Vimioso: Agricultores de Trás-os-Montes reuniram-se em conselho regional da CAP

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) realizou em Vimioso, o conselho consultivo regional da região de Trás-os-Montes, onde informou as associações de produtores sobre o incumprimento do atual governo na execução dos fundos comunitários e criticou o plano estratégico (PEPAC) para a agricultura entregue em Bruxelas.

A reunião realizou-se no dia 27 de janeiro, no auditório da Casa da Cultura, em Vimioso, onde participaram cerca de 70 associações de agricultores dos distritos de Bragança e Vila Real.

O anfitrião do encontro, o presidente do município de Vimioso, Jorge Fidalgo, agradeceu a presença da Confederação de Agricultores de Portugal (CAP) e das várias associações de agricutores de Trás-os-Montes e sublinhou a importância do setor agropecuário.

“É sempre importante para as associações de agricultores receber a visita da CAP. Recordo que são a agricultura, a pecuária e a agroindústria que fixam pessoas, que cuidam do território e têm um papel fundamental na economia local e do país”, disse.

De seguida, o autarca criticou o excesso de burocracia do Estado nos apoios ao setor agropecuário.

“Enquanto não se passar o poder de decisão para os territórios, as coisas não avançam, tal é a burocracia”, criticou.

“A agricultura, a pecuária e a agroindústria fixam pessoas, cuidam do território e têm um papel fundamental na economia local e do país” – Jorge Fidalgo

O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), o engenheiro Eduardo de Oliveira e Sousa, começou por criticar o atual governo pelo incumprimento na execução dos fundos comunitários destinados a apoiar os agricultores.

“Há dois mil milhões de euros por pagar aos agricultores e isso deve-se à inoperância do atual governo, mas também da oposição que não defendeu os interesses dos agricultores”, reclamou Engenheiro Eduardo de Oliveira e Sousa.

De acordo com o presidente da CAP, a agricultura não tem sido uma prioridade para o país, mas continua a ser a principal atividade que fixa as pessoas no território.

O dirigente dos agricultores referiu-se ainda à Política Agrícola Comum (PAC), que tem atualmente preocupações acrescidas na área ambiental, dado que a União Europeia pretende que a agricultura nos Estados-membros seja mais amiga do ambiente, com menos aplicação dos produtos fitosanitarios, fertilizantes, etc.

“Não basta dizer para ser amigo do ambiente. Para obter a mesma rentabilidade há que inovar com recurso à tecnologia. Ora é essa inovação que não foi incluída no PEPAC”, criticou.

Segundo o dirigente, a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) construiu o programa Arquitetura Verde, com base na opinião dos agricultores de todo o país.

“Na volta pelo país, perguntámos aos agricultoras das várias regiões quais eram as medidas necessárias para melhorar o seu desempenho agrícola. Construímos o programa Arquitetura Verde, que apresentámos ao governo e foi ignorado”, disse.

“Perguntámos aos agricultoras das várias regiões do país quais eram as medidas necessárias para melhorar o seu desempenho agrícola. Com base nessas opiniões construímos o programa Arquitetura Verde, que apresentámos ao governo e foi ignorado” – Engenheiro Eduardo de Oliveira e Sousa

Ao invés disso, o presidente da CAP disse que o governo foi buscar o PEPAC anterior e limitou-se a fazer umas poucas alterações.

“Somos muito críticos em relação ao PEPAC, apresentado em Bruxelas”, concluiu.

A CAP partilhou ainda com os dirigentes associativos de Trás-os-Montes, um programa de atividades para 2022 cujo desenvolvimento foi condicionado pela pandemia, assim como promover o conhecimento do setor agrícola por parte da população, particularmente pelos jovens.

Por sua vez, o engenheiro Nuno Paulo, em representação da Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa referiu-se à importância que a Confederação dos Agricultores de Portugal tem para os agricultores.

“A CAP representa muitas associações de agricultores. É a nossa voz junto do governo e da União Europeia. Por um lado, escuta as nossas reivindicações. E por outro, senta-se à mesa com quem tem poder de decisão”, explicou.

Sobre as críticas que a CAP faz ao Plano Estratégico para a Política Agrícola Comum (PEPAC) apresentado pelo governo em Bruxelas, o engenheiro Nuno Paulo, disse que quando se trata de desenhar políticas nacionais é importante conhecer as diferentes realidades de todo o país, antes de apresentar qualquer projeto.

Relativamente, às medidas de apoio aos agricultores e produtores de bovinos de raça mirandesa, Nuno Paulo, disse que está a decorrer uma grande alteração nos apoios aos agricultores por força das exigências ambientais.

“Por causa das alterações climáticas, está a ocorrer uma mudança de paradigma e as novas políticas restringem, por exemplo, a utilização de combustíveis fósseis, de pesticidas, etc.”, indicou.

Contudo, o representante da Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa disse que ainda não foi explicado aos produtores como fazer esta transição.

“A partir de 2023 ainda ainda não sabemos quais vão ser as novas exigências para os agricultores”, reclamou.

Nuno Paulo, concluiu referindo-se às eleições legislativas de 30 de janeiro, mostrando-se esperançado que o novo governo tenha outra disponibilidade para dialogar com os agricultores.

Esta série de Conselhos Consultivos Regionais conta com a presença do Presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, Eduardo Oliveira e Sousa, e do Secretário-Geral da Confederação, Luís Mira, incluindo este ano a participação virtual de todo o Departamento Técnico da Confederação.

A ronda de encontros regionais iniciou-se no dia 10 de janeiro, em Elvas, com o Conselho Consultivo do Alto Alentejo, prosseguiu no dia 13 de janeiro, com o Conselho Consultivo Regional do Baixo Alentejo e Algarve, em Mértola, continuou no dia 14 de janeiro, com o Conselho Consultivo do Oeste, no Sobral de Monte Agraço, prosseguiu no dia 17, no Conselho Consultivo do Ribatejo e, posteriormente, no dia 26, na Póvoa do Varzim, no Conselho Consultivo do Entre Douro e Minho, e deverá concluir-se no dia 28, em Almeida, com o Conselho Consultivo do Centro.

HA

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