Vimioso: Alunos continuam com dificuldades de acesso à rede móvel para estudar
Leonor Miranda, uma aluna de 13 anos residente em Serapicos, no concelho de Vimioso, continua à procura de rede móvel para fazer pesquisas para trabalhos escolares.
Há um ano, devido ao ensino online imposto imposto pela pandemia da covid-19, obrigou esta jovem a percorrer vários pontos da aldeia de Serapicos, em busca de rede para poder assistir às aulas.
Passado 1 ano, a situação em nada se alterou em relação à cobertura dos sistemas de comunicações móveis na aldeia. Apenas mudou o facto de Leonor poder agora assistir às aulas presenciais no Agrupamento de Escolas de Vimioso, onde estuda.
“Se a situação vivida há um ano fosse [hoje] a mesma, [digo que] não se notam mudanças, já que a qualidade da rede móvel e de dados é a mesma, ou seja, nenhuma. Isto é frustrante. Se não tenho Internet não posso fazer o que quero ou preciso”, vincou à Lusa Leonor Miranda.
A adolescente continua a acompanhar o pai enquanto este faz os trabalhos agrícolas, ficando à sua espera num local onde haja rede. Desta vez, as pesquisas na Internet foram feitas num parque junto à ribeira de Angueira, ao ar livre e aproveitando um dia de sol.
Mesmo com a mudança das regras da pandemia a aluna ainda tem de se adaptar ao trabalho do pai na agricultura para, assim, os dois tirarem rendimento do dia e das deslocações, tentando manter o equilíbrio e a concentração mediante a “complicada” tarefa de apreender à distância naquela aldeia do concelho de Vimioso, onde falta cobertura da rede de Internet das várias operadoras nacionais.
Vítor Miranda, pai de Leonor, disse que a carrinha está sempre ao dispor das necessidades da sua filha, “porque é esforçada naquilo que faz”.
A Autoridade Nacional de Comunicações (ANACOM) explicou que, na sequência do leilão 5G, entraram dois novos operadores no mercado, passando a existir um total de cinco operadores móveis, a que acresce um operador grossista, além da Meo, Nos e Vodafone.
“É expectável que a dinâmica do mercado se altere e que o aumento de concorrência contribua para o aparecimento de mais ofertas, inovadoras e a preços competitivos”, indicou o regulador.
Segundo a ANACOM, ao nível da cobertura também haverá um impacto positivo, uma vez que o regulamento do leilão impõe obrigações: as redes móveis de alta velocidade deverão cobrir 75% da população de cada freguesia em 2023 e 90% da população em 2025.
“Ao nível da fibra ótica, também se espera uma melhoria da situação. A ANACOM está a promover uma consulta relativa à cobertura de redes fixas de capacidade muito elevada no território nacional e sobre as opções existentes quanto à instalação, gestão, exploração e manutenção dessas redes nas “áreas brancas”, com recurso a financiamento público, designadamente da União Europeia”, explicou na mesma nota aquela entidade reguladora das comunicações.
O objetivo final, segundo a ANACOM, é garantir o acesso de toda a população a redes de capacidade muito elevada (Gigabit), tendo como propósito assegurar a cobertura de todo o território nacional, garantindo a cobertura de todos os agregados familiares por redes Gigabit até 2030, sendo consideradas como prioritárias as áreas de baixa densidade populacional, favorecendo a coesão territorial e a valorização dos territórios do interior.
Miranda do Douro: Apresentação do livro “Artes e Ofícios Ancestrais”
No dia 28 de janeiro,foi apresentado na Biblioteca Municipal António Maria Mourinho, em Miranda do Douro, o novo livro de Mónica Ferreira sobre os antigos ofícios e profissões.
Em 2014, Mónica Ferreira, estava a realizar um trabalho de investigação sobre as minas de São Martinho de Angueira, a terra natal do pai e inspirada pelo ofício dos mineiros, começou a registar por escrito as profissões que existiam antigamente.
Uma dessas profissões, que ainda hoje lhe desperta saudades, era a do bibliotecário itinerante da Fundação Gulbenkian, que visitava as aldeias numa carrinha vermelha.
“Foi através da biblioteca itinerante da Gulbenkinan que eu tive contacto com os primeiros livros. E recordo que o senhor bibliotecário era uma pessoa simpática, interessante e que se relacionava muito bem com o público”, recordou.
No livro “Artes e Ofícios Ancestrais”, a escritora faz uma breve descrição de cada umas das antigas profissões, através duma quadra e a ilustração da autoria de Rosa Rufino.
Os textos do novo livro estão escritas em português e mirandês, com o objetivo de preservar e divulgar a língua mirandesa.
“Artes e Ofícios Ancestrais” é o terceiro livro de Mónica Ferreira. Anteriormente, a escritora já havia publicado o livro “Jogos tradicionais das Terras de Miranda” e também a obra “Uma noite de serão à luz da candeia”.
A apresentação do livro “Artes e Ofícios Ancestrais”, contou com a participação da presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril, que sublinhou que é sempre importante apoiar os autores locais e publicitar as obras literárias.
Sobre o livro de Mónica Ferreira, a autarca de Miranda do Douro, mostrou-se muito agradada com o trabalho de pesquisa das antigas profissões, que evoca a infância de tantas pessoas, sobretudo no mundo rural.
“Este livro é uma memória viva de alguém que conheceu todas estas profissões e por isso, é um legado para que as gerações mais novas conheçam profissões que já não existem e outras que ainda perduram”, disse.
A apresentação da obra, escrita em português e mirandês, coincidiu com o 23º aniversário do Reconhecimento Oficial dos Direitos Linguísticos da Comunidade Mirandesa. A este propósito, Helena Barril, acrescentou que é intenção do município fazer com que o mirandês continue “vivo e ativo”, quer na literatura, quer na oralidade.
Vimioso: Agricultores de Trás-os-Montes reuniram-se em conselho regional da CAP
A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) realizou em Vimioso, o conselho consultivo regional da região de Trás-os-Montes, onde informou as associações de produtores sobre o incumprimento do atual governo na execução dos fundos comunitários e criticou o plano estratégico (PEPAC) para a agricultura entregue em Bruxelas.
A reunião realizou-se no dia 27 de janeiro, no auditório da Casa da Cultura, em Vimioso, onde participaram cerca de 70 associações de agricultores dos distritos de Bragança e Vila Real.
O anfitrião do encontro, o presidente do município de Vimioso, Jorge Fidalgo, agradeceu a presença da Confederação de Agricultores de Portugal (CAP) e das várias associações de agricutores de Trás-os-Montes e sublinhou a importância do setor agropecuário.
“É sempre importante para as associações de agricultores receber a visita da CAP. Recordo que são a agricultura, a pecuária e a agroindústria que fixam pessoas, que cuidam do território e têm um papel fundamental na economia local e do país”, disse.
De seguida, o autarca criticou o excesso de burocracia do Estado nos apoios ao setor agropecuário.
“Enquanto não se passar o poder de decisão para os territórios, as coisas não avançam, tal é a burocracia”, criticou.
“A agricultura, a pecuária e a agroindústria fixam pessoas, cuidam do território e têm um papel fundamental na economia local e do país” – Jorge Fidalgo
O presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), o engenheiro Eduardo de Oliveira e Sousa, começou por criticar o atual governo pelo incumprimento na execução dos fundos comunitários destinados a apoiar os agricultores.
“Há dois mil milhões de euros por pagar aos agricultores e isso deve-se à inoperância do atual governo, mas também da oposição que não defendeu os interesses dos agricultores”, reclamou Engenheiro Eduardo de Oliveira e Sousa.
De acordo com o presidente da CAP, a agricultura não tem sido uma prioridade para o país, mas continua a ser a principal atividade que fixa as pessoas no território.
O dirigente dos agricultores referiu-se ainda à Política Agrícola Comum (PAC), que tem atualmente preocupações acrescidas na área ambiental, dado que a União Europeia pretende que a agricultura nos Estados-membros seja mais amiga do ambiente, com menos aplicação dos produtos fitosanitarios, fertilizantes, etc.
“Não basta dizer para ser amigo do ambiente. Para obter a mesma rentabilidade há que inovar com recurso à tecnologia. Ora é essa inovação que não foi incluída no PEPAC”, criticou.
Segundo o dirigente, a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) construiu o programa Arquitetura Verde, com base na opinião dos agricultores de todo o país.
“Na volta pelo país, perguntámos aos agricultoras das várias regiões quais eram as medidas necessárias para melhorar o seu desempenho agrícola. Construímos o programa Arquitetura Verde, que apresentámos ao governo e foi ignorado”, disse.
“Perguntámos aos agricultoras das várias regiões do país quais eram as medidas necessárias para melhorar o seu desempenho agrícola. Com base nessas opiniões construímos o programa Arquitetura Verde, que apresentámos ao governo e foi ignorado” – Engenheiro Eduardo de Oliveira e Sousa
Ao invés disso, o presidente da CAP disse que o governo foi buscar o PEPAC anterior e limitou-se a fazer umas poucas alterações.
“Somos muito críticos em relação ao PEPAC, apresentado em Bruxelas”, concluiu.
A CAP partilhou ainda com os dirigentes associativos de Trás-os-Montes, um programa de atividades para 2022 cujo desenvolvimento foi condicionado pela pandemia, assim como promover o conhecimento do setor agrícola por parte da população, particularmente pelos jovens.
Por sua vez, o engenheiro Nuno Paulo, em representação da Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa referiu-se à importância que a Confederação dos Agricultores de Portugal tem para os agricultores.
“A CAP representa muitas associações de agricultores. É a nossa voz junto do governo e da União Europeia. Por um lado, escuta as nossas reivindicações. E por outro, senta-se à mesa com quem tem poder de decisão”, explicou.
Sobre as críticas que a CAP faz ao Plano Estratégico para a Política Agrícola Comum (PEPAC) apresentado pelo governo em Bruxelas, o engenheiro Nuno Paulo, disse que quando se trata de desenhar políticas nacionais é importante conhecer as diferentes realidades de todo o país, antes de apresentar qualquer projeto.
Relativamente, às medidas de apoio aos agricultores e produtores de bovinos de raça mirandesa, Nuno Paulo, disse que está a decorrer uma grande alteração nos apoios aos agricultores por força das exigências ambientais.
“Por causa das alterações climáticas, está a ocorrer uma mudança de paradigma e as novas políticas restringem, por exemplo, a utilização de combustíveis fósseis, de pesticidas, etc.”, indicou.
Contudo, o representante da Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa disse que ainda não foi explicado aos produtores como fazer esta transição.
“A partir de 2023 ainda ainda não sabemos quais vão ser as novas exigências para os agricultores”, reclamou.
Nuno Paulo, concluiu referindo-se às eleições legislativas de 30 de janeiro, mostrando-se esperançado que o novo governo tenha outra disponibilidade para dialogar com os agricultores.
Esta série de Conselhos Consultivos Regionais conta com a presença do Presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal, Eduardo Oliveira e Sousa, e do Secretário-Geral da Confederação, Luís Mira, incluindo este ano a participação virtual de todo o Departamento Técnico da Confederação.
A ronda de encontros regionais iniciou-se no dia 10 de janeiro, em Elvas, com o Conselho Consultivo do Alto Alentejo, prosseguiu no dia 13 de janeiro, com o Conselho Consultivo Regional do Baixo Alentejo e Algarve, em Mértola, continuou no dia 14 de janeiro, com o Conselho Consultivo do Oeste, no Sobral de Monte Agraço, prosseguiu no dia 17, no Conselho Consultivo do Ribatejo e, posteriormente, no dia 26, na Póvoa do Varzim, no Conselho Consultivo do Entre Douro e Minho, e deverá concluir-se no dia 28, em Almeida, com o Conselho Consultivo do Centro.
HA
O Conselho consultivo regional de Trás-os-Montes 2022, realizou-se em Vimioso, no dia 27 de janeiro de 2022.
Reportagem: Associação Mirandanças quer voltar a dançar em 2022
As associações culturais desempenham um importante papel no desenvolvimento da Terra de Miranda. Ao mesmo tempo que divulgam a identidade cultural da região, estas associações promovem o convívio e a cooperação entre os seus associados gerando assim comunidades mais coesas e solidárias. A associação Mirandanças, constituída em 2005, é disso exemplo.
A Mirandanças – Associação para o Desenvolvimento Integrado da Terra de Miranda foi fundada a 15 de setembro de 2005, com o objetivo de divulgar a cultura mirandesa.
Zélia Fernandes, uma das fundadoras ainda se recorda do “para quê” que constituíram a associação.
“Na cidade de Miranda do Douro, ao invés do que acontecia nas aldeias do concelho, o movimento associativo era quase inexistente. Sentimos a necessidade de dinamizar culturalmente a cidade e para isso decidimos constituir a associação Mirandanças”, contou.
Se inicialmente, o propósito era o de promover o convívio e as danças mistas, com o tempo outras atividades se lhe seguiram. Com o propósito de reavivar as tradições, a associação Mirandanças começou também a desenvolver grupos de pauliteiros e de pauliteiras. E para que estas representações culturais fossem o mais genuínas possivel, a associação Mirandanças realizou trabalhos de recolha do património cultural nas aldeias do concelho, como em Duas Igrejas.
“Fomos ao encontro das senhoras nas aldeias e com elas aprendemos as cantigas e as danças tradicionais para iniciarmos o grupo das danças mistas”, contou Zélia Fernandes.
As viagens e as atuações noutras regiões do país e no estrangeiro – foram à Madeira e a Ibiza – contribuíram muito para construir um verdadeiro espírito de família entre os associados da Mirandanças.
“Como em qualquer grupo de folclore, os momentos mais inesquecíveis são as viagens e atuações noutros locais, onde acontecem sempre peripécias e momentos de alegria”, partilhou.
Com o surgimento da pandemia, em março de 2020, houve uma forçada interrupção das atividades e dos ensaios na Mirandanças, o que afastou as pessoas e criou um grande vazio no grupo.
“Todos sofremos com o afastamento uns dos outros”, contou.
Não obstante os quase dois anos sem atividades, Zélia Fernandes adiantou que os participantes da Mirandanças estão desejosos de recomeçar os ensaios.
“Com frequência ouve-se: então já podemos ensaiar?”, contou.
“Com a pandemia, todos sofremos com o afastamento uns dos outros.”
De acordo com Zélia Fernandes, a Mirandanças integra pessoas dos 9 aos 90 anos e os momentos de ensaio são oportunidades de encontro, de convívio e de socialização.
“Para algumas pessoas, os ensaios são os momentos de sair do isolamento”, disse.
Quando recomeçarem as atividades, Alice Martins está interessada em participar no grupo das Danças Mistas. Para além do gosto pela dança e pelas cantigas, diz que quer contribuir para a notoriedade da cultura mirandesa.
Catarina Miguel é uma jovem pauliteira. Decidiu participar na Mirandanças, em primeiro lugar, pelo convívio. E depois pelo interesse em preservar as tradições locais, como a música, a dança e as cantigas. Ao fazê-lo, apercebeu-se de que a pertença à Mirandanças lhe ofereceu laços de amizade que quer manter, assim como as tradições. Sobre as viagens disse que são sempre agradáveis porque lhes permitem conhecer outros locais. E sobre as atuações no palco, diz que o reconhecimento dos aplausos é o que lhe dá ânimo para continuar.
A pertença à Mirandanças ofereceu-lhe laços de amizade que quer manter, assim como as tradições.
As crianças e jovens gostam de ver os adultos a dançar. E ao verem também querem participar.
Clara Fernandes tem 11 anos e disse que participa na Mirandanças porque gosta das músicas tradicionais e da dança. Outro dos motivos que a faz participar é o convívio com os amigos, a possibilidade de conhecer novos lugares e dar a conhecer a cultura da sua terra.
Programa de atividades
A 10 de novembro de 2021 realizou-se uma assembleia geral para eleger os novos órgãos diretivos da Mirandanças, para o quadriénio 2021/2025.
A nova direção da associação, agora presidida por Isabel Raposo, tem como grande objetivo continuar a preservar e divulgar a cultura mirandesa, através da recolha do património imaterial da região e da realização de atividades, que promovam o desenvolvimento cultural social e e económico da cidade de Miranda do Douro.
Com este objetivo, a Mirandanças já definiu um programa de atividades para 2022.
Asssim, para o dia 27 de março está agendada a primeira caminhada, mini-trail e trail pelas arribas mirandesas. A organização prevê a participação de 300 pessoas. O primeiro classificado na prova de trail vai receber uma Capa d’Honra mirandesa, com uma garrafa de vinho da região. De acordo com a associação Mirandanças, o objetivo destas provas desportivas é presentear os participantes com a riqueza natural e cultural e simultaneamente dinamizar o comércio local com a afluência de pessoas à cidade de Miranda do Douro.
A 15 de abril, Sexta-feira Santa, a Mirandanças prevê realizar a teatralização da Paixão de Cristo, na praça Dom João III. De acordo com a associação, este é um evento que gera um grande interesse e adesão da população de Miranda do Douro e também dos visitantes e turistas.
Para 9 de julho, está programada a segunda caminhada, mini-trail e trail.
Em agosto, a Mirandanças pretende realizar o Festival de Folclore.
A 17 de setembro, está agendado a terceira caminhada, mini-trail e trail, em Miranda do Douro.
A 15 de abril, Sexta-feira Santa, a associação Mirandanças vai realizar a teatralização da Paixão de Cristo, na praça Dom João III. De acordo com a associação, este é um evento que tem gerado um grande interesse e adesão da população de Miranda do Douro e também dos visitantes e turistas.
Outras atividades muito apreciadas pelos mirandeses são as caminhadas com história, orientadas pelo professor Hermínio Bernardo, e que dão a conhecer lugares históricos da cidade.
Segundo a presidente da Mirandanças, Isabel Raposo, quando a situação epidemiológica o permitir pretendem reiniciar as atuações solidárias nos lares de idosos, do concelho de Miranda do Douro.
A programação anual da Mirandanças vai concluir-se com o Sarau de Natal, que contempla as atuações dos vários grupos da associação: Pauliteiros, Pauliteiras, Pauliteiricos e Danças Mistas.
A Fundação Casa da Criança Mirandesa (FCCM), em Sendim, viu aprovada uma candidatura de 182 mil euros destinados à remodelação e adaptação da estrutura residencial que atualmente acolhe 27 idosos.
“Esta remodelação vai abranger o edifício destinado ao acolhimento de idosos, de forma a dotá-lo de mais eficiência energética e proporcionar maior conforto aos 27 utentes que ali estão instalados em regime de lar da terceira idade. É uma instituição social que tem a sua capacidade esgotada”, explicou o presidente da FCCM, padre António Pires.
As obras foram comparticipadas pelo Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER) em 85 %.
Esta candidatura foi aprovada a 20 de janeiro, estando previsto o arranque das obras no início do próximo mês de maio, com um prazo de conclusão de um ano.
A intervenção resulta de um Pacto Social que envolve o município de Miranda do Douro, a Comunidade Intermunicipal Terras de Trás-os-Montes e o Centro Local de Ação Social (CLAS).
A FCCM tem o estatuto de Instituição Particular de Segurança Social (IPSS) e está sob a alçada da diocese de Bragança-Miranda, contando com um historial de cerca de seis décadas, sendo composta por três edifícios autónomos.
Neste três edifícios autónomos estão instaladas diversas valências sociais e ainda um centro de arte e restauro.
Segundo o padre António Pires, as obras serão efetuadas num edifício que já apresenta algumas deficiências estruturais, nomeadamente, no que concerne à infiltação de águas pluviais.
Por seu lado, o responsável adiantou, ainda, que foram adquiridas duas viaturas elétricas de apoio domiciliário que estão adaptadas para o transporte de idosos com um valor global de cerca de 27 mil euros mais IVA, e comparticipadas em 25 mil euros.
Opinião: A Saúde dos Mirandeses não é uma questão ideológica
No passado dia 27 de Dezembro de 2021, a Assembleia Municipal de Miranda do Douro aprovou o Orçamento da Câmara Municipal, para o ano 2022, sem votos contra, mas com a abstenção do Partido Socialista.
Com a vitória da coligação “Tempo de Acreditar” nas eleições autárquicas de 26 de Setembro de 2021 – e sendo fiel ao prometido durante a campanha eleitoral, em contraponto com as outras candidaturas – a prioridade política para este executivo são as pessoas. Estar ao lado dos seus cidadãos.
Foi, orientado por este princípio, que o actual executivo elaborou o orçamento para 2022, ora aprovado. Relativamente ao orçamento gostaria de destacar 2 ou 3 medidas que vão nesse sentido.
A primeira medida prende-se com a decisão acertada, deste executivo, de não aumentar o preço da água. Desde Março de 2020 que o país tem vivido em sucessivos estados de emergência, vivendo actualmente em estado de calamidade.
Ora esta situação, provocada pela Covid 19, levou ao encerramento de vários sectores de actividade, atirando muita gente para o desemprego, com consequente redução de rendimentos. Não se perceberia, pois, que se procedesse, nestas condições, ao aumento das tarifas da água, aumentando ainda mais as dificuldades das famílias e das empresas.
A segunda medida que gostaria de destacar é o protocolo celebrado entre a autarquia e o Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana (IHRU) para habitação social. Este protocolo irá permitir à autarquia usufruir de 6 milhões de euros para remodelação e aumento do seu parque habitacional direcionado para a habitação social de modo prestar apoio às pessoas/famílias mais carenciadas contribuindo assim para que possam usufruir de habitações condignas.
A terceira medida que gostaria de destacar é o Seguro Municipal de Saúde. Esta foi uma das grandes bandeiras da campanha que começa, com este orçamento, a ver a luz do dia.
O Seguro Municipal de Saúde foi uma das grandes bandeiras da campanha que começa, com este orçamento, a ver a luz do dia.
Foi precisamente este ponto, por estranho que pareça, que levou a que o PS se abstivesse na votação do Orçamento Municipal. E digo estranho porque o PS gosta muito de encher a boca com estado social, arrogando-se numa espécie de “pai criador” do estado social, de dono do apoio aos mais carenciados.
Ora tendo à sua frente, para votação, uma proposta que visa, tão só, contribuir para que os Mirandeses e Mirandesas tenham acesso a melhores cuidados de saúde, o PS abstém-se de lhes prestar esse apoio e abandona-os à sua sorte.
Todavia, esta votação do PS tem a vantagem de repor a verdade histórica no que à criação do estado social diz respeito. É que contrariamente àquilo que o PS e certa esquerda apregoa, como sendo os criadores do estado de bem-estar social, convém esclarecer que este foi criado na década de 1880, pelo conservador Bismarck, que criou os primeiros programas de assistência social à escala nacional, como o seguro de saúde em 1883, pensões de velhice e invalidez em 1889, etc.
Em Inglaterra, por exemplo, foi o Governo Liberal de Herbert Asquith que introduziu uma série de reformas sociais entre 1914 e 1918, como: pensão de reforma, seguro de saúde nacional e o seguro de desemprego nacional. A bem do rigor e da verdade histórica convém que fique registado que o estado de bem-estar social nasceu precisamente em alternativa ao Socialismo.
(Artigo escrito de acordo com a antiga ortografia)
Fernando Vaz das Neves
Líder parlamentar do PSD na Assembleia Municipal de Miranda do Douro
Vida Consagrada: Eremitérios renascem na Diocese de Bragança-Miranda
A Diocese de Bragança-Miranda conta com três mulheres eremitas, duas portuguesas e uma espanhola, forma de Vida Consagrada que volta ao seu território e que a Igreja local acolhe “com surpresa e alegria”.
“Este renascer da vida eremítica entre nós, aqui na diocese – ela também já existiu e temos muitos exemplares, muitos testemunhos históricos e arqueológicos, até -, hoje, tem o significado de uma redescoberta desta espiritualidade do silêncio, da solidão, do encontro numa vida mais profunda com Deus”, refere D. José Cordeiro, administrador diocesano, em declarações enviadas à Agência ECCLESIA pelo Secretariado das Comunicações Sociais da Diocese de Bragança-Miranda.
O organismo informa que, além dos Institutos de Vida Consagrada e das Congregações, femininas (6) e masculinas (2), bem como a recente fundação do Mosteiro Trapista de Santa Maria Mãe da Igreja, com 10 monjas, em Palaçoulo (Miranda do Douro), a diocese transmontana passa agora a contar com a presença de três eremitas.
“São três mulheres (de nacionalidades portuguesa e espanhola) que ao abraçarem o silêncio e a solidão, encarnam na vida quotidiana o chamamento pessoal que cada uma recebeu dentro do estilo de vida eremítico e que as distingue entre si”, assinala a nota de imprensa.
Este é assumido como compromisso na Regra de Vida que cada uma concebe em resposta a esse chamamento e que assina no dia em que é instituído o Eremitério que vai habitar, durante a Eucaristia celebrada no mesmo”.
As eremitas vivem em espaços próprios (com capela e a presença do Santíssimo Sacramento), onde se entregam à oração, à adoração, ao louvor e à intercessão por toda a Igreja e pelo mundo.
Um dos eremitérios (Eremitério Diocesano Nossa Senhora da Esperança) está localizado em Freixiel, no Concelho de Vila Flor; os outros dois (Eremitério Sagrado Coração de Jesus e Eremitério Diocesano Nossa Senhora do Rosário que começou em S. Pedro da Silva), estão localizados na freguesia de Palaçoulo, Concelho de Miranda do Douro.
O Catecismo da Igreja Católica dedica dois números à vida eremítica (920-921), sublinhando a manifestação do “aspeto interior do mistério da Igreja que é a intimidade pessoal com Cristo”.
D. José Cordeiro, presidente da Comissão Episcopal de Liturgia e Espiritualidade, destaca que esta “é uma vocação, é um dom de Deus, uma graça”.
“Hoje há cada vez mais pessoas a buscar a vida eremítica. Para se ter uma ideia, em Itália são mais de 300 eremitas diocesanos, e em França são mais de 500. Até já há uma tese que estuda a vida eremítica no mundo e creio que neste momento são já mais de 20 mil os eremitas em todo o mundo”, acrescenta.
O responsável católico destaca que “ser eremita diocesano é ter esta perspetiva alargada da eclesialidade, da eclesiologia de comunhão, de missão”.
O administrador diocesano de Bragança-Miranda presidiu aos votos perpétuos da primeira eremita diocesana a 13 de maio de 2021 e aos da segunda eremita no dia 15 de janeiro de 2022, celebrações que tiveram lugar nas respetivas igrejas paroquiais, perante a presença de fiéis e sacerdotes.
A Direção de Cultura do Norte está a recuperar, desde 2019, o Eremitério ‘Os Santos’, em Miranda do Douro.
Na casa de Isidro e Helena Galego, em Vimioso, continua a realizar-se a matança do porco para consumo doméstico. Antigamente, esta tradição tinha uma grande importância na economia familiar dado que assegurava a provisão de carne para todo o ano. Hoje, esta prática em contexto familiar é muito rara, pelo que urge preservá-lana memória coletiva como património cultural.
A criação de um porco para consumo doméstico dá muito trabalho e a tarefa prolonga-se entre 12 a 14 meses. De acordo com Isidro Vicente, para que o porco produza uma carne suculenta e de qualidade, a alimentação baseia-se nos produtos de cada estação do ano, como são as abóboras, as batatas, as beterrabas, as nabiças, os nabos, a cevada, o milho ou as maçãs.
A matança do porco
O dia da matança é combinado com antecedência. Este ano foi agendado para o dia 15 de janeiro. E como habitualmente, convidaram-se os familiares e amigos. Por isso, para além do trabalho o dia da matança do porco é também uma festa, caraterizada pela entreajuda e o convívio entre todos os participantes.
O abate do porco é da responsabilidade dos homens e as mulheres recolhem o sangue.
Para além do trabalho, o dia da matança do porco é também uma festa, caraterizada pela entreajuda e o convívio entre todos os participantes.
Depois de morto, o porco é chamuscado para queimar o pelo. Antigamente, utilizava-se palha, carquejas e giestas. Mais recentemente, utiliza-se um maçarico a gás. Segue-se a raspagem da pele com uma faca, acompanhada de sucessivas lavagens de água.
De seguida, abre-se o corpo do animal para lhe retirar as tripas ou vísceras. A lavagem das tripas, que vão servir para fazer os enchidos, é feita pelas mulheres em água corrente. Neste processo, as mulheres Helena, Isabel e Corina servem-se de pequenos paus para virar as tripas e limpar o interior dos intestinos. Depois de lavadas, as tripas são envoltas em aguardente, sal, alho e louro para retirar o cheiro desagradável.
Ao final da manhã, pendura-se o porco em local abrigado mas arejado, para que a carne esfrie e o sangue escorra.
O almoço
O almoço é um verdadeiro momento de confraternização. Os donos da casa, Vicente e Helena são os cozinheiros. Ela é natural de Teixeira, no concelho de Miranda do Douro e faz questão de manter a tradição aprendida na sua aldeia de servir como almoço, as “sopas de sangue”. Trata-se de uma receita de pão fatiado e temperado com vinagre, azeite, alho e o sangue do porco.
Outro prato caraterístico deste dia são os “garrotes”, que são a carne do cachaço do porco refugada no pote, à lareira, e servida com batata cozida.
Segundo a tradição, após o almoço os homens jogavam ao fito. Enquanto as mulheres continuavam a lavar as tripas para fazer os enchidos.
Ao almoço são servidas as “sopas de sangue”, um prato de pão fatiado e temperado com vinagre, azeite, alho e o sangue do porco.
O desmanche do porco
O dia seguinte é dedicado à tarefa do desmanche do porco. Divide-se a carne que é para salgar e a parte que será utilizada para temperar e fazer o fumeiro.
De acordo com José Madureira, os presuntos, espáduas, patas, orelhas e o toucinho vão para a salgadeira.
Os rins, pulmões, fígado vão ser utilizados para fazer as “bochas”.
Os lombos e as lombelas destinam-se para fazer os salpicões.
As chouriças de carne são feitas com as febras do porco e o pescoço.
A carne da barriga é para os chouriços.
E as costelas, espinhaços e o rabo são para os butelos.
O fabrico do fumeiro
Depois de selecionadas e cortadas as carnes chegou o momento de preparar a “surça”, a calda condimentada que vai envolver as carnes para lhe dar o gosto antes do enchimento.
Na confecção das chouriças, butelos e salpicões é comum usar-se sal, alho, pimenta e louro, ficando a carne a repousar durante 24 horas.
Nas alheiras, o pão é amolecido na água de cozer as carnes e os condimentos utilizados são o alho, a salsa e o azeite e o louro.
Segue-se depois o enchimento com a carne já temperada.
À medida que as alheiras, chouriças, salpicões e butelos vão sendo enchidos são colocados nas traves colocadas no teto da cozinha, por cima da lareira, para iniciar a cura e conservação. Realce-se que o telhado da cozinha não tem forro para permitir uma melhor circulação do ar, a entrada do frio do inverno e a passagem do fumo.
À medida que as alheiras, chouriças, salpicões e butelos vão sendo enchidos são colocados nas traves colocadas no teto da cozinha, por cima da lareira, para iniciar a cura e conservação.
Helena Galego explicou que o frio das geadas é muito importante para a cura e secagem do fumeiro.
“O fumo proveniente da lareira também contribui para o cozedura lenta e contínua dos enchidos, ao mesmo tempo que lhes dá cor”, explicou.
O tempo de cura varia consoante o tipo de enchido.
“Enquanto, as alheiras demoram apenas três a quatro dias a ficar curadas. As chouriças e os salpicões demoram um mês a ficar comestíveis”, explicou.
Se antigamente, o fumeiro era muito importante dada a necessidade de conservar a carne por longos períodos de tempo. Hoje, esta tradição familiar está em risco de desaparecer, porque “o processo de criação, alimentação, matança do porco e o fabrico do fumeiro dá muito trabalho.
A investigadora Patrícia Cordeiro, também esteve presente em casa de Isidro e Helena Galego, no passado dia 15 de janeiro, aquando da matança do porco, para fazer uma recolha de receituário tradicional de Trás-os-Montes.
A investigadora disse que a recolha faz parte do programa Gastronomia TMAD – “Saber e sabores de Trás-os-Montes e Alto Douro” (Sabre (gastronomiatmad.pt)), cujo objetivo é o de apresentar uma candidatura desta prática alimentar, à Lista de Boas Práticas do Património Cultural Imaterial da UNESCO.
“Atualmente, apesar do fumeiro ser muito conhecido e de ser uma mais valia económica para a região de Trás-os-Montes, esta prática em contexto familiar é muito rara. Hoje em dia, o nosso estilo de vida é diferente e já não há tempo para criar um porco durante o ano, para realizar o abate e para confeccionar o fumeiro. Mas esta prática é património imaterial e por isso, é importante preservá-la e mantê-la”, disse.
Antigamente, o fumeiro era muito importante dada a necessidade de conservar a carne por longos períodos de tempo.
Miranda do Douro: Estão abertas as candidaturas para o Orçamento Participativo Jovem 2022
O município de Miranda do Douro está a promover candidaturas ao novo ciclo de Orçamento Participativo Jovem (OPJ) 2022, com vista à submissão a concurso de projetos inovadores com interesse local, foi divulgado.
De acordo com o município de Miranda do Douro, até ao dia 31 de março, poderão ser submetidas as candidaturas ao novo ciclo do OPJ /2022.
“Trata-se de uma iniciativa do pelouro de juventude do Município de Miranda do Douro, dinamizada em parceria com o Conselho Municipal de Juventude e que é dirigida aos jovens do concelho, com vista a desafiá-los a submeterem a concurso projetos inovadores com interesse local, depois de devidamente idealizados e estruturados”, indica a mesma nota.
São elegíveis a concurso candidaturas de jovens com idade entre os 14 e os 35 anos, residentes, estudantes ou trabalhadores no concelho.
O projeto pode ser de autoria individual ou coletiva, sendo que cada jovem só pode apresentar uma candidatura com um valor de investimento até 10 mil euros.
Para se inscrever e consultar o regulamento aceda à seguinte ligação:
Entrevista: «Pretendo que a câmara municipal tenha sempre a porta aberta para as pessoas» – Helena Barril
Após cumprir os primeiros 100 dias à frente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, Helena Barril, falou das prioridades de governação do novo executivo social-democrata, com destaque para as áreas económica, a cultura, o turismo, sem nunca esquecer a atenção às pessoas.
Helena Barril assumiu a presidência da Câmara Municipal de Miranda do Douro, a 18 de outubro de 2021.
Terra de Miranda – Notícias: Após a tomada de posse em de outubro de 2021, como está a decorrer o processo de governação do município de Miranda do Douro?
Helena Barril: Continuamos a trabalhar com entusiasmo e muita vontade de conhecer o modo de funcionamento da autarquia e da sua estrutura interna. Tem sido uma constante descoberta, sobretudo para mim e para o vereador, Vitor Bernardo. Já o Nuno Rodrigues, vice-presidente, tem a vantagem de ter sido vereador da oposição ao longo de oito anos, o que lhe confere um maior conhecimento sobre o modo como funciona uma autarquia.
T.M.N:: Como se governa uma autarquia? Como é o seu dia-a-dia?
H.B.: A governação de uma autarquia exige uma grande dedicação. Muitas vezes inicio o trabalho às 8h30 da manhã e as tarefas vão desde a leitura de documentos, a assinatura de contratos e sobretudo a resposta às muitas solicitações que as pessoas me vão fazendo. Muitas vezes vêm para me cumprimentar. Outras, para me chamar à atenção para determinados problemas. Eu tento sempre encaminhar para o sítio certo ou chamo os técnicos para, em conjunto, ouvirmos as pessoas e tentarmos encontrar soluções. A este propósito pretendo que a câmara municipal tenha sempre a porta aberta para as pessoas.
Pretendo que a câmara municipal tenha sempre a porta aberta para as pessoas.
T.M.N.: Nesta sua equipa executiva, como estão distribuídos os pelouros?
H.B.: Estamos bem concertados e temos as tarefas bem repartidas. Eu assumi, entre outros, os pelouros da saúde, da cultura, da língua mirandesa e do turismo. O Nuno Rodrigues, vice-presidente, tem a responsabilidade de áreas como a educação, a ação Social, o desporto, a juventude, a agricultura e o desenvolvimento rural. E o Vitor Bernardo é responsável pelos pelouros das obras, dos espaços públicos, da unidade municipal de apoio jurídico, do património, entre outros.
T.M.N.: O primeiro orçamento municipal desenhado pelo novo executivo assume como prioridades a implementação do seguro municipal de Saúde, a construção do matadouro municipal e de uma zona industrial. Estas são as prioridades para este primeiro mandato?
H.B.: As nossas prioridades de ação são aquelas que foram aprovadas pelos mirandeses e mirandesas, nas eleições autárquicas, de 26 de setembro de 2021. Por isso, a construção do novo matadouro é mesmo uma prioridade para este executivo. Neste sentido, já foram realizadas reuniões para adaptar o projeto existente, ao terreno onde vai ser construído o matadouro intermunicipal, em Sendim. É urgente deslocalizar o matadouro do lugar onde se encontra atualmente, para proceder à recuperação ambiental do rio Fresno e criar aí uma grande zona de lazer.
T.M.N.: O novo matadouro será intermunicipal?
H.B.: Já temos a completa concordância do município de Vimioso. E estou em crer que o autarca de Mogadouro também virá ao encontro do compromisso assinado anteriormente.
Já foram realizadas reuniões para adaptar o projeto existente, ao terreno onde vai ser construído o matadouro intermunicipal, em Sendim.
T.M.N: E a zona industrial?
H.B.: O projeto da zona industrial de Duas Igrejas já tem uma candidatura aprovada. Por isso, assim que os procedimentos o permitam, vamos avançar para a construção da zona industrial, pois não queremos perder o financiamento.
T.M.N.: Relativamente ao Seguro Municipal de Saúde, quando pretendem implementar esta medida no concelho de Miranda do Douro?
H.B.: Dado que a saúde é um bem de primeira necessidade, o nosso propósito é concretizar esta medida assim que for possível. Recordo que o seguro municipal de saúde visa ser um complemento ao serviço nacional de saúde (SNS), pois no nosso concelho e no distrito, estamos muito necessitados de melhores serviços de saúde. Por isso, estamos a trabalhar para que no segundo semestre deste ano 2022, o seguro municipal de saúde seja uma realidade no concelho de Miranda do Douro.
Estamos a trabalhar para que no segundo semestre deste ano 2022, o seguro municipal de saúde seja uma realidade no concelho de Miranda do Douro.
T.M.N.: Como está a decorrer a colaboração com os vereadores da oposição e todos presidentes das freguesias do concelho de Miranda do Douro?
H.B.: Estamos todos empenhados em trabalhar em prol do concelho de Miranda do Douro. Sobre esta colaboração tenho recebido o reconhecimento dos vereadores da oposição, que por sua vez, também têm demonstrado muito empenho e colaboração com o atual executivo.
A economia local
T.M.N.: Que atividades económicas têm maior importância na cidade de Miranda do Douro?
H.B.: Na cidade de Miranda do Douro os setores de atividade mas proeminentes são o comércio, a restauração e a hotelaria. Para dinamizar estes setores, à autarquia compete criar eventos que atraiam a vinda de visitantes. Para o final de 2021, estávamos a preparar vários eventos, como o festival Geadas, a Queima do Ano Velho e uma série de concertos que tivemos que suspender por causa do agravamento da pandemia. Outro evento que também não vamos poder realizar é a Feira dos Sabores Mirandeses, agendado para fevereiro. Se a situação epidemiológica o permitir, gostaríamos de retomar os eventos, com a Festa da Bola Doce, em Abril.
Se a situação epidemiológica o permitir, gostaríamos de retomar os eventos, com a Festa da Bola Doce, em Abril.
T.M.N.: Na agropecuária pretendem modernizar as cooperativas do concelho?
H.B.: Sim, pretendemos modernizar a cooperativa Ribadouro, em Sendim e a cooperativa agrícola de Palaçoulo, C.R.L.. Com esse objetivo já realizámos as reuniões e agora estamos na fase da execução dos projetos.
A cultura
T.M.N.: Miranda do Douro é conhecida dentro e fora de portas sobretudo pela sua identidade cultural. Pretendem continuar a promover a identidade cultural da Terra de Miranda?
H. B.: Sim, todas as manifestações culturais que contribuam para afirmar a nossa identidade diferenciadora têm que ser acarinhadas e tratadas com todo o respeito. Refiro-me em concreto à música tradicional, à língua, à literatura, aos pauliteiros, ao artesanato, às raças autóctones e à gastronomia.
T.M.N: Muito deste trabalho de promoção da cultura mirandesa é feito pelas várias associações culturais do concelho de Miranda do Douro. Que tipo de colaboração pretende implementar entre as associações culturais e o município?
H.B.: O município vai apoiar todas as associações do concelho de Miranda do Douro. O nosso propósito é estabelecer protocolos com todas as associações e apoiar sempre que nos for possível. Entretanto, lembro que as próprias associações do concelho têm mecanismos e iniciativas que lhes permitem criar alguma autonomia e independência financeira. Dou o exemplo das associações de Pauliteiros que encontram, autonomamente, formas de participar em atuações e espetáculos, por todo o país e no estrangeiro.
T.M.N.: O novo executivo vai avançar com a candidatura dos Pauliteiros de Miranda a património imaterial da UNESCO?
H.B.: Sim vamos avançar com a candidatura dos pauliteiros a património cultural imaterial da Humanidade. No entanto, estou muito desiludida com aquilo que se apregoou sobre esta candidatura e afinal não se fez. A candidatura à UNESCO está ainda numa fase primária. Ou seja, primeiro há que elaborar a estrutura da candidatura para a inscrição como património cultural imaterial de Portugal. E só depois, é que se poderá avançar para a candidatura a património cultural imaterial da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).
T.M.N.: A cidade de Miranda do Douro não tem um espaço cultural onde os vários grupos e associações do concelho possam atuar para a população local e para os turistas e visitantes, Há esse sonho de construir um espaço cultural onde seja possível oferecer uma programação cultural para todo o ano?
H.B.: Sim, é verdade que a inexistência de um centro cultural é uma lacuna para a cidade e o concelho de Miranda do Douro. De momento, o espaço que temos disponível é o mini-auditório, assim como a realização de eventos ao ar livre, quando o tempo meteorológico o permite. Por isso, neste mandato gostava de lançar as bases do projeto para construir um centro cultural. Esse espaço será destinado às atuações de todas as associações e agentes culturais do concelho, mas também à vinda de outros artistas e grupos nacionais e estrangeiros. Outra finalidade do centro cultural é o estabelecer um protocolo de colaboração com o Teatro Municipal de Bragança e trazer a Miranda do Douro, sempre que possível, alguns dos artistas que lá atuam.
Neste mandato gostava de lançar as bases do projeto para construir um centro cultural.
O turismo
T.M.N.: Na relação com a vizinha Espanha, a que se deve o gosto dos espanhóis pela visita regular a Miranda do Douro? Como pretendem continuar a dinamizar este intercâmbio e cooperação transfronteiriça?
H.B.: Desde logo, a proximidade territorial com Espanha favorece a vinda de espanhóis a Miranda do Douro. Sempre foi assim e há-de continuar a ser. Ainda que de momento, com a pandemia se verifique um decréscimo da afluência de visitantes. Culturalmente, os espanhóis são um povo alegre, que gosta de sair e de vir a Miranda do Douro fazer compras no comércio local ou simplesmente vir almoçar ou jantar nos nossos restaurantes. Por essa razão, a autarquia, em colaboração com a restauração, a hotelaria e o comércio local, organiza regularmente eventos, como será em março, o festival do Bacalhau, para incentivar ainda mais a vinda dos vizinhos espanhóis à nossa cidade.
Culturalmente, os espanhóis são um povo alegre que gosta de sair e de vir a Miranda do Douro fazer compras no comércio local ou simplesmente vir almoçar ou jantar nos nossos restaurantes .
T.M.N.: Como dão a conhecer estes eventos aos espanhóis?
H.B.: As campanhas de divulgação são dinamizadas em colaboração com a Associação Comercial e Industrial do Concelho de Miranda do Douro (ACIMD). Depois de feita a divulgação, a nossa mais-valia é mesmo, o acolhimento que fazemos aos visitantes espanhóis, a par da aposta na gastronomia e da realização de eventos culturais. Para promover a cooperação transfronteiriça é nossa intenção estreitar as relações de cooperação com as instituições e associações espanholas.
A educação
T.M.N.: No passado, a existência de um pólo universitário em Miranda do Douro trouxe mais dinamismo à cidade. Atualmente, essa pretensão está fora de alcance da autarquia?
H.B.: A 12 de janeiro realizou-se em Miranda do Douro uma reunião da Comunidade Intermunicipal – Terras de Trás-os-Montes (CIM-TT), na qual participou também o reitor da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Nesta ocasião, o reitor da UTAD comunicou-nos a possibilidade de voltarmos a ter cursos de pós-graduação e de formação. A existir uma nova oferta universitária na cidade terá que ser neste formato.
O reitor da UTAD comunicou-nos a possibilidade de voltarmos a ter cursos de pós-graduação e de formação.
O MCTM
T.M.N.: Em 2020, foi constituído o Movimento Cultural da Terra de Miranda (MCTM) para lutar contra a alegada injustiça fiscal, decorrente da venda da concessão das barragens do Douro internacional. Até ao momento, o que é que se ganhou com esta reivindicação?
H.B.: O Movimento Cultural da Terra de Miranda tem o grande mérito de trazer o assunto da venda da concessão das barragens para o debate público. Graças ao incansável trabalho dos membros deste movimento cívico, quer através de entrevistas, de artigos de opinião e das visitas ao Presidente da República e à Assembleia da República, a denúncia do MCTM foi escutada e atendida. Se até ao momento ainda não foram pagos os impostos devidos nesse negócio da venda da concessão das barragens, da EDP para a Engie, isso deve-se à inoperância do atual governo e em particular da Autoridade Tributária (AT). Não obstante a demora, o MCTM continua ativo e em conjunto com as autarquias desta região, vamos continuar a chamar a atenção do país para o paradoxo desta situação: numa das regiões mais abandonadas do país produz-se uma grande riqueza, em energia elétrica, sem qualquer benefício para a população local.
Numa das regiões mais abandonadas do país produz-se uma grande riqueza, em energia elétrica, sem qualquer benefício para a população local.
Perfil:
Helena Barril nasceu a 28 de agosto de 1970, em Miranda do Douro.
Licenciou-se em Direito, com especialização em Ciências Jurídico-Políticas, pela Universidade Lusíada, em Lisboa.
Em 2000, iniciou a carreira no Serviço de Finanças de Miranda do Douro, cargo que desempenhou ao longo de 21 anos.
Após os resultados das eleições autárquicas de 26 de setembro de 2021, nos quais a coligação “Tempo de Acreditar” foi a mais votada (54,15%), Helena Barril assumiu a presidência da Câmara Municipal de Miranda do Douro, a 18 de outubro de 2021.