Miranda do Douro: Pecuária e agricultura biológica são fatores de desenvolvimento
A 19 de abril foi apresentado em Miranda do Douro, o projeto Rural On – Agricultura Conectada, uma iniciativa que pretende contribuir para o desenvolvimento da agricultura, da pecuária e da viticultura no concelho, através da implementação de boas práticas e conhecimentos científicos.
Este projeto é uma iniciativa da Associação de Produtores em Proteção Integrada de Trás-os-Montes e Alto Douro (APPITAD), em parceria com o MORE – COLAB Montanhas de Investigação e a sessão de esclarecimento realizada em Miranda do Douro, foi dedicada ao tema da sustentabilidade ambiental e da agricultura circular.
Para aprofundar estas temáticas, foram convidados o engenheiro Nuno Paulo, da Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa, que começou por dizer que os criadores desta raça autóctone despenham um importante papel, no povoamento de concelhos bom baixa densidade populacional, como é o caso do concelho de Miranda do Douro.
Referindo-se à evolução da raça de bovinos mirandeses, o também responsável pela Cooperativa Agropecuária Mirandesa, indicou que atualmente existem 338 explorações.
“Cada exploração tem em média 15,05 animais. E no total, estão registados 5283 animais”, indicou.
Segundo a Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa, esta raça autóctone gera anualmente 4 milhões de euros, sendo que a matéria-prima (os animais), a mão de obra e a transformação da carne mirandesa (em subprodutos) são processos inteiramente realizados na região.
Segundo o relatório apresentado no decorrer da sessão, 79% desta carne destina-se ao mercado nacional, 12% ao internacional e 9% é vendida na região de origem.
Sobre os desafios que a marca “Carne Mirandesa” enfrenta, Nuno Paulo, elencou a necessidade de continuar a exigir o cumprimentos das regras nas explorações, de modo a assegurar a qualidade da carne, que pretendem continuar a apresentar em novos nichos dos mercados internacionais.
No painel dedicado à viticultura, Joana Sobrinho, da Quinta do Romeu, em Mirandela, destacou a crescente importância da agricultura biológica na saúde dos consumidores e da preservação do ambiente.
“A agricultura biológica permite produzir alimentos de elevada qualidade e simultaneamente manter e aumentar a fertilidade dos solos”, defendeu.
Em sentido inverso, a engenheira agrícola, alertou que os herbicidas e a constante mobilização das terras (lavras), acabam por degradar os solos e provocam a extinção dos predadores naturais, o que conduz ao aparecimento das pragas.
“No nordeste transmontano, devido às constantes lavras, os solos têm perdido matéria orgânica, têm um PH ácido e não conseguem reter água ou humidade. Os solos nus perdem muito mais água, do que os solos cobertos”, explicou.
Joana Sobrinho prosseguiu dizendo que para alimentar as plantas, há que cuidar dos solos. E deu o exemplo da Quinta do Romeu, nas proximidades de Mirandela, onde os solos dos olivais e das vinhas não são lavrados há muitos anos.
No final da sua intervenção, a engenheira agrícola, disse que embora o preço dos produtos biológicos seja um pouco mais dispendioso, a qualidade, o sabor e o contributo para a preservação do solo e da biodiversidade são boas razões para optar pelos produtos da agricultura biológica.
HA