Legislativas 2024: Bispos católicos alertam para «crise de confiança» que se vive no país
A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) alertou para o “momento difícil” e a “crise de confiança” que se vive no país, apelando ao “diálogo honesto” entre responsáveis partidários, tendo em vistas as legislativas do próximo dia 10 de março.
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“Às difíceis condições de vida de tantos portugueses, em especial dos jovens, esta crise de confiança rouba a esperança a tantos que não conseguem encontrar trabalho e, quando o encontram, o seu rendimento é insuficiente para terem uma vida digna: ter habitação, acesso à educação ou dinheiro para pagar as despesas”, refere uma nota do Conselho Permanente da CEP, enviada à Agência ECCLESIA.
Os bispos portugueses falam de um “um momento difícil, mas desafiador”.
“No tempo de debate e reflexão pré-eleitoral em que nos encontramos, exige-se um diálogo honesto e esclarecedor entre os partidos políticos, com a apresentação de programas exequíveis e conteúdos programáticos que não se escondam por detrás de manobras mediáticas e defraudem a esperança dos cidadãos”, apelam, numa nota intitulada ‘Eleições Legislativas 2024: Restituir a esperança aos cidadãos’.
“Só assim os cidadãos podem optar pela adesão a projetos concretos e não a votar pela raiva ou desilusão ou, pior ainda, a não votar”, acrescentam.
“Escolher quem nos representa no Parlamento é um dever de todos e ninguém deve excluir-se deste momento privilegiado para colaborar na construção do bem comum. A abstenção não pode ter a palavra maioritária nas eleições do próximo dia 10 de março”.
A CEP alude à sucessão de atos eleitorais, após a queda do Governo no final de 2023 e a dissolução do Parlamento em 2021.
“Os últimos meses foram abundantes em crises que adensaram a desconfiança dos portugueses em relação às instituições, em particular na esfera política e judicial”, lamentam os bispos católicos.
A nota recorda a passagem pelo Papa Francisco por Portugal, em agosto de 2023, quando “deixou indicações aos dirigentes políticos portugueses para que sejam agentes da ‘boa política’, geradora de esperança e construtora do bem comum”.
“A responsabilidade é de todos, dos políticos e de quem os elege, dos que definem projetos e de quem faz escolhas, daqueles que apresentam propostas e de quem se preocupa em delas ter conhecimento para votar conscientemente”, observa a CEP.
“Votar, de forma esclarecida e em consciência, é uma responsabilidade que decorre da vivência concreta da nossa fé no meio do mundo”.
Os membros do episcopado sugerem aos eleitores católicos a leitura do documento “Um olhar sobre Portugal e a Europa à luz da doutrina social da Igreja”, publicado a 2 de maio de 2019 pela Conferência Episcopal Portuguesa, que aponta “quatro princípios a presidir à decisão do voto: toda a vida humana tem igual valor; o bem tem de ser de todos e de cada um sem ser ditadura da maioria; a casa comum é para cuidar; nem Estado centralizador, nem Estado mínimo”.
“Enquanto cristãos, à luz do Evangelho e da Doutrina Social da Igreja, temos a responsabilidade acrescida de participar na vida política e na edificação da comunidade. Somos chamados também a trazer à nossa oração todos os homens e mulheres que servem a política”, apela a CEP.
Fonte: Ecclesia