IX Domingo do Tempo Comum
Descanso!
Deut 5, 12-15 / Slm 80 (81), 3-8a.10-11b / 2 Cor 4, 6-11 / Mc 2, 23 – 3, 6 ou 2, 23-28
«Bendito seja quem inventou o descanso», diz o povo. Curiosamente, foi Deus quem o inventou, ao descansar no sétimo dia. E não só o inventou, como pede a Israel que descanse e faça descansar, que poupe outros ao trabalho.
Por comodismo – ou porque rendidos à lógica do consumo – estes dias de descanso, de ócio partilhado, parecem ter-se perdido. Há sempre algo que fazer e exigimos uma quantidade de serviços que nos ajudem a descansar. Perdemos a noção deste santo descanso, uma das grandes originalidades da religião judaica, da qual somos herdeiros. E, ao perdê-lo de vista, somos nós quem se perde no frenesim da atividade.
No Evangelho deste domingo, assistimos à polémica causada pelos discípulos de Jesus ao colherem espigas num sábado para se alimentar. Esta violação da lei não passa despercebida aos fariseus. Estes rapidamente questionam Jesus, que lhes responde: «o sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado».
A resposta de Jesus, sem colocar em causa a sabedoria, bondade e importância da lei, aponta o essencial: a lei foi oferecida pelo Senhor para que o homem floresça, não para que ele viva refém dela. Jesus não vem abolir a Lei, mas cumpri-la plenamente, apontando a sua razão de ser, mostrando que esta não é amarra, mas caminho de libertação.
Nós gostamos de regras. E precisamos de clareza nas normas que regem as nossas vidas. Contudo, tendemos a esquecer que estas não existem para si mesmas, mas sim para promover e proteger a Humanidade. Nós precisamos dos mandamentos e dos demais preceitos da lei de Deus para que se lance luz sobre possíveis enganos das nossas vidas. Mas obedecer cegamente à lei é feri-la de morte.