explodiu e tornou-se num dos momentos mais trágicos da história da cidade. De acordo com o historiador, António Rodrigues Mourinho, mais de 400 pessoas perderam a vida durante esta batalha.

O objetivo desta recriação histórica passa por reviver os heroísmos e as fatalidades da Guerra do Mirandum, que está relacionada com a Guerra dos Sete Anos (1756 a 1763).

Recorde-se que a Guerra dos Sete anos foi provocada pela rivalidade colonial e económica anglo-francesa e opôs a Inglaterra contra a França, tendo envolvido outros países, entre os quais Portugal.

De acordo com uma nota do município de Miranda do Douro, “a recriação histórica vai representar o ambiente barroco do século XVIII, com um mercado popular da época e as peripécias da guerra”. Durante o certame haverá várias atividades lúdicas tais como música, canto, dança, malabarismo e acrobacia, jogos de destreza, treino de armas, entre outros.

Fonte: Lusa e HA

Ambiente: Baixo Sabor em fase final de conclusão

A ministra da Coesão, Ana Abrunhosa, disse que Programa Especial de Gestão da Barragem do Baixo Sabor está em fase final de conclusão e que sem a aprovação deste instrumento, não poderá haver investimentos neste território.

“O Programa Especial de Gestão da Barragem do Baixo Sabor tem de ser aprovado rapidamente, no máximo até ao final do ano, para que também possa ser aprovada a eficiência coletiva dos Lagos do Sabor, para assim se começar a trabalhar em projetos estruturantes neste território”, vincou a governante.

O Programa Especial de Gestão da Barragem do Baixo Sabor é um instrumento para que os municípios deste território concretamente Alfândega da Fé, Mogadouro, Torre de Moncorvo e Macedo de Cavaleiros possam aplicar o Plano Estratégico para a região dos Lagos do Sabor (Baixo Sabor).

“O que os autarcas [destes quatro concelhos] o que estão a propor [ao Governo] é mais ambição e estruturação para o que já está ser implementado neste território”, acrescentou Ana Abrunhosa, que falava aos jornalistas na Feira Medieval de Torre de Moncorvo, após uma reunião de trabalho com os quatro autarcas deste território do Nordeste Transmontano.

Segundo a governante, nesta estratégia cabem investimentos públicos ou privados em áreas como o turismo ou meio ambiente e espera-se concluído no final de 2023.

A ministra da Coesão reconheceu, ainda, que há vontade da Associação de Municípios do Baixo Sabor (AMBS) em obter financiamentos para o desenvolvimento de projetos nesta região do Baixo Sabor, através de vários mecanismos com a estratégia de “eficiência coletiva”.

“Esta é uma oportunidade de os municípios continuarem a consolidar uma estratégia de investimento público neste território que traga investimento privado, que já se começa a notar com o desafio de conciliar os desafios do desenvolvimento com o património natural, sustentabilidade e da biodiversidade”, frisou Ana Abrunhosa.

Em 2017, foi aprovada uma candidatura ao Portugal 2020 com o objetivo de promover a valorização turística do património natural da albufeira do Baixo Sabor e a marca “Lagos do Sabor”.

Para os quatro autarcas da região do Baixo Sabor, a falta do Plano Especial de Gestão, poderá inviabilizar projetos já delineados como os “Lagos do Sabor”, constituídos por cerca de 70 quilómetros navegáveis numa albufeira que resulta da construção da barragem do Baixo Sabor.

O projeto “Lagos do Sabor” prevê ainda a criação de um “Eco-Resort” flutuante, com unidades de alojamento e capacidade de navegação nos lagos e pontos de ancoragem em forma de flor de amendoeira com pequenas piscinas centrais.

A isto, somam-se praias fluviais e ancoradouros, abrangendo os quatro municípios numa única gestão ao longo de 70 quilómetros de lagos.

A albufeira do Baixo Sabor tem cerca de 70 quilómetros navegáveis, abrangendo quatro concelhos numa área de 2.300 quilómetros quadrados.

A albufeira da barragem do Baixo Sabor começou a encher em 2013 e foi inaugurada em 2016.

Fonte: Lusa

Ambiente: Falta de mão-de-obra dificulta limpeza de terrenos

O prazo para a limpeza dos terrenos florestais pelos proprietários termina a 30 de abril, mas diversos municípios dizem que está a ser mais difícil cumprir esta obrigação, devido ao aumento dos custos e à falta de mão-de-obra.

A falta de um cadastro que identifique os donos dos terrenos, muitas vezes nanofúndios resultantes da divisão de heranças, principalmente em zonas afetadas por forte emigração, também dificulta o processo de notificar os proprietários incumpridores, embora os autarcas considerem que mais pessoas estão sensibilizadas para a necessidade de limpar os terrenos.

Com a data limite de 30 de abril para a limpeza dos terrenos, os trabalhos intensificaram-se no concelho de Vila Real, onde, em 2022, se registaram 136 ocorrências que queimaram 5.968 hectares. Só o grande incêndio que deflagrou em 21 de agosto na Samardã, serra do Alvão, consumiu 5.800 hectares.

O vereador da Proteção Civil do município transmontano, Carlos Silva, disse que todas as intervenções preconizadas no Plano Municipal de Defesa da Floresta Contra Incêndios foram concluídas e, em complemento, foram executadas faixas de gestão de combustível em Quintã e em Vilarinho da Samardã e intervenções nos espaços urbanos do bairro de Santa Maria (cidade) e em Cravelas.

Tal como outros autarcas, Carlos Silva acredita que há “cada vez mais” proprietários sensibilizados para o esforço da limpeza, mas apontou entraves ao processo como o custo dos trabalhos, a dificuldade em contratar empresas habilitadas para o efeito e o facto de muitos donos não se encontrarem no concelho.

A maior preocupação do presidente da Câmara de Carrazeda de Ansiães (Bragança), João Gonçalves, é precisamente a dificuldade que Câmara e privados têm enfrentado “em arranjar empresas para fazer a limpeza dos terrenos, em tempo útil, já que a área a limpar é grande e o período da limpeza não é assim tão extenso”.

O autarca deste concelho, atingido por um incêndio que ardeu quatro dias em julho de 2022, garante que as faixas de combustível da responsabilidade municipal foram limpas, porém há o problema do despovoamento e consequente abandono dos terrenos privados, que são pasto para as chamas.

No âmbito da prevenção, a GNR realizou desde o início do ano e até 9 de abril, 3.523 ações de sensibilização para medidas de autoproteção e uso correto do fogo pelas comunidades, que alcançaram quase 70 mil pessoas.

No âmbito da Operação Floresta Segura, a GNR identificou 13.949 situações de incumprimento da limpeza dos terrenos em zonas de risco de incêndio e passou 16 autos de contraordenação por queimas e 58 por queimadas.

Fonte: Lusa

III DOMINGO DA PÁSCOA / 1.º DIA DA SEMANA DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES

Caminhando

At 2, 14.22-33 / Slm 15 (16), 1-2a.5.7-8.9-10.11 / 1 Pe 1, 17-21 / Lc 24, 13-35

Neste III Domingo da Páscoa somos convidados a rezar por uma intenção particular: hoje começa a Semana de Oração pelas Vocações. A primeira vocação de todas é viver a alegria de Jesus ressuscitado.

Temos, no Evangelho, mais um relato das aparições do Ressuscitado. Jesus aparece a dois discípulos que regressam a casa, no lugar de Emaús. Desiludidos pelos acontecimentos que levaram à morte do Mestre, vão marcados pela violência da Paixão. Tristes e derrotados, são surpreendidos por Jesus, que se coloca a caminho com eles.

Meditando nesta narração, pensemos como Jesus nos vem buscar à tristeza e à desesperança. E fá-lo discretamente, com paciência, através de uma memória agradecida dos momentos em que experimentámos a alegria da fé.

Ainda hoje Jesus ressuscitado é capaz de nos mostrar novos horizontes «ao virar da esquina». Só temos de confiar no seu amor. O Evangelho diz que Jesus se revela a estes dois homens na fração do pão, quando se sentam com Ele à mesa, recordando que a presença do Ressuscitado se vive sobretudo no Sacramento da Eucaristia.

Os Atos dos Apóstolos apresentam um excerto da primeira pregação de São Pedro a respeito do núcleo central da fé da Igreja. O Apóstolo, que vemos aqui falar de pé com convicção, é agora um Pedro muito diferente daquele que negou Jesus três vezes. O seu anúncio é cheio de força e segurança, determinado em afirmar que é testemunha da ressurreição. Na Primeira Epístola de São Pedro, o mesmo Apóstolo São Pedro lembra aos cristãos que nada disto aconteceu em vão; fomos resgatados pelo «sangue precioso de Cristo, Cordeiro sem defeito e sem mancha». Como a comunidade cristã primitiva, também nós nos vamos transformando em testemunhas de Jesus ressuscitado e do amor de Deus, vivo e atuante no coração da humanidade.

Fonte: Rede Mundial de Oração do Papa

Vimioso: Dia Mundial do Livro é celebrado em São Joanico

Para celebrar o Dia Mundial do Livro, que se assinala no próximo Domingo, dia 23 de abril, o município de Vimioso vai realizar na localidade de São Joanico, o primeiro encontro do projeto “Chá com Livros”, uma iniciativa que pretende criar um clube de leitura e assim despertar (ou reavivar) o interesse da população local pelos livros.

De acordo com a vereadora da cultura do município de Vimioso, Carina Lopes, um dos objetivos do projeto “Chá com livros”, que vai ser apresentado às 16h00, na antiga escola primária de São Joanico, é disponibilizar obras literárias às pessoas que vivem nas freguesias do concelho de Vimioso.

“Os livros também são uma companhia e é importante que as pessoas não percam ou adquiram hábitos de leitura! Outra vertente do projeto é descobrir nas várias localidades do concelho de Vimioso, pessoas que tenham talento para a escrita e pretendam editar os seus trabalhos”, justificou.

Atualmente, são cientificamente reconhecidos os benefícios do hábito regular da leitura.

Entre estes benefícios destacam-se o desenvolvimento do conhecimento, da concentração, da memória, da criatividade, assim como a diversificação do vocabulário e por conseguinte o aperfeiçoamento da comunicação oral e escrita.

Outro benefício da leitura é proporcionar momentos de lazer e de descanso.

O Dia Mundial do Livro e dos Direitos de Autor que se assinala no próximo Domingo, dia 23 de abril, é uma comemoração anual criada pela UNESCO, em 1995. Com esta efeméride, a UNESCO pretende promover o interesse pela leitura, pela publicação de livros e pela proteção dos direitos de autor.

HA

Mogadouro: Falta de chuva condicionou aparecimento de pantorras

O presidente da Associação Micológica “A Pantorra” explicou que que a falta de chuva no início de abril, não permitiu o aparecimento de pantorras, um cogumelo silvestre muito procurado no nordeste transmontano devido ao seu potencial gastronómico.

“A expectativa para o aparecimento de pantorras é baixa. Apesar da quantidade de chuva que se fez sentir nos últimos meses, seguiu-se uma fase de seca que não deixou desenvolver esta espécie de cogumelos silvestres, havendo muito poucos em comparação com um ano normal”, explicou o micólogo Manuel Moredo.

Esta situação foi dada a conhecer na véspera de uma saída de campo, marcada para sábado pela manhã, que se enquadra no encontro de primavera desta associação micológica, com sede em Mogadouro.

“A pantorra [‘Morchella esculenta’] é um cogumelo que nem sempre se encontra. O ano passado houve muitas pantorras. Este ano há poucas, mas as saídas de campo valem sempre a pena, não só por estes cogumelos, mas também pelo convívio e o contacto com a natureza”, vincou Manuel Moredo.

Mesmo com fracas expectativas, os lameiros, soutos e pinhais, do Nordeste Transmontano são locais ideais para a apanha, que são batidos palmo a palmo nesta altura do ano pelos recoletores de cogumelos silvestres, alguns dos quais o fazem por gosto e outros porque encontraram nesta atividade uma forma de sustento.

“Este tipo de cogumelos de primavera, como é o caso das pantorras, tidas como dos mais emblemáticos, são muito apreciados e procurados pelo seu potencial gustativo e um quilo deste fungo poderá chegar aos 20 euros”, indicou o micólogo transmontano.

De acordo com o especialista, há também outras formas de consumir pantorras, que “é em seco”, com o quilo destes cogumelos silvestres desidratados a corresponder a 10 quilos em fresco e a custar mais de 200 euros/quilo.

Durante a primavera, os primeiros cogumelos a sair são as pantorras, seguindo-se os cantarelos (também conhecidos por ‘rapazinhos’), boletos e ‘Amanita ponderas’.

“As pantorras têm uma característica única. Estes cogumelos, só aparecem uma vez, não sendo possível colher outro exemplar no mesmo local, o que faz dele mais raro do que as outras espécies e mais apreciado”, explicou Manuel Moredo.

Apesar de serem muito procuradas, as pantorras têm alguma toxicidade, pelo que há cuidados a ter em conta.

“Trata-se de um cogumelo tóxico que tem de ser degustado em pequenas quantidades, mas não é mortal. E daí advém o termo ‘empanturrado’, devido à sua toxina”. Em fresco têm de ser cozinhados com várias lavagens com água quente. A forma mais segura de os consumir é comprá-los em seco, porque estão ausentes de toxicidade”, explicou Manuel Moredo

A restauração vê neste tipo de fungos um excelente complemento às suas cartas gastronómicas e a procura é cada vez mais elevada por quem vem dos grandes centros urbanos ou da vizinha Espanha, mas esta primavera escasseiam as famosas pantorras.

Apesar do valor económico dos fungos, em Portugal ainda não há legislação que regulamente o setor e esse “vazio legal” não permite a “certificação” das mais variadas espécies para que se tornem numa mais-valia.

Fonte: Lusa

Ambiente: Comissão de acompanhamento da seca reúne-se para debater medidas

Pela primeira vez este ano, a comissão de acompanhamento dos efeitos da seca reúne-se a 21 de abril, num momento em que metade do país está em seca meteorológica e há três albufeiras com um nível de água inferior a 15%.

A 13.ª Reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca (CPPMAES) é presidida pelos ministros do Ambiente e Ação Climática, Duarte Cordeiro, e da Agricultura, Maria do Céu Antunes.

Em declarações públicas, o ministro já tinha admitido que poderá ser necessário aplicar medidas de contingência.

Segundo o último boletim climatológico do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) a situação de seca meteorológica aumentou em Portugal continental durante o mês de março, piorando na região sul. Nessa data 48% do território encontrava-se em seca meteorológica, enquanto no último dia de fevereiro a percentagem era de 28%.

De acordo com o IPMA, verificou-se um aumento da intensidade da seca meteorológica na região sul, destacando-se os distritos de Setúbal e Beja e alguns locais do sotavento algarvio, que se encontram na classe de seca severa.

A 17 de abril, o boletim semanal de albufeiras, divulgado pela Agência Portuguesa do Ambiente, dava conta de que três albufeiras estavam a menos de 20% da capacidade, sendo todas no sul do país: Campilhas, a 13%, e Monte da Rocha a 10%, na bacia do Sado, e Bravura a 14% na bacia das Ribeiras do Barlavento.

Com uma capacidade abaixo de 40% estavam mais quatro albufeiras.

Na quinta-feira foi divulgado o relatório do Serviço de Monitorização das Alterações Climáticas Copérnicus, “Estado do Clima Europeu 2022”, referindo que as temperaturas na Europa estão a subir duas vezes mais que a média global e este aumento é mais rápido do que em qualquer outro continente.

O Serviço sustenta que a Europa está a assistir a uma tendência ascendente do número de dias de verão com “stresse de calor forte” ou “muito forte” e no sul da Europa existe já “stresse de calor extremo”.

A Associação Nacional de Produtores de Cereais já manifestou preocupação com a situação de seca no país, apelando ao Governo para que tome “as devidas providências” para mitigar os efeitos da falta de chuva.

Fonte: Lusa

Miranda do Douro: Pecuária e agricultura biológica são fatores de desenvolvimento

A 19 de abril foi apresentado em Miranda do Douro, o projeto Rural On – Agricultura Conectada, uma iniciativa que pretende contribuir para o desenvolvimento da agricultura, da pecuária e da viticultura no concelho, através da implementação de boas práticas e conhecimentos científicos.

Este projeto é uma iniciativa da Associação de Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro (APPITAD), em parceria com o MORE – COLAB Montanhas de Investigação e a sessão de esclarecimento realizada em Miranda do Douro, foi dedicada ao tema da sustentabilidade ambiental e da agricultura circular.

Para aprofundar estas temáticas, foram convidados o engenheiro Nuno Paulo, da Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa, que começou por dizer que os criadores desta raça autóctone despenham um importante papel, no povoamento de concelhos bom baixa densidade populacional, como é o caso do concelho de Miranda do Douro.

Referindo-se à evolução da raça de bovinos mirandeses, o também responsável pela Cooperativa Agropecuária Mirandesa, indicou que atualmente existem 338 explorações.

“Cada exploração tem em média 15,05 animais. E no total, estão registados 5283 animais”, indicou.

Segundo a Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa, esta raça autóctone gera anualmente 4 milhões de euros, sendo que a matéria-prima (os animais), a mão de obra e a transformação da carne mirandesa (em subprodutos) são processos inteiramente realizados na região.

“Em 2022, foram vendidas 343 toneladas de carne mirandesa”, precisou.

Segundo o relatório apresentado no decorrer da sessão, 79% desta carne destina-se ao mercado nacional, 12% ao internacional e 9% é vendida na região de origem.

Sobre os desafios que a marca “Carne Mirandesa” enfrenta, Nuno Paulo, elencou a necessidade de continuar a exigir o cumprimentos das regras nas explorações, de modo a assegurar a qualidade da carne, que pretendem continuar a apresentar em novos nichos dos mercados internacionais.

“Os nossos clientes valorizam a qualidade, a proveniência e a história da carne mirandesa”, concluiu.

No painel dedicado à viticultura, Joana Sobrinho, da Quinta do Romeu, em Mirandela, destacou a crescente importância da agricultura biológica na saúde dos consumidores e da preservação do ambiente.

“A agricultura biológica permite produzir alimentos de elevada qualidade e simultaneamente manter e aumentar a fertilidade dos solos”, defendeu.

Em sentido inverso, a engenheira agrícola, alertou que os herbicidas e a constante mobilização das terras (lavras), acabam por degradar os solos e provocam a extinção dos predadores naturais, o que conduz ao aparecimento das pragas.

“No nordeste transmontano, devido às constantes lavras, os solos têm perdido matéria orgânica, têm um PH ácido e não conseguem reter água ou humidade. Os solos nus perdem muito mais água, do que os solos cobertos”, explicou.

Joana Sobrinho prosseguiu dizendo que para alimentar as plantas, há que cuidar dos solos. E deu o exemplo da Quinta do Romeu, nas proximidades de Mirandela, onde os solos dos olivais e das vinhas não são lavrados há muitos anos.

“Na Quinta do Romeu, em vez das lavras, optamos pela manutenção da cobertura vegetal. Esta técnica permite manter os solos dos olivais e das vinhas, com nutrientes e água. Um bom indicador da matéria orgânica nos solos é o aparecimento de papoilas, o que indica a existência de potássio e fosfato ”, informou.

No final da sua intervenção, a engenheira agrícola, disse que embora o preço dos produtos biológicos seja um pouco mais dispendioso, a qualidade, o sabor e o contributo para a preservação do solo e da biodiversidade são boas razões para optar pelos produtos da agricultura biológica.

HA

Miranda do Douro: Cartolinhas Peregrinos chegaram a Fátima

O grupo de 11 peregrinos que caminhou de 16 a 25 de março, entre Miranda do Douro e o Santuário de Fátima, disse que esta dura experiência física e psicológica de percorrer 370 quilómetros, permitiu-lhes aprofundar o conhecimento e o respeito de uns pelos outros e adquirir uma maior consciência da presença de Deus nas suas vidas.

Ao longo de 10 dias, o grupo denominado “Cartolinhas Peregrinos” – constituído por seis mulheres e cinco homens, com idades compreendidas entre os 37 e os 67 anos – caminharam 37 quilómetros por dia.

Três destes peregrinos, Bruno Rodrigues, Raúl Silva e Fernando Mendes, disseram que para empreender esta grande aventura foi necessário planear previamente as etapas a percorrer, as refeições para cada jornada e os locais onde iriam descansar durante a noite.

“O planeamento e a logística foram fundamentais para que a peregrinação fosse bem sucedida. Na logística, o carro de apoio prestou um serviço imprescindível, já que assegurou a assistência aos peregrinos ao longo do caminho, bem como o transporte de água, da alimentação e preparou ainda o alojamento no final de cada etapa”, indicaram.

Ao longo do percurso, os peregrinos evitaram caminhar nas estradas nacionais por causa do trânsito e do maior perigo de acidentes. Na rota traçada, passaram por localidades como Tó (Mogadouro), Carviçais, Vila Nova de Foz Coa, Moitos de Trancoso, Celorico da Beira, São Romos (Seia), Arganil, Bairro Novo (Miranda do Corvo), Alvaiázere e Fátima.

“Na passagem por estas localidades, fomos sempre muito bem recebidos. As pessoas sabendo que íamos a caminho do Santuário de Fátima, encomendaram-nos mesmo orações a Nossa Senhora”, revelaram.

E a oração também fez parte do dia-a-dia do grupo. Em jornada, a oração da manhã deu início à caminhada. Depois, ao início da tarde, o grupo rezou o terço.

“Houve dias, em que na chegada às localidades, como sucedeu em Vila Nova de Foz Coa, também participámos na missa”, acrescentaram.

No final dos dias, os peregrinos mirandeses ficaram alojados nas instalações das corporações dos bombeiros das várias localidades e afirmaram que foram sempre muito bem acolhidos.

Sobre o percurso, os peregrinos de Miranda do Douro criticaram a inoperância do governo e dos municípios portugueses em construir trajetos e colocar a devida sinalização em direção a Fátima.

“Dada a grande afluência de pessoas, as peregrinações a Fátima têm um potencial idêntico às peregrinações dos Caminhos de Santiago de Compostela, em Espanha. Mas em Portugal, falta fazer quase tudo, não há caminhos definidos, não há sinalização, não há albergues, nem sequer há informação”, criticaram.

Para Fernando Mendes, o mais velho do grupo, com 67 anos, o que mais o impressionou nesta peregrinação a Fátima, foi codividir o sofrimento físico e psicológico com os companheiros e companheiras de caminhada.

“As longas caminhadas diárias de 37 quilómetros, com subidas e descidas, debaixo do sol e noutros dias com chuva e frio causaram-nos um grande sofrimento. Houve pessoas do nosso grupo que ficaram mesmo com os pés em ferida e o seu sofrimento fez-nos sofrer”, disse.

Outra dificuldade na peregrinação foi gerir as emoções no grupo.

“A convivência diária, os diferentes ritmos, o cansaço, o sofrimento e a ansiedade de querer chegar rapidamente ao destino, provocaram desgaste e pequenos conflitos”, contaram.

E esta ansiedade aumentou à medida que os peregrinos de Miranda do Douro se iam aproximando do destino. Para o grupo, a última etapa, entre Alvaiázere e Fátima, foi mesmo a mais difícil.

A tão desejada chegada ao Santuário de Nossa Senhora, em Fátima, aconteceu no dia previsto, no sábado, dia 25 de março, onde os 11 peregrinos mirandeses tinham à espera os familiares.

“Na chegada ao santuário, o grupo teve o gesto muito bonito de se descalçar e caminhar descalço”, contaram.

Na noite de sábado, os peregrinos mirandeses e os seus familiares participaram na procissão das velas.

No dia seguinte, Domingo, antes do regresso a casa, o grupo participou na Eucaristia Dominical, celebrada na Basílica da Santíssima Trindade.

Concluída a peregrinação, os Cartolinhas Peregrinos revelaram que nesta experiência aprenderam a conhecer-se melhor, a respeitar a diferença e o ritmo uns dos outros.

Sobre a fé que os levou a percorrer 370 quilómetros de planaltos, vales e montanhas, os peregrinos mirandeses afirmaram que ao longo dos dias da peregrinação aprofundaram a consciência da presença de Deus nas suas vidas.
Fotos: Cartolinhas Peregrinos

HA

Pecuária: Produtores de ovinos de raça mirandesa registaram poucas vendas na Páscoa

Na Páscoa, os produtores de ovinos do planalto mirandês registaram poucas vendas da carne e, se não fossem os apoios governamentais por cabeça, teriam muitas dificuldades em continuar a atividade pecuária.

Ilda Parada, uma criadora de ovinos de Raça Churra Mirandesa, disse que de momento não compensa criar estes animais, acrescentando que só o faz porque gosta de ter ovelhas, mas face ao aumento de preços dos fatores de produção e da inflação, não compensa.

“Se não fossem os apoios à manutenção desta raça, não ficava nada. Porque são as grandes superfícies comerciais que ficam com o lucro, como se verificou no período da Páscoa”, disse.

De acordo com a produtora, um cordeiro com 12 quilos pode valer 50 euros, acrescentando, que, nas grandes superfícies comerciais, o quilo de cordeiro ultrapassa atualmente os 12 euros por quilo.

“Não ficamos com nada, o lucro vai sempre para os mesmos. Atualmente, o que vale são os subsídios à manutenção de raça autóctone”, rematou.

Cada ovelha de raça churra mirandesa recebe um subsidio no âmbito das medidas agro-ambientais, que tem como objetivo a preservação desta raça autóctone, em risco, no valor de 24 euros, a que acresce o prémio de ovinos e caprinos no valor de 21 euros.

Já o produtor de pequenos ruminantes, Manuel António Duarte, refere que os intermediários têm um lucro “imediato”, enquanto quem vende demora mais tempo a criar os cordeiros e os gastos são contínuos e as mais-valias nem sempre são as desejadas.

“Por este motivo, somos penalizados em relação aos intermediários. Quem compra os cordeiros são comerciantes que vêm de fora desta região, principalmente da área do Grande Porto, destinados aos restaurantes e outros clientes”, especificou.

Este produtor disse igualmente que são aos subsídios que dão por cabeça de este tipo de animais que ainda vão mantendo a produção, já que estes apoios rondam os 40 euros por animal.

“Se não fossem estes apoios, tínhamos de arrumar as botas”, enfatizou o também pastor.

Por seu lado, Maria Cristina Ventura disse que não conseguiu vender os seus cordeiros na Páscoa dado os preços baixos pagos pelos intermediários e terá de esperar por outra oportunidade.

“Para quem tem poucos animais, não compensa vender ao preço de mercado, embora sejam raças de qualidade superior. Quem tem muitos ainda se aguenta por via dos subsídios. Quem tem poucos não tem lucro, tem trabalho “, frisou.

O presidente da Associação de Criadores de Ovinos Raça Churra Galega Mirandesa, Tiago Sanches da Gama verificou que no período da Páscoa, o escoamento de carne proveniente desta raça de ovinos foi reduzido devido à inflação.

“A carne de ovelha ficou de fora da medida do IVA 0%, numa altura em que os fatores de produção aumentam. Se não houvesse apoios a esta raça, não compensaria a sua manutenção, sendo este apoio que mantém as explorações a funcionar”, acrescentou o dirigente que é também produtor de ovinos.

Esta associação, com sede em Malhadas, no concelho de Miranda do Douro, tem um efetivo de produção que ronda as sete mil fêmeas reprodutoras e cerca de 200 machos reprodutores.

Fonte: Lusa