Política: PCP avisa que integrar agricultura na CCDR é o primeiro passo para a desarticulação
O secretário-geral do PCP considerou que a anunciada intenção do Governo de passar as competências dos serviços do Estado para as Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional (CCDR) “é o primeiro passo para a desarticulação total”.
Paulo Raimundo falava em Bragança, na 8.ª Assembleia de Organização Regional do Partido, onde aproveitou a importância da agricultura na região de Trás-os-Montes para criticar a intenção do Governo e as alegadas consequências da concentração de competência a nível regional, no caso na CCDR do Norte.
“Depois de ter eliminado milhares de postos de trabalho, depois de ter amputado o Ministério [da Agricultura] da área das florestas, o Governo PS quer agora ou extinguir serviços ou integrá-los nas CCDR”, observou durante o discurso em Bragança.
Para o secretário-geral do PCP, este “é o primeiro passo para a desarticulação” dos serviços e defendeu que “o que faz falta é mais proximidade e meios e não mais afastamento dos serviços de apoio aos agricultores”.
Paulo Raimundo referiu-se também ao Plano Ferroviário Nacional (PFN) apresentado recentemente pelo Governo e que contempla uma ligação entre o Porto e Bragança.
“Se há região onde não temos problemas com a ferrovia é no distrito de Bragança, exatamente pela razão simples de que não há um único quilómetro de ferrovia neste distrito. Parece que há aí umas promessas novas, a ver vamos”, declarou.
O líder comunista atribuiu aos encerramentos de serviços e falta de investimento o défice demográfica, com a contínua perda de população em regiões como Bragança, onde vivem menos cerca de 13.400 pessoas, segundo o censos de 2021, comparando com 2011.
“Não há habitantes de primeira e de segunda”, reiterou Paulo Raimundo, afirmando que “é a política de direita que provoca a saída das populações do interior”.
“Este é um reflexo de um País mais desigual e mais injusto. Um País cada vez mais inclinado para o litoral, e que deixa o interior cada vez mais ao abandono e onde a baixa natalidade se faz sentir de forma ainda mais dramática”, insistiu.
O PCP reclama para combater o problema “medidas que passem por salários dignos, vínculos permanentes, boas condições e horários de trabalho estáveis, acesso a habitação, creche, escola, transportes, acesso aos serviços de saúde e ao acompanhamento das grávidas e ao direito a nascer em segurança num hospital”.
Fonte: Lusa