Miranda do Douro: “Frol de la lhana – o trabalho da lã no planalto de Miranda” em exposição até 13 de maio

De 14 de março até 13 de maio, está em exibição na Casa da Cultura Mirandesa, a exposição “Frol de la lhana – o trabalho da lã no planalto de Miranda”, da autoria de Isabel Sá, que consiste numa coleção de fotografias, textos, instrumentos de trabalho e peças, que mostram as várias etapas no fabrico da lã, deste o pastoreio, passando pela tosquia até à tecelagem.

De acordo com a autora, Isabel Sá, a exposição pretende mostrar ao público todas as etapas na produção de lã no planalto mirandês e para tal são exibidos elementos que representam o pastoreio, a tosquia da lã, a desbordagem dos velos, a lavagem, a penteação, a cardação, a fiação, a tinturaria, a malha e a tecelagem.

“A lã dá muito trabalho! O ciclo começa no pastoreio. Depois segue-se a tosquia, a lã tem que ser lavada, aberta, cardada ou penteada dependendo do objetivo de fazer fio ou feltro”, explicou.

Na exposição “Frol de la lhana” são exibidos os instrumentos utilizados no manuseio da lã, como as tesouras da tosquia e a afiadeira, os burros, as cardas, os pentes, as rocas e os fusos, o barafuso, o rodilheiro, a naspa, os teares, entre outros instrumentos.

Na mostra presente na Casa da Cultura Mirandesa, Isabel Sá dá a conhecer também os artigos resultantes como os fios de lã, as meias dos pauliteiros, colchas, tapetes, alforjas, capas d’honra e outros artigos de artesanato como carteiras, estojos didáticos, capas de livros e vários artigos decorativos em feltro.

“No planalto mirandês, seria muito importante fazer um inventário das peças fabricadas com a lã, já que este legado faz parte do património cultural desta região”, avançou.

Presente na inauguração da exposição, a presidente do município de Miranda do Douro, Helena Barril, reconheceu que estes antigos ofícios ligados ao uso da lã são um património que urge salvaguardar.

“Esta exposição mostra o modo de vida das nossas gentes. Para além da preservação desta história, também é importante reinventarmo-nos e dar novas utilidades a este recurso que é a lã dos ovinos de raça churra galega mirandesa. Se o conseguirmos fazer, a pastorícia continuará a ser uma das atividades identitárias da nossa terra”, disse.

Segundo a engenheira do Ambiente, Isabel Sá, atualmente a lã pode ser utilizada em vários setores, como a construção civil, concretamente no revestimento térmico de edifícios, dado que é uma fibra que não é inflamável, podendo também ser utilizada na confecção de vestuário técnico, como o dos bombeiros.

“Na agricultura, a lã é um excelente fertilizante e contribui para o enriquecimento dos solos, adicionando-lhes nutrientes como a azoto e retendo a humidade. A par disso, a pastorícia presta um serviço ambiental inestimável, já que evita os incêndios, fertiliza os solos e promove a biodiversidade ambiental”, acrescentou.

Em 2018, Isabel Sá recebeu o Prémio Empreendedorismo e Inovação Crédito Agrícola, pelo projeto ‘Lhana’. Este prémio foi um reconhecimento do projeto, como uma boa prática ligada à sustentabilidade ambiental.

No próximo dia 30 de março, Isabel Sá, vai apresentar em Miranda do Douro, o livro “Frol de la lhana – o trabalho da lã no planalto de Miranda”, escrito em português e mirandês, com 15 capítulos dedicados ao ciclo da lã.

HA

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