Miranda do Douro: Burro de Miranda é cada vez mais valorizado

O recinto do Santuário do Naso acolheu a 6 de setembro, o Concurso Nacional do Burro de Miranda, um evento anual que tem por objetivo incentivar os criadores no cuidado e preservação desta raça autóctone da Terra de Miranda, que é cada vez mais valorizada pela sua docilidade e utilidade.

O concurso da raça asinina iniciou-se ao início da manhã, do dia 6 de setembro, com a chegada dos criadores e dos seus burros ao recinto do santuário do Naso, na aldeia da Póvoa.

Após a inscrição, os criadores, maioritariamente provenientes dos concelhos de Miranda do Douro, Vimioso e Mogadouro tiveram a oportunidade conviver entre si e de participar numa gincana, que consistiu numa prova de agilidade e destreza com os seus animais.

Às 12h00, iniciou-se uma mesa redonda dedicada ao tema “Contributo das raças autóctones para a sustentabilidade do mundo rural”.

Nesta sessão de esclarecimento participaram o vice-presidente do município de Miranda do Douro, Nuno Rodrigues, Miguel Nóvoa, da Associação para ao Estudo e Proteção do Gado Asinino (AEPGA), Carla Alves, da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAP Norte) e Pedro Vieira, da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV).

O vice-presidente do município de Miranda do Douro, Nuno Rodrigues, agradeceu a presença dos criadores da raça asinina no concurso e elogiou a sua tenacidade na criação destes animais.

“O município de Miranda do Douro dedica uma grande atenção às raças autóctones, como é o caso do Burro de Miranda, dado que estes animais são imagens de marca e uma mais valia diferenciadora do nosso território. Felicito todos os criadores da raça asinina, que tratam estes animais com muito carinho”, disse.

De seguida, a engenheira, Carla Alves, da Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte (DRAP Norte), destacou que estes concursos são um estímulo para os criadores e uma oportunidade de dignificar a raça do burro de Miranda.

Dirigindo-se aos criadores, a governante, agradeceu a sua resiliência e mostrou-se compreensiva e solidária com as atuais dificuldades que enfrentam, resultantes da seca, do ano de pouca colheita e do aumento dos custos de produção.

“O ministério da Agricultura está a fazer um esforço para apoiar os agricultores. E no mês de outubro vão abrir candidaturas no valor de 57 milhões de euros, para a pecuária extensiva e as pastagens permanentes, por isso estejam atentos”, informou.

A diretora regional da agricultura concluiu a sua intervenção afirmando que as raças autótcones, como o burro de Miranda, contribuem para a fixação de pessoas no mundo rural.

“No novo quadro comunitário que entra em vigor a 1 de janeiro de 2023, o apoio às raças autóctones vai aumentar para 250€, por cabeça, ao ano”, adiantou.

Por sua vez, Pedro Vieira, da Direção Geral de Alimentação e Veterinária (DGAV) começou por sublinhar que o burro de Miranda é um embaixador deste território.

Por esta razão, o dirigente, apelou aos criadores para que assegurem a pureza genética da raça, registando a genealogia dos seus animais, junto das entidades competentes.

Na sua intervenção, Miguel Nóvoa, da Associação para o Estudo e Proteção do do Gado Asinino (AEPGA) disse que o atual desafio da raça asinina de Miranda é promover o seu rejuvenescimento e melhorar a qualidade dos animais.

“A maioria dos atuais criadores tem uma idade avançada, sendo por isso urgente transmitir a sua sabedoria aos mais jovens”, concluiu.

Finalizada a sessão de esclarecimento, seguiu-se um momento musical protagonizado pelos gaiteiros da associação Lérias e o almoço convívio entre todos os criadores, oferecido pelo município de Miranda do Douro.

À tarde, realizou-se o concurso propriamente dito, com a seleção dos melhores burros de Miranda e a entrega de prémios aos criadores.

José Torrado Ildefonso, residente na aldeia de Paradela, no concelho de Miranda do Douro, é criador de três burros de Miranda, com idades de 1, 5 e 14 anos.

“Os burros vivem, em média 25 a 30 anos”, informou.

O criador de Paradela disse que estes animais são dóceis e continuam e ser muito úteis, pois continua a semear e arrancar as batatas, graças à tração dos seus burros.

Sobre a alimentação, o criador informou que os burros de Miranda alimentam-se de palha, feno e aveia.

“Diariamente são levados a pastar para os lameiros”, disse.

Se antigamente, os burros eram muito utilizados nos trabalhos agrícolas, hoje em dia, estes animais são valorizados na limpeza de matos, manutenção de lameiros, prevenção de incêndios, atividades terapêuticas e nas atividades de lazer e turismo.

HA

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