II DOMINGO DA QUARESMA

Transfigurar

Gen 12, 1-4a / Slm 32 (33) 4-5.18-19.20.22 / 2 Tim 1, 8b-10 / Mt 17, 1-9

No caminho quaresmal, o centro da Liturgia da Palavra está no episódio da Transfiguração de Jesus, onde estão presentes Pedro, Tiago e João.

Tudo começa no monte, o lugar mais próximo do céu, onde Deus se comunica, se deixa conhecer e se torna próximo. É no monte que Moisés conhece a Deus e recebe a missão de conduzir o povo da escravidão do Egito à Terra Prometida; é no monte que Elias ouve a voz de Deus na brisa suave.

Jesus conduz os discípulos ao monte para uma experiência de intimidade com Deus que abre os seus olhos a um novo entendimento da fé. Podemos dizer que este episódio é, na verdade, um espaço de oração onde os amigos de Jesus veem a realidade com um olhar novo para adquirirem uma nova compreensão da história e dos acontecimentos da salvação.

Jesus transfigura-se, ou seja, a sua figura mudou de forma. Os discípulos, conhecedores de Jesus, penetram no interior de Jesus e veem alguma coisa mais profunda, que vai para além da aparência. Diz o texto que «o seu rosto ficou resplandecente como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz». Significa que Jesus se torna transparente e uma nova luz permite penetrar no seu coração. 

Ver a realidade na luz de Deus reduz a opacidade das coisas. O pecado torna a visão da fé opaca e a espessura do mal faz perder o olhar da esperança e do amor. A partir daqui, podemos dizer que, quando nos aproximamos de Jesus na oração, vemos com mais clareza a vida e até a nossa própria fragilidade, ao ponto de se fazer a experiência do amor misericordioso de Deus.

É o que nos lembra São Paulo na Segunda Epístola a Timóteo: Deus «salvou-nos e chamou-nos à santidade» por meio de Jesus Cristo, em quem faz «brilhar a vida e a imortalidade, por meio do Evangelho». 

Na oração desta semana, deixemos que a luz de Jesus brilhe nos lugares de escuridão da nossa vida, que torne mais transparentes aquelas dimensões onde tudo é opaco e sem sentido. Seja nas relações que compõem a vida, seja no trabalho ou no estudo, Jesus pode transfigurar essa realidade e trazer-lhe paz, sentido e consolação.

Na primeira leitura encontramos o momento em que Deus dá uma nova missão a Abraão e lhe confia um caminho novo: «Deixa a tua terra, a tua família e a casa de teu pai e vai para a terra que Eu te indicar. Farei de ti uma grande nação e te abençoarei». A luz de Deus ilumina o caminho, mas pede, ao mesmo tempo, confiança. Quaresma é também tempo de fortalecer a confiança. Assim, somos desafiados a partir, a ir mais além das aparências, para ver o amor escondido nas pequenas coisas, penetrando na realidade da vida com o olhar da fé que Jesus nos dá.

Fonte: https://www.redemundialdeoracaodopapa.pt/meditacao-diaria/1995

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