Saúde: Falta de médicos de família no distrito de Bragança

O secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Lacerda Sales, disse que o Governo está a fazer “um esforço” para reforçar o número de profissionais de saúde e atento a áreas de baixa densidade populacional como Bragança.

“O Governo está a fazer um esforço no sentido de reforçar esta área dos recursos humanos e queremos continuar a fazê-lo, revalorizando as carreiras, mas dando projetos de carreira, quer em grandes hospitais, quer em zonas do interior”, afirmou Lacerda Sales.

Em declarações aos jornalistas, à margem da primeira demonstração com veículos não tripulados no Hospital de São João, no Porto, o secretário de Estado Adjunto e da Saúde garantiu também que o Governo está a “olhar com muita atenção” para as áreas de baixa densidade populacional, como para todo o país.

De acordo com informação disponibilizada no Portal da Transparência, o número de utentes sem médico de família, no distrito de Bragança, duplicou nos primeiros três meses deste ano, com 9.713 pessoas sem um clínico atribuído nos centros de saúde.

Segundo os dados do portal, em janeiro de 2022 havia 4.684 utentes sem médico de família no distrito de Bragança e, apesar de uma descida para 3.398 em fevereiro, o número chegou aos 9.713 em março.

A aposentação dos clínicos de Medicina Geral e Familiar é a principal causa desta situação, segundo testemunhos de utentes recolhidos e divulgados na quarta-feira pela Lusa, com, pelo menos, seis médicos que se reformaram em pouco mais de um ano nesta região.

Questionado sobre estes dados, Lacerda Sales reforçou que o Governo “tem sempre uma grande preocupação com todo o país”, e em particular, com as zonas de baixa densidade populacional.

“Neste momento já não temos os 28 mil profissionais que tínhamos no dia 31 de dezembro de 2021, temos mais de 32 mil profissionais o que significa que nestes primeiros três meses do ano houve um acréscimo de quatro mil profissionais”, disse, garantindo que o Governo vai continuar a fazer “um esforço” e “olhar com atenção” para determinados concursos que “podem ser mais dirigidos para zonas referenciadas do país”, como o primeiro e segundo concurso de época para os profissionais de saúde.

No período de seis anos dos dados disponíveis no portal do Governo, o número de utentes no distrito de Bragança disparou, em 2016, de 116.304 inscritos para mais de 130 mil, um número que se tem mantido, com pequenas variações, até à atualidade, e que é superior à população da região, que o Censos de 2021 revelou ser de 122.833 pessoas.

O ano de 2017 é o que apresenta a maior taxa de cobertura, chegando a haver apenas 35 utentes sem médico de família.

Desde maio de 2021 que as estatísticas mostram uma tendência de descida numa região que sempre foi apontada como das que tinha uma maior cobertura de médico de família a nível nacional.

Relativamente ao número de médicos de família, os únicos dados disponíveis são de 2020, data em que a ULS do Nordeste divulgou que tinha ao serviço “143 médicos de Medicina Geral e Familiar, 92 dos quais no quadro, 25 prestadores de serviços e 26 internos”.

Nessa mesma data, o bastonário da Ordem dos Médicos, Miguel Guimarães, voltou a alertar que a região podia enfrentar um número de saídas para a reforma de médicos de família que poderia “chegar aos 40% em três anos”.

Fonte: Lusa

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