Vimioso: “A transição energética é urgente e as renováveis são essenciais” – Miguel Sequeira (CENSE)
O Parque Ibérico de Natureza e Aventura (PINTA), em Vimioso, foi o local do IV Encontro de Convergência Ecológica e Ambiental, que decorreu no fim-de-semana de 14 e 15 de outubro e juntou associações e municípios, para refletir sobre o urgente desafio da transição energética.
“A transição energética é necessária para fazer face aos desafios e riscos ambientais impostos pelas alterações climáticas, mas a que custo está a ser feita? E em benefício de quem?” – este foi o tema do IV Encontro Convergência Ecológica e Ambiental., que decorreu no PINTA, em Vimioso.
Na sessão de abertura do encontro, o presidente do município local, Jorge Fidalgo, destacou o trabalho conjunto entre a autarquia e as associações, na defesa do ambiente e promoção da qualidade de vida existente no concelho.
“O que ainda há de bom no meio rural deve-se também ao trabalho de associações como a Palombar e a AEPGA, na preservação do ambiente, do património e das raças autóctones”, destacou.
Sobre a natureza desta iniciativa, o presidente da Palombar – Associação de Conservação da Natureza e do Património Rural, António Pereira, indicou que os Encontros de Convergência Ecológica e Ambiental iniciaram-se em 2017, em Famalicão.
Segundo António Pereira, ao longo dos três encontros anteriores foram definidos os príncipios que deram origem à Carta de Famalicão, onde estão agrupados os temas ambientais que urge tratar, como são os rios e bacias hidrográficas, a transição energética, a cobertura vegetal e a floresta autóctone e a proteção do património e gestão das áreas protegidas.
Sobre o tema da transição energética, o representante do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA), João Joanaz de Melo, contextualizou dizendo que o estilo de vida atual é “consumista e insustentável”.
“Para concretizar a transição energética, a mobilidade deve assentar na ferrovia e na intermodalidade. Há também que combater a pobreza energética e apostar nas energias renováveis, como são as eólicas e o solar”, indicou.
“Mas como envolver as populações vulneráveis nesta mudança?” – começou por questionar Miguel Sequeira, do Center for Environmental and Sustainability Research.
“A criação de comunidades de energia é um modo de envolver as famílias, as PME’s e as autoridades locais. O melhor investimento é a produção de energia descentralizada, envolvendo todos os cidadãos e as comunidades”, respondeu.
O investigador deu como exemplo, a Comunidade de Energia de Telheiras (CET), onde há produção de energia renovável local, numa parceria entre Telheiras e a Junta de Freguesia do Lumiar.
“Outro modo de envolver as pessoas na transição energética é através da criação de gabinetes de apoio aos cidadãos e às empresas, sobre assuntos como a eficiência energética, as energias renováveis, o financiamento e a regulação”, disse.
Sobre o papel dos cidadãos na transição energética, a coordenadora executiva da Coopérnico – Cooperativa de Desenvolvimento Sustentável, C.R.L., Ana Rita Antunes, informou que esta cooperativa foi constituída em 2013 e começou a produzir eletricidade, através da produção fotovoltaica renovável.
“Atualmente, a Coopérnico é a única cooperativa a fornecer energia em Portugal. A nossa missão é ser uma alternativa ao sistema centralizado de produção de energia pelas grandes empresas. Queremos uma mudança de paradigma, para uma maior produção de energia descentralizada local”, explicou.
Segundo a engenheira, esta cooperativa apoia a criação de comunidades de energia nos municípios, destacando que estas comunidades aumentam a eficácia do investimento e o retorno financeiro.
“As comunidades energéticas promovem o emprego e o crescimento económico local. E têm um impacto positivo na transição energética”, disse.
Noutro painel, a presidente da Sociedade Portuguesa de Ecologia, Maria Loução, acrescentou que a transicção energética precisa ser acompanhada da transição ecológica. E alertou para a instalação desordenada dos parques eólicos e dos painéis fotovoltaicos, que podem prejudicar a biodiversidade.
Idêntica opinião, teve o coordenador da Plataforma de Defesa do Território de Zamora Viva, Júlio Fernandez, ao afirmar: “Na província de Zamora há uma riqueza ambiental magnífica! No entanto, esta riqueza ambiental está em risco devido ao excesso de painéis solares e turbinas eólicas”, disse.
Segundo o ambientalista espanhol, é necessária legislação para regular a instalação dos equipamentos das energias renováveis na natureza e assim proteger a biodiversidade aí existente.
HA