Edital – Freguesia de Palaçoulo

Edital


HASTA PÚBLICA PARA VENDA DOS LOTES DE TERRENO N.º 3, 9, 10 e 11 do Loteamento das Eiras de Baixo – Palaçoulo

Manuel Guerra Gonçalves, Presidente da Freguesia de Palaçoulo, torna público que, de acordo com a deliberação tomada na reunião Junta de Freguesia, realizada no dia 24 de abril de 2021, no uso da competência e respeitando o Regulamento de Alienação de Lotes do Loteamento das Eiras de Baixo, vai proceder-se à venda, por hasta pública, de quatro lotes de terreno, sitos no referido loteamento, propriedade desta Freguesia.

A venda será efetuada de acordo com as respetivas condições previstas no regulamento de venda, disponível na página da freguesia em: 

https://palacoulo.jfreguesia.com/regulamentos.php

assim descriminados:

Lote nºÁrea do loteValor base de licitação
3294 m224,00€/ m2
9360 m240,00€/m2
10341 m230,00€/m2
11358 m230,00€/m2
Quadro de áreas

São admitidos apenas lanços mínimos 1,00 € (1 Euro) por metro quadrado

Após o término da praça da Hasta Pública, os arrematantes têm que prestar o pagamento de 50% do valor global de arrematação do lote, sendo os restantes 50% pagos no ato de escritura.

São da responsabilidade dos adjudicatários, as obrigações fiscais respeitantes à transmissão dos bens, nomeadamente o pagamento do Imposto Municipal sobre Transmissão de lmóveis e do lmposto de Selo, bem como as despesas inerentes à celebração da escritura de compra e venda.

A praça da Hasta Pública realizar-se-á na Sede da Junta de Freguesia de Palaçoulo, sito no Largo da Cruz, Palaçoulo, no dia 20 de junho de 2021, iniciando-se pelas 15 horas.

Palaçoulo, 31 de maio de 2021

O Presidente: Manuel Guerra Gonçalves

Vimioso: Apresentada a marca “Terra de Trás-os-Montes”

Vimioso: Apresentada a marca “Terra de Trás-os-Montes”

A marca “Terras de Trás-os-Montes” foi apresentada em Vimioso, com o objetivo de  sensibilizar os produtores locais e outros agentes económicos para a importância de trabalhar em conjunto na promoção do território e dos seus produtos.

A primeira sessão de apresentação da marca “Terra de Trás-os-Montes”, que decorreu no dia 27 maio, pelas 14h30, no auditório da casa da cultura de Vimioso, teve como oradores Sérgio Pires, vereador da autarquia vimiosense e os representantes da comunidade intermunicipal das Terras de Trás-os-Montes (CIM-TTM), que prestaram esclarecimentos sobre às condições de adesão à nova marca.

De acordo com o secretário da CIM-TTM, engenheiro Rui Caseiro, “Trás-os-Montes” é uma marca “forte” e conhecida, razão pela qual é importante que produtores locais, associações de produtores, artesãos e operadores turísticos adiram à marca e trabalhem em conjunto para criar mais valor para a região transmontana.

De acordo com a CIM-TTM, para além da sessão de apresentação em Vimioso, a marca “Terras de Trás-os-Montes” vai ser também apresentada nos nove municípios que integram a comunidade intermunicipal. São eles: Alfândega da Fé, Bragança, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Vila Flor, Vimioso e Vinhais.

Para saber mais sobre a marca Terras de Trás-os-Montes pode consultar o site: https://www.terrasdetrasosmontes.pt/marca

HA

Educação: «Estamos a sacrificar os jovens» – Jorge Fidalgo

Educação: «Estamos a sacrificar os jovens» – Jorge Fidalgo

O presidente da Câmara Municipal de Vimioso, Jorge Fidalgo, em resposta à intenção do governo, comunicada pela secretária de Estado da Valorização do Interior, de proporcionar alojamento gratuito aos alunos que são obrigados a frequentar o ensino secundário noutras localidades, informou que esta é uma segunda opção e que o ideal é abrir o ensino secundário em Vimioso, para que os jovens cumpram a escolaridade obrigatória no seu concelho de origem.

Sobre o argumento de que existem poucos alunos para abrir o ensino secundário no Agrupamento de Escolas de Vimioso, o presidente do município, contrapõe dizendo que “se estes poucos alunos estudarem em Vimioso, estão a contribuir para que haja mais gente no concelho: mais professores, mais auxiliares nas escolas e mais dinâmica”.

O autarca vimiosense lembra que os concelhos que não têm ensino secundário, como acontece em Vimioso e Freixo de Espada à Cinta, são os mais vulneráveis. “Os jovens, quando chegam aos 15 anos, têm que ir embora da sua terra. E muitas vezes, vão os filhos e vão também os pais”, lamentou.

Para agir contra este êxodo populacional, Jorge Fidalgo insiste que em defender que “o Estado deve proporcionar o ensino secundário em todos os concelhos”, uma condição essencial para fixar a população.

Jorge Fidalgo disse conhecer famílias, em que os filhos viajam diariamente de Argozelo para Bragança e pagam ao transportador 120 euros por mês. Segundo o presidente da Câmara Municipal de Vimioso, quem deve assegurar este transporte é o governo, “porque se houvesse ensino secundário em Vimioso, o sistema de transporte escolar garantiria esse serviço”.

Relativamente aos jovens vimiosenses que frequentam o ensino secundário em Miranda do Douro, a câmara municipal de Vimioso, informou que também aqui a situação não é a ideal. “A Câmara Municipal garante-lhes o transporte até ao limite do nosso concelho. E a Câmara Municipal de Miranda do Douro consegue vir a essa localidade buscar esses jovens”. Segundo autarca de Vimioso, esta situação exige um grande sacrifício aos jovens. “Os alunos para chegar a Miranda do Douro andam quase uma hora nos transportes, quando a viagem se faz em vinte minutos. Estamos a sacrificar estes jovens e a dizer-lhes que viver no interior, que devia ser atrativo, afinal é cheio de dificuldades”, disse.

HA

Inovação: Vimioso já tem um espaço coworking

Inovação: Vimioso já tem um espaço coworking

A vila de Vimioso está a disponibilizar um espaço coworking, com salas de trabalho e salas de reuniões, com acesso à internet e impressora, de forma gratuita, que podem ser partilhadas pelos cidadãos e empresas que queiram trabalhar no interior do país.

O espaço coworking de Vimioso, está instalado na antiga residência de estudantes e de acordo com o município de Vimioso, este novo espaço de trabalho tem por finalidade “atrair empreendedores nacionais e estrangeiros, que se possam trabalhar desde Vimioso para o mundo inteiro”, informou Paulo Braz, da autarquia vimiosense.

Recorde-se que o coworking é um modelo de trabalho que se baseia na partilha de espaços e recursos e que frequentemente reúne pessoas de diferentes áreas e empresas.

De acordo com consultora, Carla Branco, os espaços de coworking reduzem as desvantagens do teletrabalho, nomeadamente o isolamento, fator frequente de desmotivação. “Estes espaços coworking estimulam a partilha de experiências, ideias e constituem fator de estímulo à economia local”, destacou.

A criação do espaço de coworking, em Vimioso, é uma medida do programa “Teletrabalho no Interior, Vida Local, Trabalho Global”, que visa contribuir para a dinamização dos territórios do Interior, facilitando a fixação e atração de pessoas e empresas. Estes espaços de trabalho conjunto, têm também um objetivo ecológico ao diminuir a necessidade de deslocações e ao promover uma melhor conciliação entre vida profissional e familiar.

A assinatura do acordo de cooperação para instalação deste espaço de teletrabalho, em Vimioso, realizou-se com a presença do presidente da Câmara Municipal de Vimioso, Jorge Fidalgo, da Ministra da Coesão Territorial, Ana Abrunhosa e da Secretária de Estado da Valorização do Interior, Isabel Ferreira.

Doravante, o distrito de Bragança vai disponibilizar cinco espaços coworking localizados em Bragança, Macedo de Cavaleiros, Mirandela, Vila Flor e Vimioso.

HA

Economia: Venda das barragens obrigou o governo a investir em Trás-os-Montes

Economia: Venda das barragens obriga o governo a investir em Trás-os-Montes

O ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, reconheceu que a venda das concessões das seis barragens transmontanas obrigou o governo a realizar investimentos no valor 91,7 milhões, em 10 concelhos transmontanos.

“É inegável que a venda das concessões das barragens precipitou este trabalho”, admitiu o governante.

João Pedro Matos Fernandes esteve presente na cerimónia de apresentação do Roteiro para o Desenvolvimento Sustentável e Integrado da Terra de Miranda, Sabor e Tua, que decorreu a 8 de maio, em Mogadouro.

Este roteiro foi elaborado por um grupo de trabalho, criado pelo Governo, para analisar o impacto da venda da concessão de seis barragens transmontanas. Segundo o governo, serão destinados 91,7 milhões de euros, para realizar 133 projetos, em 10 municípios.

Por outro lado, no que concerne ao fundo previsto no Orçamento do Estado (OE) resultante do trespasse da concessão das barragens, o ministro do Ambiente disse que “será criado e contará com os devidos impostos, se a autoridade tributária disser que há impostos a cobrar”, informou João Pedro Matos Fernandes.

O ministro do Ambiente e Transição Energética acrescentou que o fundo está a ser criado, faltando apenas regulamentá-lo.

De acordo com o orçamento, o objeto e a gestão do fundo são definidos pelo Governo, por decreto-lei a publicar no prazo de 90 dias após o trespasse da concessão daquelas barragens, depois de ouvidos os municípios que fazem parte do território onde estão instaladas as seis barragens.

Por outro lado, de acordo com o OE para 2021, são transferidos para a titularidade do fundo os terrenos e edificações que não sejam indispensáveis à exploração das barragens, logo que ocorra a sua desafetação da entidade concessionária.

O OE, prevê ainda que metade das receitas correspondentes a novas concessões que o Estado venha a constituir sobre os mesmos aproveitamentos hidroelétricos ou as rendas legais ou contratuais devidas ou destinadas pelos concessionários são dirigidas aos municípios de Alijó, Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães, Macedo de Cavaleiros, Miranda do Douro, Mirandela, Mogadouro, Murça, Torre de Moncorvo e Vila Flor.

Recorde-se que a 13 de novembro de 2020, foi anunciado que a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) tinha aprovado a venda de barragens da EDP (Miranda, Bemposta, Picote, Baixo Sabor e Foz-Tua) à empresa francesa Engie.

A EDP concluiu, em 17 de dezembro, a venda por 2,2 mil milhões de euros de seis barragens na bacia hidrográfica do Douro (Miranda do Douro, Picote, Bemposta, Feiticeiro, Sabor e Tua) a um consórcio de investidores formados pela Engie, Crédit Agricole Assurances e Mirova.

Lusa | HA

Miranda do Douro: EDP vai reiniciar a requalificação do ‘Moderno Escondido’, em Picote

Miranda do Douro: EDP vai reiniciar a requalificação do ‘Moderno Escondido’, em Picote

A EDP vai iniciar ainda este ano a terceira fase das obras de requalificação do património classificado como “Moderno Escondido”, no Barrocal do Douro, no concelho de Miranda do Douro, informou a empresa.

Fonte oficial de EDP informou que a terceira fase de intervenção vai começar ainda este ano, prevendo-se a sua conclusão em 2022, sem avançar os “valores de investimentos em curso”.

“Esta nova fase de requalificação inclui agora as Casas dos Engenheiros, que fazem parte deste património no Douro [Internacional]”, especificou a elétrica nacional numa nota de imprensa.

Estas cinco moradias, construídas num conceito aberto e em plena montanha, integram o complexo construído em Barrocal do Douro, entre os anos 50 e 60, para alojar os trabalhadores envolvidos na construção das barragens de Picote, Miranda e Bemposta e, posteriormente, os que ficaram para garantir a sua operação.

“Por se tratar de um património de interesse público, este projeto envolve uma exigente lista de critérios de reabilitação e será certificado pela Direção Regional Cultura Norte (DCRN)”, explicou a EDP.

Quanto à futura utilização destes espaços, “será alvo de uma avaliação em parceria com as várias entidades locais de forma a que possam contribuir para uma maior valorização e atratividade da zona e beneficiar as populações locais”, diz a EDP.

“Com esta iniciativa, a EDP mantém o seu compromisso com a região e com a comunidade no sentido de dar uma nova vida a um património histórico no Douro”, acrescenta.

Para o presidente da Câmara de Miranda do Douro, Artur Nunes, este anúncio da EDP é ” uma excelente notícia”.

“A intervenção prevista poderá ser o alavancar um novo atrativo turístico no concelho de Miranda do Douro, uma vez que várias faculdades de arquitetura tomam este bairro como exemplo em Portugal”, vincou o autarca.

O plano de reabilitação da EDP começou pela Pousada de Picote, um projeto a cargo dos arquitetos Michéle Catannà e Fátima Fernandes – também autores da obra de referência do Moderno Escondido’ – que ficou concluído em 2011.

A obra permitiu restaurar e preservar as linhas, materiais e até o mobiliário original que o tornam num marco da arquitetura e do design com assinatura portuguesa.

“A conservação, manutenção e apoio aos visitantes da Pousada são atualmente assegurados por uma pequena empresa local”, disse a EDP.

A segunda fase do plano de requalificação envolveu o restauro da Capela, outro dos imóveis classificados.

“Os trabalhos, iniciados em outubro de 2020 e que acabaram de ser concluídos, foram fundamentais para preservar as linhas originais daquele espaço religioso, bem como peças de autor – é o caso do crucifixo ‘O Cristo Magrinho’, totalmente esculpido em madeira por Salvador Barata Feyo, um dos nomes mais marcantes da segunda geração de escultores modernistas portugueses”, descreve a EDP.

A capela continua assim a ser utilizada regularmente pela comunidade local para celebração de missas, indica a empresa.

A barragem e todo o aglomerado que é hoje a aldeia de Barrocal do Douro são agora símbolo da arquitetura moderna e “Conjunto de Interesse Público”, um grau imediatamente inferior ao de monumento nacional.

O empreendimento, hidroelétrico de Picote foi o primeiro a ser construído no Douro Internacional, durante o processo de eletrificação do país, é muito mais do que a barragem, já que com ela nasceu, entre 1953 e 1958, uma “cidade ideal” num lugar inóspito do Planalto Mirandês.

A barragem de Picote foi projetada por três jovens arquitetos recém-formados na Escola de Belas Artes do Porto, que tiveram a liberdade para dar azo à criatividade e transformar um morro das escarpas do Douro Internacional num local habitável e “revolucionário”, numa região isolada onde faltava praticamente tudo.

Archer de Carvalho, Nunes de Almeida e Rogério Ramos projetaram há mais de 60 anos a “cidade ideal”, fundada a partir do nada com todas as infraestruturas e serviços, inacessíveis à maioria da população daquela das décadas de 50 e 60 do século XX.

Lusa | HA        

Dia da Mãe: «Criei com os meus filhos uma grande proximidade» – Helena Barril

Dia da Mãe: «Criei com os meus filhos uma grande proximidade» – Helena Barril

No domingo, 2 de maio, assinala-se o Dia da Mãe. Como ninguém, as mães são capazes de se doar, de compreender, de aceitar, de acompanhar. A mãe também ensina os filhos a serem mais fortes, não tanto através de discursos inspirados, mas pela grandeza e humildade do seu exemplo. A Helena Barril é mãe de dois filhos: a Mariana e o João Paulo. Também ela, continua a entregar-se diariamente à vocação de ser mãe e a maravilhar-se com o crescimento dos seus filhos.

Helena Barril é mãe de dois filhos, a Mariana e o João Paulo.

Terra de Miranda – Notícias: O que mudou na vida da Helena com o nascimento dos seus filhos?

Helena Barril: Mudou tudo! Recordo-me que quando nasceu a minha primeira filha, a Mariana, foi como entrar no desconhecido. Foi uma grande mudança, pois a partir daí a nossa vida passou a girar à volta dela. Aquela bebé pequenina e indefesa passou a ser o centro da nossa atenção. Ainda tentei conciliar rotinas que tinha da vida anterior, tais como o crochet, o yoga ou o andar de bicicleta, mas acabei por desistir ou adiar porque esta nova missão de ser mãe exigia uma disponibilidade total. E correu bem! Quando nasceu o nosso segundo filho, o João Paulo, vivemos o seu nascimento com maior tranquilidade, pois já tínhamos adquirido experiência.

T.M.N.: Dizem que a maternidade é fonte de felicidade. Mas esta felicidade não é sinónimo de facilidade, pois não?

H.B.: Não, não, longe disso! Se felicidade e facilidade fossem condizentes, certamente haveria muito mais crianças. O nascimento dos filhos obriga-nos a reorganizar a nossa vida e eles passam a ser a nossa primeira prioridade. Quando a Mariana e o João Paulo eram mais pequenos, recordo-me que chegava ao final de uma semana de trabalho e pensava: “Vou ter tempo para fazer isto e aquilo!”. Mas depois na prática não tinha tempo. E porquê? Porque tinha que abdicar dos meus interesses para estar com eles. Mas agora vejo que por causa dessa renúncia criei com os meus filhos uma relação de grande proximidade. Portanto, abdiquei dos meus interesses por um bem maior: o amor dos meus filhos.

“Abdiquei dos meus interesses por um bem maior: o amor dos meus filhos.”

T.M.N.: A Helena vive com a sua família em Ifanes. Como é viver numa aldeia?

H.B.: É muito agradável. Nós temos a possibilidade de ir viver em Miranda do Douro, mas preferimos viver em Ifanes. A Mariana e o João Paulo gostam muito de viver na aldeia. E ainda que aqui não haja muitos jovens, eles convivem diariamente com os colegas na escola, em Miranda do Douro. Para além disso, nós tentamos proporcionar-lhes outras vivências, como as viagens.

T.M.N.: Nesta região, os jovens que querem continuar os estudos veem-se obrigados a ir para outras localidades. Como encara uma mãe a saída dos filhos de casa?

H.B.: É natural que fique com o coração apertado! Mas se pensarmos bem, hoje em dia, depressa chegamos ao Porto. E nos fins de semana, eles também podem visitar-nos.

T.M.N.: Também a Helena na sua juventude teve que sair de casa para continuar os estudos, em Lisboa. Como foi o seu percurso de vida?

H.B.: Nasci, vivi e estudei até ao 12º ano, em Miranda do Douro. Aos 18 anos fiz uma mudança radical, pois fui estudar para Lisboa. Nesta adaptação, os primeiros tempos foram dificílimos, sobretudo porque estava muito ligada aos meus pais. Recordo que no dia em que pus o pé no autocarro para Lisboa, disse-lhes: “Eu vou, mas vou voltar.”

T.M.N.: Que recordações guarda da vida na capital?

H.B.: Em Lisboa, tive o grande apoio da minha tia e da sua família. E com o tempo adaptei-me e consegui viver experiências muito positivas. Recordo que gostava muito de ir à praia e aos concertos e nos estudos, comecei a interessar-me pela área do Direito Constitucional.

«Recordo que no dia em que pus o pé no autocarro para Lisboa, disse-lhes: “Eu vou, mas vou voltar.”»

T.M.N.: A Helena licenciou-se em Direito, pela Universidade Lusíada. Como é que escolheu trabalhar na Autoridade Tributária?

H.B.: Quando concluí o curso, o meu objetivo era trabalhar na polícia judiciária. Concorri, mas não consegui entrar. Foi uma grande desilusão, que me obrigou a redefinir objetivos. Inicialmente, inscrevi-me na Ordem dos Advogados, fiz o estágio no Porto e tentei exercer a advocacia, mas não era essa a minha vocação. Pouco depois, abriu um concurso para as Finanças. Concorri, fiquei muito bem posicionada a nível nacional e pude escolher o local de trabalho. E claro, escolhi regressar a casa e trabalhar na delegação das Finanças em Miranda do Douro, onde trabalho há 21 anos. Gosto muito do que faço e vivo esta profissão como uma missão. A missão de representar o Estado e servir os contribuintes.

T.M.N.: Também é essa atitude de serviço que motiva a Helena Barril a candidatar-se à presidência da câmara de Miranda do Douro, nas próximas eleições autárquicas?

H.B.: Sim, na condição de presidente da Câmara Municipal de Miranda do Douro, quero ser representante dos munícipes e estar ao serviço deles e de todas as pessoas que visitam o concelho de Miranda do Douro.

T.M.N.: Vivemos numa região, marcada pelos desafios do despovoamento, da baixa natalidade e do envelhecimento populacional. Na sua opinião, de que condições precisam os jovens e os casais para constituir uma família no concelho?

H.B.: Os casais precisam ter estabilidade profissional para poderem constituir uma família. Infelizmente, muitos jovens não têm essa segurança profissional. Veja-se, por exemplo, os jovens que concluem cursos superiores e não encontram um trabalho na sua área da formação. A meu ver, esta instabilidade profissional é a principal razão pela qual a maternidade e a constituição de uma família é um projeto adiado.

T.M.N.: As mães são verdadeiras beneméritas da sociedade, pois sabem transmitir, mesmo nos momentos mais difíceis, a ternura, a dedicação e a força moral. Que valores procuram transmitir aos seus filhos?

H.B.: Nós, como casal, procuramos transmitir-lhes aquele paradigma de valores que achamos ser os melhores, como são a honestidade, a integridade e a seriedade. E fazemo-lo de um modo natural, através do nosso exemplo pessoal e da nossa conduta profissional. Também o modo como nos relacionamos com os nossos pais é uma forma de transmissão dos valores. Acredito que cada um de nós é portador dos valores recebemos dos pais. Depois compete a cada um ir praticando e aperfeiçoando esses valores ao longo da vida.

T.M.N.: A Mariana e o João Paulo têm respetivamente 16 e 14 anos. É fácil transmitir-lhes os valores nestas idades?

H.B.: Atualmente, reconheço que estou a ter alguma dificuldade na relação com eles, não por causa da transmissão dos valores, mas porque eles estão a viver a idade da “prateleira” ou da adolescência. Por isso, lidar com eles é um dos maiores desafios que tenho atualmente. Ao conversar com outros casais, identificámos que há outro problema acrescido: a sua excessiva dependência da internet. E o mais grave é que esta dependência absorve-nos a todos lá em casa! Por isso, costumo desafiar os meus filhos para fazermos outras atividades e tarefas em conjunto, tais como caminhar, andar de bicicleta, estar com a família, etc. Acredito que é muito importante mostrar-lhes os benefícios destas atividades e assim demonstrar-lhes que há tempo para tudo.

“Nós, como casal, procuramos transmitir-lhes aquele paradigma de valores que achamos ser os melhores, como são a honestidade, a integridade e a seriedade. E fazemo-lo de um modo natural, através do nosso exemplo pessoal e da nossa conduta profissional.”

T.M.N.: A juventude deles é diferente da sua?

H.B.: Eu tive uma infância e juventude muito, muito feliz, pois brinquei muito com os primos, os amigos da escola e todas as crianças do Bairro Verde! Eramos todos mais ou menos da mesma idade. E como não tínhamos outras distrações, brincámos todos juntos na rua. Era usual ouvirmos as mães chamarem-nos para ir para casa, para jantar ou porque já era tarde para ir dormir. Hoje em dia, o que acontece é dizer-lhes: “Desliga o telemóvel, porque já são horas de ir dormir.” Cá em casa, ainda tentei impor a regra do não uso de telemóvel, mas em vão. E com isto da pandemia e do ensino à distância, a internet veio afirmar-se cada vez mais como um instrumento indispensável.

T.M.N.: O que é que os filhos ensinam às mães?

H.B.: Nós aprendemos imenso com as crianças e os jovens! Desde logo, porque vemos o mundo com o olhar deles. Se estivermos recetivos às suas preferências e ideias, mantemo-nos atualizados. Por exemplo, eles gostam de cinema e de música e é por intermédio deles que eu vou sabendo as novidades.

T.M.N.: O Dia da Mãe tem por propósito agradecer a todas as mães que dia e noite, todos os dias e todos anos, ao longo da sua vida, se dedicam ao acolhimento, à educação e ao crescimento integral dos filhos. E os filhos retribuem o amor recebido?

H.B.: Sim, à maneira deles. Sobretudo com gestos de proximidade e com a sua companhia.

T.M.N.: E porque vamos celebrar o dia da Mãe, que mensagem gostaria de enviar às mães?

H.B.: As mães nunca devem desistir dos filhos. Por muito difícil que seja a criação, as fases mais difíceis acabam por ser superadas. Os filhos são mesmo a maior maravilha que há e valem todos os sacrifícios.

“Nós aprendemos imenso com as crianças e os jovens! Desde logo, porque vemos o mundo com o olhar deles.”

HA

Miranda do Douro: Transporte de doentes é mais demorado com fronteiras fechadas

Miranda do Douro: Transporte de doentes é mais demorado com fronteiras fechadas

O transporte de doentes de Miranda do Douro para os principais hospitais transmontanos ficou “mais demorado” com o fecho das fronteiras devido à covid-19, numa região onde a ligação costuma ser feita por estrada espanhola.

As viagens entre Miranda do Douro e Bragança há muito são feitas por Espanha, para evitar a sinuosa estrada nacional portuguesa que atravessa os concelhos de Miranda do Douro, Vimioso e Bragança.

Mas o encerramento das fronteiras ditado pelas medidas de contenção da pandemia covid-19, tornou as viagens mais demoradas para chegar aos hospitais de Bragança e Vila Real. Para além disso, as viagens tornaram-se “muito dolorosas”, principalmente para as pessoas idosas, descreveu o comandante dos bombeiros voluntários de Miranda do Douro, Luís Martins, indicando que o transporte de doentes pode demorar quase o dobro por estradas portuguesas.

Segundo Luís Martins, “uma viagem de ambulância por território espanhol pode demorar 50 minutos”, mas com as fronteiras fechadas, o percurso tem de ser feito via Vimioso e “pode ter uma duração de uma hora e meia”.

No distrito de Bragança existe um ponto de passagem oficial na fronteira de Quintanilha, que faz parte do percurso habitual quando a viagem é feita por Espanha. Porém, antes de chegar a Quintanilha existem outros pontos de fronteira que se encontram encerrados e que não permitem a ligação por Espanha, o que faz com que as ambulâncias demorem mais tempo a chegar aos hospitais de Bragança e Vila Real.

“Esta é uma situação muito constrangedora, visto que estamos a falar numa população que na sua maioria é idosa. Nestes casos são os utentes quem mais sofre”, frisou Luís Martins.

Segundo o comandante, o traçado por Vimioso, que liga Miranda Douro à Autoestrada Transmontana, em Bragança, é o mais complicado devido às curvas sinuosas na zona de Carção.

A estrada portuguesa torna as viagens mais demoradas e, de acordo com o comandante, obriga também a uma maior mobilização de meios, nomeadamente ambulâncias, já que “por vezes podem não estar disponíveis devido ao tempo gasto em cada viagem”.

Esta questão, como explicou, coloca-se no transporte de doentes não urgentes e também de algumas emergências, nomeadamente aquelas que são feitas na ambulância atribuída ao Posto Emergência do Médica (PEM) do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM).

Segundo o comandante, este tipo de ambulância pode circular por território espanhol, “já que é permitido”.

O mesmo já não acontece com os veículos como a Viatura Médica de Emergência e Reanimação (VMER) ou as ambulâncias de Suporte Imediato de Vida (SIV), que são da responsabilidade direta do INEM e que circulam sempre por território nacional, devido a questões logísticas, nomeadamente, relacionadas com seguros.

“Se o doente ou sinistrado for acompanhado pela VMER ou pela ambulância SIV, este transporte é sempre efetuado por território português, independentemente das circunstâncias”, observou.

Apesar de já existirem acordos de cooperação entre Portugal e Espanha a nível de combate a incêndios ou forças de segurança, que permitem às autoridades atuar nos dois lados da fronteira, o mesmo não se verifica ao nível da emergência médica e saúde, segundo explicou à Lusa fonte da Proteção Civil.

Lusa | HA

                       

Economia: A maior central fotovoltaica do Norte está instalada em Tó (Mogadouro)

Economia: A maior central fotovoltaica do Norte está instalada em Tó (Mogadouro)

O grupo suíço Smartenergy/Edisun Power investiu 25 milhões de euros, na construção da maior central fotovoltaica do norte, instalada em Tó, no concelho de Mogadouro, com uma potência instalada de cerca 49 megawatts que está já em laboração.

“Este é o maior projeto do seu género no Norte de Portugal. Trata-se de uma zona pouco trabalhada no que respeita a instalação de parques fotovoltaicos, face ao sul dos pais, que está mais explorada”, disse Fernando Ribeiro, diretor de construção de empreendimento solar.

Para o responsável, a proximidade da rede elétrica nacional foi também um fator deste investimento de 25 milhões de euros.

A unidade de produção foi visitada por elementos da Câmara e Assembleia Municipal de Mogadouro.

A central fotovoltaica é composta por 120.960 painéis solares, que ocupam uma área de 68 hectares, na freguesia de Tó, no concelho de Mogadouro.

“Trata-se de um projeto sustentável que não vai alterar a orografia do terreno e, após o tempo útil da central fotovoltaica, poderá ser de novo ser cultivado, já que não há movimentações de solos. O impacto visual também é mínimo”, concretizou o diretor de operações do projeto.

A criação destas infraestruturas servem, também, como zonas tampão para a prevenção de incêndios florestais.

No pico da obra trabalham na sua construção cerca de 250 pessoas, onde mais de 60 eram do concelho de Mogadouro o que contribuiu para o desenvolvimento económico deste território em tempo de pandemia.

Para o presidente da Câmara de Mogadouro, Francisco Guimarães, a construção da central é o maior investimento privado no concelho de Mogadouro na última década.

“Foi um investimento considerável em tempo de pandemia, tendo sido uma alavanca, durante este período, para a economia local. A construção deste empreendimento ajudou famílias e o tecido empresarial e comercial do concelho com o fenecimento de bens e serviços”, indicou o autarca.

Esta unidade criou cinco postos de trabalho permanentes no concelho de Mogadouro.

A unidade de produção de energia solar pode gerar “85 a 86 Gigawatts de eletricidade, anualmente”, o suficiente para suprir as necessidades de um núcleo urbano de 7116 habitações e abastecer cerca de 30.000 agrados familiares.

Para os promotores do projeto, “outros dos objetivos passa por colocar o concelho no pelotão da frente, para contribuir para que o país se torne energeticamente mais sustentável, via contributo das energias renováveis – solar, e ajude a chegar às metas traçadas pelo país ao abrigo do Plano Nacional de Energia”, vincou o grupo Smartenergy/Edisun Power.

Segundo o grupo empresarial, com este projeto “há uma contribuição inequívoca no combate às alterações climáticas, pois irá evitar emissões de aproximadamente 31 mil toneladas de dióxido de carbono (CO2) por ano e gerar uma produção anual de energia suficiente para abastecer cerca de 7.100 habitações”.

A Smartenergy/Edisun Power adiantou igualmente hoje ter outro projeto de 23.4 megawatts para o concelho de Mogadouro (Mina Tó), também na freguesia de Tó, que deverá arrancar no próximo mês de junho com investimento previsto de cerca de 15 milhões de euros.

Espera-se que, no pico da obra, esta unidade de produção possa dar trabalho a 150 a 200 pessoas, sendo que parte está reservada para a mão-de-obra local.

Também hoje foi assinado entre o município de Mogadouro e a Smartenergy um protocolo com vista a instalação de um parque municipal solar que ira abastecer de energia elétrica, vários equipamentos municipais desde o complexo desportivo até as escolas do primeiro ciclo.

“A construção deste novo equipamento deverá arrancar em junho, o que vai permitir economizar recursos que serão depois investido na ação social e no apoio às famílias”, disse Francisco Guimarães.

A Ignichoice Renewable Energy, S.A. é uma sociedade de direito português, constituída pelo grupo Smartenergy/Edisun Power (empresas suíças), que materializou o projeto Central Fotovoltaica de Mogadouro.

Lusa | HA

Entrevista: «Para gerar vida é necessário passar sempre pela morte» – Padre Manuel Marques

Entrevista: «Para gerar vida é necessário passar sempre pela morte» – Padre Manuel Marques

A Páscoa é a maior festa do calendário cristão, na qual recordamos a paixão, morte e ressurreição de Jesus. O padre Manuel Marques explicou-nos o significado da Páscoa, dizendo que para gerar vida é necessário passar sempre pela “morte”. À semelhança dos pais que, com a sua entrega, trabalhos e dedicação “morrem” um pouco todos os dias, para que os filhos tenham uma vida melhor.

O Padre Manuel Marques é pároco de Miranda do Douro. (HA)

Terra de Miranda – Notícias: Numa entrevista recente, o bispo da diocese de Bragança-Miranda, Dom José Cordeiro, referiu-se a este tempo de pandemia, que ainda estamos a viver, como um grande exercício de penitência e de conversão. Passado um ano a viver nesta situação, o que podemos aprender com a pandemia?

Padre Manuel Marques: Era suposto que esta situação pandémica nos levasse a refletir sobre o nosso estilo de vida. Mas aquilo que verificamos é que muita gente está desejosa que esta situação alivie, para voltar ao mesmo. Recordo que, quando a pandemia começou e obrigou o mundo a parar, houve cidades e zonas do globo que beneficiaram muito com isso. Por exemplo, ocorreu uma assinalável despoluição do ar, devido à paragem das grandes empresas de aviação, que por sinal, são a primeira causa da poluição atmosférica. Por isso, penso que temos que abdicar de um modo de vida desenfreado e consumista para enveredarmos por um estilo de vida mais sóbrio e ecológico, como o Papa Francisco nos recomenda na encíclica ‘Laudato Si’. O Santo Padre tem feito um apelo constante a uma mudança global para combater a degradação ambiental e as alterações climáticas. Mas para haver uma verdadeira mudança tem que haver uma verdadeira conversão individual e coletiva.

“Com o confinamento ocorreu uma assinalável despoluição do ar devido à paragem das grandes empresas de aviação, que é importante dizer, são a primeira causa da poluição atmosférica.”

T.M.N.: O Padre Manuel Marques também foi infetado com o coronavírus. Como viveu essa contrariedade?

P.M.M: Felizmente, vivi bem. O teste deu positivo, mas nunca tive sintomas. Estive dez dias de quarentena. E durante esse período recebi um testemunho maravilhoso e comovente da parte dos paroquianos. Estando eu em casa, as pessoas não deixaram que me faltasse nada. Traziam-me os alimentos que precisava para eu cozinhar e houve quem me trouxesse refeições já cozinhadas. Muitas vezes, abria a porta e tinha ofertas para recolher. Telefonavam-me constantemente, para saber se eu estava bem. Esta experiência levou-me a constatar que quando nos damos, acabamos por receber muito mais. Fiquei muito feliz com a atenção e o carinho recebido.

T.M.N.: Estamos a viver a Semana Santa e a celebrar os a Paixão e Morte de Jesus. O que é que Jesus nos quis ensinar com Sua entrega até à morte?

P.M.M: Jesus quis ensinar-nos que o amor de Deus por nós é tão grande, que vai ao ponto de dar o Seu próprio Filho para nos salvar, isto é, para nos ensinar a viver e a amar. Por isso, se seguirmos os passos de Cristo, se vivermos ao seu estilo, numa atitude de serviço e doação aos outros vamos ser felizes. Mas, se nos limitarmos a tratar só da nossa vidinha e dos nossos interesses, somos uns egoístas e não servimos para nada. Felizmente, com a pandemia foi possível ver tantas pessoas de boa vontade, cristãos e não cristãos, a ir ao encontro de pessoas e das famílias que passam por maiores dificuldades. Como cristãos, temos o dever de agir sempre assim.

“Se seguirmos os passos de Cristo, se vivermos ao seu estilo, numa atitude de serviço e doação aos outros, vamos ser felizes.”

T.M.N.: Porque razão, a Páscoa é considerada a maior festa do calendário cristão?

P.M.M: A Páscoa é a maior festa cristã, porque se Jesus não tivesse passado pela Paixão, Morte e Ressurreição, nós não estaríamos aqui, a conversar sobre isso. Jesus salvou-nos, não só pelo Seu nascimento e por ter vivido entre nós. Mas também pela Sua entrega no martírio e na morte. Para gerar vida é necessário passar sempre pela morte. Jesus explicou-nos isso ao dizer: “Se o grão de trigo lançado à terra não morrer, não dá fruto, não dá vida nova!”. Faço uma analogia com os meus trabalhos na horta: na altura de arrancar as batatas, de vez em quando, aparecia uma batateira sem batatas. Após cavar um pouco mais, encontrava a batata que lá tinha plantado, dura, empedernida, feia e ficava a pensar na parábola de Jesus. E dizia para comigo: “Jesus também percebia de agricultura! Esta batata não quis morrer e por isso não deu vida nova, não deu batatas”. O mesmo aconteceu connosco. Para nós termos vida, e vida em abundância, Jesus, teve que passar pela paixão e morte. Penso, também nos pais, que quando têm filhos, entregam-se, trabalham, dedicam-se, ou seja, “morrem” um pouco todos os dias, para que os filhos tenham uma vida melhor.

“Penso, também nos pais, que quando têm filhos, entregam-se, trabalham, dedicam-se, ou seja, ‘morrem’ um pouco todos os dias, para que os filhos tenham uma vida melhor.”

T.M.N.: Páscoa significa passagem. Inicialmente, foi a passagem do povo judeu da escravidão no Egipto para a liberdade, através da travessia do deserto, para a terra prometida. Com Jesus, a Páscoa passa a ser libertação de todas as escravidões, do pecado e da morte. O que é a Páscoa, afinal?

P.M.M: A Páscoa tem duas etapas. A primeira etapa é a tal passagem ou libertação do povo judeu do Egipto. É uma libertação física. Mas esta liberdade teve um preço, que o povo judeu não soube interpretar imediatamente. O viver em liberdade implica corresponsabilidade. Todos nós precisamos ser conscientes dos nossos atos e das suas consequências. Na passagem do Egipto para a Terra Prometida, Moisés, passou por muitas dificuldades para instruir e guiar aquela gente.

A outra etapa da Páscoa foi realizada ou completada por Jesus. Todos nós estamos sujeitos a cometer erros, a desenvolver vícios, até a cometer crimes, ou seja, a pecar. A passagem ou, liberdade, que Jesus nos trouxe foi da ordem espiritual. Quando conhecemos Jesus e aprendemos com o Seu exemplo, tornamo-nos verdadeiramente livres. E felizes!

“À partida, todos nós estamos sujeitos a cometer erros, a desenvolver vícios e até a cometer crimes, ou seja, a pecar. Jesus, com o Seu exemplo, veio ensinar-nos a viver e a libertarmo-nos de tudo isso.”

T.M.N.: Diz-se que ao longo da vida, cada um de nós está em permanente processo de ressurreição, pois à medida que vamos morrendo para o nosso egoísmo, vamos passando para Deus, até passarmos totalmente para Ele, através desse momento a que chamamos morte física. O egoísmo, o só pensar em nós mesmos, é a raiz de todos os males?

P.M.M: Sim, o egoísmo é a raiz do mal. Custa-nos muito entender que é dando-nos que recebemos. A nossa maneira de pensar é movida pela lógica do “toma lá, dá cá”. Até a própria relação com Deus é uma relação comercial ou contratual. Vamos à Igreja como vamos ao supermercado, pagamos e pronto! E não pode ser! Em Igreja, temos que aprender a darmo-nos gratuitamente uns aos outros. A construir relações, gratuitas, de amor uns pelos outros, à maneira de Jesus Cristo. E até a dar a vida uns pelos outros, como fez Jesus.

“Em Igreja, temos que aprender a darmo-nos, gratuitamente, uns aos outros. A construir relações, gratuitas, de amor uns pelos outros, à maneira de Jesus Cristo. E até a dar a vida uns pelos outros, como fez Jesus.”

T.M.N.: Nas Suas aparições como ressuscitado, Jesus, não é reconhecido de imediato, porquê?

P.M.M: É importante explicar que a ressurreição não indica regresso a este mundo de carne e osso mas entrada no Outro. Nas suas aparições, Jesus, já não sendo deste mundo comunica-se connosco. Por exemplo, nas aparições de Jesus aos apóstolos, eles só O reconhecem, através de sinais. Como, no encontro com os discípulos de Emaús. Estes dois discípulos iam desanimados e quando Jesus se aproxima e começa a falar com eles, não O reconhecem de imediato. Só à noite, quando Jesus repete os gestos da Última Ceia, com o partir do pão, é que O reconhecem. E a partir daí, entendem a nova Presença ou Vida de Jesus nas suas vidas. Os discípulos voltam a estar animados, isto é, cheios de ânimo (alegria) e regressam a Jerusalém para dar a boa notícia aos apóstolos. A Ressurreição é pois esta vida nova de Jesus. Já no monte Tabor, Jesus transfigura-se diante dos três apóstolos, para dar-lhes a conhecer como iria ser após a Sua Ressurreição. É o chamado Corpo Glorioso.

“É importante explicar que a ressurreição não indica regresso a este mundo de carne e osso mas entrada no Outro. Nas Suas aparições, Jesus, já não sendo deste mundo comunicou-se com os apóstolos. Mas nestas aparições, os apóstolos, só O reconhecem, através de sinais.”

T.M.N.: A Páscoa do ano passado foi celebrada em casa. Neste ano, as celebrações da Semana Santa vão poder ser celebradas com a participação da assembleia. Em Miranda do Douro, como vamos celebrar o Tríduo Pascal?

P.M.M: Tradicionalmente, quem organiza as celebrações da Semana Santa, em Miranda do Douro, é a Santa Casa da Misericórdia. este ano, todas as celebrações vão ser realizadas na Sé Concatedral. E o programa é o seguinte:

  • Dia 31 de março, Quarta-feira, às 21h, Eucaristia, em honra do Divino Senhor da Misericórdia;
  • Dia 1 de abril, Quinta-feira- Santa, às 21h, Missa da Ceia do Senhor, este ano sem o ritual do lava-pés;
  • Dia 2 de abril, Sexta- Santa, às 21h, Adoração da Cruz Redentora e o Enterro do Senhor, dentro da Sé Concatedral;
  • Dia 3 de abril, Sábado Santo, às 9h30, Laudes, na Capela de Santa Cruz. E Vigília Pascal em Genísio.
  • Dia 4 de abril, Domingo, às 11h00, na Sé Concatedral, vamos celebrar a Missa de Páscoa da Ressurreição do Senhor.

Perfil:

Padre Manuel Marques, nasceu no dia de São Miguel, Arcanjo, a 29 de setembro, em Vilarinhos das Azenhas, concelho de Vila Flor. Começou os estudos nos Claretianos do Imaculado Coração de Maria, nos seminários dos Carvalhos, em Fátima e no Cacém. Foi lá que aprendeu vários ofícios, como cozinhar, cultivar a horta, também aprendeu a ser alfaiate e sapateiro. Mais, tarde, decidiu escrever ao então Bispo da diocese de Bragança-Miranda, Dom Manuel Jesus Pereira, a perguntar se o aceitava no Seminário, em Bragança. O pedido foi aceite e ali concluiu o 12º ano. Depois, foi estudar para a Universidade Católica, em Lisboa. No decorrer dos estudos superiores viveu nos seminários do Patriarcado, primeiro em Almada e depois nos Olivais. Foi ordenado sacerdote, no dia 12 de setembro de 1982. No primeiro ano como padre, trabalhou no Seminário de São José, em Bragança, e simultaneamente assumiu as paróquias de Baçal, Sacoias e Vale de Lamas. Em 1983, veio trabalhar para a Terra de Miranda e foi pastor nas paróquias de Ifanes, Paradela, Constantim, Cicouro e São Martinho. Recordou que nesse tempo, as igrejas destas aldeias raianas enchiam-se de gente. Uma realidade que contrasta muito com a atualidade. De 1989 a 1998, foi chamado para trabalhar na formação dos jovens, no Seminário, em Vinhais. Seguiu-se depois outra missão, como pároco em Lamas de Podence, (Macedo de Cavaleiros), onde esteve outros dez anos. Em 2008, regressou à Terra de Miranda, para assumir as paróquias de Miranda do Douro, Ifanes, Paradela, Constantim, Cicouro, São Martinho, Especiosa, Genísio, Malhadas e Póvoa. Foi um regresso a casa!

HA