Malhadas: Criadores de bovinos mirandeses preocupados com a falta de forragens

No passado sábado, dia 24 de junho, o mercado de gado, em Malhadas, acolheu o Concurso Concelhio de Bovinos Mirandeses, um certame anual de homenagem aos criadores desta raça autóctone, que dizem estar a enfrentar sérias dificuldades por causa dos longos períodos de seca que prejudicam a colheita de forragens para os animais.

Por causa da seca e da falta de forragens, os criadores de bovinos mirandeses veem-se obrigados a vender ou abater os seus animais.

No concurso deste ano, em Malhadas, participaram criadores de várias aldeias do concelho de Miranda do Douro e na sua maioria referiram que a seca não tem permitido armazenar forragens para alimentar os animais.

“Este ano, as chuvas vieram tarde e por isso a aveia e o feno não cresceram, razão pela qual no próximo inverno não vamos ter forragens para os animais”, disse António Gonçalves.

Questionado sobre os custos inerentes à pecuária, este criador de Malhadas, respondeu que a atividade para ser lucrativa exige uma exploração extensiva, no minímo com 30 a 40 animais.

É o caso da exploração de 45 bovinos mirandeses, de Armandino Delgado Lopes, em Fonte Ladrão. Questionado sobre a atual situação no setor pecuário, o jovem criador respondeu que as despesas são muitas, os preços dos produtos continuam a aumentar e o rendimento que se retira desta atividade é escasso.

“Para agravar ainda mais a situação, os recorrentes períodos de seca dificultam a colheita de forragens nos campos como a aveia, o feno, o milho, as abóboras, as beterrabas, etc., que servem alimento para os animais”, disse.

Apesar destas dificuldades, Armandino Lopes, revelou que é o gosto pela pecuária que o motiva a não desistir da criação de bovinos de raça mirandesa.

Atenta a estas dificuldades, a presidente do município de Miranda do Douro, Helena Barril, que esteve presente no Concurso Concelhio de Bovinos Mirandeses, em Malhadas, mostrou-se consciente das dificuldades que os criadores do concelho voltam a enfrentar por causa do mau ano agrícola.

“O município de Miranda do Douro está a acompanhar de perto a situação no setor agrícola e pecuário. Recordo que para além do apoio na realização deste concurso anual de bovinos mirandeses, também apoiamos os criadores com os custos da sanidade animal ao longo do ano”, indicou.

Por sua vez, o presidente da freguesia de Malhadas, Camilo Raposo, acrescentou que os prémios do Concurso Concelhio de Bovinos Mirandeses, visam sobretudo reconhecer o esforço dos criadores na preservação desta raça autóctone da Terra de Miranda.

Questionado sobre a importância da agricultura e da pecuária nesta região, o autarca de Malhadas, afirmou que estas duas atividades são fundamentais para a fixação de pessoas nas aldeias e também para o desenvolvimento económico da região, dada a qualidade dos produtos locais, como é o caso da Carne Mirandesa.

“Para que a demografia e a economia cresçam na Terra de Miranda é um imperativo que o governo crie estímulos para manter e desenvolver a agricultura e a pecuária. Se assim não for, o despovoamento a que continuamos a assistir será ainda mais grave e levará ao completo abandono das terras”, alertou.

HA

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