Miranda do Douro: “Danças dos Pauliteiros nas festividades” candidatas a património cultural imaterial

O município de Miranda do Douro submeteu a 10 de julho, Dia da Cidade, a candidatura das “Danças Rituais de Pauliteiros nas Festas Tradicionais”, ao Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial Matriz PCI, sendo que a iniciativa é considerada um momento histórico para a cultura mirandesa.

“Trata-se de um momento histórico para a cultura mirandesa. A inscrição das ‘Danças Rituais de Pauliteiros nas Festas Tradicionais de Miranda do Douro’ no Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial é um primeiro passo. Depois, se esta temática for elegível vamos trabalhar para que as Danças dos Pauliteiros de Miranda seja também inscrita no património imaterial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) ”, disse a presidente Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril.

A autarca mirandesa acrescentou ainda que este processo de inscrição das “Danças Rituais de Pauliteiros nas Festas Tradicionais de Miranda do Douro” poderá não ser tão célere como aquele que aconteceu com as “Capa de Honra Mirandesa”.

“Vamos aguardar o desenrolar de todo este processo de submissão das ‘Danças Rituais de Pauliteiros nas Festas Tradicionais de Miranda do Douro’ à matriz PCI. Para depois iniciarmos o outro trabalho da candidatura à UNESCO ”, explicou a autarca de Miranda do Douro.

A submissão da candidatura foi realizada no Dia da Cidade, 10 de julho, data em que Miranda do Douro celebrou 478 anos de elevação a cidade e sede da diocese.

Para Helder Ferreira, o coordenador deste trabalho, a submissão do pedido de Inventariação das “Danças Rituais de Pauliteiros nas Festas Tradicionais de Miranda do Douro” ao Inventário Nacional de Património Cultural Imaterial, fica concluído todo um processo de investigação e inicia-se a última fase de todo este trabalho de registar “uma das mais icónicas manifestações tradicionais portuguesas”.

Já Mário Correia, investigador neste processo, indicou que, de acordo com as formulações definidoras do património cultural imaterial, contam as pessoas e as respetivas vivências comunitárias, o centro de reconhecimento das práticas culturais e do saber fazer associadas.

“As danças de pauliteiros não são elegíveis na qualidade de mera representação ou execução folclórica, mas sim como parte integrante de manifestações culturais e cerimoniais estruturadas, como são as atuações nas festas tradicionais da Terra de Miranda. Nestas festividades, as danças dos pauliteiros assumem importância coletiva pois são elementos propiciadores de coesão social e bem-estar vivencial das comunidades”, concretizou.

A origem da “Dança dos Pauliteiros” não reúne consenso entre os investigadores. Os pauliteiros de Miranda são considerados um dos ícones máximos do folclore nacional e ibérico.

“Esta terá nascido durante a idade do ferro, na Transilvânia, espalhando-se posteriormente pela Europa”, afiançam alguns.

Alguns autores, tal como o Abade de Baçal, defendem que a sua origem se deve à clássica dança pírrica guerreira dos gregos.

Este investigador, já falecido e tido como uma das maiores referências da etnografia do Nordeste Transmontano, dizia que via poucas diferenças entre esta dança e a dança dos Pauliteiros tais como a substituição das túnicas pelas saias, o escudo pelo lenço sobre os ombros, os chapéus enfeitados e a utilização da flauta pastoril.

Mas a dança dos pauliteiros manifesta também vestígios de danças populares do sul de França e na dança das espadas dos Suíços na Idade Média.

Os romanos seriam os responsáveis pela propagação da dança pírrica a esta região.

Fonte: Lusa

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