IMACULADA CONCEIÇÃO DA VIRGEM SANTA MARIA (SOLENIDADE)
O olhar de Maria
Gen 3, 9-15.20 / Slm 97 (98), 1-4 / Ef 1, 3-6.11-12 / Lc 1, 26-38
O Senhor escolheu-nos para sermos santos e irrepreensíveis no amor. Eis o que São Paulo nos tem a dizer hoje, nesta Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria. Eis a verdade recorrentemente esquecida por nós, humanidade, e da qual sucessivamente nos recorda o nosso Deus. Maria, a Imaculada, é o ícone da predileção de Deus pelo ser humano.
Fomos criados por amor, no amor e para amar. Contudo, como os nossos pais no Éden, cedemos demasiadas vezes à suspeita semeada pela serpente quanto aos caminhos do amor. A serpente não os forçou, nem nos força, a comer o fruto: ela lança a dúvida nos nossos corações. Somos nós quem alimenta o ceticismo em detrimento do amor, a suspeita em lugar da confiança.
Esta desconfiança, esta falta de amor, o pecado, é o grande impedimento à felicidade. É a trave que nos impede de ver o mundo como Deus o vê, que nos impede de ver o outro como Deus o vê e até de nos vermos como Deus nos vê. Só o olhar do Amor, o olhar de Deus, nos revela quem somos, quem o outro é e como realmente é a Criação. Maria, concebida sem pecado, preservada da mancha original que turva a vista, manteve a sua liberdade e optou por amar.
É esta a Mulher que todos temos como Mãe. Se, como ela, tivermos um olhar amoroso, a nossa vida será um lugar de maravilhas, pois quem tem o olhar do amor pode reconhecer os anjos que o Senhor envia. Quem tem o olhar do amor pode fazer boas perguntas a Deus quando este desafia a ir além da lógica do deve e haver. Quem tem o olhar do amor pode dizer, com confiança, «faça-se segundo a tua vontade». Quem tem o olhar do amor é livre para fazer o bem, e não há felicidade igual a essa.
Nesta Solenidade da Imaculada, recorramos à nossa Mãe. Peçamos-lhe que nos alcance do Pai a graça do olhar amoroso.
Fonte: Rede Mundial de Oração do Papa
https://www.redemundialdeoracaodopapa.pt/meditacao-diaria/1908
Imaculada Conceição: Solenidade católica liga-se à história de Portugal
A solenidade da Imaculada Conceição, que a Igreja Católica assinala anualmente a 8 de dezembro, é feriado nacional em Portugal, um reconhecimento à importância desta data na espiritualidade e identidade do país.
O dogma da Imaculada Conceição de Maria foi proclamado a 8 de dezembro de 1854, através da bula ‘Ineffabilis Deus’, a qual declara a santidade da Virgem Santa Maria desde o primeiro momento da sua existência, sendo preservada do pecado original.
A primeira celebração do culto da Imaculada Conceição aconteceu na Sé Velha de Coimbra, no dia 8 de dezembro de 1320, há 700 anos, que este ano são assinalados pela Diocese, após D. Raimundo Evrard, bispo diocesano da altura, ter assinado, no dia 17 de outubro de 1320, a constituição diocesana que instituiu a festividade da Conceição de Maria.
A ligação entre Portugal e a Imaculada Conceição ganhara destaque em 1385, quando as tropas comandadas por D. Nuno Alvares Pereira derrotaram o exército castelhano e os seus aliados, na batalha de Aljubarrota.
Em honra a esta vitória, o Santo Condestável fundou a igreja de Nossa Senhora do Castelo, em Vila Viçosa, e fez consagrar aquele templo a Nossa Senhora da Conceição.
A antiga igreja de Nossa Senhora do Castelo, espaço onde se ergue atualmente o santuário nacional, afirmou-se nos finais do século XIV como um sinal desta devoção, em toda a Península Ibérica.
Depois, deu-se durante o movimento de restauração da independência que acabou com o domínio castelhano em Portugal e que culminou com a coroação de D. João IV como rei de Portugal, a 15 de dezembro de 1640, no Terreiro do Paço, em Lisboa.
O mesmo D. João IV, atento a uma religiosidade que também já envolvera a construção de monumentos como o Mosteiro da Batalha, o Convento do Carmo e o Mosteiro da Conceição, coroou a Imagem de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa como Rainha e Padroeira de Portugal durante as cortes de 1646.
A Universidade de Coimbra tem um papel importante em todo este processo, já que todos os seus intelectuais defenderam o dogma sob forma de juramento solene.
Após a proclamação dogmática, surgiu em Portugal um movimento no sentido de erguer um monumento nacional que assinalasse a definição de Pio IX.
Em 1869 concluiu-se esse primeiro monumento, no Sameiro, em Braga, seguindo-se-lhe a construção dum santuário dedicado à Imaculada Conceição de Maria, cuja imagem foi coroada solenemente em 1904.
Fonte: Ecclesia