Opinião: Corte de árvores no Santuário de Nossa Senhora da Visitação, em Vimioso
Recentemente foram cortados muitos dos pinheiros que embelezavam o Santuário de Nossa Senhora da Visitação, em Vimioso. Este corte apanhou de surpresa muitos dos habitantes da vila, para quem este espaço era um oásis de frescura, de silêncio, de contemplação, de oração, de celebração, de desporto, de caminhadas e de convívio.
Quanto tanto se fala da própria sobrevivência e do imperativo de respeitar a Natureza para evitar as alterações climáticas e o aparecimento de infeções virais de que é exemplo a atual pandemia, pergunto que valores ou razões estiveram na origem desta decisão de desflorestar aquele espaço cuja maior beleza é a sombra, a frescura e o aroma das próprias árvores?
Pergunto se alguém terá vontade de visitar e desfrutar do Santuário, quando este se torna num espaço ermo, seco, quente e desconfortável?
Como o Santo Padre Francisco ensina, decisões desta natureza devem ser tomadas em sinodalidade, isto é, com toda a comunidade. “Há que escutar as pessoas, pois é através delas que o Espírito Santo, muitas vezes Se comunica”, diz Francisco.
Lamento profundamente a decisão, a meu ver gravíssima, do corte das árvores naquele espaço sagrado. Na minha opinião, quem tomou a decisão de cortar as árvores, devia prestar esclarecimentos a toda a população, a quem frequenta a Igreja e quem não, porque o Santuário é para todos. Há que responder às questões: para quê o corte das árvores? Quanto dinheiro rendeu a venda da madeira? Que obras se pretende realizar com esse dinheiro? E o bem maior era mesmo a amputação e destruição deste espaço?
Censos2021: Distrito de Bragança perdeu mais de 13 mil habitantes na última década
O distrito de Bragança perdeu na última década mais de 13 mil habitantes, uma quebra de 9,85%, registando uma população de 122.833 pessoas, segundo os dados preliminares do Censos 2021.
De acordo com as estatísticas oficiais, entre 2011 e 2021 este distrito perdeu 13.419 pessoas, passando de uma população de 136.252 habitantes para 122.833 (-9,85%).
Entre os 12 concelhos, todos perderam população, tendo a maior redução ocorrido em Torre de Moncorvo, com -20,42% (6.822 pessoas).
Seguem-se Alfândega da Fé (-15,34%), Freixo de Espada à Cinta (-14,95%), Vinhais (-14,27%), Carrazeda de Ansiães (-13,79%) e Miranda do Douro (-13,58%).
Bragança, capital de distrito, é o concelho com mais residentes e o único dos 12 concelhos que, em 2011, teve um crescimento populacional, mas também este ano sofreu uma quebra de 2,15%, tendo perdido 761 residentes (34.580 pessoas).
O concelho de Mirandela, o segundo maior do distrito, perdeu 2.468 residentes, passando de uma população de 23.850 habitantes para 21.389 (-10,32%).
Segundo os Censos, Portugal tem hoje 10.347.892 residentes, menos 214.286 do que em 2011, dos quais 4.917.794 homens (48%) e 5.430.098 mulheres (52%).
A fase de recolha dos Censos 2021 decorreu entre 05 de abril e 31 de maio e os dados referem-se à data do momento censitário, dia 19 de abril.
Reportagem: 10 anos da Unidade Industrial de Transformação da Carne Mirandesa
A carne mirandesa é hoje uma marca de referência nos mercados nacional e internacional, graças à Unidade Industrial de Transformação, localizada em Vimioso, inaugurada no dia 10 de agosto de 2011, há precisamente 10 anos. (por Hugo Anes)
Vídeo promocional da Cooperativa Agropecuária Mirandesa, CRL
A criação de bovinos
Luís Vaz tem 61 anos e é natural de Avelanoso. Após uma experiência de emigração em França, regressou a Portugal para se dedicar à pecuária. Juntamente com a esposa decidiram instalar-se como jovens agricultores e fizeram um projeto para serem criadores de bovinos de raça mirandesa, uma atividade que, segundo Luís Vaz, “exige muita dedicação”.
Para os criadores de bovinos desta raça autóctone, a Unidade Industrial de Transformação da Carne Mirandesa, localizada em Vimioso, é uma grande mais-valia, pois permite, simultaneamente, vender os animais, transformar a carne e dar maior rentabilidade aos criadores.
Por esta razão, o próximo dia 10 de agosto de 2021, é uma data memorável para o setor agropecuário da região, dado que se celebra o 10º aniversário da inauguração da Unidade Industrial de Transformação da Carne Mirandesa, em Vimioso.
Perguntámos a Luís Vaz, que importância tem esta infraestrutura para os criadores de bovinos de raça Mirandesa? Ao que o criador respondeu sem qualquer hesitação: “Se não fosse a fábrica, os criadores não conseguiriam vender os animais, a carne não teria o destaque que tem hoje nos mercados e mesmo a preservação desta raça de bovinos mirandeses estaria em maior risco”.
O criador de bovinos de Avelanoso, acrescentou que a Unidade Industrial de Transformação da Carne Mirandesa é uma vantagem, pois permite inovar e fabricar outros produtos com a carne mirandesa. Para além da posta mirandesa, da costeleta e do rodilhão – os produtos mais procurados – transforma-se a carne numa gama muito variada de produtos como são as chouriças, as alheiras, etc..
De acordo com Luís Vaz, a existência desta unidade industrial deve-se muito ao anterior presidente da Câmara Municipal de Vimioso, José Rodrigues, que “trabalhou incansavelmente para construir a Unidade Industrial de Transformação de Carne Mirandesa”.
“Se não fosse a fábrica, os criadores não conseguiriam vender os animais, a carne não teria o destaque que tem hoje nos mercados e mesmo a preservação da raça de bovinos mirandeses estaria em maior risco”.
A transformação da carne
Ao referir-se ao 10º aniversário da Unidade Industrial de Transformação da Carne Mirandesa, o engenheiro Nuno Paulo, atual administrador, revelou que a qualidade da carne mirandesa se deve, em primeiro lugar, ao trabalho desenvolvido pelos criadores no trato e alimentação dos animais.
O responsável pela Mirandesa enalteceu também o trabalho realizado pela associação de criadores e pela cooperativa agropecuária, que desempenham um importante papel na valorização da carne. A atribuição da Denominação de Origem Protegida (DOP) foi uma alavanca importante para a comercialização da carne mirandesa.
O engenheiro Nuno Paulo sublinhou que os bovinos mirandeses “são a única raça autóctone do país que tem a sua própria unidade industrial de transformação da carne”.
Segundo o administrador da Mirandesa, esta unidade industrial existe graças ao trabalho de concertado de “todos os criadores e ao empenho de várias entidades, como as autarquias do nordeste transmontano, em particular, a autarquia de Vimioso”, indicou.
Nesta inovadora unidade industrial são implementados vários processos tecnológicos de fabrico, que dão origem a produtos refrigerados, congelados e à charcutaria.
Na charcutaria, por exemplo, fabricam-se produtos como a alheira vitela, a chouriça tradicional especial assar, o paté de fígado com tomilho, as almôndegas, os hambúrgueres, entre outros produtos que tornam a carne mirandesa mais variada e apetecível.
Todos estes produtos são comercializados para os setores da hotelaria, da restauração, da cafetaria e do catering, nos mercados nacional e internacional.
“Os bovinos mirandeses são a única raça autóctone que tem a sua própria unidade industrial de transformação da carne.”
A restauração
O restaurante Miradouro, localizado em Miranda do Douro, é um dos destinos da carne mirandesa.
Bruno Gomes, o proprietário do restaurante, explica a razão da sua preferência por este produto: “A carne mirandesa é suculenta, com uma textura e um sabor únicos, o que a distingue das outras carnes”.
Entre os pratos mais apreciados pelos clientes, Bruno Gomes, indica que a posta à mirandesa, a costeleta de vitela e o rodilhão são os pratos mais procurados.
Sobre a mais-valia da Unidade Industrial de Transformação da Carne Mirandesa, o empresário da restauração, disse que a partir do momento que a fábrica começou a funcionar, a carne começou a ter outra apresentação. “Notou-se uma grande diferença no corte, na maturação e no embalamento da carne mirandesa”.
Também Bruno Gomes, destacou a novidade da gama de produtos finais, como as “hambúrgueres de vitela, o churrasquito mirandês, as chouriças, etc.”, que começaram a ser fabricados graças â Unidade de Transformação da Carne Mirandesa.
“Com a Unidade Industrial notou-se uma grande diferença no corte, na maturação e no embalamento da carne mirandesa.”
Para além da carne, o restaurante Miradouro também procura oferecer aos seus clientes outros produtos locais de excelente qualidade, como são o cordeiro da raça churra galega mirandesa (produto de Denominação de Origem Protegida), os ovos, as batatas e os legumes.
No entanto, na perspetiva do empresário da restauração há um problema que urge resolver: os produtores hortícolas estão desorganizados.
Para resolver este problema, Bruno Gomes, sugere que os produtores hortícolas se organizem numa cooperativa. “Se os produtores hortícolas estiverem organizados numa cooperativa, como acontece na Cooperativa Agropecuária Mirandesa, saberíamos mais facilmente a quem nos dirigir, que quantidades teriam disponíveis e com que regularidade poderiam fornecer os seus produtos à restauração local”, sugeriu.
Ambiente: Vimioso promove ciclo de conversas sobre a natureza
Realiza-se hoje, dia 30 de Julho, às 18h30, no auditório do PINTA – Parque Ibérico de Natureza e Aventura de Vimioso, a conversa com o naturalista e repórter António Sá, sobre os seus passeios fotográficos em áreas naturais.
De acordo com a organização, António Sá, que também é formador na arte da fotografia, vai contar aos participantes como lhe surgiu a ideia de partilhar as suas experiências e conhecimentos em forma de passeios na natureza.
No decorrer da conversa, o convidado vai dar resposta a questões como: o que visitar dentro da Reserva da Biosfera Transfronteiriça Meseta Ibérica? E como fazer para que cada incursão na natureza seja única?
Segundo a organização, a participação no Ciclo de Conversas, presencial ou online, é gratuita, mas os participantes devem realizar a sua prévia inscrição através da seguinte ligação: https://www.aepga.pt/…/ciclo-conversas…/inscricoes-767/
A organização informa ainda que por uma questão de segurança sanitária, a lotação presencial está limitada a 20 participantes.
Pelo 4º ano consecutivo, o Centro de Acolhimento do Burro (CAB) irá dinamizar no decorrer do mês de agosto, dois campos de trabalho internacionais, nas aldeias de São Joanico e Serapicos, no concelho de Vimioso.
Os Campos de Trabalho Voluntário Internacionais (CTI) são organizados pelo Centro de Acolhimento do Burro (CAB) em parceria com a AEPGA e Associartecine.
Assim, de 2 a 13 de agosto vai realizar-se o campo de trabalho “Powered by Nature III”. De 20 a 31 de agosto, realizar-se-á o “Rural Sustainability” .
As tarefas previstas nos Campos de Trabalho Internacionais (CTI) vão desde a ajuda no Centro de Atividades Lúdico-Pedagógicas, trabalhos de reconstrução de muros de pedra tradicionais, limpeza do rio Angueira, construção e instalação de caixas ninho para aves e promoção da biodiversidade.
De acordo com a organização, os voluntários têm idades compreendidas entre 18 e 30 anos. No decorrer dos campos de trabalho, os jovens voluntários têm direito a alojamento, refeições e um seguro de acidentes pessoais. Os jovens vão ter a oportunidade de conhecer a cultura, locais de interesse histórico e cultural, a gastronomia, fazer caminhadas na companhia dos Burros de Miranda, participar em sessões de cinema e outras atividades.
Os Campo de Trabalho Internacionais são programas co-financiados pelo IPDJ – Instituto Português do Desporto e da Juventude, pela AEPGA e o Município de Vimioso.
Autárquicas: Júlio Meirinhos quer maior cooperação transfronteiriça
No dia 15 de julho, o candidato socialista à Câmara Municipal de Miranda do Douro, Júlio Meirinhos, visitou o Ayuntamiento de Zamora, para uma reunião com o alcaide, Francisco Guarido, com quem reconheceu a difícil situação demográfica que vivem ambas as regiões e definiram áreas de cooperação transfronteiriça.
De acordo com Júlio Meirinhos, na dita reunião foram abordados temas como a difícil situação demográfica das duas regiões fronteiriças e estabeleceu-se um princípio de acordo de incrementar a cooperação transfronteiriça entre Miranda do Douro e Zamora.
Para concretizar esta maior cooperação transfronteiriça, o candidato socialista à autarquia de Miranda do Douro, pretende “alavancar a economia, os fluxos turísticos, infraestruturas, cultura e tradições contíguas”, refere o comunicado.
Em conjunto com a província de Zamora, Júlio Meirinhos pretende também promover uma maior integração europeia nas áreas da “educação, saúde, proteção civil, ambiente, candidaturas transfronteiriças conjuntas e vários outros aspetos fundamentais para desenvolver ambas as regiões”, pode ler-se.
Sobre o encontro em Zamora, o ex-autarca de Miranda do Douro, diz que ambas as regiões concordaram sobre a necessidade de fortalecer os laços e desenvolver a cooperação transfronteiriça “a um nível nunca antes atingido”, nomeadamente através do desenvolvimento de projetos no território partilhado das Arribes / Arribas.
Autárquicas: «A agricultura e a pecuária contribuem para a fixação de pessoas no concelho» – Helena Barril
No dia 18 de julho, a candidata à Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril, promoveu em Malhadas, um debate sobre a agricultura e a pecuária no concelho, uma iniciativa que contou com a participação e o apoio do ex-ministro da agricultura, Arlindo Cunha, e do eurodeputado Nuno Melo.
De acordo com a candidatura social-democrata, a agricultura e a pecuária são setores estratégicos para a fixação da população local no concelho de Miranda do Douro. Segundo Óscar Afonso, candidato à presidência da Assembleia Municipal, a agricultura e a pecuária são atividades determinantes para criar emprego e gerar riqueza no concelho de Miranda do Douro. E segundo o professor universitário, à Câmara Municipal compete criar condições para a sustentabilidade destes setores.
Tiago Sanches da Gama, presidente da Associação de produtores da raça de ovinos churra galega mirandesa, referiu que deve haver mais incentivos para atrair novos criadores. “Há uma população envelhecida de criadores e precisamos atrair novos criadores”, disse. O representante dos produtores de ovinos mirandeses relembrou que as raças autóctones têm a mais-valia da qualidade da carne e desempenham um papel muito importante na limpeza e fertilização dos terrenos.
O eurodeputado, Nuno Melo, afirmou que a agricultura deve ser uma prioridade em concelhos como o de Miranda do Douro. O político recordou que a agricultura é uma atividade resiliente nas crises, como a que estamos a viver atualmente por causa da pandemia. “Neste tempo de pandemia, a agricultura foi uma das atividades que nunca parou, para continuar a produzir os alimentos de que pessoas precisam para viver”, disse. O eurodeputado disse ainda que o mundo rural, para além da agricultura “é também a caça, a restauração, a gastronomia e o turismo”. Nuno Melo, felicitou a candidatura social-democrata, pois ao dar prioridade ao tema da agricultura e da pecuária “dão um grande exemplo, em Miranda do Douro, e também no país”, concluiu.
O ex-ministro da Agricultura, Arlindo Cunha, começou por dizer que o território rural é fundamental para o país e é vital para agir contra as alterações climáticas. No entanto, Arlindo Cunha, sublinhou que a agricultura e a pecuária têm que ser atividades sustentáveis, ou seja, as pessoas têm que conseguir obter um rendimento económico e criar valor com os seus produtos. Entre várias medidas para o alcançar, o ex-ministro da agricultura sugeriu o apoio à realização de mercados locais, de feiras e tradições. “Desde há 25 anos que vivemos sob o monopólio da grande distribuição, dos hipermercados e médias superfícies, que sufocaram e fizeram desaparecer as cadeias e mercados locais”, constatou. Na perspetiva do ex-governante, tem que haver um trabalho local, que estabeleça um canal de comunicação entre as associações ou cooperativas de produtores e aqueles que querem comprar os produtos. Os destinatários locais podem ser as cantinas públicas do município, do centro de saúde, das creches, das misericórdias, etc. “Estamos a falar de centenas de refeições diárias que poderiam ser confecionadas com a produção local”, indicou. Segundo, Arlindo Cunha, esta medida é perfeitamente possível, desde que os líderes políticos locais sejam capazes de sensibilizar e trabalhar com os produtores e potenciais compradores. Para concluir, o ex-ministro da Agricultura, adiantou que, em breve, Portugal vai entrar num novo ciclo da política agrícola comum. Isto significa que até 2027, o setor agropecuário vai disponibilizar cerca de 1200 milhões de euros anuais e o governo português já está a preparar os programas de aplicação destes fundos comunitários. “É importante, que na distribuição destas verbas haja a preocupação da equidade territorial e que regiões como Trás-os-Montes sejam mais favorecidas”, disse.
O presidente da Freguesia de Malhadas, Camilo Raposo, agradeceu a escolha da aldeia de Malhadas para debater o tema da agricultura, “uma atividade de extrema importância no território”, disse.
Helena Barril, candidata do PSD à presidência da Câmara Municipal de Miranda do Douro, concluiu o debate recordando que “é preciso viver numa aldeia para perceber o quanto a agricultura e a pecuária, são importantes para a fixação da população nas aldeias do concelho”.
Na esperança de vir a ser a futura presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril indicou que pretende apoiar a produção agrícola, a certificação dos produtos, a comercialização e também a investigação científica nestes setores.
“A agricultura biológica, as raças autóctones, a lã, o azeite, o mel, o vinho, os frutos secos e os cereais são um manancial de riqueza no nosso território”, indicou.
Entre as medidas que quer implementar, a candidata social-democrata, destacou a urgência na construção do matadouro municipal; o apoio à criação de unidades de transformação de produtos locais, a revitalizar o mercado rural, com a realização todos os sábados, da venda dos produtos locais, nas instalações do mercado municipal e com promoção em Portugal e em Espanha; apostar no fomento do regadio no concelho; estabelecer protocolos com as cooperativas agrícolas que assegurem a sua modernização e competitividade; entre outras medidas.
Para concluir, Helena Barril, realçou a importância de estabelecer a ligação entre a agricultura, a pecuária e a indústria, o comércio e o turismo.
“Se o conseguirmos fazer, estamos a abrir portas para a fixação da população no concelho de Miranda do Douro e a agir contra o despovoamento na região”, concluiu.
Cidadania: Funcionário da Autoridade Tributária sofre sanções
O Movimento Cultura Terra de Miranda (MCTM) esclareceu perante a Comissão de Orçamento e Finanças (COF), que o processo levantado pela Autoridade Tributária (AT), a um funcionário que é membro do movimento foi arquivado mas teve “consequências sancionatórias”.
No decorrer da audiência, o Movimento Cultural Terra de Miranda (MCTM) deixou claro que a diretora geral da Autoridade tributária e Aduaneira (AT) determinou três consequências para o funcionário, José Maria Pires: não pode intervir em procedimentos da AT sobre o negócio da venda das barragens; não pode intervir em nenhum outro procedimento de qualquer contribuinte sobre idêntica factualidade; e não pode intervir em nenhum outro procedimento a que sejam aplicáveis as mesmas normas legais, aplicáveis à venda das barragens.
O Parlamento havia aprovado em aprovou em 14 de julho por unanimidade o requerimento do PSD para a audição ao Movimento Cultural Terra de Miranda (MCTM) sobre o inquérito que a AT abriu a um trabalhador seu e membro deste movimento.
O pedido de audição “urgente” foi feito depois do gabinete da diretora-geral da AT ter informado a COF que o processo de inquérito tinha sido arquivado e pelo facto do Movimento ter manifestado a sua disponibilidade para ser ouvido assim que o referido processo de inquérito ficasse concluído.
A abertura do processo de inquérito ao funcionário da AT e membro do Movimento Cultural Terra de Miranda (MCTM) visou averiguar a autoria de uma nota jurídica sobre a vertente fiscal da venda de seis barragens pela EDP, a um consórcio liderado pela Engie.
Os membros do MCTM presentes por videoconferência na audiência parlamentar da COF disseram que “não entendem nem aceitam esta tomada de decisão por parte da diretora-geral da AT, Helena Borges”.
“Foi lançada sobre o José Maria Pires [uma suspeita] generalizada, que é inaceitável e inconstitucional, prejudicando gravemente os seus direitos constitucionais.”, foi referido durante a audiência.
Os presentes na audiência consideram que esta decisão é uma verdadeira sanção para toda a vida, porque não tem qualquer limite temporal.
“Um dos mais qualificados juristas portugueses em matéria fiscal é silenciado para sempre no seio da própria AT, no seio da qual prestou os mais relevantes serviços ao país”, concretizaram os membros do MCTM.
Relativamente à matéria do pagamento de impostos relativos ao negócio da concessão de seis barragens na bacia hidrográfica do Douro, ficou esclarecido que de que todos os impostos são devidos neste negócio, o IMI, o IMT, o Imposto do Selo e o IRC, não se aplicam benefícios fiscais e que existem sólidos indícios da prática de crime de fraude fiscal.
“Mas temos dúvidas se estas instituições, que são as mesmas a quem cabe aplicar a lei, sejam capazes de o fazer, como o fazem a qualquer cidadão. Por isso, pedimos às senhoras e aos senhores Deputados que continuem a sua ação de escrutínio e confiamos que a intervenção da PGR nas investigações, venha a fazer imperar o Estado de Direito neste negócio”, disse José Maria Pires, em nome do MCTM.
Para José Maria Preto, Óscar Afonso e Alberto Fernandes, o caráter extrativo, e mais especificamente, da exploração das barragens em que todos ganham milhões de euros produzidos Terra de Miranda, menos os seus cidadãos.
“Ganha a concessionária, o Estado, o município de Lisboa, mas aqui nada fica. Este regime, que vem da ditadura, é injusto e não dignifica Portugal”, vincaram perante os deputados da COF.
Ambiente: Vimioso debateu o problema da desertificação
No seguimento do Dia Mundial de Combate à Desertificação e à Seca, celebrado a 17 de junho, o Centro de Competências na luta contra a desertificação (CCDesert) promoveu um encontro em Vimioso, com os propósitos de despertar e consciencializar as pessoas para o problema da desertificação.
No dia 13 de julho, o auditório do Parque Ibérico de Natureza e Aventura de Vimioso (PINTA) acolheu uma mesa redonda, constituída por diversas personalidades políticas e representantes associativos, para refletir e definir estratégias de luta contra a desertificação do território.
De acordo com o CCDesert, as principais causas da degradação do solo e a consequente perda de fertilidade são a ação humana e as consequentes alterações climáticas.
Urge por isso aprender a cuidar dos solos do território.
Jorge Fidalgo, presidente da Câmara Municipal de Vimioso, reconheceu a dificuldade em lutar contra o despovoamento do concelho e o consequente perigo da desertificação dos solos.
Para agir contra a ameaça da desertificação humana e física, o presidente do município de Vimioso, enumerou vários exemplos que promovem a fixação de pessoas e o desenvolvimento de projetos no concelho vimiosense.
São disso exemplos: a cooperativa agropecuária Mirandesa, a associação para o estudo e proteção do gado asinino (AEPGA), a associação de produtores de azeite santulhana, a associação de criadores de ovinos de raça churra galega mirandesa, as Termas de Vimioso, o Parque Ibérico de Natureza e Aventura de Vimioso (PINTA), entre outros projetos e pessoas que vivem no concelho e que ao trabalharem os recursos existentes no concelho, estão simultaneamente a cuidar deste território e a evitar a desertificação.
A Cooperativa Agropecuária Mirandesa, administrada pelo engenheiro Nuno Paulo, é considerado um ótimo exemplo do aproveitamento e valorização dos recursos locais, como é caso da carne da raça bovina mirandesa. A associação de produtores desta raça autóctone, conseguiu recuperar esta raça de bovinos em extinção e transformar a carne mirandesa num produto de excelente qualidade. O êxito, dizem, deve-se ao investimento no conhecimento e na inovação.
Outro exemplo bem-sucedido é o de Miguel Nóvoa, da Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino (AEPGA). Este jovem empreendedor lançou mãos à obra, recuperou da extinção, o burro de Miranda e tornou-o num dos principais atrativos etnográficos, culturais e turísticos da região. Também neste empreendiemnto, assegura, o sucesso deve-se ao conhecimento e à inovação. Miguel Nóvoa acrescentou que é importante “trabalhar e definir uma estratégia em conjunto”.
Também Jorge Gonçalves, olivicultor de Santulhão, reconheceu a importância do trabalho em grupo, adiantando que “um produtor sozinho pouco consegue. Mas em grupo, sim”. De acordo com este olivicultor, o azeite produzido pela azeitona santulhana é de excelente qualidade. O desafio passa agora pela promoção e a divulgação. Se o conseguirem fazer, assegura que estarão a contribuir para que haja mais jovens a dedicarem-se à olivicultura, para fixar a população e agir contra a desertificação dos solos.
Nas últimas décadas, Portugal registou uma significativa alteração no uso dos solos, devido ao aumento da urbanização, à alteração dos sistemas agrícolas e das culturas. Por outro lado, verificou-se o despovoamento e abandono do mundo rural, o que provocou a erosão dos solos.
Por isso, se diz que a degradação dos solos e a desertificação são fenómenos sociais, principalmente porque o manuseamento ou cuidado da terra contribui para fertilidade dos solos.
Comunicações: Vimioso quer melhores comunicações de voz e de dados
O presidente da Câmara Municipal de Vimioso mostrou-se expectante na resolução das falhas nas redes móveis no município onde, segundo dados da ANACOM, a cobertura do sinal das operadoras MEO, NOS e Vodafone é maioritariamente “má/inexistente” ou “muito má”.
Após a apresentação de um relatório pela Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM), Jorge Fidalgo mostrou-se expectante na resolução deste problema que “há muito tempo” prejudica a população do concelho de Vimioso.
“A falta de comunicações, quer de voz quer de dados, prejudica em muito o nosso concelho, como foi verificado quando da implantação do ensino à distância devido à pandemia, ou o desenvolvimento económico das próprias empresas instaladas neste território ou outras que aqui se poderiam fixar”, alertou Jorge Fidalgo.
De acordo com o autarca, o problema das falhas de comunicações móveis e dados é conhecido “há muito tempo e frequentemente comunicado às entidades competentes e ao Governo”.
O presidente da ANACOM, João Cadete de Matos, esteve em Vimioso para apresentar ao presidente da câmara e aos presidentes das juntas de freguesia do concelho, os resultados do estudo de qualidade de serviço das redes móveis no município.
Trata-se de um estudo realizado na sequência de uma solicitação do presidente da Câmara de Vimioso e envolveu a realização de medições no período de 29 e 30 de junho de 2021, para avaliar o desempenho dos serviços de comunicações eletrónicas e verificar os níveis de cobertura radioelétrica GSM, UMTS e LTE, dos sistemas de comunicações móveis dos operadores MEO, NOS e Vodafone no concelho de Vimioso.
“Pretende-se desta forma averiguar a experiência do utilizador em termos de acessibilidade aos serviços, sendo que para o efeito foram estabelecidas chamadas de voz, para avaliação do serviço de voz, realizados testes NET.mede (Ferramenta de verificação disponibilizada pela ANACOM para medição da velocidade da internet) para avaliação da performance do serviço de dados, e verificados os níveis de sinal das redes rádio, para avaliação da cobertura das redes”, revelou o presidente daquela entidade reguladora.
Segundo os principais resultados verificados pela ANACOM, a cobertura do sinal dos sistemas de comunicações móveis dos operadores analisados apresenta níveis entre o “Muito Má” a “Muito Boa”, sendo que a maior parte dos valores registados se situam no intervalo “Má/inexistente” a “Muito má”.
“Do total de amostras registadas da rede de cada operador, verifica-se que existe ausência de rede em 0,3% no caso da MEO, 10% no caso da NOS e 12,1% no caso da Vodafone”, indica o relatório efetuado.
Já nos serviços de chamadas, foi possível estabelecer a chamada em 100% dos casos na MEO 80,8% para a NOS e 84,3% para a Vodafone.
“No entanto, nem todas as chamadas iniciadas nos três operadores foram concluídas com sucesso, algumas acabaram por cair antes de terem sido voluntariamente terminadas – a MEO apresenta um rácio de terminação de chamadas de 93,6%, a NOS de 77,9% e a Vodafone de 73,8%”, indica a ANACOM.
No serviço de dados regista-se o sucesso na realização dos testes à velocidade de internet feitos através do NET.mede tendo sido medida a velocidade de ‘upload’, ‘download’ e latência.
“Os valores registados são de 73,2%, 40,2% e 43,9% respetivamente, para MEO, NOS e Vodafone”, refere a entidade reguladora.