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No passado Domingo, dia 12 de novembro, as populações das aldeias de Paradela, Ifanes e Aldeia Nova voltaram a reunir-se na ermida de São Martinhico, em Paradela, para juntos celebrarem a festa em honra de São Martinho e assim aprofundar a amizade entre as populações.
A festa iniciou-se com a celebração da missa campal e na homília, o padre Manuel Marques exortou as populações destas localidades a seguir o exemplo de São Martinho e a viver atentos às carências uns dos outros.
“Vivei atentos e vigilantes à tentação da autossuficiência, do egoísmo, da desconfiança e de nos fecharmos sobre nós mesmos. Segui o exemplo de São Martinho que viveu atento às outras pessoas e foi generoso para com elas”, disse.
O sacerdote lembrou ainda que São Martinho de Tours (França), que viveu entre os anos 316 e 397 d.C., fundou vários mosteiros, renovou a vida da Igreja e promoveu a paz junto de pessoas e famílias desavindas.
“Que também cada um de nós aprenda a dar de si aos outros, à comunidade local e seja construtor da harmonia e da paz. Não nos esqueçamos de estamos de passagem nesta Terra, estamos em peregrinação para a vida definitiva em Deus”, disse.
A celebração religiosa concluiu-se com a procissão da imagem de São Martinhico (uma pequena escultura feita com madeira de castanheiro), ao redor da ermida.
Após a missa foi apresentado o livro “Ermida de San Martinico”, da autoria de João Pedro Luís, que narra a história da edificação da pequena capela, em 1911.
Segundo o autor do livro, antigamente, os pastores e os contrabandistas que passavam por esta capela depositavam as suas esmolas, agradecendo a intercessão do santo na guarda das ovelhas e na entrega das mercadorias do contrabando. O escritor, acrescentou que essas esmolas ajudavam a organizar todos os anos a festa de São Martinho, no dia 11 de novembro.
De acordo com o presidente da União de Freguesias de Ifanes e Paradela, Nélio Seixas, a localização da ermida no termo das três aldeias favorece o encontro e o convívio entre as populações.
Foi o que confirmou o casal de Ifanes, Teresa Carriça e Albino Quintas, que participam na festa de São Martinhico desde a sua infância. Naquele tempo, costumavam pastorear as vacas nos lameiros circundantes à pequena ermida.
“Antigamente, as pessoas vinham à festa montadas nos burros. Após a celebração da missa, as famílias comiam a merenda que traziam de casa e almoçavam juntos nos lameiros”, contaram.
De Paradela, Maria Rosa Vicente, começou por lembrar que foi o saudoso Tiu Zé Inácio Preto, de Ifanes, quem mandou construir a capela dedicada a São Martinho. Sobre a afeição que as populações das aldeias têm a esta festividade, a habitante de Paradela disse que ao longo dos anos esta festa propiciou o estabelecimento da amizade entre as pessoas.
“Antigamente, para animar a festa de São Martinhico instalavam uma taberna junto à ermida, contratavam um grupo de gaiteiros, matavam um cordeiro para assar e os habitantes de Paradela traziam castanhas para fazer um magusto comunitário”, recordou.
Por sua vez, José Francisco Torrado, natural de Aldeia Nova, com 90 anos, destacou a longevidade desta festa.
“É com muito alegria que continuo a participar na festa dedicada a San Martinico. Ainda me lembro de mudarem a capela do lugar original para a atual localização. Em comparação com outros tempos, em que as populações só viviam da agricultura e depois veio o êxodo da emigração, hoje, a festa está melhor organizada e isso deixa-me muito feliz”, disse.
Com o propósito de melhorar o acesso à ermida, as freguesias de Paradela e de Aldeia Nova trabalharam em conjunto, no arranjo dos caminhos e na limpeza da vegetação.
A festa em honra de “São Martinhico” é organizada pela freguesia de Paradela e conta com a colaboração a Associação Cultural e Fronteiriça de Paradela e do Município de Miranda do Douro.
HA