Igreja: Papa lança livro dedicado ao presépio

O Papa Francisco escreveu um livro dedicado ao presépio, em que aborda as várias “personagens do Natal” e a representação do nascimento de Jesus, iniciada em 1283, por São Francisco de Assis.

Obra evoca 800 anos da primeira representação do nascimento de Jesus, promovida por São Francisco de Assis

“Por duas vezes quis visitar Greccio [Itália]. A primeira vez para conhecer o lugar onde São Francisco de Assis inventou o presépio, algo que também marcou a minha infância: na casa dos meus pais em Buenos Aires, esse sinal do Natal nunca faltava, antes mesmo da árvore”, escreve Francisco, na introdução do livro ‘O meu Presépio’.

Foi nesta cidade ligada a Francisco de Assis que, em 2019, o Papa assinou a carta ‘Sinal Admirável’, sobre o significado e a importância do presépio.

“Senti uma emoção especial que emanava da gruta, onde se pode admirar um fresco medieval que retrata a noite de Belém e a noite de Greccio, colocadas pelo artista como se estivessem em paralelo”, relata o pontífice.

O Papa destaca que “o mistério cristão gosta de se esconder no que é infinitamente pequeno”.

“A encarnação de Jesus Cristo continua a ser o coração da revelação de Deus”, indica, apontando a pequenez como “o caminho para encontrar Deus”.

Salvaguardar o espírito do presépio torna-se uma imersão saudável na presença de Deus, manifestada nas pequenas coisas quotidianas, às vezes banais e repetitivas. Saber renunciar ao que seduz, mas leva a um caminho mau, a fim de compreender e escolher os caminhos de Deus, é a tarefa que nos espera”.

Num olhar sobre as figuras do presépio, Francisco fala dos pastores como “aqueles que acolhem a surpresa de Deus e vivem o seu encontro com Ele com admiração, adorando-o”.

O texto evoca as estrelas, que acompanham o nascimento de Jesus, em particular “aquela que levou os magos a deixar as suas casas e iniciar uma viagem, um caminho que eles não sabiam onde os levaria”.

Naquela noite santificada pelo nascimento do Salvador, encontramos outro sinal poderoso: a pequenez de Deus. Os anjos indicam aos pastores uma criança nascida numa manjedoura. Não é um sinal de poder, autossuficiência ou orgulho. Não. O Deus eterno aniquila-se num ser humano indefeso, manso e humilde”.

O Papa convida a olhar para o presépio com “espanto e admiração”, como “um Evangelho vivo que transborda das páginas da Sagrada Escritura”.

“Não importa como o presépio é montado, ele pode ser sempre o mesmo ou mudar a cada ano; o que importa é que ele fale à vida”, indica.

O livro cita o primeiro biógrafo de São Francisco, Tomás de Celano, o qual descreve a noite de Natal de 1223.

“Quando [São] Francisco chegou, encontrou o presépio com o feno, o boi e o burro. As pessoas que ali se haviam reunido manifestaram uma alegria indescritível, nunca experimentada, com a cena do Natal”, recorda.

Tenho certeza de que o primeiro presépio, que realizou uma grande obra de evangelização, também pode ser hoje uma ocasião para despertar admiração e espanto. Assim, o que São Francisco começou com a simplicidade daquele sinal persiste até hoje, como uma forma genuína da beleza da nossa fé”.

O livro ‘O meu Presépio’ é lançado em Portugal pela Lucerna (Princípia Editora, Ldª), em coedição com a Livraria Editora Vaticana.

Na carta apostólica ‘Admirabile Signum’ (sinal admirável), sobre o significado e valor do presépio, publicada a 1 de dezembro de 2019, o Papa diz que “armar o Presépio nas nossas casas ajuda-nos a reviver a história sucedida em Belém”.

“Nascendo no presépio, o próprio Deus dá início à única verdadeira revolução que dá esperança e dignidade aos deserdados, aos marginalizados: a revolução do amor, a revolução da ternura. Do Presépio, com meiga força, Jesus proclama o apelo à partilha com os últimos, como estrada para um mundo mais humano e fraterno, onde ninguém seja excluído e marginalizado”, escreve Francisco, num texto divulgado na localidade italiana de Greccio, cerca de 100 quilómetros a norte de Roma.

Este foi o local em que São Francisco de Assis fez a primeira representação do nascimento de Jesus, um presépio vivo, em 1223.

Fonte: Ecclesia

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