Algoso: Pauliteiros animaram a festa de São Roque

As Festas de Algoso deste ano contaram com a participação do grupo de pauliteiros de Miranda – Sendim, que animou a arruada e o peditório pelas ruas da localidade, uma antiga tradição que criou “lhaços” de maior proximidade entre os gaiteiros, os dançadores e a população local e despertou o propósito de voltar a formar um grupo de pauliteiros na localidade.

Pela manhã, os pauliteiros de Miranda – Sendim animaram a arruada e o peditório pelas ruas de Algoso.

As festas em Algoso decorrerm nos dias 14, 15 e 16 de agosto, sendo dedicadas a Nossa Senhora do Castelo e a São Roque. No dia 16, a comissão de festas de Algoso convidou o grupo de pauliteiros sendineses para animarem a arruada e o peditório pelas ruas da aldeia.

Sobre esta atuação, o secretário da associação de Pauliteiros de Sendim, Telmo Ramos disse que esta experiência foi diferente das habituais atuações, dado que que começou logo pela manhã e levou os jovens pauliteiros a percorrer as várias ruas da localidade.

“Ao acompanhar os mordomos na recolha da esmola para a festa em honra de São Roque, os pauliteiros tiveram a missão de, em cada rua, retribuir a generosidade da população com uma dança ou lhaço”, explicou.

A arruada e o peditório decorreram ao longo de toda a manhá, debaixo de um intenso calor, pelo que a hospitalidade e a generosidade da população de Algoso, que ofereceu água, cerveja e algo para comer, foi um gesto muito bem recebido pelos jovens dançadores. Finalizada a arruada, seguiu-se o merecido descanso para o almoço.

À tarde, após a missa em honra de São Roque, dois pauliteiros acompanharam a procissão, desde a igreja matriz, passando pela capela de São Roque e regressando de novo à igreja. No final da procissão, os pauliteiros de Sendim presentearam a população de Algoso, no largo da igreja, com uma série de danças (lhaços), que culminou com a dança do salto ao castelo, tendo sido muito aplaudidos pela alegre e vigorosa atuação.

À tarde, os pauliteiros sendineses dançaram no largo da Igreja.

Sobre a pertinência desta atuação, em Algoso e a recente candidatura “Danças dos Pauliteiros nas festas tradicionais” ao Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial, Telmo Ramos, corroborou da opinião que a tradição das danças dos pauliteiros propiciam a coesão social e bem-estar vivencial das comunidades.

Perante a efusiva recetividade e o entusiasmo do público de Algoso, Telmo Ramos explicou que noutros tempos, esta localidade teve grupos locais de pauliteiros, mas depois com o êxodo da população e dos jovens, a tradição não teve continuidade e perdeu-se.

Foi para reavivar esta memória, que o mordomo e juiz da comissão de Festas de Algoso 2023, Elias Pinto, convidou o grupo de pauliteiros de Miranda – Sendim, para animar a festa em honra de São Roque.

“Em Algoso, há um grande apreço pelas danças dos pauliteiros. Noutros tempos, existia na localidade um grupo de gaiteiros e pauliteiros, que também tinham a missão de animar e dançar no decorrer do peditório das festas. Por isso, foi com grande satisfação que vi o entusiasmo da população ao ver dançar os pauliteiros. Faço votos de que nos próximos anos, os mordomos das festas continuem a convidar estes grupos tradicionais para animar as festas de Algoso”, disse.

Emigrante há 40 anos, em Espanha, Adriano Frias, foi uma das pessoas que mais se alegrou com a atuação dos pauliteiros de Miranda – Sendim. A razão deste entusiasmo deve-se à experiência na sua juventude, como “dançador”, no grupo de pauliteiros de Algoso, na década de 1980.

“Foi uma maravilha, voltar a ver dançar os pauliteiros em Algoso. Trouxe-me à memória os meus tempos de juventude, durante os quais também tínhamos a missão de acompanhar o peditório pelas ruas da aldeia. No decorrer desta tarefa, lembro-me que era tradição oferecer aos dançadores e aos gaiteiros de comer e de beber, por exemplo, presunto e arroz doce, para recuperarem as forças. Depois da missa, também dançávamos no largo da igreja”, recordou.

Já o jovem Xavier Pinto, também ele emigrante, em Espanha, é gaiteiro e interessa-se pela música e as tradições de Algoso. Sobre o antigo grupo de pauliteiros locais, estudou, por exemplo, os registos de vídeo das danças dos paus, realizados por Michel Giacometti.

“Gostaria muito de reavivar esta bonita tradição dos pauliteiros, em Algoso. Para tal, já temos o contributo de jovens gaiteiros. Gostaria agora de aproveitar o conhecimento das pessoas mais velhas da aldeia, que já foram dançadores, para ensinarem aos mais novos as danças ou ‘lhaços'”, disse.

No final da festa, os algosenses aplaudiram e agradeceram ao grupo de Pauliteiros de Miranda-Sendim, pela animação e a alegria transmitida com a música e a dança. E também pela inspiração de incutir nos mais jovens o desejo de formar, novamente, um grupo de pauliteiros, em Algoso.

HA

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