Miranda do Douro: Cartolinhas Peregrinos chegaram a Fátima

O grupo de 11 peregrinos que caminhou de 16 a 25 de março, entre Miranda do Douro e o Santuário de Fátima, disse que esta dura experiência física e psicológica de percorrer 370 quilómetros, permitiu-lhes aprofundar o conhecimento e o respeito de uns pelos outros e adquirir uma maior consciência da presença de Deus nas suas vidas.

Ao longo de 10 dias, o grupo denominado “Cartolinhas Peregrinos” – constituído por seis mulheres e cinco homens, com idades compreendidas entre os 37 e os 67 anos – caminharam 37 quilómetros por dia.

Três destes peregrinos, Bruno Rodrigues, Raúl Silva e Fernando Mendes, disseram que para empreender esta grande aventura foi necessário planear previamente as etapas a percorrer, as refeições para cada jornada e os locais onde iriam descansar durante a noite.

“O planeamento e a logística foram fundamentais para que a peregrinação fosse bem sucedida. Na logística, o carro de apoio prestou um serviço imprescindível, já que assegurou a assistência aos peregrinos ao longo do caminho, bem como o transporte de água, da alimentação e preparou ainda o alojamento no final de cada etapa”, indicaram.

Ao longo do percurso, os peregrinos evitaram caminhar nas estradas nacionais por causa do trânsito e do maior perigo de acidentes. Na rota traçada, passaram por localidades como Tó (Mogadouro), Carviçais, Vila Nova de Foz Coa, Moitos de Trancoso, Celorico da Beira, São Romos (Seia), Arganil, Bairro Novo (Miranda do Corvo), Alvaiázere e Fátima.

“Na passagem por estas localidades, fomos sempre muito bem recebidos. As pessoas sabendo que íamos a caminho do Santuário de Fátima, encomendaram-nos mesmo orações a Nossa Senhora”, revelaram.

E a oração também fez parte do dia-a-dia do grupo. Em jornada, a oração da manhã deu início à caminhada. Depois, ao início da tarde, o grupo rezou o terço.

“Houve dias, em que na chegada às localidades, como sucedeu em Vila Nova de Foz Coa, também participámos na missa”, acrescentaram.

No final dos dias, os peregrinos mirandeses ficaram alojados nas instalações das corporações dos bombeiros das várias localidades e afirmaram que foram sempre muito bem acolhidos.

Sobre o percurso, os peregrinos de Miranda do Douro criticaram a inoperância do governo e dos municípios portugueses em construir trajetos e colocar a devida sinalização em direção a Fátima.

“Dada a grande afluência de pessoas, as peregrinações a Fátima têm um potencial idêntico às peregrinações dos Caminhos de Santiago de Compostela, em Espanha. Mas em Portugal, falta fazer quase tudo, não há caminhos definidos, não há sinalização, não há albergues, nem sequer há informação”, criticaram.

Para Fernando Mendes, o mais velho do grupo, com 67 anos, o que mais o impressionou nesta peregrinação a Fátima, foi codividir o sofrimento físico e psicológico com os companheiros e companheiras de caminhada.

“As longas caminhadas diárias de 37 quilómetros, com subidas e descidas, debaixo do sol e noutros dias com chuva e frio causaram-nos um grande sofrimento. Houve pessoas do nosso grupo que ficaram mesmo com os pés em ferida e o seu sofrimento fez-nos sofrer”, disse.

Outra dificuldade na peregrinação foi gerir as emoções no grupo.

“A convivência diária, os diferentes ritmos, o cansaço, o sofrimento e a ansiedade de querer chegar rapidamente ao destino, provocaram desgaste e pequenos conflitos”, contaram.

E esta ansiedade aumentou à medida que os peregrinos de Miranda do Douro se iam aproximando do destino. Para o grupo, a última etapa, entre Alvaiázere e Fátima, foi mesmo a mais difícil.

A tão desejada chegada ao Santuário de Nossa Senhora, em Fátima, aconteceu no dia previsto, no sábado, dia 25 de março, onde os 11 peregrinos mirandeses tinham à espera os familiares.

“Na chegada ao santuário, o grupo teve o gesto muito bonito de se descalçar e caminhar descalço”, contaram.

Na noite de sábado, os peregrinos mirandeses e os seus familiares participaram na procissão das velas.

No dia seguinte, Domingo, antes do regresso a casa, o grupo participou na Eucaristia Dominical, celebrada na Basílica da Santíssima Trindade.

Concluída a peregrinação, os Cartolinhas Peregrinos revelaram que nesta experiência aprenderam a conhecer-se melhor, a respeitar a diferença e o ritmo uns dos outros.

Sobre a fé que os levou a percorrer 370 quilómetros de planaltos, vales e montanhas, os peregrinos mirandeses afirmaram que ao longo dos dias da peregrinação aprofundaram a consciência da presença de Deus nas suas vidas.
Fotos: Cartolinhas Peregrinos

HA

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