Miranda do Douro: “Na Rússia o povo até pode votar, mas não pode escolher” – José Milhazes

A biblioteca municipal António Maria Mourinho, em Miranda do Douro, recebeu a 11 de abril, a visita do historiador e escritor, José Milhazes, que viveu 38 anos em Moscovo, sendo por isso um conhecedor da sociedade, política e história da Rússia e um acreditado intérprete da atual invasão e guerra na Ucrânia.

Na palestra em Miranda do Douro, o historiador e jornalista, natural da Póvoa do Varzim, que tem sido um analista da atual invasão da Rússia e da guerra na Ucrânia, começou por explicar a razão pela qual viveu 38 anos na ex-URSS (União das Repúblicas Socialistas Soviéticas) e atual Rússia.

“Em 1977, contra a vontade dos meus familiares (mãe e irmãs) decidi ir estudar para o leste da Europa, para a antiga URSS. Em 1980, em Moscovo, conheci a estónia Siiri, com quem casei e tive dois filhos. Mas a vida, naquele sistema comunista era de enorme carência e miséria. Faltava tudo”, recordou.

Em Moscovo, José Milhazes licenciou-se em História da Rússia, na Universidade Estatal de Lomonossov e estabeleceu-se naquele país enquanto tradutor de obras literárias e políticas.

“Fazendo uso do conhecimento sobre a sociedade, a política e a história russas, comecei a fazer trabalho jornalístico na TSF e depois noutros media portugueses, como agora acontece na SIC, ao acompanhar a invasão e guerra da Ucrânia”, disse.

No decorrer da palestra em Miranda do Douro, a presidente do município de Miranda do Douro, Helena Barril, questionou o historiador “se vale mais uma democracia imperfeita ou uma ditadura perfeita?”.

Ao que José Milhazes respondeu, peremtoriamente: “sem qualquer dúvida, a democracia é inquestionavelmente melhor do que os regimes autoritários e totalitários, como é o atual regime na Rússia. Aí, o povo até pode votar, mas as eleições são uma farsa, pois não podem escolher os candidatos”.

O historiador acusou ainda os dirigentes russos de “adulterarem repetidamente a história para seu benefício próprio”, o que conduz à manipulação da opinião pública.

Referindo-se a Portugal, o historiador, doutorado Relações Internacionais, na Universidade do Porto, lembrou que as democracias são uma “construção contínua” e alertou para o crescimento de partidos extremistas em Portugal, como é “o caso do Chega, nas nas recentes eleições legislativas alcançou um milhão de votos”.

No final da palestra na biblioteca municipal António Maria Mourinho, em Miranda do Douro, o também escritor, José Milhazes, autografou vários dos seus livros como são: “As Minhas Aventuras no País dos Sovietes”; Os Blumthal; “Rússia e Europa: uma parte do todo”; “A mais breve história da Rússia”; “A mais breve história da Ucrânia”, entre outras obras.

HA

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