III DOMINGO DA QUARESMA

Sede

Ex 17, 3-7 / Salmo 94 (95) 1-2.6-7.8-9 / Rom 5, 1-2.5-8 / Jo 4, 5-42

Quando preparamos um passeio, e sobretudo em tempo de calor, rapidamente preparamos um cantil para saciar a sede. Hoje em dia, uma garrafa de água é um elemento muito presente, ao lado do telemóvel, nas coisas que se levam para o trabalho ou para a faculdade. A água é um bem essencial para a vida. O Evangelho de São João traz-nos o encontro da mulher samaritana com Jesus junto a um poço, num diálogo que fala das sedes e desejos mais profundos de todos nós. Mas tudo parece invertido!

Em primeiro lugar, a mulher vai ao poço «por volta do meio-dia», a hora de maior calor. Parece que não quer ser encontrada, fechada no drama das sedes da sua vida. Mas esta é também a hora do dia em que o sol está mais alto e tudo se vê melhor. A presença de Jesus é esta luz que vem iluminar a sua vida e saciar as suas sedes. Jesus deixa-se ver quando parece que nada vale e não encontramos clareza para resolver as situações mais difíceis. Em segundo lugar, é Jesus que pede de beber, evocando as palavras que dirá na cruz:

«Tenho sede!». A mulher samaritana, na sua aridez interior, é convidada a usar do que tem, a sua bilha, para dar de beber a Jesus. A presença de Jesus revela o desejo de salvar esta mulher, de abrir novos horizontes de compreensão da realidade. 

Um terceiro elemento contraditório desta história está na posição de cada um. A samaritana teve cinco maridos e, vivendo com alguém, reconhece não ter marido. No contexto bíblico, o sete é o número da plenitude e a mulher parece permanecer imperfeita. Por isso, o jogo dos números é sugestivo, para dizer que continua incompleta. Falta-lhe um verdadeiro marido e Jesus apresenta-se como o esposo que pode saciar o seu coração. A história deste encontro termina com uma mulher renovada, novamente em movimento para anunciar a salvação encontrada.

A primeira leitura, do Livro do Êxodo, completa as sedes do ser humano com um episódio acontecido na caminhada do povo de Israel desde o Egito até à Terra Prometida. Atormentados pela escassez de água e preocupados com a sobrevivência, começam a duvidar das promessas de Deus. Moisés é enviado a fazer notar ao povo que a água que sacia as sedes da humanidade pode não ser óbvia e imediata, mas pede tempo e confiança.

Neste tempo de Quaresma, somos convidados a assumir as nossas sedes e a tomar consciência do nosso batismo e das graças recebidas. Como diz São Paulo na Carta aos Romanos, «a esperança não engana, porque o amor de Deus foi derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado». Qual é a água que Jesus tem hoje para me oferecer?

Fonte: https://www.redemundialdeoracaodopapa.pt/meditacao-diaria/2002

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