Vimioso: Exposição valoriza o lobo ibérico

Os artistas Agostinho Santos e Walter Hugo Mãe criaram uma exposição de desenhos sobre o lobo ibérico, com os propósitos de despertar as consciências para a preservação desta espécie e informar que vai ser instalado um centro interpretativo e um percurso pedestre na aldeia de Vale de Frades, no concelho de Vimioso.

Inauguração da exposição de desenhos “Apontar o dedo ao lobo”, no dia 2 de fevereiro, na Casa da Cultura de Vimioso.

A exposição é constituída por cerca de 25 desenhos a grafite e tinta-da-China sobre papel e foi concebida, propositadamente, para realçar a presença do lobo [ibérico] nesta região transmontana”, disse a vereadora da Cultura do Município de Vimioso, Carina Lopes.

A vereadora vimiosense recordou que o lobo é motivo de muitas lendas e mesmo fonte de medo, mas o que a exposição pretende sublinhar é a importância de preservar desta espécie, sendo atualmente o único membro que resta da família dos grandes predadores de Portugal.

A jovem autarca acrescentou que a exposição visa promover o futuro percurso pedestre e o centro interpretativo do lobo ibérico, que vai ser instalado na antiga escola primária, na aldeia de Vale de Frades.

Para a inauguração da exposição “Apontar o dedo ao lobo” estiveram presentes vários jovens estudantes do Agrupamento de Escolas de Vimioso. A vereadora da cultura referiu que há uma permanente comunicação com a escola local, de modo a proporcionar às crianças e jovens oportunidades de enriquecimento cultural e o contato com os artistas.

Carina Lopes informou ainda do convite endereçado aos agrupamentos de escolas e aos municípios vizinhos, para que venham a Vimioso visitar a exposição “Apontar o dedo ao Lobo”, que vai estar patente na Casa da Cultura até ao dia 22 de março de 2022.

Por sua vez, o presidente do município de Vimioso, Jorge Fidalgo, expressou o seu contentamento pela participação de Agostinho Santos e Walter Hugo Mãe na promoção e divulgação da biodiversidade do território.

“A cultura e a participação de artistas conceituados como Agostinho Santos e Walter Hugo Mãe são um fator de atração de pessoas e portanto de desenvolvimento económico”, justificou.

Todos os trabalhos que compõem a exposição “Apontar o dedo ao lobo” foram executados pelos dois artistas – Agostinho Santos e o premiado escritor Valter Hugo Mãe.

Sobre a temática da exposição e o risco de extinção do lobo ibérico, Walter Hugo Mãe, referiu que é preciso considerar o sentido de sobrevivência do lobo.

“A natureza do lobo (ou de uma fera) não pretende ser inimiga do homem. Estes animais lutam pela sua sobrevivência. Temos portanto que aprender a respeitar o espaço do lobo”, disse.

Relativamente aos desenhos da exposção, o escritor explicou que Agostinho Santos é o autor dos desenhos dos lobos. E ele, Walter Hugo Mãe, desenhou os dedos, os seres e as consciências que apontam ao lobo.

“Eu desenho estas fantasmagorias, figuras cobardes que não têm rosto, que não dão a cara e ficam a conspirar contra o lobo, contra a natureza e o equilíbrio ambiental. Precisamos rever a culpa que imputámos ao lobo”, disse.

Por sua vez, o pintor Agostinho Santos concluiu dizendo que a arte também serve para agitar e inquietar consciências.

“A arte (tal como o jornalismo) tem o dever de chamar a atenção para o que está mal. E o risco de extinção do lobo ibérico e a urgente necessidade da sua preservação é uma causa a defender”, concluiu.

Pintor e curador, Agostinho Santos assina a ilustração das capas dos mais recentes livros de Valter Hugo Mãe, nomeadamente “Contra Mim” e “As doenças do Brasil”.

Valter Hugo Mãe é um dos mais destacados autores portugueses da atualidade. A sua obra está traduzida em várias línguas. Escreveu livros para todas as idades, entre os quais “Contos de cães e maus lobos”, “O paraíso são os outros”, “As mais belas coisas do mundo” e “Serei sempre o teu abrigo”.

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