V DOMINGO DO TEMPO COMUM

Ser luz para os outros

Is 58, 7-10 / Slm 111 (112), 4-8a.9 / 1 Cor 2, 1-5 / Mt 5, 13-16

Como podemos ser luz do mundo? O salmista diz-nos que aquele que brilha como luz nas trevas é quem reparte com largueza pelos pobres e dispõe das suas coisas com justiça, aquele que é misericordioso e compassivo. E o Senhor, através de Isaías, anima-nos a fazer a mesma coisa: a partilhar o nosso pão com o que tem fome, a nossa casa com o que se encontra sem abrigo, a dar roupa ao que não tem de vestir. Isaías resume este estilo de vida numa só frase: não voltar as costas ao seu semelhante.

Coloquemo-nos diante de Cristo, sem receios, e deixemo-nos questionar quanto aos nossos olhares e gestos, pensamentos e palavras. E mesmo que reconheçamos em nós a graça da generosidade na partilha com os que sofrem, perguntemo-nos: quantas vezes juntamos a nossa achega às cadeias de maledicência? Quantas vezes julgamos sem nos aproximarmos?

Quantas vezes deixamos os outros entregues aos demónios das suas noites, à solidão das suas decisões, afastando-nos como se nada tivéssemos a ver com a sua sorte? Desejamos ser um novo Abel, o brilho nos olhos de Deus, quando pela nossa indiferença não passamos de um eco das escolhas de Caim.

Há que derrubar o muro da indiferença. Há que cruzar a fronteira da distância. Há que viver voltados para quem nos rodeia, de sorriso nos lábios, e mais do que perguntar «precisas de alguma coisa?», devemos estar atentos e «pormo-nos a jeito» dizendo: «como ajudo?».

«Como ajudo?» é uma pergunta-luz que dissipa as trevas. É a pergunta que Deus faz todos os dias a cada um de nós, é a pergunta deste Senhor que se adianta para vir ao nosso encontro. «Como ajudo?» é a forma do coração do Pai da parábola, aquele que sai de casa ainda o seu filho está longe, e que ao chegar junto dele o cobre imediatamente com o seu amor. «Como ajudo?» é o primeirear do Papa Francisco, neologismo que introduz em Evangelii gaudium, §24.

Para descobrirmos a luz e sermos luz, para que a nossa vida brilhe no seio da noite mais escura como se fosse meio-dia, não vivamos de costas voltadas para o nosso semelhante. Cristo abriu um caminho que podemos percorrer com a ajuda do Espírito Santo, como companheiros seus, amigos seus, na sua missão de compaixão pelo mundo. Não nos demoremos pelo caminho. Arrisquemos a santidade, começando por um olhar compassivo e misericordioso como o de Jesus. Sejamos luz!

Fonte: Rede Mundial de Oração do Papa

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