Europeias: BE veio até Atenor para salientar que “não há voto desperdiçado”
A bloquista Catarina Martins veio até Atenor, no concelho de Miranda do Douro, para salientar que “não há voto desperdiçado” nas eleições europeias e reencontrou o burro Tó, amigo apadrinhado há 19 anos.
À entrada da aldeia de Antenor há uma pequena paragem de autocarro dá as boas-vindas aos que por ali passam e os seus desenhos remetem para um dos patrimónios da região: o burro de Miranda.
Mais adiante, está localizado o Centro de Valorização do Burro de Miranda, da Associação para o Estudo e Proteção do Gado Asinino (AEPGA), um verdadeiro santuário para esta raça autóctone, onde vivem cerca de 60 burros.
Neste local, longe dos principais centros citadinos, Catarina Martins, acompanhada do número dois às eleições europeias, José Gusmão, lembrou que “o nordeste transmontano é Europa”.
“Nas eleições europeias não há voto desperdiçado. Aqui toda a gente vota para o mesmo círculo eleitoral e, portanto, quem está aqui no planalto mirandês e que muitas vezes até se sentiu esquecido, aqui como no resto do interior, saibam que nas europeias é um círculo único e todos os votos contam para eleger quem possa representar estes projetos”, defendeu.
Rodeada de burros, Catarina Martins perguntou por um em particular, o Tó, apadrinhado pela bloquista e família há 19 anos. Entre vários burros mirandeses, cuja esperança média de vida ronda os 27 anos, Catarina encontrou o Tó, que apesar de não ser um típico burro de Miranda, é “muito especial” e ajuda em várias tarefas da associação.
Em 2001, quando a associação surgiu, a média de nascimentos de burros de Miranda era de 10 por ano e agora já está nos 100, contudo, a raça continua em risco uma vez que ainda existem menos de mil fêmeas reprodutoras.
Miguel Nóvoa, um dos responsáveis, salientou a importância do burro para ajudar a manter as pastagens limpas, realçando o seu papel na redução do risco de incêndio em zonas como lameiros.
“Às vezes fala-se dos projetos europeus e dos fundos europeus como uns milhões que chegam num instante e faz-se um negócio qualquer de betão que depois de inaugurado não se sabe muito bem o que fazer com ele. Nós propormos outra forma de olhar para os fundos europeus: que sejam sobretudo para projetos como este”, defendeu Catarina Martins.
Uma das responsáveis da associação, Joana Braga, realçou também que, além do burro de Miranda, muitos dos ofícios associados ao cuidado e uso destes animais estão também em extinção ou já extintos, como ferradores ou tecedeiras, esperando que os mais jovens ganhem gradualmente mais interesse neste tipo de profissões.
A promessa de defender mais investimento para este tipo de projetos ficou feita e a caravana do BE seguiu viagem.
Enquanto as fêmeas e machos esterilizados conviviam alegremente, ao longe, o macho “garanhão”, o “Granjinho”, queixava-se. Este macho reprodutor vive isolado para evitar confrontos com os restantes burros: um sacrifício feito durante um ano por um burro para preservar toda uma raça.
Fonte: Lusa