Miranda do Douro: Mirandeses contam o antes e o depois do 25 de abril de 1974
A 24 de abril foi apresentado na Casa da Cultura Mirandesa, em Miranda do Douro, o livro “E depois do Adeus?”, uma coletânea de 10 testemunhos de mirandeses, que viveram o antes e o depois do 25 de abril de 1974 e descrevem o impacto que este acontecimento teve nas suas vidas.
A apresentação desta obra literária contou com o apoio do município de Miranda do Douro e de acordo com a presidente, Helena Barril, esta inciativa veio enriquecer o programa comemorativo do cinquentenário do 25 de abril.
“São dez testemunhos muito importantes que descrevem o ambiente político e social no concelho de Miranda do Douro e em Portugal, antes e depois do 25 de abril de 1974. Entre estes testemunhos, destaco o de Adília Pimentel, cujo marido, o Sr. José Maria Pimentel, já falecido, foi por diversas vezes, vítima de perseguição, prisão e tortura pelo regime do Estado Novo”, disse.
O autor do livro, André Pereira, explicou que o título foi inspirado na canção “Depois do Adeus”, de Paulo de Carvalho e José Niza e a finalidade da obra foi investigar o que aconteceu “depois do adeus” à ditadura.
“Com estas 10 entrevistas/conversas procurei saber junto de pessoas em Miranda do Douro, o que aconteceu nas suas vidas, ao longo destes 50 anos após o fim da ditadura em Portugal”, disse.
Sobre os testemunhos dos mirandeses, André Pereira destacou que dada a localização geográfica de Miranda do Douro, distante de Lisboa, as vivências das pessoas são muito diferentes das que vivem no litoral do país.
“Entre estes testemunhos chamou-me muito à atenção que muitas pessoas desta região só souberam da revolução do 25 de abril passadas algumas semanas! E as mudanças políticas e sociais demoraram anos a concretizarem-se, ao contrário do que aconteceu nos grandes centros, como Lisboa”, destacou.
Margarida Vale, natural do Barrocal do Douro, foi uma das pessoas que deu o seu testemunho sobre o antes e o depois do 25 de abril. Antes da revolução, lembra-se da extrema pobreza em que viviam os operários que estavam a construir a barragem de Picote. Depois, diz que a vida melhorou “um bocadinho”.
Antes do 25 de abril de 1974, Abílio Barril, teve que combater na guerra colonial, em Angola, uma experiência terrível que o marcou para toda a vida. De regresso a Portugal, viveu com esperança as primeiras notícias radiofónicas que anunciavam a queda da ditadura e a abertura de um novo caminho para o país.
HA
Foto Livro: MMD