XXIII Domingo do Tempo Comum
Correção fraterna
Ez 33, 7-9 / Slm 94 (95), 1-2.6-9 / Rom 13, 8-10 / Mt 18, 15-20
Amar implica muito mais do que acolher e perdoar: implica também a coragem para intervir quando estamos diante do erro do outro. Hoje Jesus ensina-nos, em três simples passos, a arte da correção fraterna.
O primeiro passo, diz-nos Jesus, é aproximarmo-nos do outro e falar com ele a sós. Muitas vezes, guardamos silêncio ou comentamos com outros, em surdina, alimentando a murmuração em torno dos irmãos. Esse não é o caminho de Jesus. Ele sugere a transparência de coração e a ação. Sugere que nos aproximemos do outro, não como quem sabe, mas como quem quer compreender e tem uma palavra a dar.
Num segundo momento, se entendemos que o nosso irmão continua em caminhos de sombra, procuremos dois ou três membros da comunidade e falemos novamente com ele, agora acompanhados destes últimos. Se também isto falha, reunamos a comunidade, para ver se é capaz de persuadir o irmão.
Se estes três passos falham, Jesus diz-nos que devemos tratá-lo como se fosse um pagão ou publicano. Na nossa cabeça, imaginamos que Jesus se refere a uma expulsão ou separação da comunidade. Talvez algo disto seja necessário, mas olhemos para a forma como Jesus trata os pagãos e os publicanos: ao longo do Evangelho, Ele procura-os, senta-se com eles, caminha com eles, torna-se próximo deles.
Creio que Jesus não defende uma separação da comunidade. O que Jesus nos propõe é, alimentados pela esperança na ação da graça, abrir espaço para que o outro faça o seu caminho, como também o devemos dar a todos aqueles que não abraçam plenamente a fé.
Peçamos a graça da coragem para falar uns com os outros. Aceitemos percorrer, juntos, o caminho do amor, o caminho dos discípulos. Façamo-lo com discrição, sem murmúrios nem escândalos, como quem busca a salvação do outro mas não teme, diante da resistência, expor a situação à comunidade. Ajudemo-nos, uns aos outros, a amar.