Miranda do Douro: IV Passeio pela antiga linha ferroviária do Sabor
No Domingo, dia 23 de junho, vai realizar-se o IV passeio “L Carril de L Praino”, uma caminhada de 11,4 quilómetros pela antiga linha ferroviária do Sabor, agora transformada em ecopista, entre as estações ferroviárias de Duas Igrejas e Sendim.
O passeio pedestre é coorganizado pelo municiípio de Miranda do Douro e a empresa turística Douro Pula Canhada e tem por objetivo promover o potencial turístico da ecopista do Sabor.
Assim, ao longo dos quase 12 quilómetros pela antiga linha ferroviária, os caminhantes vão ter a oportunidade de apreciar a beleza natural do planalto mirandês, os campos agrícolas, as aves e o silêncio envolvente.
Segundo Pedro Cordeiro, da empresa Douro Pula Canhada, a ecopista do Sabor tem potencial para ser “a espinha dorsal no turismo de caminhadas e cicloturismo da região do Douro Internacional”.
“Mas para isso há que recuperar e transformar os 105 quilómetros da antiga linha do Sabor, em ecopista. Também os antigos apeadeiros e as estações, que estão ao abandono, precisam ser recuperados e poderiam servir de pontos de assistência e albergues para os caminhantes e cicloturistas”, indicou.
Recorde-se que a antiga linha ferroviária do Sabor ligava o Pocinho a Duas Igrejas e foi desativada a 1 de agosto de 1988.
Os 105 quilómetros da antiga linha do Sabor estendem-se pelos municípios de Miranda do Douro, Mogadouro. Freixo de Espada à Cinta e Moncorvo.
No fim-de-semana de 29 e 30 de junho, Mogadouro recebe o RaceWars Motorfestival, uma prova motorizada que este ano conta com a participação de 120 pilotos de todo o país, informou a organização.
A prova vai decorrer na pista do aeródromo municipal de Mogadouro, onde máquinas e pilotos vão medir forças, numa prova que vai para a sua terceira edição.
“A vila de Mogadouro já está no mapa do ‘Drag Racing’ nacional, sendo um evento maior e acreditamos que é o melhor do país. Este ano não há campeonato, mas vamos ter uma prova com os melhores pilotos e veículos nacionais, com a aliciante extra de haver um ‘Prize Money’ [prémios em dinheiro] para os vencedores”, explicou Pedro Costa, um dos promotores da iniciativa motorizada.
De acordo com aquele responsável, uma das novidades são as entradas gratuitas e outra “a estreia absoluta em Portugal de uma prova de ‘Drag Racing’ para motos com o aval da Federação de Motociclismo de Portugal (FMP)”.
“Trata-se de uma prova experimental, em que o primeiro objetivo é proporcionar a oportunidade dos amantes das motos competirem em segurança e com seguros, o que é uma salvaguarda para os próprios participantes e também para quem organiza”, indicou Pedro Costa.
O promotor acrescentou ainda que “as motos são divididas por duas categorias principais, motos legais de estrada e motos alteradas ou de competição”.
Segundo a organização, “este é o primeiro passo da modalidade que irá atrair novos participantes ao evento, e que tal como nos automóveis, o mundo das motos tem muito potencial e é uma mais-valia para Mogadouro e para o evento”.
Para além das motos, outra novidade é o ‘Roll Racing’, corridas que nesta edição serão apenas uma demonstração, são uma espécie de variante do ‘Drag Racing’ onde a principal diferença é que os carros passam na partida com uma velocidade predeterminada (normalmente 50km/h).
Haverá ainda demonstrações com automóveis de alta cilindrada e potência superior a 800 cavalos.
“Este ano não podemos esquecer que decorre o Europeu de Futebol e a pensar nisso vamos ter na ‘fun zone’ a transmissão de alguns jogos em ecrã gigante, e uma zona com animação e insufláveis para as crianças, expositores, música ao vivo, Dj’s, e claro, restauração para todos os visitantes”, disse.
Segundo Pedro Costa, o impacto económico para a região estima-se que seja superior a 300 mil euros, para um investimento de 39 mil euros.
Do lado do município de Mogadouro, parceiro na organização do “RaceWars Motorfestival”, a vereadora Márcia Barros disse que o retorno económico para o concelho durante dois dias “é significativo, com principal impacto no comércio local, restauração e hotelaria”.
“A primeira edição federada de ‘Drag Racing’ teve início em 2022, sendo uma iniciativa de continuidade”, vincou a autarca.
Futebol: Mirandeses Dinis Garcia e Miguel Nóvoa convocados para a seleção distrital
Os mirandeses, Dinis Garcia e Miguel Nóvoa, fazem parte dos 20 convocados da seleção distrital sub-14, da Associação de Futebol de Bragança (AFB), que vai competir no Torneio Interassociações Lopes da Silva, de 24 a 30 de junho, com jogos na Mealhada, no Luso e em Oliveira do Bairro.
A formação brigantina orientada pelo selecionador distrital, Sílvio Carvalho participa na primeira fase da competição, no grupo C, juntamente com as congéneres de Setúbal, Leiria e Guarda.
O selecionador da Associação de Futebol de Bragança (AFB) convocou dos seguintes jogadores: Francisco Sá (ADSP Vale do Conce); Henrique Oliveira, Francisco Rodrigues, Simão Clemente, Tomás Lopes e Martim Guerreiro (EF Crescer); Rodrigo Morais, Tomás Santos, Diogo Freitas, João Machado, Gonçalo Lamas, Filipe Granjinho, Gonçalo Fernandes, Francisco Gonçalves (FC Mãe de Água); Dinis Garcia e Miguel Nóvoa (GD Mirandês); Diogo Baptista e Raúl Almeida (GD Bragança); Gabriel Soares e Martim Coutinho (SC Mirandela).
No Torneio Interassociações Lopes da Silva, a equipa da AF Bragança inicia a fase de grupos frente à AF Setúbal, no dia 24 de junho, às 09h30. Segue-se, no dia 25, a partida com a AF Leiria. E no dia 26 de junho, é a vez dos brigantinos medirem forças diante da equipa distrital da Guarda.
A 28ª edição do mítico torneio de formação conta com a participação de centenas de jovens atletas, em representação das associações distritais e regionais de futebol.
À semelhança de outras edições, a prova interassociações sub-14 conta com o sistem de Víedio Árbitro (VAR), servindo assim para certificar novos árbitros na função, alargando o leque de escolha do Conselho de Arbitragem. Este sistema tem a função de ajudar a corrigir as decisões do juiz da partida em momentos-chave do encontro, bem como em situações que tenham passado despercebidas à equipa de arbitragem. A tecnologia vai ser utilizada permanentemente nos jogos transmitidos pelo Canal 11.
A final do Torneio Interassociações Lopes da Silva está agendada para o dia 30 de junho, às 11h30, no Centro de Estágios do Luso.
Agricultura: Pedido Único com 174.877 candidaturas submetidas – Governo
Neste ano de 2024, foram submetidas 174.877 candidaturas ao Pedido Único (PU), com uma média de 4 mil pedidos por dia na última semana, segundo os últimos dados do Ministério da Agricultura.
O PU é um pedido de pagamento direto das ajudas que fazem parte dos regimes sujeitos ao SIGC – Sistema Integrado de Gestão e Controlo.
Este pedido abrange os pagamentos diretos, os apoios associados, ecorregimes, desenvolvimento rural, pagamentos da rede natura, a manutenção da atividade agrícola em zonas desfavorecidas e as medidas florestais.
De acordo com os dados divulgados no ‘site’ do Ministério da Agricultura, reportados a 19 de junho, o PU conta com 174.877 candidaturas submetidas e 183.987 criadas.
Por distrito, destacam-se, por exemplo, Bragança (27.759 candidaturas submetidas), Vila Real (20.596) ou Guarda (13.815).
No sentido oposto encontram-se, entre outros, Leiria (3.746) e Faro (4.776).
O ministro da Agricultura e Pescas, José Manuel Fernandes, adiantou, no parlamento, que na última semana, foram recebidas cerca de 4.000 candidaturas por dia ao PU.
Em resposta aos deputados, o ministro reconheceu que o sistema para a submissão de candidaturas ao Pedido Único (PU) é “lento e complexo”, em resultado do “mau desenho” do Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC).
O Governo decidiu a 7 de junho, alargar o prazo de candidaturas às ajudas do PU até 21 de junho, após as dificuldades registadas pelos agricultores neste procedimento.
O prazo para a submissão de candidaturas terminava em 14 de junho, depois de já ter sido prolongado.
Vimioso: Projeto “A Hora dos Superquinas” proporcionou o exercício em jogos lúdicos
Na manhã de 20 de junho, o estádio municipal de Vimioso acolheu mais de uma centena de crianças, para participarem no Encontro “A Hora dos Superquinas”, um projeto desportivo da Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que tem como objetivo desenvolver o gosto dos mais novos pela atividade física através dos jogos lúdicos.
O encontro “Hora dos Superquinas” decorreu no estádio municipal de Vimioso.
Ao longo da manhã, cerca de 100 alunos do 1º ciclo e das Férias Desportivas do Agrupamento de Escolas de Vimioso (AEV) participaram em seis jogos lúdicos, instalados no campo de futebol do Estádio municipal, em Vimioso
De acordo com a vereadora, Carina Lopes, o município de Vimioso acolheu positivamente o projeto “A Hora dos Superquinas”, com o objetivo de incutir nos alunos do Agrupamento de Escolas, o gosto pela prática de exercício físico.
“Este projeto está a ser desenvolvido no âmbito das Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC’s) e visa proporcionar às crianças atividades físicas diversificadas para além do futebol, assim como a moderação no uso das novas tecnologias e o desenvolvimento do espírito de equipa”, explicou.
Segundo o professor de educação física, Henrique Miranda, a mais valia do projeto “A Hora dos Superquinas” é a diversidade de exercícios físicos e de jogos realizados em grupo, que o programa proporciona às crianças.
“É muito importante proporcionar às crianças atividades físicas que os desliguem dos jogos dos telemóveis. A mais valia deste programa de educação física é a diversidade de jogos propostos, que é muito estimulante para os mais novos”, destacou o docente.
Utilizando kits com bolas multiatividade, bolas de ténis, arcos, cordas, coletes e cones, as crianças têm a oportunidade de praticar jogos como o do galo, do lenço, da malha, a corrida de estafetas, entre outros jogos.
Susana Madureira, da Associação de Futebol de Bragança (AFB), explicou que o Encontro “A Hora dos Superquinas” é um projeto de atividade física desenvolvido pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que surge no âmbito da candidatura de Portugal à organização do Mundial de Futebol 2030.
“Esta iniciativa científica foi pensada pelo professor Carlos Neto e outros investigadores e visa promover o desenvolvimento físico das crianças. O projeto “A Hora dos Superquinas” está a ser implementado pelas Associações de Futebol, distritais e regionais, no 1º ciclo de ensino básico, mais concretamente no âmbito das Atividades de Enriquecimento Curricular (AEC’s)”, acrescentou.
Segundo a Associação de Futebol de Bragança (AFB), o projeto está a ser implementado em 21 escolas, dos 12 municípios, envolvendo no total 2020 alunos e 46 professores.
Para tal, os docentes recebem formação específica para desenvolver as atividades, os exercícios e os jogos, que constam no manual, que pode ser consultado no site da Federação Portuguesa de Futebol (FPF).
“É um projeto que nos deixa muito orgulhosos pelo facto de estar a ser implementado em todos os municípios do distrito de Bragança. Na verdade, as crianças brincam, jogam, divertem-se e crescem saudáveis. No próximo ano, prevemos que haja ainda uma maior adesão de outras escolas, ao projeto A Hora dos Superquinas”, avançou a responsável pela comunicação da AFB.
Em Vimioso, “A Hora dos Superquinas” foi o 10º encontro realizado no distrito de Bragança, faltando ainda realizar os encontros em Miranda do Douro (21 de junho) e em Vila Flor.
Meteorologia: Início do Verão com temperaturas entre os 17 e os 26 graus
O verão começa a 20 de junho, com céu nublado, possibilidade de alguns aguaceiros dispersos e temperaturas abaixo da média para época, entre os 17 e os 26 graus, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
“Hoje, dia 20 de junho, será o ultimo dia com alguma perturbação no campo da precipitação. Estão previstos aguaceiros em geral dispersos e fracos na região sul, sendo muito improváveis no Algarve”, referiu o meteorologista do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA).
De acordo com Alessandro Marraccini, está também previsto vento do quadrante norte fraco a moderado, sendo por vezes forte nas terras altas e temperaturas abaixo da média para a época do ano.
“A partir de amanhã, dia 21 de junho, vamos ter ausência de precipitação, céu pouco nublado ou limpo na maioria do país e as temperaturas vão começar a subir gradualmente, principalmente as máximas, até domingo. Depois ficarão estáveis e com valores mais típicos para o verão”, disse.
Para hoje estão previstas temperaturas máximas a variar entre os 17 graus Celsius na Guarda e os 26 em Faro, registando depois uma pequena subida na sexta-feira com 30 graus em Beja, 29 em Évora e 28 em Castelo Branco.
No sábado são esperadas temperaturas máximas de 34 graus em Beja e 32 em Castelo Branco e Évora.
“Até hoje [as temperaturas] têm estado abaixo da média. Por exemplo hoje Lisboa devia ter uma máxima de cerca dos 30 graus e a temperatura prevista é de 22/23 graus, portanto bastante abaixo. Amanhã [sexta-feira] a máxima ficará próxima dos 24/25 e no sábado vai aproximar-se dos 30 graus, uma temperatura para esta época do ano”, disse.
O solstício de verão começa às 20:51 de hoje (hora de Lisboa) e termina a 22 de setembro, com a chegada do outono.
Malhadas: Concurso e Chegas de Touros Mirandeses a 24 de junho
O município de Miranda do Douro organiza no dia 24 de junho, em Malhadas, o Concurso Concelhio de Bovinos de Raça Mirandesa, um certame anual que tem como propósito premiar os criadores do concelho, pelo trabalho realizado na preservação desta raça originária da Terra de Miranda.
De acordo com o programa, o certame decorre no Mercado de Gado, em Malhadas e inicia-se às 8h30 da manhã, com a chegada dos criadores e a admissão dos animais.
Às 10h00 começa o concurso dos bovinos de raça mirandesa, que se realiza consoante o género – touros, novilhos e vacas – e a idade. No concurso é avaliada a fisionomia dos animais e a sua capacidade reprodutora.
Em 2022, no concelho de Miranda do Douro existiam cerca de 50 explorações extensivas, num total de 2000 animais jovens e adultos e 1100 fêmeas adultas.
No concurso, em Malhadas, após a avaliação dos bovinos, segue-se às 12h00, a atribuição dos prémios aos criadores. Às 13h00, está programado um almoço-convío entre todos os participantes, na Casa do Povo, da localidade. Durante a tarde, estão programadas cinco Chegas de Touros Mirandeses.
De acordo com a presidente do município de Miranda do Douro, Helena Barril, o concurso concelhio de bovinos de raça mirandesa tem como propósito reconhecer o trabalho dos criadores na preservação desta raça autóctone, que é um dos símbolos do património cultural da região.
“Recorde-se que os bovinos de raça mirandesa fazem parte da história do planalto mirandês, onde durante séculos estes animais enérgicos foram a força motriz dos trabalhos no campo e o sustento de muitas famílias rurais”, disse.
Já o presidente da freguesia de Malhadas, Camilo Raposo, destacou a importância que a agricultura e a pecuária continuam a ter no concelho de Miranda do Douro.
“A agricultura e a pecuária são duas atividades fundamentais para a fixação de pessoas nas aldeias, para a gestão ambiental e também para o desenvolvimento económico do concelho, decorrente da comercialização dos produtos locais, como é o caso da Carne Mirandesa, um produto de reconhecida qualidade e com denominação de origem protegida (DOP)”, indicou.
Atente-se que em Malhadas, para além do Mercado de Gado também está edificado o posto zootécnico e a sede da Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa (ACBRM).
Todos os anos, o concurso concelhio de bovinos de raça mirandesa proporciona não só o encontro e o convívio entre os criadores do concelho de Miranda do Douro, mas é também uma oportunidade para o público conhecer mais de perto esta raça originária da Terra de Miranda.
O Concurso Concelhio de Bovinos de Raça Mirandesa resulta de uma parceria entre o município de Miranda do Douro e a ACBRM – Associação de Criadores de Bovinos de Raça Mirandesa, sob a orientação técnica da Direção Geral de Alimentação e Veterinária e da Direção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes.
Algoso: Festa em honra de São João Batista recria a tradição da segada
Nos dias 23 e 24 de junho, Algoso celebra a festa em honra de São João Batista, num programa que inclui uma sardinhada comunitária, a missa solene seguida da procissão e a recriação da tradição e dos cantares da segada, um trabalho agrícola caraterístico desta altura do ano.
Este ano, a festa em Algoso, dedicada a São João Batista inicia-se ao final da tarde do dia 23 de junho, com a tradicional sardinhada comunitária acompanhada do caldo verde. Para o serão, está programada a animação musical pela banda NV3.
No dia 24 de junho, a festa prossegue com o peditório pelas ruas da aldeia, animado pelos gaiteiros de Algoso. A missa solene em honra de São João Batista está agendada para as 17h00, seguida da procissão.
Refira-se que a festa de São João é celebrada com muita devoção em Algoso. A existência de uma capela dedicada ao santo, datada do século XVII, junto à qual está uma fonte cujas águas são consideradas milagrosas, são as razões pelas quais a população local vive esta festividade com muito zelo e alegria.
Em Algoso, no serão de 24 de junho, a festa de São João Batista encerra com a recriação dos cantares da segada e com o baile animado pelo grupo musical HF Duo.
São João Batista
No dia 24 de junho, várias localidades do norte de Portugal celebram com muita devoção a solenidade do Nascimento de São João Batista.
Este Santo ocupa um lugar importante no Novo Testamento e, concretamente, nos evangelhos, pois foi o precursor de Jesus.
João era primo de Jesus, concebido tardiamente, por Zacarias e Isabel, ambos descendentes de famílias sacerdotais: o seu nascimento aconteceu cerca de seis meses antes do Natal de Cristo, segundo o episódio evangélico da Visitação de Maria a Isabel.
São João Batista morreu como mártir. Homem "justo e santo" (At 3,14) foi condenado à morte pela sua liberdade de expressão e fidelidade à verdade.
João foi quem anunciou Jesus aos primeiros discípulos, indicando-O como a Luz do mundo!
Entrevista: “Trabalhar desde Palaçoulo obriga-nos a ser proativos” – Alberto Martins
A Cutelaria Martins, sediada em Paçaçoulo, celebrou 70 anos de atividade. Fundada por José Maria Martins, um antigo ferrador que para agir contra a sazonalidade desta profissão e a posterior mecanização da agricultura, acabou por se dedicar por inteiro à arte da cutelaria. O ofício foi depois continuado pelos seus filhos, entre os quais o atual gestor, Alberto Martins, que com o passar dos anos modernizaram a empresa e deram a conhecer as navalhas de Palaçoulo, ao mundo inteiro.
Terra de Miranda – Notícias: Ao longo destes 70 anos de atividade, que grandes mudanças e transformações aconteceram na cutelaria Martins?
Alberto Martins: Na década de 1980, com a integração dos filhos de José Maria Martins na empresa, as instalações foram ampliadas, houve um investimento significativo na aquisição de equipamento e reforçou-se a equipa de trabalho, à qual foi transmitido o “saber fazer” adquirido ao longo dos anos. Esta modernização da empresa permitiu ajustar a capacidade produtiva ao escoamento dos produtos.
T.M.N.: A mecanização da empresa não retirou o caráter artesanal dos vossos produtos?
A.M.: Não, mesmo com a introdução de máquinas no processo produtivo, cada peça produzida na Cutelaria Martins é trabalhada e supervisionada manualmente. Do ponto de vista comercial, esta qualidade é reconhecida pelo público, que considera os nossos artigos como peças de grande qualidade e valor.
T.M.N.: Quantas pessoas trabalham na cutelaria Martins e quais são os vossos produtos?
A. M.: Atualmente trabalham na empresa 24 pessoas e fabricamos três tipologias de produtos: as navalhas, as facas e talheres. No nosso volume de negócios, as navalhas são as que têm maior preponderância. Por isso, fabricamos diversos modelos destinados a vários nichos de mercado. Por exemplo, hoje em dia é possível encontrar um produto da cutelaria Martins numa livraria, no merchandising de uma cantora australiana ou nos brindes-empresa dos pilotos da Red Bull e da multinacional Bayer, que recorre aos nossos produtos para comunicar a sua marca. Para tal, procuramos ser uma referência, na apresentação das nossas peças em caixas de cartão ou de madeira personalizadas. Também o souvenir ou a lembrança de um local ou região é outro nicho de mercado que procuramos explorar.
“Hoje em dia é possível encontrar um produto da cutelaria Martins numa livraria, no merchandising de uma cantora australiana ou nos brindes-empresa dos pilotos da Red Bull e da multinacional Bayer, que recorre aos nossos produtos para comunicar a sua marca.”
T.M.N.: Nas montarias ao javali ou nos passeios pedestres que se realizam nesta região é muito comum os participantes receberem como lembrança uma navalha de Palaçoulo.
A. M.: Sim, porque estes objetos também são uma marca identitária da região. Antigamente, dizia-se que no mundo rural uma navalha era uma terceira mão, pois tanto permitia enxertar a vinha na atividade agrícola, como servia para cortar o pão, o presunto e o queijo.
T.M.N.: Para onde vendem as navalhas, facas e os talheres da cutelaria Martins?
A. M.: Fazemos vendas para vários países, mas o mercado ibérico continua a ser o principal destino dos nossos produtos. Atualmente, também se regista um crescimento das vendas no sul de França, no âmbito dos souvenires. Durante a pandemia realizamos uma reflexão e decidimos lançar uma linha de peças temáticas, dirigidas a áreas como a caça, a pesca, a agricultura, o ciclismo, o motard, o cavalo, a vinha e o vinho, entre outras áreas, que nos permitem entrar em diversos nichos de mercado.
Durante a pandemia realizamos uma reflexão e decidimos lançar uma linha de peças temáticas, dirigidas a áreas como a caça, a pesca, a agricultura, o ciclismo, o motard, o cavalo, a vinha e o vinho, entre outras áreas, que nos permitem entrar em diversos nichos de mercado.
T.M.N.: A inovação ou a criação de novos produtos é por isso uma aposta da vossa empresa?
A.M.: Sim, a inovação é o nosso maior argumento. Por um lado, permite ajustarmo-nos aos interesses do público nos vários nichos de mercado. E por outro lado, leva-nos a desbravar terreno e a descobrir novos potenciais mercados. A inovação pode ser feita ao nível do design dos produtos, mas também da metodologia e da eficiência nos processos produtivos e na tecnologia utilizada que traz melhor e maior capacidade produtiva. Arrisco dizer que uma empresa ou unidade de produção sem inovação está estagnada.
T.M.N.: Inovação mas sempre ligada à tradição.
A.M.: Sim, porque por mais conhecimento e inovação que haja, é importante lembrar a origem e a história da empresa. Volto a lembrar que a Cutelaria Martins foi construída em cima de uma carta ou licença de Ferrador, seguida de muitos anos de trabalho, de resiliência e de foco. Foi graças ao trabalho desenvolvido pelos nossos antepassados que chegamos ao presente e continuamos a projetar o futuro, com responsabilidade.
T.M.N.: Porque razão afirma que os produtos da Cutelaria Martins têm alma, história e identidade?
A.M.: Porque no fabrico das nossas navalhas há uma matriz que nos foi legada: um punho em madeira, um anel e uma lâmina em inox. Já me perguntaram porque não fabricamos canivestes suiços, ao que respondi que esse objeto não é transmontano. Todos os nossos produtos refletem a identidade e a história do povo transmontano.
A inovação pode ser feita ao nível do design dos produtos, mas também da metodologia e da eficiência nos processos produtivos e na tecnologia utilizada que traz melhor e maior capacidade produtiva.
T.M.N.: A cutelaria Martins está instalada em Palaçoulo, no interior do país. Esta localização é uma dificuldade acrescida ou não?
A.M.: Estarmos localizados no interior do país tem algumas desvantagens como a dificuldade de acesso ao conhecimento técnico e a criação de sinergias empresariais. No entanto, sou da opinião que devemos otimizar as circunstâncias, ou seja, ver também as vantagens desta localização. E uma das vantagens é estarmos mais próximos dos mercados europeus, desde logo da vizinha Espanha. Paradoxalmente, outra vantagem é a obrigatoriedade de produzir todos os componentes dos nossos artigos: as lâminas, os anéis e os punhos, o que no final torna as nossas peças diferenciadas e de valor acrescentado. Bem vistas as coisas, este trabalho acrescido desde Palaçoulo não nos deixa acomodar, obriga-nos a ser proativos e dá-nos uma maior capacidade de resposta aos desafios.
Outra vantagem de estarmos localizados no interior do país é a obrigatoriedade de produzir todos os componentes dos nossos artigos: as lâminas, os anéis e os punhos, o que no final torna as nossas peças diferenciadas e de valor acrescentado.
O processo de manufatura das navalhas de Palaçoulo, na Cutelaria Martins.
T.M.N.: O fundador da Cutelaria, José Maria Martins falecido em 7 de abril de 2016 deixou como principal legado os valores da simplicidade, lealdade e congruência. São estes os valores que continuam a nortear a empresa?
A.M.: Sim, estes valores são uma escola de vida. Na convivência com o meu pai aprendemos a praticar estes valores, assim como a honestidade, o respeito e o compromisso ou a honra para com os clientes.
T.M.N.: A localidade de Palaçoulo, através das várias empresas aqui sediadas, é um raro exemplo de como é possível agir contra o despovoamento e fixar a população. Na sua opinião, que outras empresas poderiam ter sucesso nesta região?
A.M.: Os exemplos vêm antes das empresas. Lembro-me do meu pai afirmar que se não tivesse enveredado pela área da cutelaria, teria criado uma empresa de calçado. E eu não duvido que teria sido bem sucedido. Porque era uma pessoa com valores, comprometido e muito focado. São estas as condições determinantes para ser bem sucedido em qualquer empresa ou tarefa, por mais simples e rotineira que seja. Sobre a realidade empresarial de Palaçoulo, estou convencido que o meu pai e as outras pessoas da sua geração, que desenvolveram empresas nas áreas da cutelaria, da tanoaria e mais tarde da serralharia são verdadeiros heróis, pelas adversidades que superaram e as boas práticas que implementaram e transmitiram às gerações seguintes.
“Os exemplos vêm antes das empresas. Lembro-me do meu pai afirmar que se não tivesse enveredado pela área da cutelaria, teria criado uma empresa de calçado. E eu não duvido que teria sido bem sucedido. Porque era uma pessoa com valores, comprometido e muito focado.”
Perfil
Alberto Afonso Martins
É licenciado em Assessoria de Administração pelo ISLA, Lisboa: e frequenta um um Mestrado em Marketing – Universidade Portucalense.
Desde 2014 é membro da Gerência, com a função de Diretor Geral da José Maria Martins – Cutelaria Tradicional de Palaçoulo, Lda.; acumula a responsabilidade da comunicação de conteúdos e publicações (Redes sociais e página Web) da Cutelaria Martins
Entre 2008 e 2014, foi o responsável pela definição e aplicação do plano de reposicionamento estratégico, da inovação e do marketing da Cutelaria Martins.
Ambiente: Preço da água deve aumentar 25% até 2030
Até 2030, o preço da água deverá aumentar 25,7% para manter o consumo urbano aos níveis de 2022, segundo um estudo no qual, pela primeira vez, se faz uma análise do valor económico da água em Portugal.
O estudo “O valor económico da água em Portugal” é apresentado a 19 de junho, na Fundação Gulbenkian, em Lisboa, tendo sido coordenado pelo economista e professor da Universidade “Católica-Lisbon” Miguel Gouveia. As duas instituições patrocinaram a investigação que, dizem, pretende contribuir para a procura de soluções sustentáveis para a gestão da água.
Segundo o documento, em 2015 os agregados familiares gastaram em média 1,3% do orçamento em despesas com a água e serviços conexos (resíduos sólidos e águas residuais), um valor mais baixo se comparando com outros países. Aumentar as tarifas não será incomportável para a maioria das famílias, diz o documento.
A análise conjugada dos dados indica que o consumo urbano de água deverá aumentar cerca de 5,7% até 2030. “Para manter o consumo ao nível de 2022, o preço da água terá de subir 25,7% até 2030, para uma média de 3,2 euros o metro cúbico, o que pode ser visto como o valor económico da água em consumo urbano”, diz o documento.
Miguel Gouveia disse que para a redução de consumos são necessárias muitas campanhas de informação e sensibilização, esforços que terão de ser acompanhados por aumentos de preços, que não sendo “algo simpático” não terão grande impacto “na esmagadora maioria dos agregados”.
“Também percebo que se peça mais aos que têm mais”, disse, referindo-se ao que alguns municípios já fazem, que é aumentar os preços nos escalões superiores de consumo.
A agricultura, o setor que mais consome, também terá de fazer um uso mais racional da água. “Tem de haver um esforço em todas as frentes”
Miguel Gouveia lembrou que o progresso tecnológico levou a melhorias no consumo de água, que as máquinas de lavar consomem hoje muito menos água, ou que na agricultura o percurso é o mesmo. “Há 30 ou 40 anos o regadio gastava 14 mil metros cúbicos por hectare, hoje gasta quatro mil metros cúbicos”.
Na agricultura, salientou, o valor da água é muito superior ao custo na maior parte das vezes, explicando que o estudo serviu para estabelecer um valor da água, algo que estava a faltar em Portugal.
Segundo o estudo, o valor económico médio da água usada na agricultura em todo o país e todas as culturas, a preços de 2022, foi estimado em 0,585 euros.
Os valores dependem da região do país e do tipo de cultura. Por exemplo a estimativa para o valor da água usada no arroz apontava para 0,08 euros, um valor positivo apenas devido às ajudas da Política Agricultura Comum (PAC), enquanto no abacate o valor da água era de 2,65 euros o metro cúbico.
Na base do trabalho, referiu o responsável, está o facto de em Portugal a precipitação anual média ter diminuído 20% nos últimos 20 anos, prevendo-se que diminua mais 10 a 25% até final do século.
Além de outros, a escassez hídrica terá impacto direto no potencial de geração de hidroeletricidade, tornando a eletricidade mais cara, e “terá impactos macroeconómicos significativos, nomeadamente no PIB (num cenário de efeitos climáticos mais severos, o PIB poderá cair 3,2%), em aumentos das taxas de desemprego e inflação, e numa deterioração da balança comercial.”.
“Vamos ter menos água, vai ser um processo gradual, apesar de em Portugal haver mais chuva do que em vários países da Europa”, notou o responsável, salientando que caso se invista em formas de não perder a água (mais albufeiras) poderá haver uma maior oferta. Sem investimento será o deserto a avançar pelo sul do país, alertou.
“Nem todos os investimentos são rentáveis e isso pode ver-se com este valor da água”,disse, salientando a importância de haver uma “boa análise custo benefício” das políticas publicas em discussão, para impedir riscos de desperdício.
Nas palavras de Miguel Gouveia, que cita a opinião de peritos, a reutilização de águas residuais tratadas faz sentido no Algarve mas menos em outras regiões, porque a elevação dessas águas (as estações de tratamento, ETAR, ficam perto do nível do mar) tem um custo.
Da mesma forma as melhorias nas redes para evitar fugas também ficarão muito caras. “Não significa que não vale a pena investir, significa que não vamos ter grande retorno”, explicou.
Os transvases podem ser uma solução, e a construção de dessalinizadoras pode ser também uma opção, apesar de cara, especialmente por ser um seguro em casos de falta extrema, “mas não pode ser uma estratégia cega”.
Miguel Gouveia insiste numa “análise sistemática do que é que das várias opções vale a pena”. E reforça : “Essa é a mensagem principal, respostas o mais racionais possíveis”.
O estudo é apresentado numa sessão que também debaterá temas como a estratégia da água para o setor agrícola ou as desigualdades pluviais.