Sociedade: «Os migrantes são essenciais na sociedade portuguesa» – Pedro Góis
Pedro Góis, sociólogo e investigador na área das migrações, afirmou que é importante esclarecer as populações que os migrantes são essenciais na sociedade.
Falando no 34º Encontro da Pastoral Social, que decorreu em Fátima, sobre as consequências dos conflitos militares e da pandemia no fenómeno migratório, o professor na Faculdade de Economia na Universidade de Coimbra, destacou que “a guerra trouxe 53 mil ucranianos para Portugal, invisíveis socialmente”.
“Não ouvimos falar deles, não causaram problemas. Se os soubermos acolher, ficarão e trarão novas pessoas para a sociedade e isso acrescenta”, acrescentou.
Para o docente universitário, a pandemia veio mostrar o quão essencial foi o trabalho de pessoas imigrantes: “Os senhores das empresas de transportes, das cadeias de logística que transportam alimentos. Isso mostrou a sua importância essencial”, evidenciou.
Pedro Góis afirmou não ser possível a sociedade portuguesa viver sem os imigrantes, e afirmou que a transição demográfica está em curso.
“Felizmente temos um país atrativo para as pessoas, elas estão a vir espontaneamente. Não tenho a certeza de que no futuro continuamos a ter capacidade de atração, que vão ser atraídas por outras economias. Temos que saber não cometer os mesmos erros: não deixar que sejam os primeiros a perceber o emprego, não podemos deixá-los acreditar que não os apoiamos quando precisarem de nós, já que nos apoiaram quando precisámos. E este é um caminho que não vejo suficientemente comunicado”.
Pedro Gois pediu respostas mais céleres nas instituições de acolhimento, “o SEF demora muito tempo na regularização”, com salários baixos “o reagrupamento familiar é dificultado”, as Universidades “demoram muito tempo” a reconhecer diplomas, uma realidade que deve ser mudada.
O 34.º Encontro da Pastoral Social, com o tema ‘A pandemia, a guerra e os pobres’, foi uma organização conjunta do Secretariado Nacional da Pastoral Social e da Comissão Nacional da Pastoral da Saúde.
Ambiente: Projeto ibérico de cabras sapadoras não foi implementado
O projeto transfronteiriço apresentado há uma década, que previa a introdução de 150 mil cabras sapadoras na zona raiana, não foi implementado por falta de apoios comunitários e dos governos ibéricos, informou o Agrupamento Europeu de Cooperação Transfronteiriça (AECT) Duero – Douro.
O “Self Prevention” foi desenvolvido pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Transfronteiriça (AECT) Duero – Douro e visava a prevenção de incêndios com recurso à introdução de 150 mil cabras para a limpeza das matas, promovendo ainda o “desenvolvimento económico e rural” das zonas raianas dos distritos da Guarda, Bragança, e das províncias espanholas de Zamora e Salamanca.
O projeto tinha um orçamento previsto de 88 milhões de euros.
Em declarações, o diretor geral do AECT Duero – Douro, José Luís Pascoal, disse que o projeto só não avançou por falta de financiamento dos governos de Portugal e Espanha e da União Europeia, através do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER).
“O projeto [Self Prevention] só não seguiu em frente por falta de financiamento dos governos de Espanha e Portugal e da União Europeia, apesar de os dois governos ibéricos terem visto potencial neste projeto”, concretizou o responsável.
O programa transfronteiriço contemplava a criação de uma empresa, com capitais públicos e privados, que ficaria responsável pela distribuição dos efetivos caprinos e pela criação de equipamentos que sustentassem a rentabilidade económica do projeto, que tinha a sua conclusão prevista para 2016.
Para o efeito chegou a ser constituída uma Sociedade Gestora de Participações com 51 por cento de capital público e 49 por cento privado com um ” investimento total de 88 milhões de euros”.
“Os governos português e espanhol na altura comprometeram-se, verbalmente, no início do projeto em 2011, a assegurar o financiamento 50 por cento do seu valor”, frisou o diretor geral do AECT – Duero – Douro
Para além do investimento global que previa um investimento de 88 milhões de euros, estava prevista a criação de 700 postos de trabalho diretos.
“Tratava-se de um projeto de grande envergadura, mas não teve o financiamento necessário por parte de Espanha e Portugal, apesar de várias reuniões de trabalho tidas em Bruxelas, para a apresentação do ‘Self Prevention’”, confirmou Pascual.
Com base da iniciativa, estava ainda prevista a construção de 11 queijarias, uma unidade de transformação de leite, dois matadouros para abate dos animais (um em Portugal e outro em Espanha), seis lojas, uma plataforma logística para distribuição e comercialização de carnes e derivados de caprino e uma fábrica de rações, entre outros equipamentos.
“Este projeto transfronteiriço reunia todas as condições para ser um importante instrumento para a criação de riqueza e ajudaria a travar os incêndios florestais. Não há outra forma de prevenir os danos provocados pelo fogo nos montes ibéricos”, reiterou o diretor geral do AECT Duero -Douro.
Esteve ainda previsto um investimento para Palaçoulo, no concelho de Miranda do Douro, no distrito de Bragança, e a instalação de uma outra exploração e que deveria começar a funcionar no primeiro semestre de 2012, o que nunca aconteceu.
Passada uma década sobre a apresentação de um projeto que ficou pelas intenções, o AECT Duero- Douro garante que está à disposição dos governos ibéricos e da União Europeia para continuar o “Self Prevention”, tido como “imperioso” para o território fronteiriço que estender pelos distritos de Bragança e da Guarda, do lado Português. Já do lado espanhol contempla as áreas das províncias de Zamora e Salamanca.
O AECT Duero-Douro foi criado em 2009 com cerca de duas centenas de entidades associadas e desde então tem vindo a desenvolver várias iniciativas no território transfronteiriço das províncias de Salamanca e Zamora no lado de Espanha e nas regiões portuguesas de Trás-os-Montes, Douro e Beira Interior Norte do lado português.
O seu principal objetivo é o de impulsionar o desenvolvimento rural através de diferentes projetos europeus de cooperação transfronteiriça.
Duas Igrejas: Concurso público para a construção da zona industrial
O município de Miranda do Douro vai lançar um concurso público destinado à construção da zona industrial, em Duas Igrejas, um projeto orçado em 1,5 milhões de euros, foi divulgado pela autarquia.
“Brevemente lançaremos a obra a concurso público, mas deparámo-nos com algumas dificuldades porque no projeto inicial não foi acautelada a criação de infraestruturas básicas e estamos a ultimar esta falha”, informou a presidente da câmara municipal de Miranda do Douro, Helena Barril.
A decisão de lançar a concurso a construção da Zona Industrial do Planalto Mirandês, em Duas Igrejas, foi tomada na última reunião de câmara, realizada no dia 17 de outubro.
“O investimento ronda o montante de 1,5 milhões de euros, financiado por fundos europeus em 85%, sendo que o restante vai por um empréstimo que será contraído junto do Banco Europeu de Investimento (BEI)”, vincou a autarca social-democrata.
A intervenção situa-se num conjunto de terrenos “que vão ser unificados”, criando uma área de 68 mil metros quadrados.
“O que nós pretendemos é vender os lotes a um valor simbólico de forma a atrair mais empresas para o nosso concelho”, frisou Helena Barril.
De acordo com informação divulgada pela autarquia de Miranda do Douro, a criação da nova zona industrial surge da necessidade de colmatar uma das maiores carências do concelho e garantir a captação de investimento.
“Este é um processo que estava na expectativa dos mirandeses há muitos anos e que agora começa a ganhar forma”, refere a autarquia mirandesa, concluindo que o concelho ficará com uma zona industrial idealizada, planeada e construída de raiz.
Sendim: Matadouro do Planalto vai custar quatro milhões de euros
O município de Miranda do Douro vai avançar com a construção do matadouro intermunicipal do Planalto, que ficará instalado em Sendim e orçado em cerca quatro milhões de euros, informou a presidente da câmara municipal, Helena Barril.
“O matadouro intermunicipal do Planalto vai ficar instalado em Sendim. Para o feito já adquirimos dois terrenos com uma superfície de 21 mil metros quadrados nas proximidades da Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) o que se traduz numa vantagem porque não será necessário construir um equipamento do género para servir a unidade de abate”, explicou Helena Barril.
A decisão foi tomada na última reunião do Executivo municipal de Miranda Douro, que decorreu no dia 17 de outubro.
Na mesma reunião foi ainda deliberado a aprovação do projeto de licenciamento de arquitetura e execução da unidade de abate e que deverá ser lançado a concurso no início do próximo ano.
“Trata-se uma obra [Matadouro do Planalto] que queremos ver construída ainda no decurso deste mandato”, vincou a autarca social-democrata de Miranda do Douro.
O município de Miranda do Douro pretende levar em frente a construção de um novo matadouro, alegando que a atual unidade de abate instalada naquela cidade já não tem capacidade de resposta para as exigências da região e é considerada um foco de poluição das águas do rio Fresno, o afluente do Douro.
“Uma das necessidades prende-se, não só com a poluição do rio Fresno, mas também com a longevidade do atual matadouro. Há uma necessidade de investimentos no atual matadouro para a sua melhoria e chegamos à situação em que achamos que não vale a pena investir mais num equipamento que já está ultrapassado”, enfatizou a autarca mirandesa.
Segundo Helena Barril, “a grande aposta passa pela construção de um novo matadouro no Planalto Mirandês que satisfaça as suas necessidades do território”.
“Nós honramos os compromissos que foram assumidos por anteriores autarcas em anteriores mandatos e é esta a nossa grande aposta”, vincou.
A presidente da câmara de Miranda do Douro disse ainda que “não há a possibilidade de qualquer reunião com Mogadouro sobre a matéria”.
O autarca de Mogadouro reitera também que já havia assumido a construção de um matadouro na zona industrial deste concelho, remetendo mais explicações após a reunião do executivo municipal.
A construção de um novo matadouro no planalto Mirandês foi uma das principais bandeiras políticas dos dois autarcas eleitos nas listas do PSD para as câmaras de Miranda do Douro e Mogadouro, durante a campanha para as últimas eleições autárquicas.
Miranda do Douro: Peregrinar entre a ermida da Luz e o santuário de Nossa Senhora do Naso
A atividade transfronteiriça “Peregrinos por um dia” vai regressar no próximo dia 5 de novembro, com a caminhada entre a ermida de Nossa Senhora da Luz, em Constantim, e o santuário de Nossa Senhora do Naso, na Póvoa, numa distância de 16,8 quilómetros.
Recorde-se que estas peregrinações mensais são uma iniciativa da delegação de religiosidade popular da diocese de Zamora e da paróquia de Miranda do Douro.
Nestas caminhadas, os peregrinos portugueses e espanhóis visitam os santuários marianos que existem na raia: três em Portugal e quatro na vizinha Espanha.
Em Portugal, os santuários e ermidas a visitar são o santuário de Nossa Senhora do Naso, na Póvoa; a ermida de Nossa Senhora da Luz, em Constantim; e Nossa Senhora da Ribeira, em Quintanilha.
Em Espanha, os peregrinos visitam os santuários em honra da Virgem de la Soledad, em Trabazos; a Virgem de la Salud, em Alcañices; a Virgem de Alba, em Carbajales de Alba e a Virgem de la Encarnación, em Villalcampo.
De acordo com o padre Javier Fresno Campos, delegado da Religiosidade Popular, da Diocese de Zamora, estas peregrinações conjuntas entre portugueses e espanhóis iniciaram-se em 2014.
Percorridos oito anos desde o início destas peregrinações, o padre Javier explicou que o convívio entre as pessoas é a mais-valia destas peregrinações.
Sobre os santuários que costumam visitar, o sacerdote espanhol disse que nestas peregrinações descobrem lugares impressionantes que revelam muitas afinidades entre a prática religiosa nas dioceses de Zamora e de Bragança – Miranda.
Por seu lado, o padre Manuel Marques, pároco de Miranda do Douro destacou o bom relacionamento entre as populações portuguesa e espanhola.
Quem pretenda participar nas peregrinações “Peregrinos por um dia” deve contatar a paróquia de Miranda do Douro, na pessoa do padre Manuel Marques, através dos seguintes contatos: telemóvel 912 100 523 |email mjlm1952@hotmail.com.
Em alternativa, pode contatar a Delegação para a Religiosidade Popular da Diocese de Zamora, na pessoa do Padre Javier Fresno Campos, através dos contatos: telemóvel 034 606876098 |email jfresno2000@yahoo.es
No final de cada peregrinação realiza-se um almoço-convívio num restaurante e o custo da refeição é da responsabilidade de cada participante.
Política: Berta Nunes e Bruno Veloso são candidatos à federação do PS Bragança
A deputada Berta Nunes e o antigo dirigente socialista Bruno Veloso formalizaram as suas candidaturas para as eleições da federação distrital do PS, que vão decorrer a 4 de novembro.
Berta Nunes é médica de profissão e está prestes a fazer 67 anos. Ela é um dos rostos do PS na região de Bragança, enquanto militante e dirigente local. Vai concorrer às eleições marcadas para 4 de novembro, para escolher o sucessor de Jorge Gomes, atual presidente da federação a cumprir o último mandato.
A candidata afirmou que tem “uma expectativa muito positiva” de poder ganhar estas eleições tendo em conta que recolheu “mais de 500 assinaturas de propositura”, num universo de cerca de mil militantes com as quotas em dias, que podem participar neste ato eleitoral interno do partido.
Berta Nunes afirmou que conta, também, com o apoio da “grande maioria dos atuais presidentes de câmara” do PS no distrito de Bragança, o que considerou que “é bastante confortável e positivo”.
A socialista já foi diretora da extinta sub-região de saúde de Bragança e presidente da Câmara de Alfândega da Fé, cargo que deixou antes de terminar o terceiro e último mandato para integrar as listas do PS à Assembleia da República, nas legislativas de 2019.
O que a leva a candidatar-se à federação do PS “é a disponibilidade atual e vontade de trabalhar com os militantes do Partido Socialista em projetos que sejam uma alternativa positiva para os vários concelhos e para a região”.
Berta Nunes diz que a candidatura que protagoniza “tem muito jovens, tem muita gente motivada para fazer mais e melhor e, por isso, é uma candidatura de renovação, que pretende fazer melhor, trabalhar mais com os militantes, mais proximidade, que haja mais debate interno” para em conjunto definir as prioridades a “defender junto do partido, do Governo e também como deputada na Assembleia da República”.
Os desafios atuais da região estão expressos na moção global que apresentou em português e em mirandês, a segunda língua oficial de Portugal, que consta também do documento no tema dedicado à Cultura.
“E nós estamos a acompanhar esse processo que clarifica os compromissos do Governo português em relação às línguas regionais e minoritárias e que é um ponto que nós consideramos importante e, por isso, apresentamos também a nossa moção em mirandês”, declarou.
Na moção estratégica global, Berta Nunes deixa ainda expresso “o apoio ao referendo da regionalização”, que acredita ser uma “reforma que falta fazer e que é muito importante para o desenvolvimento coeso de todo o território nacional”.
As conquistas autárquicas estão também nos horizontes da candidata numa região onde o PS já teve, na década de 1990, dez das 12 câmaras do distrito de Bragança e atualmente tem cinco.
Berta Nunes quer trabalhar com as concelhias e eleitos locais do PS para que o partido cresça e com especial atenção aos três concelhos, todos dominados pelo PSD, onde vai haver transição porque os atuais presidentes atingem o limite de mandatos.
“É um trabalho de base que é importante fazer, desde já porque não se constroem alternativas alguns meses antes das eleições”, considerou.
Também o antigo dirigente da Juventude Socialista (JS) de Bragança Bruno Veloso é candidato à federação distrital do PS, com uma moção para “revitalizar” o partido e a promessa de uma “nova forma de fazer política”.
Além da ligação às estruturas regionais da Juventude Socialista, Bruno Veloso foi deputado na Assembleia da República e na Assembleia Municipal de Bragança, e há seis anos que está afastado das lides partidárias.
Aos 44 anos, o engenheiro, que é administrador na ADENE – Agência para a Energia, formalizou a candidatura às eleições para a federação distrital do PS, a decorrer a 04 de novembro, com “aproximadamente 500 assinaturas”, um número idêntico ao da adversária Berta Nunes, e que corresponde a cerca de metade dos militantes votantes na região, que ronda os mil.
O candidato considerou que tem acontecido ao PS regional o mesmo que ao distrito de Bragança, “com uma população envelhecida e uma perda populacional” e, por isso, defende que “é importante que os partidos se saibam renovar, que tenham novos rostos e novos protagonistas”.
Para o candidato, a federação distrital não pode cingir-se “àquilo que são os programas do Governo”, tem que “exigir a um Governo socialista mais e mais”.
A moção do candidato aborda, entre várias temáticas, a descentralização como um processo que “tem naturalmente que prever aquilo que são as necessidades dos cidadãos”.
“O distrito de Bragança é dos poucos que não tem uma loja do cidadão, é um mecanismo simples, é algo que é necessário e não sei porque é que não existe. Às vezes nas ideias mais simples estão grandes soluções para os problemas dos cidadãos”, apontou.
Bruno Veloso continua a defender a regionalização, mas alerta que o processo não pode cingir-se apenas ao referendo, defendendo a necessidade de um debate alargado de que saia um modelo em que a sociedade se reveja.
Potenciar a relação da região de Bragança com Espanha é outra proposta do candidato, que salienta “a necessidade urgente de forçar os espanhóis a fazer” os cerca de cem quilómetros de autoestrada que faltam entre Zamora e a fronteira com Portugal, em Quintanilha.
Na área da saúde, reclama mais valências e a resolução da falta de médicos de família devido à reforma dos clínicos.
Defende ainda a criação de “uma verdadeira marca para Trás-os-Montes” e a certificação da mesma para “vender e criar valor aos produtos regionais”.
O candidato diz que “todos os militantes têm a sua importância e não nomeia apoios e acredita que o partido tem condições para crescer nas eleições autárquicas, num distrito onde já teve 10 das 12 câmaras municipais e agora tem cinco.
Sociedade: «Educação e a formação» são ferramentas para combater a pobreza – Academia de Líderes Ubuntu
Capacitação de jovens líderes capazes de fazer a diferença nas suas comunidades alcançou em 10 anos 22 mil pessoas
Rui Nunes da Silva, diretor do Instituto Padre António Vieira (IPAV), afirmou a educação como ferramenta para a erradicação da pobreza e indicou a formação na Academia de Líderes Ubuntu (ALU) como exemplo de capacitação dos participantes.
“A educação e a formação são ferramentas com o desígnio de erradicar a pobreza. A rede, a comunidade que se cria na Academia, a interligação, a ideia de interdependência é uma fonte de riqueza muito grande, porque as pessoas são verdadeiramente solidárias umas com as outras: sofrem e alegram-se em partilha”, reconheceu o responsável em entrevista à Agência ECCLESIA.
Há 12 anos que a ALU desenvolve formação, inicialmente destinada a jovens líderes de comunidades, assente em cinco pilares – autoconhecimento, a confiança, a resiliência, a empatia e o serviço – como ferramentas que para o desenvolvimento de “competências singulares e coletivas”.
O projeto, nascido em Portugal pelas mãos do IPAV, “não estava todo construído”, esclarece Rui Nunes da Silva, mas ganhou com o contributo de realidades dos mais de 22 mil participantes que até ao momento passaram pela formação.
“Quando iniciamos fizemo-lo com comunidade de descendentes de migrantes na região da grande Lisboa, juntamente com a Fundação Calouste Gulbenkien, para trabalharmos com jovens líderes destas comunidades, para lhes dar uma capacitação humanista que fosse capaz de trazer notícias positivas nos seus contextos e capaz de transformar as capacidades para liderança ao serviço das comunidades”, esclarece.
De um projeto dirigido a jovens, a ALU está hoje presente em18 países, em quatro continentes, sendo hoje constituída por uma rede alargada dirigida também a escolas.
Inês Albergaria, que frequentou a ALU na 7ªa edição, trabalha hoje no projeto Escolas Ubuntu e dá conta do “privilégio” de oferecer o programa de formação a jovens muito diferentes.
“Semana após semana, acompanhamos o modelo Ubuntu, um pouco diferente, em diversas escolas e contextos, permitindo que jovens e adolescentes a partir dos 13 anos se conheçam e encontrem respostas para si e para o sue lugar na sociedade”, conta.
Recordando a sua experiência na ALU, Inês Albergaria destaca um processo de autoconhecimento que realizou e lhe permitiu “encontrar respostas que não encontrava em outros locais”.
“Não sei se esta viagem de autoconhecimento começou na Academia mas deu-me estrutura para encontrar respostas que não encontrava em outros locais, e não terminou – segue connosco – mas ajudou-me a encontrar, e naquela altura que era uma das minhas grande dúvidas, algum propósito, o que quero e vou fazer com a minha vida”, acrescenta.
Tcherno Baldé fez o percurso da academia em 2017 e reconhece que a formação o ajudou na “construção da narrativa pessoal”, procurando dar significado “a momentos negativos e desafiantes”, lhe deu ferramentas que hoje utiliza no associativismo e ativismo social e político.
Rui Nunes da Silva fala sobre o papel inspirador que cada jovem participante assume no contacto com a sua comunidade.
A Academia de Líderes Ubuntu entregou este ano, pela primeira vez, o prémio António Brandão Vasconcelos, este ano a Fatu Banora, com o objetivo de apoiar anualmente um jovem, proveniente da academia, que pudesse prosseguir os estudos.
Entrevista: «Precisamos muito de jovens empreendedores» – Tó Zé e Carla Sofia, Café Pizzaria Juventude
Quanto ouvimos falar de pessoas empreendedoras pensamos em alguém ativo, enérgico e dinâmico que conseguiu começar o seu próprio negócio ou empresa, enfrentando dificuldades e obstáculos. O Tó Zé e a Carla Sofia são um casal de jovens empreendedores, que em 2008, iniciou a sua atividade por conta própria, ao reabrir e modernizar o Café Pizzaria Juventude, em Vimioso.
Terra de Miranda – Notícias: A Carla e o Tó Zé são ambos naturais do concelho de Miranda do Douro, mais concretamente das aldeias de Vale de Mira e da Granja da Silva. Por que motivo se estabeleceram em Vimioso?
Carla Sofia: E e o Tó Zé conhecemo-nos no decorrer dos estudos em Miranda do Douro. Passados uns tempos, reencontramo-nos quando começámos a frequentar um curso técnico-profissional, em Contabilidade e Gestão de Empresas, em Vimioso.
T.M.N.: Quando decidiram ser empreendedores e criar a vosso próprio trabalho, neste caso, ao reabrir o Café Pizzaria Juventude?
Tó Zé: Inicialmente, a nossa ideia era abrir um espaço comercial em Miranda do Douro. Mas como não encontrámos o local ideal, decidimos iniciar a atividade no antigo café Juventude, em Vimioso.
T.M.N.: Que conhecimentos tinham na área da restauração?
Carla: Eu já tinha experiência, pelo trabalho realizado nos resrtaurantes em Miranda do Douro.Depois, em Vimioso, e após a conclusão do curso do IEFP, em Técnico de Gestão e Contabilidade, comecei a trabalhar no Hotel Restaurante “A Vileira”. Seguiram-se duas experiências de trabalho na pizzaria “Pires” e no Hotel Rural “Senhora de Pereiras”.
Tó Zé: Na restauração, adquiri experiência profissional ao trabalhar no Hotel Rural “Senhora de Pereiras”, em Vimioso. Foi lá que tive a oportunidade de trabalhar com a Carla. O curso de contabilidade e gestão de empresas em que participámos foi-nos muito útil, pois deu-nos conhecimentos práticos sobre a contabilidade de uma empresa, o modo como devemos organizar as encomendas e as mercadorias, entre outros conhecimentos.
T.M.N.: No começo da vossa aventura empresarial, quais foram os maiores desafios e dificuldades que tiveram que enfrentar?
Carla: A abertura da empresa foi a fase mais difícil, dado que todo o investimento foi realizado por nós os dois. No início, sentíamos o receio de fracassar e de não ser bem-sucedidos. Recordo que quando abrimos as portas, no dia 29 de novembro de 2008, disponibilizámos apenas o serviço de café. Depois, progressivamente, fomos oferecendo o serviço de restaurante e começámos com apenas 5 mesas e 20 talheres. Felizmente, com o decorrer do trabalho fomos fidelizando clientes.
T.M.N.: Como é o trabalho diário num café restaurante? Como lidam com a exigência dos clientes? E como se conquista a confiança e a preferência do público?
Tó Zé: O trabalho na restauração e o contato permanente com o público exige simpatia, tolerância e resiliência. Para conquistar a preferência das pessoas há que oferecer produtos de qualidade e inovar constantemente. A par disso, a higiene e a decoração do espaço também são fatores que contribuem decisivamente para a preferência das pessoas.
T.M.N.: Quantas pessoas trabalham no Café Pizzaria Juventude”? E como se forma um bom espírito de equipa entre os trabalhadores?
Carla: Atualmente, trabalham connosco cinco pessoas e para que o trabalho decorra bem, costumo dizer que o mais importante é haver respeito entre todos. Depois, há que atribuir responsabilidades e tarefas a cada um. No decorrer do mês de agosto, época em que há mais trabalho, conseguimos manter todos os anos a mesma equipa, o que é para mim é um motivo de grande alegria, pois significa que as pessoas gostam de trabalhar connosco.
T.M.N.: O chefe de cozinha ou cozinheiro (a) desempenha um papel preponderante num restaurante. O que é necessário para ser “mestre” na cozinha?
Carla: Para trabalhar na cozinha é preciso ter gosto, criatividade e delicadeza! Na confeção das pizzas, por exemplo, há que combinar e aprimorar a junção dos vários ingredientes.
T.M.N.: Quais são os pratos gastronómicos mais apreciados e solicitados no Café Pizzaria Juventude?
Tó Zé: Os pratos mais apreciados são as pizzas, as francesinhas e os kebabs. Recentemente, de 5 a 8 de outubro, aquando da realização da prova de todo-o-terreno “King of Portugal”, as pessoas das várias equipas portuguesas e estrangeiras, apreciaram sobretudo as pizzzas e os kebabs. Por sua vez, os visitantes espanhóis, depois de provarem as francesinhas gostaram muito deste prato e pedem-no com muita frequência.
T.M.N.: De onde provêm os vossos produtos?
Carla: Sempre que é possível utilizamos os produtos locais, como são as alfaces, as hortaliças, os tomates, as cebolas, os pimentos, os cogumelos, as cenouras, as chouriças de Águas Vivas e os ovos mirandeses.
T.M.N.: Qual é a receita para o vosso sucesso?
Tó Zé: O sucesso deve-se ao gosto pelo trabalho, à qualidade dos produtos e ao serviço prestado ao público. Sublinho também a importância da inovação, isto é, de oferecer novos pratos gastronómicos aos clientes.
T.M.N.: Que conselho daria a quem pretenda ser empreendedor(a) e criar o seu negócio ou empresa nesta região?
Carla: Para criar o seu próprio negócio ou empresa é importante reunir toda a informação necessária, os recursos e as ajudas possíveis para iniciar a atividade. Simultaneamente, há que ter muita força de vontade, não ter medo e ser perseverante. Encorajo a trabalhar muito e todos os dias, sem desanimar. Dado o declínio demográfico da nossa região, precisamos muito de pessoas e sobretudo de jovens empreendedores, que criem novos negócios e empresas.
Vaticano: Rezar como quem rega uma planta, o conselho do Papa para a oração
O Papa pediu no Vaticano que os cristãos dediquem tempo diário à oração, como se regassem uma planta, evitando a concentração excessiva em “realidades secundárias”.
“Precisamos da água da oração diária, de um tempo dedicado a Deus, para que Ele possa entrar no nosso tempo, na nossa história, de momentos constantes nos quais lhe abrimos nossos corações, para que Ele possa derramar sobre nós todos os dias amor, paz, alegria, força, esperança; isto é, nutrir a nossa fé”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, antes da recitação do ângelus.
Perante cerca de 20 mil pessoas reunidas na Praça de São Pedro, Francisco lamentou que muitos negligenciem a vida espiritual e deixam que “o amor por Deus arrefeça”.
“Pensemos numa planta que temos em casa: temos de regá-la com constância, não podemos encharcá-la e depois deixá-la sem água por semanas”, exemplificou.
Admitindo que o ritmo da vida contemporânea dificulta os tempos de oração e silêncio, o Papa recomendou que se retome a “prática espiritual sábia” das chamadas orações jaculatórias.
“São orações muito curtas, fáceis de memorizar, que podemos repetir com frequência durante o dia, no decorrer das várias atividades, para ficar em sintonia com o Senhor”, precisou.
Francisco deu alguns exemplos dessas orações: “Senhor, eu te agradeço e te ofereço este dia”; “Vem, Espírito Santo”; “Jesus, eu confio em ti e te amo”.
O Papa aconselhou a ter “sempre à mão” os Evangelhos, numa edição de bolso: “Quanto tiverem um minuto, abram e leiam alguma passagem”.
A reflexão partiu de uma passagem do Evangelho segundo São Lucas lida nas celebrações deste domingo: “Quando o Filho do Homem vier, encontrará porventura a fé sobre a terra?” (Lc 18,8).
“É uma pergunta séria. Imaginemos que o Senhor viesse hoje à Terra: Ele veria, infelizmente, tantas guerras, pobreza e desigualdades, e ao mesmo tempo grandes conquistas da técnica, meios modernos e pessoas sempre a correr, sem nunca parar. Mas encontraria os que lhe dedicam tempo e afeto, que o colocam em primeiro lugar?”, referiu Francisco.
Após a oração do ângelus, o Papa recordou que um milhão de crianças vão rezar o terço pela paz, a 18 de outubro, numa iniciativa da fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (AIS).
“Obrigado a todas as crianças que vão participar. Unamo-nos a eles e confiemos à intercessão de Nossa Senhora o martirizado povo ucraniano e a todos os povos que sofrem por causa da guerra e qualquer forma de violência e miséria”, declarou.
Em Portugal, a iniciativa concentra-se na Capelinha das Aparições, Santuário de Fátima.
“Este ano, a Ucrânia está obviamente no pensamento de todos, mas não serão esquecidos outros países com conflitos e que também conhecem os horrores da violência, da guerra, do terrorismo, da destruição e da morte”, precisa o secretariado português da AIS.
Francisco falou ainda do Dia Internacional para a Erradicação da Miséria, que se assinala esta segunda-feira, apelando à construção de uma sociedade “onde ninguém se sinta excluído, por ser indigente”.
Os peregrinos presentes na Praça de São Pedro aplaudiram ainda a beatificação de dois sacerdotes, martirizados pelos nazis no norte da Itália, a 19 de setembro de 1943, durante a II Guerra Mundial: Giuseppe Bernardi e Mario Ghibaudo.
“No perigo extremo, não abandonaram o povo a eles confiado, mas ajudaram-no até o derramamento de sangue, partilhando o trágico destino de outros cidadãos, exterminados pelos nazis. Que o seu exemplo desperte nos sacerdotes o desejo de serem pastores de acordo com o coração de Cristo, sempre perto do seu povo”, afirmou o Papa.
Ambiente: Espanha não cumpriu Convenção de Albufeira em relação aos rios Douro e Tejo
O Governo português informou que Espanha não cumpriu com o estabelecido na Convenção de Albufeira para os rios Douro e Tejo, frisando que em relação ao primeiro forneceu 91% do caudal anual e no Tejo, 86% do caudal estabelecido.
“Tivemos oportunidade de falar sobre a questão da Convenção de Albufeira. Quero dar nota que as bacias do Minho e do Lima, apesar de se terem verificado as situações de exceção, Espanha garantiu o lançamento de 99% desse caudal previsto na convenção”, afirmou o ministro do Ambiente e da Ação Climática.
O governante falava em Castelo Branco, no final da reunião da Comissão Permanente de Prevenção, Monitorização e Acompanhamento dos Efeitos da Seca (CPPMAES).
Duarte Cordeiro salientou que em relação aos rios Douro e Tejo, “Espanha não cumpriu aquilo que é o caudal anual, apesar de ter cumprido aquilo que são os caudais semanais relativamente à convenção [de Albufeira]”.
“No Douro forneceu apenas 91% do caudal anual e no Tejo, apenas 86% do caudal que estava estabelecido na convenção”, sustentou.
O governante explicou que foi acordado entre os governos dos dois países ibéricos uma declaração conjunta: “Será feita uma reunião ao mais alto nível, neste caso com a minha colega espanhola [do Ambiente], até ao final do ano”.
“Quero dar nota que na primeira semana de outubro, os caudais lançados por Espanha foram cumpridos. Para minorar os efeitos da seca, os países [Portugal e Espanha] acordaram em reforçar aquilo que é o mecanismo de acompanhamento dos regimes dos caudais e tem existido reuniões quinzenais, desde julho, entre ambas as autoridades”, frisou.
Duarte Cordeiro garantiu que este é um trabalho que vai continuar a ser realizado “com muita atenção da parte do nosso país”.
“Procuramos, do nosso lado cumprir, mas também procuramos que os nossos parceiros cumpram as suas responsabilidades relativamente a esta convenção [Albufeira]”, concluiu.