Sociedade: «Os migrantes são essenciais na sociedade portuguesa» – Pedro Góis

Pedro Góis, sociólogo e investigador na área das migrações, afirmou que é importante esclarecer as populações que os migrantes são essenciais na sociedade.

Falando no 34º Encontro da Pastoral Social, que decorreu em Fátima, sobre as consequências dos conflitos militares e da pandemia no fenómeno migratório, o professor na Faculdade de Economia na Universidade de Coimbra, destacou que “a guerra trouxe 53 mil ucranianos para Portugal, invisíveis socialmente”.

“Não ouvimos falar deles, não causaram problemas. Se os soubermos acolher, ficarão e trarão novas pessoas para a sociedade e isso acrescenta”, acrescentou.

Para o docente universitário, a pandemia veio mostrar o quão essencial foi o trabalho de pessoas imigrantes: “Os senhores das empresas de transportes, das cadeias de logística que transportam alimentos. Isso mostrou a sua importância essencial”, evidenciou.

Pedro Góis afirmou não ser possível a sociedade portuguesa viver sem os imigrantes, e afirmou que a transição demográfica está em curso.

“Se não recebermos muitos migrantes nas próximas décadas o país e a economia vão encolher de tal forma que se vai tornar insustentável viver aqui. É de vital importância começarmos a falar sobre isto. Não há turismo sem trabalhadores, não há agricultura sem mão-de-obra que já não existe no país. A população já não chega. Nos últimos anos saiu muta gente que já não volta. Vamos ter de acolher milhares de pessoas”, evidenciou.

“Felizmente temos um país atrativo para as pessoas, elas estão a vir espontaneamente. Não tenho a certeza de que no futuro continuamos a ter capacidade de atração, que vão ser atraídas por outras economias. Temos que saber não cometer os mesmos erros: não deixar que sejam os primeiros a perceber o emprego, não podemos deixá-los acreditar que não os apoiamos quando precisarem de nós, já que nos apoiaram quando precisámos. E este é um caminho que não vejo suficientemente comunicado”.

Pedro Gois pediu respostas mais céleres nas instituições de acolhimento, “o SEF demora muito tempo na regularização”, com salários baixos “o reagrupamento familiar é dificultado”, as Universidades “demoram muito tempo” a reconhecer diplomas, uma realidade que deve ser mudada.

O investigador explicou ainda que a educação para a “multiculturalidade” deve começar na escola.

O 34.º Encontro da Pastoral Social, com o tema ‘A pandemia, a guerra e os pobres’, foi uma organização conjunta do Secretariado Nacional da Pastoral Social e da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde.

Fonte: Ecclesia

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