Constantim: Jovens regressam para dar alegria à Festa de São João Evangelista
De 27 a 30 de dezembro, decorre na aldeia raiana de Constantim, no concelho de Miranda do Douro, a festividade em honra de São João Evangelista ou Festa dos Moços, uma festa de solstício de inverno organizada e animada pelos jovens pauliteiros, músicos e mascarados que trazem alegria e vida a uma aldeia despovoada.
Confessa aficionada da Festa de San Juan ou Festa dos Moços, a presidente do município de Miranda do Douro, Helena Barril, mostrou-se otimista de que a preservação desta tradição na aldeia de Constantim também contribui para o rejuvenescimento desta localidade raiana.
“É com enorme alegria que vejo os jovens, muitos deles a estudar e trabalhar noutras regiões do país, a regressar a Constantim para assumirem a responsabilidade de organizar a Festa de São João Evangelista ou Festa dos Moços. A participação entusiasta dos jovens é um motivo de esperança de que esta tradição tem futuro”, disse a autarca de Miranda do Douro.
Helena Barril recordou que esta festividade em Constantim é uma das três festas de solstício de inverno, no concelho de Miranda do Douro, que aguardam pela inscrição no Inventário Nacional do Património Cultural Imaterial.
“Dada a relevância cultural das festas de Santa Luzia (Velho e a Galdrapa), em São Pedro da Silva; de São João Evangelista (Festa dos Moços), em Constantim; e a Festa do Menino, em Vila Chá de Braciosa, o município de Miranda do Douro entende que estas manifestações culturais são únicas e também contribuem para o desenvolvimento do concelho, na atração de visitantes”, justificou.

Sobre a festa de San Juan ou Festa dos Moços, o presidente da União de Freguesias de Constantim e Cicouro, José Ribeiro, explicou que é organizada pelos moços ou rapazes solteiros da aldeia de Constantim.
“Os principais momentos da festa são o peditório, animado pelas danças dos pauliteiros de Constantim e as travessuras dos mascarados, o carocho e a velha. Outro momento importante é a celebração da missa em honra de São João Evangelista e que conta com a participação dos pauliteiros. No dia seguinte, realiza-se o jantar comunitário, com o fumeiro angariado no peditório”, indicou o autarca local.
De visita a Constantim, o etnógrafo, Mário Correia, um dos estudiosos da festas de solstício de inverno no concelho de Miranda do Douro indicou que esta festa é a mais completa, pela envolvência de toda a comunidade e porque se desenrola ao longo de quatro dias.
“Em Constantim, a Festa de São João ou Festa dos Moços começa com a recolha dos cepos ou da lenha para fazer a fogueira comunitária. Neste primeiro dia faz-se a apresentação dos mascarados, o carocho e a velha. No dia seguinte, há a ronda do peditório pela aldeia, no qual se convidam pessoas para a festa oferecendo-lhes tremoços e castanhas. O peditório culmina com a celebração da missa em honra de São João Evangelista, na qual participam os pauliteiros com a dança do Ato de Contrição. No dia seguinte, realiza-se uma ceia comunitária, que antigamente era confeccionada com o fumeiro angariado no peditório. No último dia, os moços fazem as contas da festa e nomeiam-se os mordomos do próximo ano”, descreveu.
Este ano, a festa de solstício de inverno, em Constantim, recebeu a visita de um grupo de 30 pessoas, vindas de Setúbal, Lisboa, Açores e Madeira, no âmbito do programa do INATEL “Aldeias de Sonho”.
“O programa Aldeia de Sonho destina-se a aldeias com menos de 100 habitantes, como é o caso de Constantim. Há três anos, os poucos habitantes desta aldeia foram presenteados com uma viagem para conhecer o Minho. Agora foi a vez da população de Constantim receber a visita de pessoas de Setúbal, Lisboa, Açores e da Madeira, que aproveitaram a viagem para visitar também a cidade de Miranda do Douro”, explicou o responsável da INATEL, Pedro.
Integrado no grupo de visitantes da Inatel, dos Açores, veio o casal, Maria Barcelos e Carlos Ferreira, que elogiaram a participação dos jovens na organização da festa, um modo segundo o casal, de devolver vida à uma localidade afetada pelo despovoamento.
“É muito bonito ver o entusiasmo destes jovens pauliteiros, músicos e mascarados na animação da festa em honra do apóstolo, São João Evangelista. Para nós, visitantes, que costumamos ver os Pauliteiros de Miranda na televisão é muito diferente presenciar ao vivo estas danças e escutar os sons da gaita de foles, da caixa e do bombo”, disseram.

De acordo com os visitantes açorianos, a preservação das tradições e a promoção turística da região podem ser uma estratégia para atrair visitantes e fixar a população, em aldeias como Constantim.
Da vizinha Espanha, Luísa Balares, Cristina Rodero e Carlos Blanco, vieram de Madrid, Valladolid e Aliste, para acompanhar a Festa de São João ou Festa dos Moços, em Constantim.
“Viemos com o propósito de conhecer esta bela e antiga tradição da festa de San Juan, nesta aldeia raiana de Constantim. Dada a proximidade geográfica com Espanha, em algumas aldeias espanholas, como Vilarinho Tras la Sierra, também há festas de mascarados e são rituais de fim-de-ano e de purificação para o ano novo que aí vem”, disseram os visitantes espanhóis.
Questionados sobre como inverter o declínio populacional das aldeias raianas, o grupo espanhol referiu que, em Espanha, tem-se verificado um gradual regresso de pessoas para se dedicarem à agricultura, à pecuária, ao comércio e a atividades artesanais.














































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