Sendim: Há 39 anos que os pauliteiros não dançavam no peditório de São Sebastião

No Domingo, dia 21 de janeiro, o peditório para a festa em honra de São Sebastião, voltou a ser animado com as danças dos pauliteiros pelas ruas da vila, uma antiga tradição que já não acontecia desde 1985.

A festa iniciou-se ao início da manhã de Domingo, com a alvorada animada pelo grupo de gaiteiros sendineses. Seguiu-se o hastear da bandeira no quartel da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sendim, dado que São Sebastião é o patrono dos bombeiros locais.

O presidente de União de Freguesias de Sendim e Atenor, Luís Santiago, revelou que antigamente a festa em honra de São Sebastião chegou a ser a maior festa da vila.

“Esta festividade é muito especial em Sendim, porque segundo a tradição local, no decorrer do peditório pelas ruas da localidade, o povo doava bens alimentares como o trigo, fruta e mais recentemente o fumeiro, para depois serem leiloados. A receita do leilão destinava-se a pagar as despesas da festa”, explicou.

Sobre a novidade da participação dos gaiteiros e dos pauliteiros no peditório da festa em honra de São Sebastião, o secretário da associação Casa de l’ Pauliteiro, em Sendim, Telmo Ramos, indicou que esta tradição já não acontecia desde 1985.

“Há 39 anos que os pauliteiros sendineses não animavam o tradicional peditório da festa em honra de São Sebastião. Este ano, em colaboração com a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Sendim, decidimos voltar a participar, de modo a incluir esta festa na candidatura “Danças rituais dos pauliteiros nas festas tradicionais”, no Inventário Nacional do Património Imaterial”, explicou.

De acordo com Telmo Ramos, a população de Sendim recebeu com muito agrado o reatar da participação dos pauliteiros no peditório e agradeceram as danças com a doação de dinheiro e fumeiro para patrocinar a festa.

“Antigamente, a criação e a matança do porco fazia parte do ciclo anual das famílias. Por essa razão, as pessoas costumavam doar os pés, orelhas e peças de fumeiro como o bulho ou butelo para o leilão da festa. E ao mesmo tempo pediam a intercessão de São Sebastião para que a criação dos animais ao longo do ano decorresse sem doenças”, explicou.

Na festa do passado Domingo, dia 21 de janeiro, o peditório animado pelos gaiteiros e pauliteiros sendineses concluiu-se com um merecido almoço, ao final da manhã.

Depois, ao início da tarde, a festa prosseguiu na igreja matriz de Sendim, com a celebração da a missa e a procissão em honra de São Sebastião. Concluída a celebração, no adro da igreja, os pauliteiros sendineses recuperaram outra antiga tradição: a dança do alqueire.

De acordo com Manuel Marcelino, antigo pauliteiro em Sendim, a dança do alqueire, remete para as antigas ofertas que a população de Sendim doava para a festa de São Sebastião.

“Antigamente, as famílias viviam sobretudo da agricultura e quando se realizava o peditório para a festa de São Sebastião, colocavam um alqueire cheio de trigo à porta de casa, à volta do qual dançavam os pauliteiros. Essa era a sua oferta para a festa”, contou.

Com o passar dos anos, o trigo foi sendo substituído por outros produtos como fruta, nozes, pés e orelhas de porco, fumeiro e este ano até um par de botas foi oferecido, produtos que no final da festa foram arrematados (leiloados).

HA

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