Póvoa: Burro de Miranda continua a ser acarinhado pelos criadores e pelo público
No âmbito da festa em honra de Nossa Senhora do Naso, realizou-se a 6 de setembro, o IV Concurso Nacional da Raça Asinina de Miranda, um evento que voltou a reunir os criadores dos concelhos de Miranda do Douro, Vimioso e Mogadouro, com os objetivos de avaliar o estado atual da raça e incentivar à preservação da única raça de asininos de Portugal Continental.
O concurso foi co-organizado pelo município de Miranda do Douro e pela Associação para o Estudo e Protecção do Gado Asinino (AEPGA) e segundo o vice-presidente do município, Nuno Rodrigues, a autarquia mirandesa está determinada em preservar e melhorar esta raça autóctone.
“Estamos conscientes de que as raças autótones, como o burro de Miranda, os bovinos mirandeses e os ovinos são fortes atrações do nosso território. Por isso, ao investir na preservação desta raça, estamos também a investir na divulgação da nossa terra e na atração de mais turistas, visitantes e novos habitantes”, disse.
Por sua vez, Miguel Nóvoa, secretário técnico da raça asinina de Miranda, realçou o contexto histórico em que surgiu o Concurso Nacional da Raça Asinina de Miranda, que reúne anualmente os criadores destes animais.
“Historicamente, a romaria em honra de Nossa Senhora do Naso iniciava-se com a feira dos burros de Miranda. No dia seguinte, comercializavam-se os bovinos mirandeses. E no dia 8 de setembro, celebrava-se a festa religiosa em honra de Nossa Senhora do Naso”, recordou.
E se a feira ou concurso dos burros de Miranda continua a ser parte integrante da romaria do Naso, isso deve-se ao trabalho da AEPGA, onde trabalham atualmente 12 pessoas, entre veterinários e outros técnicos. Desde 2001, esta associação tem acompanhado e apoiado os criadores dos burros de Miranda, nos concelhos de Miranda do Douro, Vimioso e Mogadouro.
“Neste IV Concurso da Raça Asinina de Miranda participam também criadores de Vinhais. E nas próximas edições gostariamos de contar com a participação de criadores de todo o país”, disse.
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Segundo a AEPGA, em Portugal, existem atualmente 740 fêmeas reprodutoras, 50 machos reprodutores e entre 100 a 120 nascimentos por ano.
Sobre as utilidades ou ajudas que o burro de Miranda continua a prestar, Miguel Nóvoa, destacou os fins turísticos, as pequenas lavras agrícolas da horta e da vinha e a produção do estrume, que é considerado um excelente fertilizante agrícola.
“No âmbito do turismo, os burros de Miranda são atrações em quintas de agroturismo e em alojamentos locais. Estes animais também são utilizados para fins terapêuticos. E na gestão da paisagem e preservação do ambiente, os burros ajudam-nos a manter os lameiros e as pastagens mais limpas, evitando os incêndios ”, indicou.
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Domingos Esteves, natural da aldeia da Granja, é um criador de oito burros desta raça. A sua afeição a estes animais, que considera amigos, mansos e colaborativos, foi-lhe transmitida na sua infância pelos pais. Segundo conta, no dia-a-dia, os burros são levados para os lameiros, onde se alimentam do pasto e no curral, da aveia.
“Antigamente, os burros eram uma preciosa ajuda para o transporte do milho e das nabiças. Hoje, continuam a ser muito úteis para semear e arrancar as batatas, dado que são fáceis de dirigir em terrenos pequenos e não esmagam tanto as batatas como o trator”, disse.
Sobre a participação no Concurso Nacional da Raça Asinina de Miranda, Domingos Esteves sublinhou que o mais importante é o encontro e o convívio com os outros criadores.
A também criadora de burros de Miranda, Glória Fidalgo, é proprietária de uma casa de agroturismo, em Vila Chã da Braciosa. Questionada sobre a mais valia destes animais, a jovem empresária disse que os turistas (e sobretudo as crianças) gostam de conhecer o que é genuíno na região, como são as raças autóctones.
“Quem nos visita, para além da beleza natural das paisagens do Parque Natural do Douro Internacional (PNDI), aprecia muito o contato com os animais desta região, como são o burro de Miranda, os bovinos mirandeses, as ovelhas e o cão de gado transmontano”, disse.
Quanto à utilidade dos burros, Glória Fidalgo, acrescentou que são muito úteis na limpeza dos terrenos da quinta.
“Ao longo do ano, os quatro burros que temos na quinta asseguram a limpeza dos 10 hetares de terreno. E ainda fornecem estrume, que depois serve de fertilizante na horta biológica”, indicou.
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Muito atento ao IV Concurso Nacional da Raça Asinina de Miranda, Alvaro Gimenez, presidente da Associacion del Asno de Pura Raza Andaluza mostrou-se maravilhado com a organização do certame. O representante espanhol, elogiou as condições do recinto do santuário, o mercado rural e o espaço dos jogos tradicionais, onde adultos e crianças conviveram harmoniosamente, enquanto decorria a avaliação dos asininos.
“Estou maravilhado com a organização do concurso, onde para além da avaliação dos animais, há um mercado de produtos agrícolas e artesanais e há jogos tradicionais, o que torna este evento muito apelativo para os criadores e para os visitantes”, disse.
No dia 6 de setembro, o concurso prosseguiu com uma sessão de esclarecimento aos criadores, sobre as medidas do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) 2023-2027.
Seguiu-se o almoço-convívio entre todos os criadores.
E durante a tarde, o IV Concurso Nacional da Raça Asinina de Miranda encerrou com a entrega dos prémios aos melhores exemplares da raça, ao melhor criador e ao melhor sistema de produção.
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