Agricultura: 6 mil agricultores manifestaram-se em Mirandela
Na manhã desta quinta-feira, dia 26 de janeiro, realizou-se a primeira manifestação dos agricultores, com uma marcha lenta de tratores e de seis mil pessoas, que percorreram o centro da cidade de Mirandela, num protesto contra a governação do ministério da Agricultura.
A extinção das Direções Regionais de Agricultura e a concentração das competências das mesmas nas Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) foi o motivo do primeiro protesto convocado pela Confederação dos Agricultores e Portugal (CAP).
Durante a marcha em Mirandela, que começou no recinto da feira e terminou em frente às instalações da direção regional, mais de 70 organizações de agricultores de várias zonas do país pediram “respeito pela agricultura”.
O secretário-geral da CAP, Luís Mira, revelou que a principal razão do descontentamento dos agricultores portugueses é incapacidade do governo de utilizar as verbas provenientes da União Europeia.
Segundo Luís Mira, nunca houve tanto financiamento para a agricultura como no corrente ano 2023, mas o atual governo mostra-se incapaz de utilizar devidamente os fundos comunitários.
Relativamente ao Plano Estratégico da Política Agrícola Comum, para o quadriénio 2023-2027, o secretário-geral da CAP disse que estas medidas foram mal concebidas e não vão ao encontro das necessidades dos agricultores.
“As medidas do PEPAC vão trazer uma quebra ao rendimento dos agricultores”, adiantou.
Luís Mira disse não ser aceitável que o atual governo injete milhões de euros na TAP e retire dinheiro aos agricultores.
O agricultor do concelho de Vimioso criticou ainda a elevada burocracia no acesso aos apoios finaceiros provenientes do PEPAC, que poderiam atenuar os elevados custos de produção.
“Há muita burocracia e devíamos ser mais práticos”, indicou.
Perante a possibilidade de Mirandela perder a Direção Regional de Agricultura do Norte (DRNA), Ramiro Domingues expressou tristeza e indignação afirmando que ao levarem os centros de decisão agrícola para longe, a região fica mais pobre.
Para a CAP, a recente decisão de transferir as competências das direções regionais de agricultura para as CCDR “é um sinal claro que o governo se prepara para desmembrar o Ministério da Agricultura, para acabar com ele”.
O presidente CAP, Eduardo Oliveira e Sousa, apontou que a Direção Regional de Agricultura e Pescas do Norte “foi a primeira a ser decapitada”, pois está sem diretor, depois de a anterior, Carla Alves, ter sido nomeada secretária de Estado e se ter demitido no dia seguinte, devido à polémica com o marido, antigo presidente da Câmara de Vinhais.
Para os agricultores transmontanos, como Aristides Cadavez, o que está a acontecer “é sempre mais do mesmo”, com a retirada de valências do interior para o litoral.
“Em vez de tirar do interior, que tragam do litoral para o interior. Agricultura é aqui, no interior. O que é que nós temos de agricultura no litoral? Porquê complicar a vida a quem trabalha, aos agricultores neste caso, porquê tirar-lhe o centro de decisão de onde tem que estar, aqui em Trás-os-Montes, e levá-lo para a beira do mar, porquê”, questionou.
Fonte: Lusa e HA