Agricultura: Azeite transmontano tem que procurar mercado para “qualidade diferenciada”

O azeite de Trás-os-Montes e Alto Douro precisa de encontrar um “mercado diferenciador” para valorização da sua “qualidade diferenciada”, disse Francisco Pavão, presidente da Associação Dos Produtores Em Proteção Integrada De Trás-os-Montes E Alto Douro (APPITAD).

“Na nossa região há muitas produções aliadas a sistemas de qualidade, sobretudo à Denominação de Origem Protegida (DOP) Azeite de Trás-os-Montes. Obviamente, que aí temos que procurar outros mercados. Um mercado diferenciador, que esteja disposto a pagar a diferença pelo tipo de azeite daquela especificidade. Mantivemos em Trás-os-Montes e Alto Douro a aposta nas variedades tradicionais. Temos que saber promover e valorizar e ter mais-valias com essa aposta que fizemos”, explicou Francisco Pavão.  

Segundo o presidente da associação, isso vai obrigar a procurar “novos mercados e consumidores” com “capacidade financeira” para pagarem esta “qualidade diferenciada”.

Para Francisco Pavão, pode passar pelo mercado nacional, com o aumento do turismo, mas não só: “Temos que ir para o mercado da exportação. Não é fácil. Mas temos que fazer isto numa ação concertada da promoção de uma região com diferentes identidades naquilo que são os perfis de azeite”, considera Francisco Pavão.

“É impossível, aos custos de produção que temos e aos fatores de contexto das explorações, termos valorização no mercado a granel. No caso de Trás-os-Montes e Alto Douro valorizamos o produto embalando-o e colocando-o à disposição dos consumidores”, disse.

E o caminho está a traçar-se: “No último concurso de azeites de Trás-os-Montes e Alto Douro, tivemos 66 azeites, de 60 produtores, de 22 concelhos da região, o que prova que temos um conjunto enorme de marcas, algumas com bastante notoriedade. Temos que promover a região e a diversidade dos azeites aqui produzidos”., apontou Francisco Pavão.

Este azeite diferenciado é um produto, enfatiza Francisco Pavão, “que não é para fritar ou refogar” mas “para finalizar pratos”.

“Se estamos disponíveis para pagar um bom azeite, uma garrafa a custar entre 15 a 20 euros, o custo por refeição é muito reduzido. Se olharmos para um produto de garrafão, não é diferenciado”, detalha o dirigente.

Francisco Pavão dá como exemplo o vinho na promoção dos territórios: “Temos que ir beber inspiração ao vinho e ver o que foi feito nos últimos 20 anos. Passou de um setor que vendia, sobretudo, a granel e que hoje em dia promove e valoriza os distintos territórios, de norte a sul do país e ilhas. Temos que começar a valorizar os azeites pela especificidade dos territórios onde são obtidos”.

O presidente da APPITAD admite que tudo isto exige “muito trabalho” e também “um esforço de união da região”. “Precisámos de sinergias com outros produtos. Porque é das regiões do país com mais produtos qualificados com Denominação de Original Protegida (DOP) e Indicação Geográfica Protegida (IGP), afirmou.

Para o dirigente, este pode ser o futuro para “os pequenos territórios”, que não conseguem “competir por volume”, muito por culpa, considera Francisco Pavão, da falta de estruturas para armazenar água na região, cuja agricultura é ainda essencialmente de sequeiro.

“Ainda no outro dia me perguntavam ‘então e esta chuva o que é que vai fazer?’. A água vamos perdê-la para os rios e vai toda parar ao mar. Hoje em dia, o regadio é um dos mecanismos de mitigação das alterações climáticas, para aumentar a resiliência”, disse, considerando que é preciso pensar “urgentemente” num plano estratégico.

Fonte: Lusa

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