Ambiente: Associação Quercus considera plano europeu para a energia pouco ambicioso
A associação ambientalista Quercus lamentou que o plano energético apresentado recentemente pela Comissão Europeia tenha ainda por base as importações de combustíveis fósseis e considerou-o pouco ambicioso.
No Dia Nacional da Energia, assinalado a 29 de maio, a associação ambientalista portuguesa divulgou uma análise do REPowerEU, o plano energético apresentado em Bruxelas, pela Comissão Europeia, em resposta à disrupção no mercado energético causado pela invasão da Ucrânia por parte da Rússia.
O plano, diz a Quercus, é “uma estranha espada de dois gumes” e embora positivo é insuficiente, e alicerça-se ainda “nas importações de combustíveis fósseis de países terceiros, arriscando a exploração crescente de combustíveis fósseis, dentro e fora da Europa, e agravando a crise climática”.
A associação vê como positivo, no plano, os incentivos às energias renováveis e aos planos de poupança energética, “ainda que insuficientes”.
“Apesar do aumento das metas das energias renováveis de 40% para 45%, e da eficiência energética de 9% para 13%, até 2030, estes objetivos não têm a ambição suficiente para fazer cumprir o Acordo de Paris e deveriam ser ajustadas para 50%, no caso das renováveis e para 20% no caso da eficiência energética”, diz a Quercus em comunicado.
Faltam também no plano “medidas imperativas” para travar o financiamento dos combustíveis fósseis. E acrescenta a Quercus: travar o gás fóssil russo, mas permitir uma corrida à importação de gás natural de outros países vem em contracorrente com os objetivos de descarbonização da economia.
No comunicado a Quercus fala do reconhecimento da importância do ecodesign e das etiquetas de eficiência energética, alerta para a necessidade de um fim real de subsídios públicos ao aquecimento fóssil, e diz que só referir a redução de subsídios aos combustíveis fósseis sem estabelecer metas e prazos não passa de “um simples desejo”.
“Os planos Fit for 55 e REPowerEU juntos podem ajudar-nos a prescindir dos combustíveis fósseis e enfrentar a emergência climática através de uma transição justa para as populações. Porém, tal só será viável se forem ousados na sua aplicação e não abrirem caminho a novas e igualmente nocivas utilizações dos combustíveis fósseis”, avisa a Quercus.
Fonte: Lusa