Ambiente: Projeto devolveu à natureza 15 juvenis de águia caçadeira
O projeto ambiental “Salvemos a Águia–Caçadeira” devolveu ao habitat natural, 15 juvenis daquela espécie ameaçada de extinção, de um total de 17 aves que foram incubadas em cativeiro de ovos resgatados, em ninhos no nordeste transmontano.
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“Após um grande esforço, conseguimos detetar 37 ninhos de águia-caçadeira e, deste total, conseguimos confirmar que apenas um conseguiu produzir em ambiente natural. Todos os restantes ninhos tiveram de ser intervencionados com ações de conservação e tivemos de resgatar os ovos em 12 ninhos. Os ovos foram incubados em cativeiro com sucesso e 15 juvenis desta espécie foram devolvidos ao seu habitat, explicou o biólogo da Associação Palombar, José Pereira.
Para o resgate das crias e ovos e para a sua incubação artificial, bem como para a instalação e funcionamento dessa estrutura de aclimatação, foi fundamental o contributo dado pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) e pelo Centro de Recuperação de Animais Selvagens do Hospital Veterinário da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, razão pela qual estas entidades e a Palombar assinam agora um acordo de colaboração.
“Conseguimos fazer a transferência de 27 exemplares desta ave para a jaula de aclimatação, localizada no Planalto Mirandês, um território de produção cerealífera, e ao abrir a estrutura de acolhimento 15 juvenis desta espécie conseguiram voar em liberdade e seguir o ritmo de vida próprio”, vincou o biólogo.
Em maio foi formalmente assinado o Protocolo Searas com Biodiversidade: Salvemos a Ave-caçadeira, que une o Clube de Produtores Continente, a Associação Nacional de Produtores de Proteaginosas, Oleaginosas e Cereais (ANPOC), o Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos (CIBIO/BIOPOLIS) da Universidade do Porto e a Palombar – Conservação da Natureza e do Património Rural.
De acordo com as entidades envolvidas no projeto, “o objetivo comum destes parceiros é contribuir para salvar esta espécie, em vias de extinção no país, identificando ações e medidas de gestão para salvaguardá-la, mas também para promover um sistema alimentar mais amigo do ambiente”.
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Por seu lado, a responsável pela delegação norte do ICNF, Sandra Sarmento, disse que há uma ação muito articulada para proteger a águia–caçadeira e que envolve várias organizações.
“Trata-se de um projeto emblemático no que respeita à preservação da avifauna em vias de extinção, como é o caso da águia-caçadeira”, disse a responsável.
A instalação de uma estação de aclimatação no concelho de Miranda do Douro, no distrito de Bragança, garante todas as condições de segurança e bem-estar para a espécie, com vigilância 24 sobre 24 horas e acompanhamento por técnicos especializados.
“Sem o salvamento e resgate destas crias e ovos em ninhos inviáveis, estas novas gerações de águia-caçadeira dificilmente sobreviveriam”, vincou José Pereira.
Ao longo destes cinco meses de projeto, foi iniciado o primeiro Censo Nacional da população da águia-caçadeira, que está previsto decorrer até ao final de 2023 e cujos resultados preliminares deverão ser conhecidos em breve.
No âmbito da campanha de salvamento, foram realizadas diversas ações consideradas “urgentes” e que têm como objetivo aumentar o sucesso reprodutor e consequentemente o aumento da população de águia-caçadeira, o que incluiu a prospeção de colónias e ninhos, a monitorização da reprodução, o resgate de ovos e a proteção de ninhos.
Fonte: Lusa