Saúde: Hospital de Mirandela sem cirurgiões em novembro
O Hospital de Mirandela vai funcionar sem cirurgiões durante o mês de novembro, afirmou a porta-voz do Movimento Médicos em Luta, Susana Costa.
Segundo a porta-voz, a falta de profissionais afeta os serviços de cirurgia do serviço de Urgência e a Medicina Interna daquele hospital.
“Tanto quanto sei, não há cirurgião no hospital de Mirandela para dar o apoio nem aos doentes internados nem ao serviço de urgência”, afirmou Susana Costa.
A situação, que se deve à escusa dos médicos em realizar mais horas extraordinárias do que as 150 previstas na lei, já tinha deixado sem cirurgia o serviço de urgência de Mirandela entre os dias 6 e 8 de outubro.
Segundo um documento hospitalar, nesse período explicava-se que, devido a essa circunstância, havia “a consequente necessidade de concentrar recursos na Urgência Médico Cirúrgica” do hospital de Bragança, o maior do distrito.
A escala de dia 8 de outubro foi preenchida, confirmou à data o Movimento Médicos em Luta, sendo que desde então não há cirurgião na escala, disse.
Os utentes estavam a ser encaminhados para o hospital de Bragança, mas Susana Costa revelou hoje que está já a haver dificuldade em preencher as escalas do serviço de Cirurgia no hospital da capital de distrito.
“O que se tem tentado, atendendo a que é uma população que está demasiadamente distante de qualquer outro centro, é que haja alguma resposta por parte das equipas cirúrgicas” para preencher a escala, disse Susana Costa, não excluindo que esta complicação se possa estender a outras especialidades.
Susana Costa lamentou que a rede hospitalar do Serviço Nacional de Saúde esteja “a desfazer-se”.
A Lusa contactou a Unidade Local de Saúde do Nordeste, responsável pela gestão dos hospitais de Mirandela e de Bragança, mas ainda não teve resposta.
Susana Costa alertou que a falta de clínicos vai “ficar mais evidente”.
A porta-voz antecipou um novo “insucesso nas negociações” em curso hoje com o Governo e explicou: “Tendo em conta a contraposta que recebemos do Ministério da Saúde na sequência da última reunião [no domingo], o que é previsto é que não haja acordo. Haverá um maior número de médicos que ainda estava expectante num acordo, e que estão a aguardar para decidir se vão também eles colocar as minutas [de escusa a horas extra]”.
Em caso de falha negocial, Susana Costa disse que a previsão é de “uma catadupa de minutas nos próximos dias”.
“A revolta, a insatisfação dos médicos está a ser crescente”, rematou.
Fonte: Lusa