Miranda do Douro: Raças autóctones são importantes na cuidado da natureza e na promoção da identidade cultural

Com o objetivo de promover o diálogo e a reflexão sobre o presente e o futuro das raças autóctones existentes na península ibérica, o município de Miranda do Douro e a Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino (AEPGA) estão a promover no dia 5 de setembro, em Miranda do Douro, o I Encontro Ibérico das Raças Autóctones.

Na sessão de abertura, realizada no miniauditório, a presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril, deu as boas vindas aos participantes e destacou as três raças autóctones mais emblemáticas do planalto mirandês: o burro de Miranda, os bovinos mirandeses e os ovinos de raça churra galega mirandesa.

Na sua intervenção, a autarca de Miranda do Douro, destacou ainda o trabalho dos criadores e das três associações locais: a AEPGA, a Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa (ACBRM) e a Associação Nacional de Criadores de Ovinos de Raça Churra Galega Mirandesa (ACOM), na preservação destes animais.

“O Concurso Nacional de Raça Asinina de Miranda, que se realiza no dia 6 de setembro, é um modo de homenagear os criadores. Perante o envelhecimento e o despovoamento da região, destaco o papel dos mais jovens, que com a sua dedicação a estes animais contribuem, simultaneamente, para a preservação da raça e da identidade cultural deste território”, referiu.

A sessão de abertura foi conduzida por Miguel Nóvoa, da AEPGA, o qual sublinhou que o encontro é também uma oportunidade para estabelecer contatos com os vizinhos espanhóis, de modo a unir esforços na elaboração de projetos transfronteiriços comuns.

“Perante um problema tão atual, como é o cuidado com o meio ambiente, relembro o papel que as raças autóctones, e em particular os burros, desempenham no restauro do ecossistema”, disse.

Nesta sessão de abertura, participaram ainda Pedro Vieira, da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV), que informou da existência de 66 raças autóctones em Portugal.

“É importante continuar a fazer mais e melhor na preservação e melhoramento das raças autóctones. Futuramente, Miranda do Douro vai ter um centro de genética para melhoramento das raças existentes neste território”, disse.

No mesmo sentido, Luís Brandão, da Direção Geral de Agricultura e Pescas (DRAP Norte) sublinhou a importância da discussão e da criatividade no trabalho de preservação das raças autóctones.

Após a sessão de abertura, seguiu-se uma apresentação das raças asininas existentes em Portugal e em Espanha.

Da vizinha província espanhola, de Castela Leão, Jesus de Gabriel, referiu-se ao Asno Zamorano Leonês. Outrora muito utilizado nos trabalhos agrícolas e no transporte, hoje em dia os burros zamoranos são utilizados em atividades culturais e recreativas, dado o seu temperamento afável e tranquilo.

Do País Basco, o representante da Associação Biscaínha do Burro Elakartea, informou que atualmente estes animais são utilizados na limpeza de terrenos, nos passeios turísticos com crianças e no fabrico de produtos com leite de burra.

Na região sul de Espanha, existe a Raça Asnal da Andaluzia, que corre um sério risco de extinção, dada a existência de apenas 473 animais registados. Segundo o representante da Associação del Asno de Pura Raça Andaluza, os burros são considerados animais fantásticos para a equitação infantil.

Em Portugal, para além do Burro de Miranda, existe ainda ao Burro da Graciosa, uma raça reconhecida em 2015 e existente na ilha (com o mesmo nome), no arquipélago dos Açores.

O Encontro Ibérico de Raças Autóctones prosseguiu na tarde do dia 5 de setembro, durante a qual foram discutidos temas como “As estratégias para a valorização e sustentabilidade das raças autóctones” e foram apresentados vários projetos sobre as oportunidades e desafios na preservação destes animais.

Para o dia seguinte, 6 de setembro, os participantes foram convidados a marcar presença no Concurso Nacional de Raça Asinina de Miranda, que vai decorrer a partir das 9h00, no recinto do Santuário de Nossa Senhora do Naso, na Póvoa (Miranda do Douro).

HA | Foto: Cláudia Costa (AEPGA)

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