Águas Vivas: Monumento eterniza a tradição dos Ramos
A aldeia de Águas Vivas foi embelezada com um monumento, em granito, que simboliza uma tradição muito querida na aldeia, a confeção dos ramos e dos roscos, que acontece no decorrer da festa de Nossa Senhora da Candeias.
O monumento evocativo da tradição dos Ramos foi uma iniciativa da Freguesia de Águas Vivas e a representante da freguesia local, Dilar Neto, disse que o monumento pretende “favorecer a aldeia” e eternizar uma tradição tão apreciada pela população local.
“A festa dos Ramos é muito importante na história de Águas Vivas”, disse.
A tradição do Ramo é uma festa cuja origem está ligada a uma promessa feita pelos habitantes da aldeia, pedindo a Nossa Senhora o regresso são e salvo dos jovens rapazes que partiram para a guerra.
Esta festa está tão enraizada na aldeia, que os emigrantes marcam férias, em fevereiro, para participar na festa de Nossa Senhora das Candeias.
E na festa, os protagonistas são uns biscoitos confecionados comunitariamente, designados de ramos e roscos.
Na confeção destes biscoitos tradicionais toda a aldeia participa. Se uns oferecem os ingredientes como são a farinha, os ovos, o açúcar, o fermento, a manteiga e a aguardente. Outros arregaçam as mangas e vão trabalhar para o forno. Aí, há que amassar a massa, partir e bater os ovos, enformar os ramos e os roscos e levá-los ao forno.
“A festa dos Ramos é muito importante na história de Águas Vivas.”
Antes do dia da festa, os jovens rapazes competem entre si, para ver quem oferece a maior esmola de modo a ter a honra de transportar o andor de Nossa Senhora das Candeias e um andor ornamentado com os cinco Ramos e os Roscos.
Chegados ao Domingo, o dia da festa, após a Missa, o andor com os Ramos e os roscos, é exposto no adro da Igreja, onde os jovens rapazes o apregoam.
Ao final do dia, na casa do povo, os ramos e os roscos são leiloados. A Dona Giolanda, uma senhora de 92 anos, que muito trabalhou para preservar esta tradição, contou que houve festas em que o leilão dos ramos e dos roscos rendeu 600 contos, ou seja, 3 mil euros!
Contudo, o envelhecimento da população local e a falta de jovens está a pôr em risco a preservação desta tradição, em Águas Vivas.
De acordo com Dilar Neto, uma jovem entusiasta desta tradição aguavivense, por enquanto o amor à festa de Nossa Senhora da Candeias, tem permitido manter viva a tradição dos Ramos. Anualmente, os três mordomos responsáveis pela organização da festa, têm recebido a ajuda de toda a aldeia.
Quando questionámos a responsável pela freguesia de Águas Vivas, sobre que outras iniciativas poderão preservar e inovar as tradições locais, Dilar Neto, lançou a sugestão de apresentar os saborosos roscos nas cestas de vime confecionadas pelas senhoras de Águas Vivas.
Ao que parece a cestaria também é uma arte que urge preservar dado o envelhecimento das artesãs locais.
HA